Beacon People Story

Capítulo 7 - Passados e Primórdios


Scott e Ruby estão há um tempo conversando com Deaton. Scott chegou com a escolta dos gêmeos que logo voltaram para o High School.

— Pelo que você me descreve, essa é mais ou menos a minha conclusão. — Diz Deaton.

— Isso não faz o menor sentido. — Diz Scott um tanto confuso. — Como assim ela é um ancestral nosso?

— Ela é um tipo de lobo mais antigo da linhagem dos lobisomens. Observe as garras dela. O tipo que conhecemos, Scott... — Deaton faz uma pausa dramática mas ele só está raciocinando melhor. — Que é a sua e de todos os outros, é uma mais... — Outra pausa para medir as palavras. — “Modificada” assim digamos.

Ruby ao ouvir isso se sente como uma antiguidade de algum museu:

— Tá e como isso explica as nossas transformações serem diferentes?

— Bom, com passar dos tempos os lobos foram se adaptando melhor à sua forma humana, colocando suas habilidades de uma forma mais controlável. Isto incluindo também a ampliação da força humana e dos sentidos. Apenas alfas em alguns casos conseguem completar a transformação para um lobo. Tirando outros casos específicos como Malia. Já o seu, Ruby, você não consegue fazer “meia” transformação e permanece como um lobo completamente. E também lobos do passado conseguem se comunicar melhor com os animais eu não tenho certeza disso.

— Sim isso acontece.

— É mesmo? — Diz Scott surpreso. — Também queria.

Ruby encontra um apoio na mesa fria e metálica onde Deaton havia engessado a pata de um cachorro machucado. Ela afaga a cabeça do cachorro que fareja sua mão e dá uma lambida. Ruby ainda está processando todas as informações assim como Scott também deve estar. Ela provavelmente sabe o que aconteceu. Independendo da sua história, os lobisomens há muito tempo devem ter atravessado entre os reinos fugindo das grandes caçadas e se acolhendo neste reino.

— Quais são essas habilidades então? De tão diferentes? — pergunta Scott curioso.

— Bem. Eu presumo que nossa geração de lobos, essa mais recente, foi a qual desenvolveu as lideranças nas matilhas. Alpha, Beta e Ômega.

— E pelo que eu vi Scott, quando você lutava, possuir controle durante sua transformação. Isso eu não consigo. Tem algum jeito?

— Bom eu não sei. — Diz Deaton. — Você é uma raridade, um lobisomem primordial, nunca imaginei ter contato com alguém tão especial.

Ruby quase que perde o foco do real motivo da sua visita ao Dr. Deaton então ela diz:

— Você por acaso não saberia como eu posso voltar para o meu reino?

— Esta tal floresta encantada que você mencionou mais cedo? — Ruby acena com a cabeça e Deaton franze a testa. — Temo dizer que não é possível.

— Calma. — Exclama Scott surpreso. — Então você sabia desse reino mágico distante?

— De alguma forma nós emissários acumulamos um vasto conhecimento de diversos reinos ou terras encantadas quais só podem ser acessados através de um portal. Porém como não há magia fácil neste mundo, coisas como portais se perderam ao longo dos tempos por serem impossíveis. Todas histórias possuem um fundo de verdade Scott.

— Bem... — Ruby não sabe o que dizer. É só mais uma indicação que ela está presa neste reino. — Já que eu não vou sair daqui tão cedo, você tem alguma noção por que motivo esses caçadores estariam atrás de mim? Como eles sabem sobre mim?

— Esses caçadores são como seres humanos evoluídos pelo que eu entendi. Possuem três poderes. Teletransporte, Telecinése e por fim Telepatia. Algum deles provavelmente leu a sua mente, por exemplo aquele que te observava enquanto você dormia. E quando eles enxergaram algo de interessante eles resolvem ir atrás de você.

Um gelo sobe pela coluna de Ruby. Realmente o colo de Regina parecia um lugar bem confortável no momento. Mas ela não pode se deixar levar pelo medo. Eles deveriam ter medo dela. Essa é a atitude.
Scott agradece a ajuda de Deaton e Ruby se despede dele, mas ele os interrompe:

— Mais uma coisa. Você comentou que algo aconteceu quando você tropeçou sobre o Nemeton. Eu suspeito que ele possa ter te mudado. Mas você precisa achar a mudança dentro de você.

Ruby acena com a cabeça e essas palavras ficam bem fixadas. Enquanto Scott preparava a moto Ruby tentava se ajeitar com o capacete que não se encaixava direito.

Scott chegou no estacionamento do Beacon High e para sua surpresa Isaac estava lá há algum tempo. Ele estava sentado perto das escadas que levam até a porta.

— Isaac? Tá tudo bem? — Pergunta Scott. Isaac o abraça firmemente.

— Está sim.

— Que fofos vocês. — Interrompe Ruby e Scott faz uma careta. — Mas qual o plano agora Scott?

— Bem eu não tinha pensado em um. Precisamos entrar em contato com seu lobo interior e encontrar a mudança mas não podemos te deixar sozinha por aí.

— Scott! Ela poderia vir estudar conosco, não? — Sugeriu Isaac.

— Gente, eu sou um personagem de um conto infantil que costumava trabalhar para a avó numa lanchonete. Não sei exatamente como um colégio funciona.

— É um inferno dramático no qual você se acostuma. — Diz Scott.

— Completamente. Eu vou entrando, vejo vocês lá. Ah, Scott, tem uma pessoa que eu quero que você dê uma olhada depois.

— É? — Scott olha bem nos olhos de Isaac. — Quem?

Isaac se aproxima de Scott e diz:

— Você vai saber quando esbarrar com ele. — Scott levanta as sobrancelhas.

Isaac entra e Scott fica pensativo sobre o que fazer com Ruby.

— Vou fazer assim, vou falar com a minha mãe, e ela dá algum jeito de ser sua responsável.

— Bom, eu já estou presa aqui, mais experiências assim ou menos acho que não farão tanta diferença.

— Certo. Vou te levar para a sala da Diretoria e eu acho que você já entra hoje mesmo no segundo período.

Ruby não sabe como agradecer à ajuda de Scott. Por mais perdida que ela se sinta, ele está fazendo muito para não deixá-la só.

Scott chega a tempo para a aula de Economia e Stiles guardava o lugar para ele.

— E aí Scott!

— Stiles!

— Sabe o que é pior do que você na sua Tensão-Periódica–Lunar? Fazer os trabalhos que a mãe da Lydia pede de última hora e perder a pizza.

— Ah eu achei que ela faria com Aiden. Eles não fazem uma dupla?

— Sim, mas isso até alguém chamá-lo para brincar de segurança particular. Aí sobra pra mim.

— Ah, é, foi mal. Só que realmente precisávamos deles. Aqueles caras não dão sossego.

Scott acena para Danny que estava sentado mais para o fundo e que conversava com um cara que Scott nunca viu na vida. O treinador estava de costas para sala rabiscando no quadro até o momento que o barulho de todos falando ao mesmo tempo sobressaiu a calmaria.

— Stilinski!

— Sim treinador!

— Sua voz me irrita profundamente. Quase que poeticamente.

— Sim treinador! Espera, o que? Mas tem tipo toda a sala falando ao mesmo tempo.

— Porém antes que você use a desculpa de que não é o único falando, quero todos em silêncio. Inclusive você Greenberg.

Stiles revira os olhos e se aproxima do ouvido de Scott:

— Hey cara, soube que tem um garoto novo no colégio?

— É aquele estranho lá atrás? Conversando com Danny?

— Sim o nome dele é Stephen. Ele veio de NY, ele estava almoçando com Kira e os gêmeos quando eu cheguei no refeitório.

— Pera, NY? Ele é um dos...?

— Bom aí eu não sei. Só sei que Kira deu um voto de confiança para ele e Isaac não o curtiu muito. Tanto que ele não estava lá com todos.

— É, ele estava meio transtornado e eu o encontrei no estacionamento quando eu cheguei da clínica veterinária.

— Ah e aí? No que deu?

— Bem, foi confuso lá. Mas pelo que eu entendi Ruby é tipo um lobisomem mais antigo e nós seriamos os mais evoluídos.

— Ah, como se vocês fossem os lobisomens 2.0

— Quase isso.

O treinador Bobby, enquanto explicava, andava pela sala de aula e sempre aumentava o tom de voz quando passava perto de Scott e Stiles na tentativa de fazer com que os dois parassem de conversar.

— Nada que nos ajudasse a levá-la para casa e Deaton disse que ela deveria encontrar a mudança dentro dela.

— Hm, mais charadas. Por que nada pode ser direto e prático?

— Bom eu não sei. Mas eu estive pensando e... Como hoje tem lua cheia não sabemos o que vai acontecer direito com ela mas talvez o Nemeton pode ajudá-la em algo.

— Talvez? — Entona Stiles com uma certa ironia preocupante.

— Ou isso ou correntes. É um chute no escuro.

— Só espero que esse seu chute no escuro não nos crie um lobo três vezes maior que o normal correndo atrás das pessoas por aí. Não dá pra esperar a Lydia gritar pra agir.

Scott torna a ficar pensativo, ele sabe que não consegue prever o que pode acontecer. Se ele levar Ruby ao Nemeton e ela se transformar num lobisomem como eles, isso talvez a ajude a controlar a transformação sem precisar da lua cheia. Mas e se ela não conseguir e continuar como loba mas escapar, sabe-se lá aonde ela pode parar. Talvez morta pelo Ultra ou talvez matando gente inocente. Aula quase acabando. O tédio se instala na sala e todos parecem morgar ao mesmo tempo até o sinal tocar e todos saírem da sala.

Scott levanta-se apressado e puxa Stiles, que tentava guardar seus livros, pela gola. Scott pede silêncio para Stiles e aponta na direção de Stephen. Stiles entendeu que Scott quer seguí-lo pelos corredores e ele tenta fugir mas Scott não deixa.

— Caso você não saiba stalkear é considerado crime e eu já vejo o meu pai o suficientemente por dia. — Diz Stiles.

— Vai me ajudar ou não? — Stiles revira os olhos e ambos seguem Stephen que falava ao celular com alguém.

— Consegue ouvir alguma coisa?

— Vou tentar. — Scott concentra sua audição de lobo no que Stephen está falando.

— Oi mãe, está tudo bem sim por aqui... Não, ainda não tenho dia para voltar... — Dizia Stephen pelo celular.

— Bom Stiles, até agora nada de anormal. Ele está falando com a mãe que provavelmente está em outra cidade.

— Scott! — Exclama Stiles. — Ele disse que veio com a família para Beacon Hills.

Scott e Stiles arregalam os olhos e se apressam para acompanhar mais de perto os passos de Stephen pelos corredores. Stephen ameaçou virar para trás pois ele percebeu que estavam seguindo ele. Scott e Stiles se jogam para os lados em corredores diferentes para disfarçar. Ambos esperam uns segundos e Scott repara que Stephen parou de andar do nada. Ele ficou estático olhando o vazio.

— Por que ele parou? —Gesticula agitadamente Stiles.

— Eu não sei.

Stephen então começa a correr pelos corredores, Scott e Stiles também vão atrás dele. Stephen virou pela esquerda e depois entrou pela direita em um corredor que leva até a porta principal. Stiles e Scott estavam muito atrás e quando chegaram na porta não havia sinal nenhum de Stephen do lado de fora. Stiles ofegante cai de joelhos no chão e diz:

— Aonde ele foi parar?

— Shhh. Estou ouvindo algo e um cheiro de perfume feminino forte. Vamos por aqui.

Perto do estacionamento Scott e Stiles percebem que Stephen está próximo de uma árvore e então eles se abaixam atrás de um carro perto o suficiente para escutarem. Stephen está segurando o braço de uma garota loira de estatura média e grandes bochechas rosadas. Ela tenta se soltar mas Stephen não deixa. Stiles ameaça tomar alguma atitude mas Scott o puxa de volta para baixo e pede para Stiles esperar pois ele está ouvindo algo dos dois.

— Me solta agora!

— O que você faz aqui hein? Hillary. Pensa que eu não senti você me provocando por telepatia?

— Você sabe bem o que eu estou fazendo aqui. Trabalhando para o Ultra já que nenhum agente consegue fazer direito o serviço.

— Não encosta neles ouviu?

— Você não conseguirá proteger todos, Stephen. Você não pode me parar.

Scott com sua audição percebe a aceleração do coração de Stephen como reação de raiva. Scott sente que Stephen está prestes a atacar a garota mas seria arriscado expor essa vantagem. Mas então quem é esse Stephen e o que ele quer? A conversa entre Hillary e Stephen não termina por ali.

— Talvez, mas eu não vou deixar o Ultra matar esses inocentes assim como eles nos caçavam.

— Stephen! A guerra evoluiu e se você está do lado deles, cuidado para uma bala acidentalmente não entrar em você. — E Hillary desaparece no ar.

— Droga! — Exclama Stephen.

O silêncio se instaura no lugar e quando Scott vai checar, não há mais ninguém ali.

— Stiles, só eu ouvi isso?

— Definitivamente não. — Scott apoia sua cabeça contra a porta do carro em um ato para pensar melhor.

— Talvez Isaac estava certo afinal. Não podemos confiar do nada nesse Stephen.

— Quem era aquela louca com ele?

— Você a achou interessante, não? — Pergunta Scott.

— Erm, talvez. Mas e agora?

— Agora? É esperar a lua chegar, temos que levar Ruby para o Nemeton e você vai dar essa carona para ela.

— Eu? — Exclama Stiles. — Mas e a Malia? Eu já tenho que cuidar dela.

— É só uma carona. E tem uma parte da floresta que você pode ficar com Malia para amarrá-la.

— Ok.

O carro em que os dois estavam apoiados piscou os faróis e as portas foram destravadas. O dono encarava Scott e Stiles por eles estarem estragando a pintura do carro. Eles levantaram e saíram correndo dali.