POV: Leo

Ninguém merece ficar de detenção depois da aula, é um saco! Imagina alguém com tédio, essa pessoa sou eu. 1h00 de detenção? O que eu fiz de tão grave pra ficar 1h00 inteira de detenção? 1h00 de castigo deveria ser a punição para alguém que cometeu um erro muito grave, tipo o meu professor de química que deixou um líquido potencialmente explosivo perto de alunos inocentes que não leem o enunciado de exercícios de química, isso deveria ser crime! Por culpa dele meu lindo cabelo cacheado está fedendo a aula de química.

Eu já estou em casa e já tomei um bom e longo banho, os únicos que estão aqui são eu, Jason e Nico, não me pergunte onde estão os outros dois, isso eu não sei, Percy já deveria ter chegado daquela biblioteca faz um tempo, e Luke deu mais um de seus sumiços. Melhor assim, dois a menos para tirarem uma da minha cara. Como se não bastasse eu ter ficado de detenção ainda tenho que ouvir piadinha dos meus amigos, valeu aí professor! Sim, eu vou culpa-lo eternamente por isso, me processe se quiser. Afinal, a culpa é minha eu a coloco em quem eu quiser.

–Olha se não é o bibliotecário! – Digo ao ouvir Percy entrando.

–Ah... Oi. – Ele estava com uma cara de bobo, okay, isso ele já tem, mas hoje está pior.

–Que cara de bobo é essa? Parece que viu a Megan Fox nua.

–Hã? Não... – Ele se sentou no sofá.

–Perseu! Vá, cê não me engana não, dos zóio verde! Diz logo. – Me sentei ao seu lado.

–Eu não posso contar...

–Pode sim, vai por que não?

–Porque é um segredo. – Mais essa agora.

–Me conta!

–TÁ! Mas olha, se você contar pra alguém...

–Eu sou um túmulo! – Fiz sinal como se fechasse um zíper em minha boca.

–Okay... Olha, eu... E Annabeth nos beijamos. – Por essa eu não esperava, mentira! Claro que eu esperava!

–AE! O GARANHÃO PEGOU A NERD GATA! – Fiz um Hi-Five com ele.

–Não espalha!

–Como que isso foi acontecer? Vocês não se odeiam e tal?

–A gente tava na biblioteca e a maçaneta da porta saiu, ai ela começou a dizer que um homem de verdade arrombaria a porta...

–Ai você quis provar pra ela que era macho! – Interrompi.

–Não foi bem assim, tá no início foi, mas depois quando eu a beijei foi... Foi por... Porque eu não aguentei mais, eu queria beija-la. – Ele falava com uma cara de dúvida.

–Que linda história de amor! Ela te bateu muito?

–Isso foi o mais estranho de tudo, ela até bateu... Mas depois ela me beijou.

–Não creio! Você tá afim da nerd, e a nerd tá a fim de você!

–Para com isso, Valdez! Não é nada disso!

–Ah! Vai começar com essa de “Foi o calor do momento...”

–Vou! Agora tchau que eu quero tomar banho, e seu cabelo tá fedendo.

–Eu sei, culpa do professor de química!

–Posso saber o por quê? Foi você que não leu o enunciado!

–Mas foi ele que deixou um liquido explosivo perto de mim!

–Sua capacidade de jogar a culpa nos outros é tocante, Valdez!

–Obrigada, obrigada, eu sei que sou o máximo!

–Vou tomar banho, fica ai com seu ego!

–Ei! Antes que eu me esqueça, agora que você tá a fim da loira, posso pegar a ruiva pra mim?

–Já disse 10 vezes que eu não to a fim da loira, e se quiser pode ficar com a ruiva pra você, mas como bom amigo que eu sou, tenho que te alertar! Vai se arrepender legal!

–Por quê? Ela é gata, cara!

–Gata, grudenta e metida.

–Só pelo “gata” pra mim tá de boa!

–Vai fundo.

–Por isso que eu digo, você é o máximo!

–Eu sei.

–Depois eu que tenho ego inflado!

–Valdez, me deixa tomar meu banho caramba!

–Ui, ele tá de TMP então? Vai lá.

–Há-há-há que engraçadinho.

–Não sei do que você tá falando.

E ele subiu para tomar o seu precioso banho, quem diria, Perseu Jackson foi fisgado, e por uma nerd. Por mais que ele diga que não, dá pra ver... Peixinho, fisgado, Percy... Haha, como eu amo essas piadinhas sem graça, meus deuses... Ah, mas vá! Isso é engraçado, não é uma piadinha tão ruim assim! Fisgado, peixinho.

Subi para meu quarto para tirar um cochilo, já que todo mundo que está nessa casa sumiu... Cadê a animação desse povo minha gente? Entrei e me sentei na minha cama, olhei para uma foto antiga, uma foto de minha mãe... Que saudade que eu tenho dela.

Eu ainda me lembro de quando eu ainda era pequeno e a ajudava na oficina, era tão bom, só eu e ela, foi com minha mãe que eu adquiri dom para construir coisas, e a mexer com ferramentas. Eu lembro que conversávamos por código Morse, depois que ela partiu, e eu ainda era pequeno, eu tentei usar mais algumas vezes, na esperança de ela responder. Ou de ser só um pesadelo, mas ela não respondeu, e hoje eu sei que ela não vai mais responder.

Bater o dedinho do pé dói. Bater a cabeça em alguma quina dói. Prender o dedo em qualquer lugar dói. Mas eu conheci a pior dor que uma pessoa pode sentir, a dor da saudade de alguém que se ama muito, a dor saudade da minha mãe, do cheiro dela, do abraço dela, do carinho dela, do sorriso dela. É uma dor que não dá pra explicar. Se eu tivesse direito a um desejo, esse desejo seria passar mais tempo com ela, nem que fossem apenas 5 minutos.

Já faz tempo que ela me deixou, mas ainda parece que foi ontem que um incêndio a levou para longe de mim. Eu era tão pequeno, só tinha ela. Mas por mais tempo que passe é uma dor que não passa, o que dá pra ser feito é se acostumar com ela. Eu tento esconder essa dor com risadas, por isso eu faço piada de tudo, isso me ajuda a esquecer de o que me faz sentir dor.

–Porque você se foi mãe? Porque me deixou sozinho? – Deixo uma lágrima escapar.