Alfred observava os monitores. Por enquanto, a mente de Bruce estava vazia. A tela, escura. Ele ficou cansado, de tanto ficar só observando os monitores e foi preparar um café, pois sabia que, a qualquer custo, não devia dormir.
Quando voltou, resolveu testar a profundidade do sono de Batman.
—Mestre Bruce?- ele sussurrou em seu ouvido.
Nada.
Voltou sua atenção aos monitores. Logo, uma imagem começou a se formar nas telas...

...

Batman abriu os olhos. Estava em uma sala, sem portas, janelas, ou decoração. Uma sala qualquer.
Olhou seu corpo. Ainda vestido com o traje Knightmare. Conferiu o comunicador. Ligou-o e disse:
—Alfred? Estou sonhando. Se você puder me ouvir, pelo computador, aproxime meu corpo do monitor e sussurre para mim: estou aqui.
Por um breve e estonteante momento, nada. Mas uma hora, ele ouviu:
"Estou aqui."
Ele sorriu por dentro.
—Consegue ver o que eu vejo?
"Sim. Chegou a hora..."
Batman fechou os olhos. Desejou encontrar um esconderijo. Desejou encontrar Freddy. E desejou acabar com ele.

...

Freddy estava se sentindo como antigamente: renovado.
Ele sentia, o conflito interno em Bruce Wayne. Uma parte, corajosa, insistia em lutar. A outra, covarde, temia por sua vida, por seu mordomo, por seus amigo, por... seu filho.
Haaaa... ele achava que podia escondê-lo? Que podia protegê-lo dele? Ele nutria aquele sentimento idiota, o amor, por uma criança... ah, seria delicioso ouvir seus gritos de desespero quando ele acabasse com o porquinho...
Logo, percebeu que alguém estava prestes a dormir... em Gotham. E manifestou-se naquela região.
Ele se viu numa caverna. Haviam duas pessoas ali: um velho. Cabelos pretos e uns tufos grisalhos, terninho de otário. Obviamente, o mordomo. E, deitado na maca, com uma armadura... ha, seria tão fácil matar o morcego agora...
Mas não. Não era ele que Freddy sentiu. Era alguém... acima dele. Manifestou-se no local.
Em uma coluna de chamas, ele se materializou numa mansão.
—Ora, ora...- ele murmurou, rindo para si mesmo. Acabara de avistar um jovem menino assistindo televisão.- Meu garoto, não sabe que ver TV dá sono?
Aproximou-se da tela. Damian não o via. E fez um gesto com as garras acima do aparelho.
Um tempo depois, o garoto desligou-o e foi à cozinha, com a companhia do demônio. Encontrou torta, e a levou ao quarto.
Freddy sorriu. Ao entrar no quarto, fechou a porta.

...

—KRUEGER!
Batman gritou o nome o mais alto que pôde. Como se ouvindo-o, o senhor dos pesadelos surgiu, de chamas infernais.
—Ora, não é que o morcego é forte?- ele zombou. Mas no fundo, Freddy se sentia um pouco ameaçado pela presença do Batman. Sabia do que ele era capaz. Sabia o que ele aguentava. E sabia o que ele não aguentaria.-Round 2, não é?
Ele preparou as garras.
—Ah, sim- ele respondeu. Carregou suas luvas elétricas, que faiscaram e estalaram. —Pode vir, palhaço.
Freddy raspou uma garra na outra, saindo uma fagulha. Abriu um sorriso de gelar o sangue e avançou.

...

Alfred observava a cena com assombro. O tal Freddy era mesmo terrível, pior que a descrição de Bruce.
—Muito lento!- ele berrou, desviando de um ataque de Bruce e contra-atacando com uma joelhada no estômago.
—OOF!
De alguma forma, o mordomo via o sonho em terceira pessoa, sobrevoando os dois combatentes. Então, sua surpresa não podia ter sido maior ao ver que Freddy olhava na direção da tela.
—Oláaa! Tem alguém aí? Sinto seus olhos fechando...
De súbito, o velho mordomo sentiu-se mais cansado que o habitual. Pegou sua última pílula contra sono, fabricada por um genial cientista chamado Ray Palmer (para que ele próprio não precisasse descansar durante os experimentos), e engoliu-a. Percebendo que o monstro já não mais o olhava, correu para o Bat-elevador. Precisava de mais café e mais pílulas, e precisava dá-las a...
—Meu Deus... Damian.

...

—Está cansado, Bats?
Krueger aplicou um corte no pescoço que teria sido fatal, não fosse a armadura. E Batman retaliou à altura, agarrando seu braço e, num golpe de judô, derrubando-o por cima de sua perna. Prendendo Krueger no chão, ele pegou sua cabeça e bateu o rosto do vilão contra o piso, uma, duas, três, cinco, dez vezes. Parou quando o demônio se soltou, chutando-o para o outro canto do lugar, que- agora - tomava forma de um ringue.
—Pareço cansado pra você?- ele respondeu, olhando o nariz quebrado e ensanguentado do homem.
—Seu filho da puta...- Freddy ajeitou o nariz e o sangue magicamente estancou e sumiu.- Vai pagar por isso, caralho. Não que eu não tenha enfrentado piores!
Batman o encarou. Sabia do que ele falava: o massacre de 2003.
—Você tem sorte- ele cuspiu as palavras, como uma maldição- de não usar máscara de hóquei e um facão, porque eu teria te atacado ainda mais forte. Odeio aquele cara mais do que a qualquer um...
Freddy se materializou atrás de Batman e tentou trespassá-lo com as garras. Foi muito lento, e o Cruzado de Capa chutou-o, de novo, naquele lugar. O Terror de Elm Street gemeu de dor.
—...mas isso está sujeito a mudanças.
Por baixo do capacete, Bruce sorriu, satisfeito, pois sabia que estava ganhando.
Mas Freddy sorriu de volta.
—Acha que ganhou? Ah, não. Você vai ver... que você perdeu.
Mal terminou a frase, o cenário começou a mudar: de um ringue para uma velha fábrica.
—Você não serve pra ter família, Bruce. Não consegue nem proteger seu filho!

...

Alfred, desesperado, saiu do elevador secreto.
—DAMIAN!
Subiu as escadas até o quarto do jovem, e abriu a porta com estrondo.
Ele dormia tranquilamente.

...

Batman caiu de joelhos.

—O que você fez com meu filho?...
Freddy deu uma gargalhada demoníaca.
—Por que eu te falaria?
—O QUE VOCÊ FEZ COM MEU FILHO?!?- Batman se lançou na direção dele, com uma fúria que provavelmente nem Superman teria encarado. Freddy agora estava assustado, caindo de costas no chão. Teve de segurá-lo invocando correntes infernais, que se amarraram em seus pulsos e o conteram pouco antes de chegar ao inimigo.
—SEU MERDA, SE FIZER ALGO COM O MEU FILHO, EU VOU ACABAR COM VOCÊ!!!
—HAHAHA! Era isso o que eu queria ouvir!-
Freddy se recompôs, e com um gesto da mão com a luva fez o capacete sumir. Com a outra, deu um soco com toda a força que podia reunir na cara de Bruce. Este, quando voltou o rosto na direção do monstro, cuspiu sangue nele.
—Não ouse tocar nem em um fio de cabelo dele, ou eu vou arrancar suas tripas pela boca.
—Ah, minhas tripas vão ficar no lugar. Mas não garanto que as dele fiquem!

...

Damian estava perdido. Ele viu alguém do lado dele quando ele dormiu... e acordou numa fábrica!
Teria tido sua identidade revelada? Será... que o sequestrador sabia a identidade de seu pai? De qualquer forma, ele sabia que só saberia quem fez isso em apenas um lugar... dentro da fábrica.
Já dentro, ouviu alguém gritar. Berros de dor vinham da caldeira. Não tardou a correr até lá... e a ver a cena aterrorizante que o aguardava.
Ele viu seu pai, Bruce Wayne, pendurado por ganchos nos braços que furavam sua carne. Tinha cortes espalhados por todo o corpo, tanto fundos quanto superficiais. Seu rosto sangrava. Estava seminu, sua parte inferior coberta por uma calça moletom preta, rasgada e velha. Ao seu lado, uma mesa com instrumentos de tortura. E, apoiado nela...
Aquela pele branca como papel, como alguém com muita maquiagem. Cabelo verde como ácido, num penteado que não se via há muito tempo, e olhos da mesma cor. Terno liso, roxo, com gravata borboleta verde e colete amarelo. E aquele sorriso largo, alinhado e amarelo...
—Meu Deus...
—Hahahahaha...
Damian estacou, com aquele maldito a encará-lo... o frio e cruel olhar do Coringa.