Baila Conmigo?

Estava muito bom para ser verdade...


Resumo: Leo tenta animar Reyna sobre o quadro estável da mãe a chamando para sair, tudo estava bem, até Hylla fazer uma ligação importante.

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P.O.V. Leo

— Certo, então podemos ir agora? – pergunto para Reyna. Ela parece irritada só em pensar em me responder, e talvez isso seja justo, até porque eu venho tentando distraí-la o dia todo, e o melhor jeito de fazer isso é enchendo seu saco.

— Meu trabalho acabou de terminar, você acha que eu tenho condições de bater perna por aí? Eu estou acordada desde às 3 da manhã, Valdez!

Eu bufo.

— Mas você acabou de falar com sua mãe, a gente literalmente acabou de sair do quarto dela e ela parecia ótima, até os médicos estão impressionados com a melhora dela, e estamos na final do programa, vamos apresentar em duas semanas, cara, era para você estar animada!

O olhar dela me queima como se pudesse me pulverizar por pensamento.

— Vou te lembrar de novo o motivo de eu ter acordado 3 da manhã, Valdez... Minha mãe quase morreu de madrugada e eu nunca consigo realmente descansar imaginando que, sei lá, ela vai morrer a qualquer momento, depois que eu saí do meu sono turbulento só para ir até o hospital quase morrendo do coração, já era oito da manhã, e eu tinha que ir para a escola ter que assistir três horas de aula de física, você está entendendo aqui meu sofrimento?! E depois tivemos ensaio da coreografia final e eu mal engoli o almoço antes de vir trabalhar, são cinco da tarde e eu só quero dormir até amanhã!

— Wow... Isso foi intenso. – é só o que eu consigo dizer, porém eu ainda tinha uma carta na manga. — E se a gente fosse só comer uma pizza? Ou tacos...? Tem um restaurante mexicano aqui do lado que é maravilhoso, eles nem cobram pela banda que se apresenta lá.

Reyna parecia mais tentada a voltar para casa. Era hora de apelar para meu lado sedutor.

— Ok, e que tal, eu só te acompanhar até o metrô? A gente pode ir conversando, eu juro que você pode só desabafar comigo e eu vou ficar ouvindo caladinho.

— Você vai ficar calado? Isso é uma promessa?

— O que você quiser, dulzura.

— E qual é a pegadinha?

— Não tem pegadinha. – afirmo. Claro que tinha uma pegadinha, mas se eu contasse parava de ser pegadinha, né?

— Só ir até o metrô?

— Só ir até o metrô. — e depois seguir com o nosso encontro até o restaurante mexicano onde eu vou te seduzir com lambada.

Ela ainda parecia resistente.

— Olha, se você for analisar todo o meu histórico, você vai acabar chamando a polícia atrás de mim, então que tal você só pensar que uma vez na vida, uma vez só, eu quero estar aqui para você?

— Você quer mesmo fazer isso?

— Sim.

Os olhos dela pareceram suavizar com a resposta, ao invés de um olhar escuro e congelante, os olhos de Reyna pareciam poças de chocolate quente com marshmallows. Um verdadeiro milagre, até porque, Reyna dificilmente acreditava na minha integridade e nas minhas propostas.

— Eu primeiro ou você. – pergunto abrindo a porta da lanchonete onde ela trabalha.

— Não venha bancar o romântico comigo, Valdez, eu te conheço.

Mesmo assim, Reyna passa pela porta de vidro primeiro do que eu e parece tentada a retribuir minhas cantadas que, eu sei, são podres, mas era assim que se conseguia uma garota, fazendo ela rir de suas besteiras.

— O que você disser, dulzura. – eu provoco com diversão.

[...]

Estávamos andando pelas ruas de San Francisco até perto de casa, Reyna parecia realmente cansada, mas eu sabia que se fôssemos para casa, ela só iria remoer lembranças ruins, então eu fazia questão de distraí-la o suficiente para que ela nem notasse que estávamos indo por outro caminho, um que passava bem em frente ao restaurante mexicano que eu havia falado mais cedo.

— E é por isso que eu só quero chegar em casa, tomar um banho decente e, não sei, ficar vendo Netflix enquanto como o resto de pizza de domingo.

— Bom, pelo menos agora você vai ter tempo para comer, pelo que você me falou, você pulou o café da manhã, comeu mal no almoçou, não comeu nada a tarde toda e pretende comer uma pizza que está há três dias na geladeira.

— Nada que um microondas não resolva, eu só quero ir para casa. Ultimamente parece que cada segundo que eu passo fora da cama parece pior. – ela diz sussurrando, eu posso sentir a dor dela por detrás do desabafo.

— Rey... – começo, — Eu só quero o seu bem, você sabe, não sabe?

— Eu deveria saber?

— Bom, eu deixei meu óbvio, dulzura, mas pelo visto você só vai notar isso quando eu te pedir em casamento.

— Como se eu fosse casar com você, Valdez.

— Vamos lá, eu só um bom partido, eu sou bonito, inteligente e... – dou uma pausa dramática até estarmos de frente para o restaurante mexicano — Me preocupo o suficiente com você para te trazer no meu restaurante favorito.

Reyna finalmente observa com atenção onde estamos: longe do metrô e bem em frente ao local onde eu pretendia arrastá-la.

— Seu filho da... – a mão dela se prepara para me estapear, e ela realmente me estapeia, mas não consegue me bater na cara, ela provavelmente entendeu que seria um desperdício arruinar uma obra de arte. — Você- (ruídos de ódio infinito) A sua sorte é que- (mais ruídos e tapas), eu vou embora, e não ouse encostar em mim ou me “acompanhar”, seu idiota de merda!

Mas antes que ela tome muita distância, eu seguro seu braço e a puxo para mim. O impacto faz com que de repente nossos peitos estejam colados, minha mão fica suada com a aproximação e meu coração parece querer acompanhar os instrumentos de uma boa lambada. E os nossos rostos, tão perto, eu conseguia sentir a respiração quente dela contra minha boca.

A próxima coisa que eu faço é arriscada, mas eu confio todo o meu potencial e sentimentos quando a beijo com força, abrindo sua boca com a minha língua sem dar qualquer aviso, apertando sua cintura e querendo deixar claro que eu não vou deixar que ela saia assim.

O beijo é uma grande mistura de hormônios e sentimentos, chega um momento em que eu sei que perdi a cabeça, porque eu nem mesmo sinto que estou prendendo a respiração, ela está mais pressionada contra mim e me puxa pela nuca, apertando meus cabelos em seus dedos, e eu sei que nós dois estamos suspirando e querendo mais, tão quente que eu mal consigo pensar em uma língua que não seja espanhol.

Quando o beijo se encerra, eu continuo a prendê-la pela cintura, porque eu não quero que ela vá embora, eu quero que ela fique.

— Não vai embora. – eu peço baixinho contra o rosto dela. — Me deixa te dar essa noite, me deixa te levar nesse encontro, dulzura.

— Você não vai desistir, não é, Valdez? – ela diz com um sorriso no rosto. — Continue me beijando e me deixe pagar metade da conta, no fim dessa noite, descobrimos se isso é ou não um encontro.

— ꜟVale, esto es todo lo que puedo querer!— e então percebo que falei em espanhol. — Quer dizer, sim, sim, é só o que eu quero.

— Lidere o caminho, Valdez.

[...]

Reyna ri, suas faces estão vermelhas e eu não sei dizer se é pelo frio dentro do metrô ou se é porque passamos a noite rindo e dançando e nos beijando, ela tinha até mesmo dito que havia sido um bom encontro antes de me beijar antes de entrarmos ali.

Eu podia sentir que Reyna tinha se distraído, estava leve, era só o que eu queria.

— Eu não acredito que estou fazendo isso! – ela diz.

— Vamos lá, você pode responder isso! É só me dizer se quando nos beijamos pela primeira vez você gostou ou se preferia lamber manteiga do pé de um mendigo!

Ela ri mais, os olhos criando lágrimas.

Diós, como yo quería que dejaras de hacerme reir, Valdez.

ꜟPero te quedas más guapa cuando pones una sonrisa!

No es algo que hago con mucha facilidad, pero gracias por eso.

ꜟEntonces responde mi pregunta, dulzura!

Ela ri mais.

— Nosso primeiro beijo foi definitivamente estranho, mas foi bom, e eu tenho eu admitir que os beijos dessa noite foram... Foram algo.

— Se você quiser, posso te pedir em casamento aqui mesmo. – proponho e quando estou me abaixando para fingir que vou pedir sua mão, o telefone de Reyna toca, ela ri e o tira do bolso para ignorar, mas sua expressão congela e ela pisca um pouco antes de pedir um instante com o dedo e atender a ligação.

A expressão se fecha à medida que a ligação se prolonga, ela continua a dizer que entende, a voz vai se embargando aos poucos e eu posso sentir dentro de mim a força que ela faz para se manter firme, os olhos dela começam a perder o brilho e a segurar lágrimas gordas, e quando a primeira cai pelo seu rosto, é questão de tempo até que ela não consiga mais parar de chorar e soluçar.

Ela desliga o telefone antes que eu possa atender a ligação e entender o que está acontecendo, quando a porta do metrô se abre novamente, ainda não é nossa parada, mas ela me puxa para fora do veículo e entramos em um no sentido contrário, em direção ao hospital onde a mãe de Reyna está. Se antes eu estava preocupado, agora eu estou mais, não tenho coragem de deixar ela sozinha agora, ela só se mantém em pé porque eu estou a abraçando forte.

— O que está acontecendo, angel, o que eu posso fazer? – eu pergunto preocupado, a abraçando como se ela se quebrasse a cada vento que passava.

És mi mamá, murió esta tarde mientras estaba trabajando, llamaran a Hylla primero, ella ya está allí, y tengo que ir a encontrarme con ella, pero no tengo el coraje de escuchar que mi mamá murió y yo no pude ni decir adiós. Puedes compreenderme?

— Sí, dulzura, lo siento, te vas a quedarse bien, estoy con usted, angel, llore lo que necesitas, voy llamar a mi mamá también, sí? Tudo vay quedarse bien, bebe.

Reyna só chorava quando chegamos no hospital, e se para mim foi um grande borrão de choque e pessoas tentando nos explicar que Bellona havia tido morte cerebral às cinco e quinze da tarde, eu nem posso imaginar como Reyna e Hylla podem ter se sentido naquele momento. Eu não consegui sair do lado de Reyna, ela estava tão vulnerável que eu só conseguia me manter ali para ser sua barreira.

Então era assim que histórias terminavam no mundo real, cinco segundos de alegria, e o resto do filme, todos se ferram. Estava muito para ser verdade mesmo...

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