Baila Conmigo?

Reyna, a rainha da dança


Era estranho estar no palco, Piper percebeu, na verdade era estranho estar nos bastidores que davam para a o palco de um programa que estrelava nacionalmente e, principalmente, como era estranho perceber isso sem toda a adrenalina da primeira vez. Piper percebeu naquele momento quantas vezes havia vindo praticar no estúdio onde acontecia o reality show desde a última semana. E pensar que até algumas semanas atrás isso era uma realidade completamente distante da sua, do tipo extremamente distante mesmo.

Uma coisa que ainda não tinha mudado? O nervosismo. Piper era a única do quarteto que já havia chegado no estúdio de gravação e tudo o que ela sabia da amiga de tornozelo torcido era que Reyna havia dado um jeito, havia alterado a coreografia, e por mais que Piper soubesse como, alguns passos de Reyna ainda exigiam um impulso que o tornozelo não poderia dar. Reyna disse que daria um jeito, quando Piper ligou para Leo, ele disse que ela já havia dado um jeito, mas Jason ainda estava terminando de aprender alguns passos extras. Que passos extras? Ela não sabia. Ainda. E rezava para não descobrir isso em cima do palco, mesmo com tudo colaborando para que sim.

Piper pelo menos já estava com a roupa da apresentação e com a máscara que escondia seus claros traços indígenas que eram tão reconhecidos pelo país graças ao seu pai, seu intolerante pai artista que achava dança um desperdício de tempo. Piper não cansava de pensar o quanto isso chegava a ser irônico e ecoar ironia sem parar.

Pela quinta vez em um raio de sete minutos cravados, ela usou os últimos 25% de bateria para ligar para Reyna.

“Oi, é a Reyna. Infelizmente não posso atender no momento, mas deixe seu recado após o sinal, ok? Eu retorno assim que possível.” A gravação da voz dela falou.

“Merda, Reyna, de que adianta a merda de um telefone se você nunca atende quando eu preciso?”

Piper nem notou a movimentação que acontecia atrás dela.

“Chegamos!” Uma voz alegre anunciava no fundo. Leo. Quando Piper virou, Leo e Jason carregavam Reyna numa espécie de cadeirinha.

“O que é isso?” Piper perguntou “Cadê as roupas de vocês? Entramos em trinta minutos!”

“A gente já vai se trocar, tivemos um imprevisto.” Reyna falou.

“Qual?”

“Não vou mais fazer o meu rodopio ou o salto na coreografia.”

“Pensei que já tínhamos organizado isso.”

“É, mas agora você que faz.”

“É o quê?”

“Você faz.”

“Isso não vai dar certo, a gente nem ensaiou assim.”

“Você sabe as minhas partes, na parte que eu fazia o rodopio e o salto, ao invés de você fazer a cobertura pela esquerda, você faz o rodopio e o salto.”

“E o que você vai fazer?”

“Eu vou ficar na cadeira.”

“Mas você tem que dançar ou seremos desclassificados.”

“Mas eu vou dançar, só que na cadeira. Meu tornozelo inchou pra caramba e eu não vou conseguir fazer as coisas se eu não estiver na cadeira.”

“Qual é o conceito por trás de tudo?”

“Antes éramos quatro versões de luxúria e sensualidade, agora seremos três versões de luxúria e sensualidade regida por uma rainha que dá as orientações e depois tem um solo.”

“A gente vai ter muita sorte se a sincronia funcionar.”

“A parte que deveria ser meu solo normal vai ser o coletivo de vocês.”

“Reyna... Isso é arriscado.”

“Eu sei.” Reyna disse “Mas foi a única coisa que conseguimos bolar e eu não estou nem com um pingo de felicidade de dizer que metade desse arranjo foi do Leo dopado de cafeína no meio da manhã.”

[...]

Alguém posicionou a cadeira de Reyna no meio do palco para a apresentação, estava escuro e o gelo seco estava enforcando Piper pouco a pouco, se ela saísse viva de lá, ela teria alguns assuntos pendentes na igreja pelos próximos cento e cinquenta anos, isso se não passasse metade de suas promessas para seus filhos e netos, se é que um dia ela teria filhos e netos para contar a história de como um dia ela quase morria do coração porque a tia Reyna tinha que inventar de dançar com o tornozelo torcido em rede nacional num programa de dança reconhecidíssimo no país.

Reyna ainda ia pagar ela por todos esses sustos.

A curta introdução da música Voicemail da girlband Fifth Harmony tocou por três segundos antes que as luzes debaixo do palco ligasse e mostrasse as silhuetas do que estava no palco: a cadeira ornamentada de Reyna. Com o remix feito, essa mesma introdução se repetiu mais duas vezes acendendo gradativamente as luzes de base que mal iluminavam o local, mas deixavam a visão mais claro do que estava acontecendo.

O primeiro verso retumbou pelas caixas de som do local e Piper se viu levantar Reyna junto com Jason e Leo das coxias do palco até coloca-la na cadeira.

Depois disso, tudo ficou um pouco confuso para Piper acompanhar, talvez por conta de toda a situação com o tornozelo de Reyna e os novos arranjos que ninguém realmente repassou para ela direito, apenas uma teoria superficial.

So don't wait for me to call you back
'Cause I ain't doing too bad
Not thinking 'bout you

Shake it, shake it, shake it, shake it, shake it, shake it
All my single ladies
Shake it, shake it, shake it, shake it, shake it, shake it
All my pretty ladies

Piper, Leo e Jason estavam sentados em cima do joelhos ao redor da cadeira de Reyna, depois de terminar uma sequência de pernas e braços que finalizou com eles descendo até o chão e terminando naquela posição, mas quando o próximo trecho começou, ela se concentrou em fazer a cambalhota para a lateral e a subida rápida para a inversão de papéis.

Way up, way up

Piper deu a tal cambalhota para o lado, subindo rapidamente com o corpo e deixando que a última parte a se descurvar fosse sua cabeça, em seguida, ela ofereceu as mãos para Leo e Jason que rodaram para dentro de seu abraço e depois giraram como piões ao redor do “trono” de Reyna enquanto ela permanecia em uma pose de Pantera Negra.


The club is going up and I ain't thinking bout you
Stay up, stay up
My girls are getting down, you can watch us on the news

You keep on calling, you keep on calling
I ignore it, I ignore it
You keep on calling, you keep on calling
Let my voicemail answer for me

You have reached
A phone number that is no longer in service for you
So don't wait for me to call you back
'Cause I ain't doing too bad
Not thinking 'bout you

You have reached
A phone number of an ex-lover you should probably lose
It's time that you start dealing with the facts
That I ain't doing too bad
Not thinking 'bout you

Piper seguia a sequência da melhor maneira possível, ela teve que fazer o solo de Reyna e seu próprio solo mesmo que mal tivesse tempo para respirar direito e se manter na sincronia, mas ela não podia desistir agora.

Piper contou mentalmente 1 e 2, 3 e 4, 5 e 6, e então ela abriu um espacate dois metros na frente de Reyna, enquanto a mesma fazia seus movimentos em cima do trono, Leo e Jason haviam feito o salto no mesmo momento de Piper e seguido com os passos de mãos e pernas, Piper agora fazia algo parecido com o twerk aberto em espacate, não era um movimento fácil e para dar certo na coreografia, todos deveriam estar em sintonia. Piper esperava que estivessem em sintonia, porque aquilo estava valendo muito.

Shake it, shake it, shake it, shake it, shake it, shake it
All my single ladies
Shake it, shake it, shake it, shake it, shake it, shake it
All my pretty ladies

Say what, say what
Got everything I need and it don't include you
Way up, way up
You never seen a booty move it like mine do

E então estavam perto do final, Piper e Leo faziam passos menores e mais baixos em círculo ao redor de Jason e Reyna, a ideia era que os dois estivessem fazendo um solo mais picante, mesmo com a cadeira isso deveria funcionar, mas Piper viu a última posição de Reyna falhar em detalhes quando ela bateu o tornozelo machucado em uma das partes da madeira.

Bounce
Bounce
Bounce
Bounce

Tudo ficou em câmera lenta na dança, todo o rebolado em câmera lenta, a cena dos dois amantes interpretada por Jason e Reyna sendo de Reyna despachando Jason com as mãos.

You keep on calling, you keep on calling
I ignore it, I ignore it
You keep on calling, you keep on calling
Let my voicemail answer for me

E depois voltou à mesma cena com velocidade normal.

You have reached
A phone number that is no longer in service for you
So don't wait for me to call you back
'Cause I ain't doing too bad
Not thinking 'bout you

You have reached
A phone number of an ex-lover you should probably lose
It's time that you start dealing with the facts
That I ain't doing too bad
Not thinking 'bout you

Shake it, shake it, shake it, shake it, shake it, shake it
All my single ladies
Shake it, shake it, shake it, shake it, shake it, shake it
All my pretty ladies

Ayo, I won't need time for you
I'm sorry, just won't do
It's too late, boy, I'm through, oh

Ayo, let me do you a favor
No, you won't see me later
If you call on my, yeah, yeah, yeah

You have reached
A phone number that is no longer in service for you
So don't wait for me to call you back
'Cause I ain't doing too bad
Not thinking 'bout you

E então eles se prepararam para a pose final se aproximando cada vez mais do trono de Reyna, onde girava toda a cena.

You have reached
A phone number of an ex-lover you should probably lose
It's time that you start dealing with the facts
That I ain't doing too bad
Not thinking bout you

Piper permaneceu parada na última posição como se estivesse ajoelhando à Reyna enquanto Jason e Leo continuavam a carregar nos ombros a cadeira onde Reyna estava sentada e Reyna, Piper sabia, estava fazendo sua melhor imitação de rainha Cleópatra. Eles fizeram o que tinham o que fazer e deram o máximo nisso, era o que importava.

Quando as luzes finalmente desligaram por um segundo e as câmeras focaram apenas nos juízes, os quatros saíram da posição final para ficar em uma fila lateral esperando pelas notas e comentários dos juízes, todos estavam em pé com exceção de Reyna que se manteve sentada na cadeira, depois daquele solo impecável, Piper também duvidaria da capacidade da melhor amiga em se manter de pé por mais de três minutos.

Pareceu um pequeno intervalo, mas de repente, o apresentador já perguntava aos juízes o que haviam achado da performance, Piper sentiu a mão suada de Jason apertando a sua forte como se ele só conseguisse se agarrar a ideia de que tudo daria certo desse jeito, e Piper não reclamaria, ela mesma tinha certeza de que estava retribuindo o aperto à altura.

“E não vamos esquecer que um de nossos dançarinos mascarados está com o tornozelo torcido! R, o que tem a dizer sobre isso?” o apresentador colocou rapidamente o microfone na cara de Reyna.

“Que vou precisar de gelo, mas que ficarei bem para a próxima apresentação se os jurados deixarem.” Ela respondeu, Piper notou que o tom de voz da amiga estava mais agudo, não soube dizer se isso era para disfarçar a voz e evitar que alguém reconhecesse eles ou se porque ainda estava com dor. De qualquer forma, Piper era grata pela sutileza.

O apresentador virou para os jurados assim como as câmeras.

“E então o que me dizem?” ele perguntou para os jurados na bancada.

A primeira deu 8, não era uma má nota considerando que poderia ter acontecido alguma falta de sincronia pelos ajustes de última hora da coreografia, aquilo não era um filme de Hollywood, passos só saem perfeitos com muito ensaio, era apenas muito milagre e talento que não tenha ficado tão dessincronizado quanto deveria.

O segundo jurado deu 9,5. Piper pensou “ele realmente acredita em nós ou ficou muito tocado.”

O terceiro deu 10, esse Piper teve certeza de que se sentiu tocado com o tornozelo torcido de Reyna.

A quarta jurado deu 5, essa, Piper pensou, poderia ter se deixado tocar mais, ao menos ter dado uma nota maior que 7 como os outros colegas. Mas no fim, ela era apenas criteriosa, Piper a entendia, eles tinham que merecer, aquilo era um concurso, não uma brincadeira de crianças.

“E a média de vocês é.... 8,12!” O apresentador diz olhando para o telão e continua: “Somando aos pontos que vocês fizeram na última apresentação, vocês totalizam 18,99 pontos, atingindo assim o TOP 3 em segundo lugar! Parabéns!”

Houve uma salva de palmas, mas nem Piper e nem seus amigos conseguiam ouvir, estavam muito mais concentrados em pensar que aquela havia sido por pouco, mas era óbvio pela cara de Reyna que ela precisaria sair do palco antes de chorar de dor, a batida do tornozelo na pose final sido mais dolorosa do que o imaginado.

“Algo a dizer, caras?” o apresentador pediu uma última vez, dessa vez Leo o respondeu.

“Queremos agradecer a todos que têm comentado sobre nós ultimamente, eu, J, R e P estamos honestamente gratos pelo carinho, nos vemos na próxima fase!”

E saíram.

[...]

Quando Piper chegou em casa, seu pai estava no sofá, a televisão estava ligada no mesmo canal onde passava o concurso de dança, mas ela sabia que não tinha com o que se preocupar, seu pai odiava ter que ver esses tipos de reality show, na verdade, odiava qualquer tipo de reality possível, ele só gostava de programas de comédia, documentários e filmes de Hollywood.

“Oi, pai, cheguei!” Piper avisou, ela tinha nos ombros sua mochila escolar para o pai pensar que estava estudando, mas dentro da bolsa estava todo o seu material de dança.

“Oi, senhor McLean, a Piper disse que eu podia dormir aqui hoje, mas eu não quero incomodar.” Reyna começou, “É só porque a Hylla vai ficar no hospital com nossa mãe e é um pouco estranho nosso prédio quando eu fico sozinha.”

“Tudo bem, Reyna, você frequenta a casa mais do que eu, inclusive chegaram num ótimo momento, eu ia pedir o jantar, o que acham de pizza?”

“Eu e Reyna já comemos algo antes de vir para cá.”

“A gente estava assistindo filme.” Reyna tentou explicar antes que o pai de Piper perguntasse, afinal elas haviam comido sim algo, mas esse algo foi logo depois da apresentação para comemorar o grande milagre.

“Pensei que estivessem estudando, Piper.” O senhor McLean comentou.

“Reyna não estava com cabeça para isso!” Piper disse num pensamento rápido e depois se obrigou a manter a calma: “Assistimos um filme para ela não pensar muito sobre a situação da mãe.”

“Oh, sim.” Silêncio. O senhor McLean fez um semblante de pena, Piper quis dar um chute no próprio pai. “Sinto muito pela sua mãe, Reyna, Piper não me deu detalhes, mas eu imagino que... O coração?”

Reyna assentiu. Tristan McLean soltou um suspiro cansado, apesar de tudo, assim como Piper e Reyna se tratavam como irmãs, suas famílias se tratavam como uma única família.

“Se precisar de qualquer coisa, e eu digo, qualquer coisa incluindo dinheiro, me avise. Eu posso e quero ajudar, sua mãe sempre foi uma pessoa incrível para a minha família e incrível por si só, ela também é parte da família, ok? Qualquer coisa.”

Reyna concordou de novo com a cabeça.

“Obrigada, senhor McLean, mas nós conseguimos dar um jeito ainda, só pedimos que ela esteja em suas preces, isso é o suficiente.”

“Sua família sempre está nas preces dessa família, Reyna.” Tristan sorriu, e então olhou para o tornozelo de Reyna “Ainda inchado demais?”

“Sim, e bati ele na entrada da casa, está mais dolorido do que antes.”

“Meu pai tinha um unguento que era tiro e queda para isso, ele me ensinou e talvez eu tenha anotado por aí, eu faço isso num minuto para você e depois coloque a bolsa de gelo por cima, ok?”

“Obrigado, senhor McLean.”

“Você é como se fosse uma das minhas filhas, Reyna, não precisa agradecer.” Reyna sorriu. “Mas esse sorriso torna tudo melhor! Por que vocês, meninas, não sobem e colocam um pijama, se acomodam no quarto e depois eu levo tudo lá para cima?”

Dito e feito. Elas foram para o quarto de Piper onde a mesma arrumou uma cama confortável para Reyna e deu um jeito de organizar almofadas e lençóis para deixar o tornozelo de Reyna para cima, elas colocaram seus pijamas e conversaram sobre o dia para afastar a memória do tornozelo e da situação da mãe de Reyna. Não demorou muito para que o pai de Piper aparecesse com unguento e bolsa de gelo, colocasse sobre o tornozelo de Reyna, conversasse um pouco com filha e amiga e desse boa noite antes de sair.

“Tudo bem?” Piper perguntou observando o quanto Reyna continuava a se mexer na cama, se mexer demais.

“Só tentando achar uma boa posição, sabe?”

“Você está muito dolorida?” Reyna assentiu. “Você está assim há horas, Rey, toma logo o remédio de dor que eu ando te falando, vai ajudar.”

Demorou mais cinco minutos de argumento até Reyna tomar a maldita pílula de remédio, e meia hora depois, ela estava roncando, Piper não teve a mesma sorte, ela ainda estava acordada observando as redes sociais e pensando o que as pessoas haviam achado da apresentação. Piper só percebeu que era tarde quando percebeu o quão úmido estavam os lençóis que suspendiam o tornozelo da amiga, a causa disso estava no gelo derretendo dentro da bolsa repolsada na torção, Piper tinha que levar essa bagunça para o andar debaixo, na cozinha.

Por mais que fosse difícil deixar sua cama, Piper sabia a coisa certa a se fazer.

“Algo que queira me contar?” o pai de Piper questiona assim que ela chega na cozinha, Reyna finalmente está dormindo, ela pensou que todos na casa estariam fazendo o mesmo, ela estaria se pudesse, Piper só saiu do quarto para colocar a bolsa de gelo na pia da cozinha por ser uma boa amiga e anfitriã.

“Não...?” Piper responde sem entender a pergunta. “Aconteceu algo?”

“Eu não sei... Aconteceu?”

Piper permanece em silêncio e esse silêncio só está se prolongando porque ela não consegue entender o que seu pai quer verdadeiramente dizer, talvez isso tenha ficado estampado em seu rosto, afinal seu pai começa a falar novamente.

“Precisamos conversar, filha, conversar sério, mas não hoje... Amanhã.”

“Ok.” E então Piper lembra: “Na verdade, não posso amanhã.”

“E posso saber o motivo?”

“Tenho que levar Reyna ao médico.”

“Pensei que ela já tivesse ido ao médico, afinal ela está com ataduras e recomendações de remédio.”

“Na verdade, é para ver a mãe dela... A tia Belona não está muito bem e o pessoal do hospital sedou ela ontem, amanhã ela vai acordar e Reyna quer falar com ela... Não está sendo muito fácil.”

Tristan McLean pareceu sem palavras, Piper notou que ele ficou parado por alguns segundos antes de ir até ela e a abraçar como não abraçava desde que ela tinha 10 anos.

“Eu te amo, Piper, te amo de verdade, eu só quero o seu bem, ok?”

“Ok, pai, eu também te amo...” mesmo que você me proíba de fazer o que eu mais amo no mundo, ela pensou. “Vou voltar para cama, boa noite.”

“Boa noite.”