Barulho

Capítulo Único


Uma das grandes vantagens em ter uma TARDIS ─ além da possibilidade de realizar viagens para qualquer ponto do espaço e para qualquer momento, claro ─ era o fato de que ela era, de fato, maior por dentro. Sendo maior do que qualquer carro, van, ônibus ou qualquer meio de transporte humano, permitia que os ocupantes ─ ainda que fossem muitos ─ não se cruzassem tanto pelo caminho.

Para alguém que gostava de um pouco de tranquilidade e paz, abrigar três pessoas era um enorme desafio por um motivo muito simples: o Doutor detestava a casa cheia. Entretanto, após uma longa noite de conversa íntima, Clara Oswald convenceu seu teimoso namorado do espaço a acolher Nardole dizendo que o homenzinho careca poderia ajudá-lo em “algum momento”. Missy logo se juntou ao grupo ─ porém esta, sapeca do jeito que era, costumava sumir por dias a fio, sem dar um pingo de satisfação sobre onde estava ou com quem esteve. Por fim, Bill Potts completava o grupo, pois não era incomum que Clara se juntasse ao seu pequeno grupo de estudos, culminando em uma noite de filmes e pipocas ─ coisas que o Senhor do Tempo gostava, ainda que fingisse zangar-se com as meninas.

Acontece que, naquela noite em especial, o Doutor ─ que não era homem dado a descansos ─ sentiu uma necessidade enorme de relaxar e dormir. Sua mente agitada mantinha seu corpo ainda mais agitado e, em algum momento, sua constituição física cobrava o seu tom sonhado cochilo. Abrigando-se em um dos quartos mais afastados, enquanto era abraçado por um grosso e macio edredom, sentiu os músculos relaxarem... Os olhos tão pesados que era impossível mantê-los abertos...

De repente, um som alto e forte acordou-o de sobressalto. Era tão potente que, em um primeiro momento, achou que estavam sendo atacados e invadidos por Daleks. Cautelosamente, saiu do quarto e caminhou em direção ao som, pé ante pé, seus sentidos todos em alerta. Conforme se aproximava do local de onde vinha o barulho, ia ficando cada vez mais claro que se tratava. O receio de que estivessem sob ataque foi substituído pela raiva que tomou conta de si ao perceber do que se tratava.

─ Que porcaria de barulho é esse as duas horas da manhã?! ─ Gritou, abrindo a porta da cozinha com um estrondo.

─ Juro que não sou eu. ─ Respondeu Nardole, que estava descascando batatas na mesa perto da pia.

Sem se abalar, Clara Oswald lançou um olhar divertido para o homem, enquanto apontava para um livro aberto que estava em cima da mesa.

─ Vi uma receita nova e estava testando. Aqui diz que é o bolo de chocolate mais gostoso do universo. ─ Disse simplesmente. ─ Estava pensando em chamar a Bill para dormir aqui amanhã.

─ Sério? ─ Perguntou olhando curiosamente para a página aberta que lhe fora indicada. ─ Quando terminar me avisa, está bem? Vou voltar a dormir.

Deixando um Nardole atônito e uma Clara sorridente para trás, o Doutor caminhou animadamente de volta para a cama. Algumas luzes no corredor da TARDIS começaram a piscar e uma série de ruídos se fez ouvir.

─ O barulho do liquidificador ajuda a relaxar, não acha?

Sem se importar com a série mal criada de sons que se fez presente, o homem fechou os olhos permitindo-se ser levado para a terra dos sonhos.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.