Batter Up

Melhores amigos


—Então é assim? Ele estala os dedos e você vai, sem mais nem menos?

—Você me ofende assim, Greg! Não sou uma cadela para sair correndo quando alguém chama!

Greg se arrependeu de ter falado aquilo impensadamente. Os primos estavam na casa dos avós, fazendo pipoca e se preparando para uma maratona de filmes de horror, mas ela já tinha se arrependido de vir ali.

—Sinto muito, Sara... eu não quis te ofender... só fiquei surpreso que você fosse aceitar mudar sua vida assim por conta de um homem...

—Eu vou me casar com ele, Greg.

O jovem sabia disso. Gil e Sara vieram almoçar com os avós deles e deram a notícia. Papa e Nana ficaram extremamente contentes. Greg, apesar de já não ter aquela visão deturpada de Grissom, no fundo ainda não o aprovava para sua prima.

—É...

—Eu achei que você já tinha superado isso.

—Sim, Sara. Desculpe... eu realmente estou muito feliz por você.

— De verdade?

—Sim... juro . É só que... eu meio que achei que teria você sempre por perto... não achei que iam se mudar logo de cara...

—Greg... eu prometo que não vou sumir da sua vida. Como eu poderia deixar o meu melhor amigo de lado?

—É melhor que não o faça, Sara. Se não eu vou ter que ir atrás de você e desse seu noivo sequestrador para dar um jeito em vocês!

A brincadeira surtiu efeito e Sara abraçou o primo com força.

—Você sabe que eu te amo, cara...- ela sussurrou no ouvido de Greg, e aquilo trouxe uma felicidade enorme ao jovem. Embora ele tivesse nutrido uma grande paixão por Sara, ele hoje podia dizer que aquele sentimento evoluiu. Tanto que não o machucava o fato de ela casar e sim de pensar que quando ela se mudasse eles invariavelmente não teriam o mesmo contato. Sara poderia prometer o que quisesse, mas era fato que a distância mexeria com eles.

—Eu também te amo, minha prima...

Enquanto Sara se distraía com Greg, Gil havia viajado para Chicago com Catherine para finalizar os detalhes de sua contratação. O jogador mal podia esperar para aquilo tudo acabar. Ele só queria era jogar basebal e tocar sua vida com sua mulher, mas as pessoas a sua volta não deixavam. Primeiro foi Doug, que fizera um jogo duro para que assinasse o fim de contrato de Gil. O homem estava mais do que amargurado, mas Gil pouco se ligava para isso. Sua última palavra para Doug tinha sido para ele se divertir com os dólares do patrocínio de Dean, e a expressão no rosto do gerente tinha sido impagável.

Se Gil achou que o mais difícil seria aturar Doug, é porque ele não contava com algumas pessoas dos Cubs. Alguns dos diretores eram da época em que seu pai lá jogou, e a cara de pau daqueles senhores deixou o jovem aparvalhado. Eles trataram da saída de William do clube como se fosse algo simples, em que os dois lados partiram amigavelmente. Gil lembrava diferente. Não que seu velho fosse inocente em tudo o que se passou ali- longe disso, ele sabia- mas o clube havia abandonado o homem a própria sorte depois da lesão dele.

— Ah, Gilbert... se você vai ficar mordido por essa situação toda do passado, você faria melhor em não ter saído dos Devils.

Catherine comentou enquanto eles saíam do estádio dos Cubs.

—Não me incomodava, até ter esse povo falando do meu pai daquele jeito... como se fossem velhos amigos. Mas eu não vi nenhum deles estender a mão quando ele mais precisou... mas enfim... são só algumas pessoas... não vou me preocupar com isso.

—Assim que eu gosto! Ninguém quer ver uma repetição do ano passado e ...

—Gilberto!

Gil e Catherine ouviram o grito e se viraram em direção ao som. Como Gil previra, era Carlos Valentim.

—Gilberto?- Cath sussurrou, achando graça da forma com que o outro jogador pronunciava o nome do amigo. Gil ainda teve tempo de olhar em reprovação a sua amiga antes de Carlos chegar perto.

—Carlos! Imaginei que fosse te ver por aqui.

Os dois trocaram aquele aperto de mão de sempre e Gil apresentou o outro a amiga.

—Um prazer!- respondeu Catherine, encantada com o galante homem a sua frente.

—Mas y su novia? ¿Dónde estás?

—Sara não pode vir. Coisas do trabalho.

—E como ele é o meu trabalho- Catherine segurou no braço de Gil enquanto falava- Eu não pude deixar de vir.

Os três ficaram conversando um tempo até que Carlos precisou partir. Ao ver o homem se distanciando, a loira comentou.

— Os Cubs por acaso pedem currículo com foto para contratar seus jogadores? Benza a Deus!

Gil riu com o comentário da amiga.

—Não sei os outros, mas acho que eles veem o trabalho antes de qualquer coisa... mas ó... o Carlos é comprometido, hein?! Então nada de gracinhas.

—Você me conhece, Gil... não sou de brigar pelos homens dos outros...

—Até porque você é um mulherão que não precisa disso- o amigo disse, tentando diminuir o peso da conversa.

—É... além do quê- ela se voltou novamente para onde Carlos tinha partido- olhar não arranca pedaços...

—Vamos, Cath.... eu to com fome e ainda temos uns apartamentos para visitar antes de partirmos.

Os amigos então foram procurar um lugar para comer. Depois disso, se encontrariam com o consultor imobiliário que os pais de Sara haviam indicado para verem os lugares que ele e Sara haviam escolhido pelca internet. Ele não esperava tomar uma decisão logo, mas não custava conhecer alguns imóveis.

Os amigos escolheram um restaurante não muito longe do primeiro apartamento que visitariam e enquanto esperavam o almoço , Gil comentava sobre o processo de escolha dos imóveis com Sara. Reparou logo, entretanto, que sua amiga não estava como de costume.

—Cath.... você tá bem?

—Ah, claro Gil... por que a pergunta?

— É que geralmente você fala pelos cotovelos, mas hoje...

— Eu vou tomar isso como um elogio!- a loira brincou, mas não distraiu o amigo.

— Tome como o que quiser, mas o fato é que você está bem quieta... de repente, para falar a verdade.

—Ah... Gil....- os olhos da amiga se encheram de lágrimas e o coração do jogador disparou. Ele nunca gostara de ver ninguém chorando, mas Cath era uma das pessoas que ele realmente detestava ver assim!

— Cath...

Ele não sabia o que dizer, mas sua amiga o conhecia muito bem e logo tratou de se explicar.

—Não se preocupe... é só que.... eu estou muito feliz por você, meu amigo, de verdade. Mas te acompanhar até aqui fez com que tudo isso virasse realidade sabe? Você não vai mais estar perto de mim... e antes isso parecia tão distante, sabe... eu nunca achei que fossemos viver assim para sempre, é claro- ela deu uma risada, tentando aliviar a tensão- mas sei lá... eu não sei como vou viver sem o meu melhor amigo!

E pela primeira vez Gil parou para pensar em como sua mudança mudaria a vida de outras pessoas. O jovem, hiper focado em seu sonho, esqueceu de como ele não teria mais acesso fácil a pessoas que tocaram tanto em sua vida. Catherine, Jim, Warrick e Nick se tornaram, cada um a seu jeito, pessoas importantes na vida dele. Seria difícil não vê-los com frequência.

— Você entende, não é Cath? O porquê eu quero fazer isso?- Gil alcançou a mão da loira pela mesa e a apertou.

—Claro, Gil... – Catherine vivia um dilema se não semelhante, da mesma família. Sam Braum era seu pai, um homem influente em Las Vegas. Se Catherine quisesse, ele poderia abrir muitas portas para ela, mas Catherine nunca usara o nome do velho para nada. Ela, assim como ele, precisava separar a figura do pai da dela. Era simples assim- É o seu sonho de moleque. Vamos fazer um brinde!

Catherine pegou sua taça de vinho e Gil seguiu seu exemplo com a garrafa de cerveja a sua frente.

— A um sonho que se realiza!- a loira começou.

— E a amigos maravilhosos.

—Sim, pois sem eles, com quem dividiríamos os sonhos?

Gil sorriu e tocou sua garrafa na taça dela.