Be Mine - Terminada

– I just wanna you here.


\"\"

-… E ele estava mesmo sendo sincero. – Jacque terminou de contar a história.

Eu sinceramente não acreditava na repentina mudança de comportamento do garoto maravilha. Mesmo com todo esse negócio de ‘terapia’. Porque eu iria acreditar nele agora? Não agora que eu tinha a minha garota.

-Como você pode ter certeza disso Jacque? – Aaron falou por mim.

-Eu tenho um sexto sentido muito bom galera, não duvidem disso. O fato é que, eu sei que ele não vai incomodar a gente de novo, então isso não tem real importância tem?

-Não...

Eu abracei ela, meio que impulsivamente, com medo que algum Justin Bieber aparecesse pela porta e a roubasse de mim. O telefone tocou, e nos assustamos, acho que toda essa história tinha nos deixado pensativos demais. Jessy foi atender.

-Alô? Só um momento. – ela trouxe o telefone para Jacque.

-Alô, sim é ela. O QUÊ?!

Com esse grito a gente se assustou mais do que já estávamos. Ela estava com os olhos arregalados e a mão cobrindo a boca, como se algo realmente extraordinário tivesse acontecido. O que só nos ajudou a ficar curiosos.

-Sim, sim eu aviso eles. Mas... Todos? Mesmo? Ah meu deus... Obrigada, obrigada mesmo, essa é uma ótima notícia! Adeus.

Ela largou o telefone no chão, e eu comecei a ficar decididamente com uma curiosidade maior que eu. Ela veio até nós como se fosse uma zumbi, olhar desfocado, e a boca aberta.

-Gente... Nós somos os novos QUATRO dançarinos de Justin Bieber.

Eu não sabia ao certo se ria ou se chorava. Por um lado, tínhamos conseguido o que queríamos, íamos dançar para muuuita gente ver, mas por outro... Estaria cada vez mais perto de perder a minha garota. Eu sentia isso. Então fiquei completamente mudo enquanto eles davam pulinhos de alegria, obviamente sem saber o que fazer. Podia ter sido uma armação dele para que ela o encontrasse de novo, podia ter sido ironia do destino... Como é que eu ia saber?

-Ed.! Que cara é essa?! A gente conseguiu!!! Conseguimos o que sempre sonhamos!

-É... Eu sei! Eu... Me dão licença só um minuto.

Me dirigi ao banheiro e tranquei a porta. Como poderia suportar perde-la diante de meus olhos e não fazer nada? O que eu sentia por ela... Era maior que tudo o que já senti. Ela era alegre, bonita, simpática e super decidida... Como eu podia ter a enorme certeza de que ia perde-la, e não fazer nada? Talvez fosse melhor assim... Talvez não fosse para ela ser minha. E talvez fosse melhor eu parar de pensar sobre essas coisas, e aproveitar os últimos dias que teria com ela.

****************

-Fez o que u pedi?

-Sim senhor Bieber, convoquei os quatro.

- Ótimo.

Não sei porque aquilo ainda insistia em ficar na minha cabeça. Ficava lá, simplesmente me dizendo o tempo todo que eu tinha que fazer alguma coisa por ela. Eu tinha sido uma pessoa horrível. E além do mais, depois de duas seções de terapia, acho que eu comecei a melhorar um pouquinho meu estado. Só que... Eu tinha tanta certeza de que tinha que fazer isso, sabe? Tinha certeza de que se a tivesse perto de mim, poderia pedir desculpas e faze-la ver que eu posso ser uma pessoa melhor. Então pedi que todos fossem selecionados, senão ia ficar muito explicito o que eu estava tentando fazer, se é que já não ficou.

Então chegou o dia, em que eles viriam conhece o estúdio, a equipe, os dançarinos, coreógrafos, e o famoso Justin Bieber. Eu estava nervoso, e não sabia porque. Mas quando ela chegou eu soube porque. Porque ela era linda, e eu prendi minha respiração, como da primeira vez que a vi, como senti que ela era mais bonita que todas. Mas eu precisava me conter, e parecer normal. Fui até eles, não com um sorriso, apenas com a cara profissional que tinham me ensinado muito bem.

-Sejam bem-vindos a equipe. – esperei que alguém falasse, mas ninguém o fez. – Bom, a Alice vai ensinar algumas coreografias pra vocês hoje, e mais amanhã, pra ver se vocês pegam essa coisa de show-bizines.

Meu sorriso foi falso, e ela viu isso. Eu não conseguia olha-la nos olhos, eram tão profundos que parecia que ela conseguia ler a minha mente, a minha alma, o meu ser. Eles foram levados até o estúdio de dança, e eu acompanhei, porque precisava ensaiar junto algumas partes.

-Vamos começar com a coreografia de One Time. É clássico e Justin sempre canta nos shows.

Ok, posicionamento, primeiros passos, eles eram bons, então pegaram coreografia após coreografia direitinha, tudo bem rápido. Só que eu estava aflito, e ansioso para que aquilo acabasse, porque queria conversar com ela. Queria dizer a ela que sentia muito por tudo o que tinha feito, e que ela merecia muito mais.

-Bom, é isso gente! Amanhã quero vocês todos e pé para pegarmos ‘Never Let You Go’ e ‘Eenie Meenie’ , ok? Até mais. – Alice deu a minha deixa.

-Jacque! – eu a chamei, porém todos se viraram. – Aahm.. Posso falar com você?

Ela ficou imóvel por um tempo, meio que avaliando a minha proposta, decidindo se seria conveniente, ou não. Ela olhou para o loiro, que assentiu com a cabeça. Porque ela pedia a permissão dele? Bom, eu tive minha resposta a seguir, quando ela me disse um breve ‘ok.’, e se virou para o loiro, dando um selinho nele. Por que aquilo doeu? Porque será que no momento em que as bocas se encostaram eu senti um aperto? Senti algo parecido com uma mescla de ciúmes e surpresa, como se aquilo fosse pior que anunciarem que minha carreira tinha acabado.

Porém, eu afastei estes pensamentos sem sentido de minha cabeça, e segui para um camarim. Ela entrou um tanto receosa.

-O que você quer?

-Olha, eu sinto muito, sinto muito mesmo, por tudo o que aconteceu... É só que... Ter a falsa ilusão de que eu posso amar alguém, compensa o fato de que eu perdi meus pais sabe? Sim, ainda tenho Pattie, graças a deus – acrescentei. – Mas, o fato é que nunca vi o que e amor de verdade. Foi meu psicólogo quem disse.

Eu dei um sorriso amarelo. Ela tinha uma cara meio pensativa, meio chocada, meio... Confusa.

-O negócio é mesmo tão ruim? – ela falou, por fim.

-Sim... Parece que perder meu pai me afetou de um jeito bem maior do que todos esperávamos.

Silêncio. Era de se esperar que eu tivesse alguma coisa para falar, mas nada me vinha na cabeça.

-Você e aquele cara loiro estão namorando?

As palavras simplesmente escaparam, pularam de minha boca, com se estivessem presas a muito tempo, loucas para sair de qualquer jeito. Tapei a boca na mesma hora. Acho que foi uma reação meio boba, até fez ela rir, mas não explicava o fato de eu ter feito tal pergunta.

-Eu... Desculpe, não quis ser intrometido, eu só...

-Tudo bem Justin. Bom... É, a gente meio que ta junto.

Porém, aquelas palavras não saiam dela com sentimento nenhum. Era como se ela estivesse falando uma coisa que não tivesse a menor importância. Eu achava que ela faria cara de apaixonada, e falaria que ele a tinha salvado de mim, e coisa parecida.

Dessa vez então, calculei muito bem as palavras.

-Como assim, ‘meio que estão juntos’? Você gosta dele? – ela ficou muito muda.

-Bom, eu gosto... Gosto muito dele. Mas... O Edward é... Não sei. Não sei nem se devo te contar tal coisa.

-Pode confiar em mim. Eu sei que a gente não se conhece direito nem nada, mas... Eu sinto que posso confiar em você para contar sobre coisas tão intimas, acho que você pode confiar em mim.

Ela mordeu o lábio inferior. Parecia estar meio que sem acreditar... Todas as vezes que tentei decifrar garotas consegui, mas com ela... Eu não conseguia decifrar o que ela estava pensando, não conseguia saber o que ela ia dizer a seguir, e isso era o que me deixava mais... Louco.

-Eu amo ele. De verdade. Mas é como um amigo. Eu aceitei namorar com ele, porque é um consolo imenso, e gostamos das mesmas coisas, nos damos muito bem juntos... Mas não passa disso. Nunca vai passar.

-Hum... Entendo. Bom... Eu queria mesmo era me desculpar pelo meu comportamento repulsivo.

-Obrigada por se desculpar. Isso foi realmente muito fofo da sua parte. – ela fez menção de se levantar, mas eu a parei a tempo.

-Espere... O que você quis dizer, no e-mail, com ‘Você não é uma pessoa ruim’ ?

-Eu quis dizer exatamente isso. Que não acho que você tenha feito por mal.

E ela saiu o camarim, me deixando extasiado, e cansado, porque aquilo me custou muito... Auto controle.

*********

Eu tinha me controlado ao máximo. Aquilo foi a pior coisa que eu já fiz. Ficar na presença dele, e ter que me controlar para não fazer uma besteira. Aquilo era realmente... Maluco. Eu só queria deixar aquele lugar o quanto antes.

Porque e quis saber sobre mim e Ed.? Porque ele ficou me fazendo perguntas tão profundas sendo que nem conseguia me olhar nos olhos?

Aquilo tudo era muito confuso na minha cabeça.

-Hey, o que ele disse? – Ed. Falou assim que eu apareci.

-Só conversamos um pouco, por favor quero ir para minha casa.

Ninguém falou uma palavra sequer, mas eu pude sentir a tensão no ar. Me levaram até em casa, e sem nem ao menos dar satisfações para meus pais, que estavam na sala, subi para o meu quarto e me joguei na cama. Podia ter sido pior, disse para mim mesma, podia ter sido um total desastre, mas eu me segurei. Só que isso não era grande coisa. Isso não explicava o porque de eu estar me sentindo assim em relação a ele depois de tudo o que tinha acontecido. Era maluco que eu ainda nutrisse algum sentimento por ele depois de tudo o que aconteceu. Ele não merecia.

Mas como dizer não para meu grande amor? Inevitável.

E como levar tudo o que estava acontecendo entre mim e Ed a sério? Se agora mais do que nunca eu sabia que não gostava dele do jeito certo, e sabia que isso era totalmente errado.

Como amar a pessoa certa? Impossível.

E enquanto essas perguntas iam se fazendo na minha cabeça, as lagrimas já caiam a muito tempo, fazendo eu me sentir uma criança tola, uma criança cheia de problemas fúteis, e imbecis. Era mais do que eu podia agüentar.

Adormeci pensando em teu belo rosto, aquele que não conseguiu me encarar mais cedo.

- “ I know you love me. I know you care...”

-Tá, ta bom Justin, eu já sei que te quero e que me importo, agora cala a boca!

Desliguei o celular, porém ele tornou a vibrar. ‘Número Desconhecido’. Era uma mensagem de texto.

“Oi... É o Justin. Peguei seu número na ficha e inscrição. Você gostaria de... Se encontrar comigo hoje? Pra almoçar. Prometo que não vou fazer nada, só queria conversar com você. Me mande uma mensagem de volta se aceitar.”

Muito... Interessante. Porém muito perigoso. Eu não podia aceitar aquilo! Depois de tudo o que ele me fez passar, e tudo o que esse garoto mexe comigo, não era possível que ele ainda tivesse algo para conversar comigo. Era impossível que a gente ainda estivesse se falando, porque qualquer garota normal iria ter dispensado um cara depois disso.

Mas ele não é um garoto normal, e para mim muito menos, ele é especial. Por isso, e por alguma razão inexistente, eu mandei uma mensagem dizendo que adoraria, e mandei o endereço para ele vir me buscar.

Porque estava ansiosa? Fazia a coisa mais maluca e proibida de todas. Estava indo almoçar com cara que era perdidamente apaixonada, sem avisar meu namorado, que por sinal já tinha me ligado umas três vezes.

Então porque a ansiedade?

Quando deu meio-dia, eu comecei a entrar em parafuso. Tinha que me trocar, tinha que ficar bonita. E tinha que tirar todos aqueles pensamentos e perguntas sem resposta de minha cabeça.

Olhei bem para o armário do meu quarto. Olhei bem para tudo o que tinha ali, tudo o que podia me deixar completamente fabulosa. E então encarei o desafio e disse para mim mesma que era agora ou nunca, que ia ver se Justin Bieber era quem era, ou só fingia ser.