POV: Nico

“Ela já estava saindo quando eu segurei seu braço.

–Silena?”.

Senti meu coração parar.

Eu não sei o que eu estava pensando! O que eu vou dizer pra ela? “Ei, eu te amo só nunca te disse nada, espero que você não me ache um louco agora! Mais uma coisa, você sabe qual é a próxima aula?”.

–Nico? – Ela já deve me achar um idiota. Mas cara, encarar esses olhos azuis me faz esquecer como se fala!

–É... Desculpa! Eu só queria te falar uma coisa... – Eu não posso desistir agora!

–Pode falar. – Ela me olhou nos olhos, ela não está facilitando as coisas! Eu não vou conseguir!

–É... Eu só queria dizer que quando qualquer outro idiota te incomodar pode me chamar, eu vou defender você... – Eu tinha falado a verdade, eu a defenderia do que for, mas não era essa verdade que eu queria ter dito. No momento em que eu ia dizer que eu gostava dela as palavras faltaram, eu não consegui dizer o que eu realmente queria... Eu quero tanta admitir para ela o que eu sinto, mas eu não consegui!

Um sorriso lindo surgiu em seus lábios, e eu tive que me controlar para não os selar aos meus.

–Aquilo que você fez... Sabe, me defender! Foi incrível Nico! Muito obrigada, de verdade... – Ela se aproximou e me deu um beijo na bochecha. Só com aquilo eu já ganhei meu dia.

Meu rosto estava quente, eu devia estar corado... Droga, eu sou branco feito leite, se eu corar todo mundo percebe!

–Não tem que agradecer... – Demorei alguns segundos para responder, já que eu estava ocupado encarando seu rosto e tentando lembrar de como se fala.

–Claro que eu tenho! Você foi parar na direção por mim...

–Não foi nada, de verdade. – Eu ainda estou meio tonto.

–Bom, a gente tem que ir para a próxima aula... Vamos? – Ela pegou em minha mão.

–É... Hã? – Eu tentei dar uma resposta, mas a única coisa que saiu da minha boca foi algo parecido com “Hããm”.

–Vamos para a próxima aula? – Silena disse mais devagar. Não é que eu não havia entendido o que ela tinha dito, é que eu não consegui formular uma frase decente.

–Sim, claro. – Peguei a bolsa dela.

–Imagina, pode deixar que eu levo! – Silena tentou pegar de minha mão.

–Não! A sala é logo ali, eu levo... – Coloquei a bolsa em meu ombro. – Vamos?

–Obrigada, sim! – Nós ainda estávamos de mãos dadas, eu não consigo decidir qual sentimento é mais forte em mim agora: Felicidade ou medo.

O motivo da felicidade é óbvio... Eu estou de mãos dadas com a garota que eu gosto, e a pouco eu havia recebido um beijo dela, (na bochecha, mas mesmo assim!). O motivo do medo não era apenas um, eu estava com medo de isso não significar nada, de ela não corresponder o sentimento que eu tenho por ela, de não conseguir dizer para ela o que eu sinto...

Seguimos para a sala em silêncio, eu não conseguia dizer nada, e ela parecia não se importar, até porque de dois em dois minutos ela parava para conversar com alguém. Eu não sei se isso me incomodou ou me deixou aliviado, eu deveria agradecer por não precisar falar nada, porque se fosse para conversar eu acabaria dizendo algo muito idiota. Mas aquilo me incomodava um pouco, eu queria falar com ela, ouvir sua voz...

As pessoas não pareciam surpresas em me ver de mãos dadas com ela, sou um dos garotos mais populares do colégio, sou do time da escola... E ela embora não se importe muito com popularidade também era popular. Então as pessoas provavelmente achavam isso normal. Mas também deviam estar fazendo uma ideia errada sobre nós dois, não estávamos juntos, nem perto disso! Eu só a estava a acompanhando até a sala. Tudo bem, nós dois estávamos de mãos dadas, mas não havia nada entre a gente!

–Nova namorada Di Angelo? – Connor e Travis Stoll também eram do time da escola, esses dois viviam pregando peças ou fazendo piadas.

–Que? Não! – Eu não queria soltar a mão de Silena, mas quando Connor e Travis disseram aquilo, nós dois acabamos separando nossas mãos involuntariamente.

–To ligado! Não precisa soltas as mãos não, Romeu! – Travis tentou pegar nossas mãos para uni-las novamente.

–Sai Stoll! Porque não vai pregar uma peça em alguém?

–Já pregamos várias peças hoje! A propósito, se for entrar na sala de química, dê meia volta... Vai por mim! – Os dois olhavam para os lados como se temessem serem pegos a qualquer momento.

–Bom, nós já vamos! E lembre-se, você não nos viu! – Os dois saíram correndo pelos corredores. Eu não sabia se a segunda parte do que ele disse era pra levar a sério, mas na dúvida... Eu só sei que não quero um Stoll me pregando uma peça.

–É... Eu vou beber água! – Apontei para o bebedor, a verdade é que eu não estava com sede, mas eu estava envergonhado, os Stoll não ajudaram nada com o “Nova namorada Di Angelo?”. Silena assentiu.

–Okay, eu já vou para a sala, brigada de novo... – Entreguei a bolsa para ela.

–Não tem de que! – Ela se aproximou e me deu um abraço.

–Até a aula... – Ela se virou e seguiu pelos corredores.

POV: Percy

Eu ainda não estou levando muito a sério o que o Leo disse, até porque né? É o Leo Valdez!

Não dá pra botar muita fé nas coisas que esse menino fala! Quando ele me disse que o que a Annie havia dito na aula de filosofia era para mim eu tive vontade de acreditar, eu quero que a Annie goste de mim, porque eu gosto dela... Tá, okay, eu ainda não sei direito o que eu sinto por ela. Mas eu tenho certeza, que o que eu sinto por ela é algo bom... Eu já não consigo mais odiar a dona daqueles olhos cinza.

Leo disse que eu não sabia se era para mim porque eu sou lerdo demais para entender alguma coisa... Mas sério, eu não sou tão devagar assim, eu entendi o que a Annie havia dito (okay, algumas partes não... Mas isso não vem ao caso) o que importa é que eu entendi o suficiente para saber que ela estava falando de sentimentos mudando... De ódio que deu lugar ao amor. O problema é que eu não sei se aquilo foi para mim! Qual é! Era a Annabeth falando! A garota que me odeia desde sempre...

A aula já começou faz tempo, mas minha cabeça está em tudo isso, menos na matéria, eu só posso rezar para que a professora não pergunte nada para mim.

Mas assim que essa aula acabar eu vou perguntar para Annie se o que ela havia dito realmente era para mim.

A professora estava tagarelando sem parar sobre algum assunto que parecia ser importante, já que a sala toda estava assistindo a aula sem sequer olhar para o lado, o que é difícil de acontecer, mas eu não estou entendendo nada do que ela está dizendo, deve ser porque eu passei a aula toda até agora olhando para as paredes pensando em tudo, menos na matéria...

–Senhor Jackson? – Ferrou.

–É... Sim? – Eu sempre me perguntei o porquê dos professores ao redor do mundo só perguntarem coisas para alunos que não estão prestando atenção na aula! Isso não é nada legal da parte deles!

–Pode me responder a pergunta que eu lhe fiz?

–Depende... Qual era a pergunta? – Não tenho esperanças que ela me responda sem me dar uma bronca!

–Não estava prestando atenção na minha aula? – Ela me encarou com um olhar do tipo “Escolha bem as suas palavras”.

Não! Claro que eu estava, só não entendi o que a senhora disse!

–Eu lhe perguntei sobre a matéria... O que você entendeu? – Que saco! Não podia ser algo que eu pudesse responder?

–Bom... Eu não entendi! Sabe, a matéria não entrou na minha cabeça!

–Então você não estava prestando atenção na aula! Suponho que Annabeth, que estava interessada na matéria pode me responder! Caso ela tenha entendido, não há motivos para o senhor também não ter compreendido o assunto... – Mas é claro que tem! Ela é Albert Einstein preso no corpo de uma adolescente, caramba!

–Eu não entendi a matéria professora. – Annabeth levantou a mão, isso surpreendeu a classe toda, a professora e principalmente eu! Não é possível que a Annabeth não tenha entendido, ela só respondeu que não entendeu para que eu não me desse mal!

–Não entendeu? – A professora ajeitou os óculos no rosto.

–Não, por isso a senhora não pode castigar o Percy... – Annabeth me olhou e deu um sorriso de lado.

–Pois bem... Nesse caso, eu irei repetir o contexto da matéria e retirar as dúvidas da sala... – A professora parecia desconfortável, mas Annabeth era a queridinha dos professores, ela não deixava suspeita!

–Bom, do começo então... – A professor arrumou os livros sobre a mesa e apagou a lousa em seguida para começar novas anotações.

Não importava que eu tinha outra chance de pegar a matéria, Annabeth havia mentido para que eu não me metesse em encrenca! Caramba, isso só aumentou o nó na minha cabeça!

A professora começou a escrever o título da matéria na lousa outra vez, e ia começar a tagarelar novamente quando o sinal bateu, até que enfim!

Joguei tudo que estava sobre minha mesa na bolsa de qualquer jeito, eu preciso falar com Annabeth.

Ela ainda estava arrumando os seus livros por ordem na bolsa e organizando suas coisas.

–Annie? – Ela me olhou, não consegui ler a sua expressão...

–Que? – Ela guardou o último livro e fechou o zíper, sorrindo para mim.

–Eu tenho uma pergunta pra te fazer.

–Pode perguntar, é sobre a matéria? Que obviamente você não prestou atenção?

–Quer dizer que você reparou em mim durante a aula? – Sorri de lado para ela. Ela corou.

–Hã? Não!

–Sei... Mas não, a pergunta não tem nada a ver com a matéria.

–Então o que é?

–Sabe... Sobre aquele negocio que você disse na aula de filosofia, era sobre mim?