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Quando entrei na sala, as palmas das minhas mãos suavam muito. Aqueles garotos ridículos que tinham me mandado calar a boca no dia do desastroso trabalho, me fitaram interessados. Eu apenas marchei para a minha carteira na primeira fileira, e me sentei, fazendo o que minha mãe disse, não liguei para as gozações que fariam. Mas para minha surpresa, não fizeram.

-Hum...Jacqueline?

-Jacque. – falei automaticamente.

-Jacque. Você está bem... Com o que aconteceu semana passada? – era a Anne. Ela nunca falou comigo, e agora queria saber se eu estava bem.

-Deixa eu ver... Eu desmaiei em plena sala de aula, acho que era de se esperar que eu ficasse um pouco longe disto aqui.

Ela riu. Sério. Mais não foi um riso de desdém, nem para me zoar. Ela estava rindo de verdade.

-Olha, eu sei que nunca nos falamos, mais queria me desculpar por ter sido tão dura com você quanto ao trabalho. É que eu realmente entro em pânico com essas coisas, sabe?

-Acredite, eu sei.

Mas ela não teve tempo de falar mais nada porque o professor entrou na sala. Engraçado como eu comecei a refletir sobre isso durante as aulas seguintes, e me dei conta de que, quando eu começava a tentar me inturmar eu realmente conseguia... E aquilo não era tão ruim quanto eu achava que era! Eu via a vida de maneira tão negativa que nunca me dei conta de que eu podia ser diferente. Na mesma tarde, fomos tomar sorvete, eu, Jessy, Ed e Aaron. E eu contei tudo o que aconteceu a eles, desde o começo.

-E ela simplesmente começou a falar com você, assim do nada? – Ed indagou.

-Pois é.

-Amiga, ai tem coisa. A garota não ia simplesmente começar a falar com você sem um motivo. – falou Jessy.

-Eu não acho. Qual é! – ele falou rápido para os nossos olhares indignados. - Ela não poderia estar apenas dizendo a verdade e querendo se aproximar de você? Porque vêem tudo de forma tão negativa?

-Aaron, você nunca deve ter sofrido isso, mas ela NUNCA tinha falado com a Jacque antes, porque agora ia ser diferente? Garotas não são tão simples assim, tem sempre segundas intenções.

-Você tem Jess? – ele falou, dando uma piscadela.

-Argh!

-Ok, chega de luta livre verbal por hoje, estamos tentando ajudar a Jacque. – Ed interferiu, antes que a luta livre virasse real, e não apenas verbal.

-Obrigada Ed.

Ele sorriu, lindamente. Adorava o sorriso que ele dava toda a vez que eu o chamava de Ed. Sei lá, era bonito demais para ser real.

-Tem certeza que você não quer uma foto dele? Sabe... Dura mais. – falou o Aaron, me fazendo obviamente corar.

-Muito engraçado.

-Eu também acho, a piada foi minha.

Diante deste comentário extremamente desnecessário, fomos obrigados a fazer uma verdadeira guerra de calda de chocolate, que eram três contra Aaron, e depois sair correndo da sorveteria sem o intuito de voltar outra vez.

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Era meio dia e eu ainda estava na cama. Tinha me recusado a ir fazer minhas aulas de voz, e tinha trancado a porta do quarto, o que fez minha mãe ficar louca de verdade. Mas o que eu podia fazer se não tinha vontade de fazer nada e se nada fazia real sentido pra mim? Estava começando a ficar desesperado com isso, mais era verdade, nada era realmente animador para mim. E eu não fazia idéia do porque disso tudo. Peguei uma garrafinha de alguma coisa que continha álcool do frigobar do quarto e virei de uma vez só, fazendo o meu corpo inteiro se esquentar de imediato. Era muito bom não me preocupar com nada relacionado à minha carreira. Era realmente muito bom, poder sentar ali sem ninguém por perto e beber algo que eu nunca tinha bebido antes.

Cai de cara no travesseiro e comecei a me perguntar por que isso estava acontecendo justamente comigo. Abri a internet e resolvi checar os e-mails das fãs, para ver se me animava. Como uma brincadeira, fui até a página número três, dos velhos e-mails, para ver se encontrava algo interessante, e pode crer que eu encontrei. O e-mail da garota era Jacqueline_P@hotmail.com , e o assunto estava descrito como ‘inutilidades de uma fã. ’ Aquilo com certeza me chamou atenção.

‘Querido Justin Bieber,

Você provavelmente não lembra de mim, e obviamente não lerá isto, mas acho que vale a pena botar meus sentimentos para fora.

Antes de você virar famoso, estudávamos na mesma escola. Você nunca me viu de fato, porque eu sou realmente bem invisível, mas eu sempre te vi ali, lindo, com esse sorriso maravilhoso, e sempre achei legal o jeito como você não gostava quando colocavam brócolis na salada do refeitório. Agora que virou famoso, acho que você virou uma paixão mais platônica que já era pra mim. Mais saiba que eu nunca vou esquecer você quando era um mero mortal. Hahaha’

Bom, isso encerra o meu e-mail inútil. Se ler isso, não precisa responder, apesar de eu ficar bem feliz se você o fizer.

Beijos, Jacque.’

Eu sabia quem era aquela garota. Era uma morena, de cabelos ondulados, muito bonitinha que nunca falava nada na sala. Uma vez senti certa atração por ela, mas meus amigos me fizeram desistir e correr atrás de uma garota “popular”. Era insano pensar que agora ela estava lhe mandando e-mails de amor, aliás apenas um e-mail. Esse era a única mensagem com esse endereço de e-mail. Eu não sabia a razão, mais senti uma forte vontade de responder para ela, quem sabe arranjar mais um jogo de sedução para mim.

‘ Querida Jacque,

É óbvio que lembro de você, como esquecer? Quis responder e te deixar feliz. Bom, temos que odiar brócolis, não é mesmo? Eu lembro que você odiava também. Ainda esta morando ai no Canadá? Como estão todos? E a propósito, teria como você vir para a Califórnia? Gostaria muito de ver um rosto amigo.

Com amor, Justin.’

Aquilo realmente a convenceria de que ele estava interessado nela. Aquilo não valia real esforço, por ser só um jogo, mas ela, pensei, lembrava que eu odiava brócolis, aquilo era uma garota que valia um pouco a pena. E pela primeira vez em muitos dias eu estava realmente interessado em alguma coisa. Resolvi dar busca em algumas fotos dela, para saber se ela continuava a mesma de sempre, ou se havia se rebelado um pouquinho, só pra variar, e para a conquista ficar mais fácil. E ela teve uma resposta positiva!

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Essa era uma das fotos mais bonitas que ele já tinha visto da garota, a legenda dizia ‘Eu e Jess! Guerra de calda de chocolate contra o Aaron? Hahaha!’ . Ela parecia estar realmente mudada. E eu não me lembrava de conhecer nenhum Aaron, nem nenhuma Jess... Apesar de ter gostado muito da aparência de sua amiga... Quem sabe eu não a ganhava de lambuja? Então passei para a próxima foto, e nova surpresa.

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Ela estava muito mais bonita do que eu me lembrava. Muito mais bonita. E agora, eu estava realmente disposto a “lutar” para tirar uma lasquinha dela. E talvez da amiga, a loirinha bonitinha.

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Aquilo era totalmente insano!!!! ELE TINHA ME RESPONDIDO! JUSTIN BIEBER TINHA LIDO E RESPONDIDO MEU EMAIL! Isso era real? Talvez eu estivesse sonhando? Me belisquei, e vi que era bem real, porque meu braço ficou ligeiramente roxo. Mas não importava, ele lembrava quem eu era, ele lembrava da nossa resistência contra o brócolis, e ainda mais importante de tudo: Ele queria que eu fosse para lá. Justin Drew Bieber, meu amor platônico, pop star de apenas 16 anos, queria que eu fosse para a Califórnia vê-lo. Ok, tinha que ser um sonho. Liguei para Jess sem pensar duas vezes, e contei cada detalhe, cada vírgula do e-mail, e quando eu vi, estávamos as duas pulando na minha cama e gritando como garotas histéricas “VAMOS CONHECER O JB! VAMOS CONHECER O JB!”. A razão do vamos, era que ela ia mês que vem para a Califórnia por uma razão que eu desconhecia: Havia um concurso para ver quem seria o próximo dançarino de Justin Bieber, e como eu não entrava no computador há dias, não tinha visto o panfleto n blog.

-Ai meu deus, agora que você falou, eu preciso ir e fazer este teste!!! Preciso!

-Os meninos também vão conosco ok?

-Lógico!

-Amiga... Posso te perguntar uma coisa?

-O que?

-Você... Gosta do Ed?

-O que?! - quase engasguei com a pergunta absurda. – Como assim?

-Não sei... Vocês ficam trocando olhares, e toda a vez que ele sorri você derrete... E, sabe, ele gosta de você. – dito isso ela tapou a boca, fazendo a próxima frase sair abafada. – E eu não devia te contar isso.

Eu fiquei pasma, apenas olhando para a cara dela. Como assim, o Ed gostava de mim? Ed e eu éramos apenas amigos, não? Eu me derretia para o seu sorriso, era verdade, mais era só porque ele tinha dentes mais perfeitos que a dentadura do meu avô!

-Bom, mais isso – ela falou, apontando o computador. – muda tudo não é mesmo? Se o Justin está mesmo interessado em você, acho que o Ed não tem chances, tem?

-Eu... Não sei o que dizer. Não fazia idéia de que ele gostava de mim.

E nós ficamos lá, encarando o e-mail do Justin, e a foto do imaculado sorriso do Ed. Eu só sabia de uma coisa, estava realmente muito confusa agora, porque nunca tinha nutrido sentimentos pelo Ed, mas depois desta confissão, devo dizer que as coisas em minha cabeça mudaram um pouco.