27. Unidos

Chuck estava conferindo as últimas notas fiscais da máfia, no escritório do Victrola, quando duas batidas na porta foram ouvidas.

– Sr. Bass, posso entrar? - Jeremy colocou a cabeça para dentro do escritório.

– Entre. - Chuck respondeu, sem desviar os olhos das notas. O capanga entrou e parou em frente à escrivaninha do patrão, coçando a sua barba loura nervosamente. - Do que precisa, Jeremy?

– Bom, não é nada de muito importante. Gostaria apenas de saber do senhor se precisará de algo em especial enquanto estiver fora.

Chuck olhou para o capanga e franziu o cenho.

– Passarei as instruções necessárias mais tarde... Mas porquê perguntou?

– Por nada, na verdade. - Jeremy deu de ombros - Tenho algo para lhe mostrar, poderia me acompanhar até o salão do Victrola?

– É algo extremamente importante? Eu preciso terminar isso aqui.

– É rápido, senhor.

Chuck suspirou e levantou-se de sua cadeira, saindo do escritório acompanhado de Jeremy. Ao descerem as escadas e chegarem no salão, os vários rapazes da máfia estavam lá reunidos, segurando taças de rum. Nate, que estava em meio aos homens, deu um passo à frente e sorriu para o melhor amigo, que olhava para aquilo sem entender muita coisa.

– Todos aqui já sabemos que teremos uma nova "adição" à nossa família, mas ainda não tivemos a chance de comemorar decentemente. - Ele pausou e viu as feições de Chuck se suavizarem. Olhando agora para todos, ele seguiu em frente - Amanhã Chuck parte para a Itália para se juntar à Blair e ver como andam as coisas com seu filho que ainda não nasceu, deixando nós, os "mais novos", desatendidos. - Risadas foram ouvidas, e ele continuou - Mas queremos lhe assegurar, Chuck, que todos aqui trabalharemos duro e estaremos desejando todo o bem ao seu herdeiro.

Chuck balançou a cabeça, rindo, e Nate ergueu a sua taça no ar, assim como todos os outros homens. Jeremy deu uma taça com rum para que Chuck celebrasse também, e Nate falou:

– Saúde ao pequeno ou pequena Bass que está à caminho!

– SAÚDE! - Os homens fizeram coro e desceram o líquido pela garganta rapidamente. Todos depois gritaram "Viva!" e fizeram fila para parabenizar e trocar um aperto de mão pessoalmente com o mafioso, que recebeu todos com agradecimentos. Nate foi o último da fila, e depois que os dois trocaram um grande abraço de "boa sorte", Chuck deu um tapinha nos ombros do louro e sorriu.

– Obrigada, Nathaniel. Obrigada mesmo.

– Amigos são para essas coisas, não é? Agora vá lá e encontre com a sua mulher, cara.

XOXOXOXO

Blair organizou pequenos pares de sapatinhos de lã na estante do berçário, todos por cores: branco, amarelo, cinza, marrom e verde, cores neutras que podiam ser usadas por ambos os gêneros. Ela havia ido com Antoniella até o centro de Veneza e adquiriu mais coisas para o bebê, como roupinhas, sapatos e brinquedos. Suas compras ainda eram um tanto limitadas por não saber se o seu filho era menino ou menina, mas tudo o que ela podia pegar, acabava sendo comprado e indo parar na estante, armário ou bercinho da criança. Blair pegou na mão um par em especial, branco com um grande top em cima, e pousou os sapatinhos em cima de sua barriga.

– Igualzinho à um dos meus sapatinhos de quando eu era bebê. - Ela sussurrou, e depois de um certo tempo em pé, Blair se obrigou a sentar na poltrona especial de amamentação. Os quase oito meses de gravidez já eram suficientes para que suas costas começassem a doer e seus pés começassem a inchar, e agora nenhum dos vestidos que ela havia trago de Nova York cabia em seu corpo. A parteira a havia visitado mais uma vez no dia anterior, e lhe contou que o bebê já pesava mais de dois quilos.

– É como se a signora tivesse meio saco de batatas no útero.

Blair franziu o cenho para aquela comparação estranha de batatas com o seu filho, mas entendeu o que Dona Rosali quis dizer. Agora, ela passava cada vez mais os dias dentro da mansão, evitando esforço físico e incomodações, e de vez em quando ela pedia à Dotto que a levasse até a entrada do centro histórico de Veneza. De lá, ela tinha de pegar um barco para que pudesse circular entre as ilhas do centro histórico, que eram localizadas sob as águas da lagoa de Veneza. O motorista era gentil e durante as viagens até as estações de barco, lhe contava as histórias sobre a própria família - Blair conhecia praticamente todas as quatro filhas e esposa de Dotto apenas pelas conversas que tinha com o velho motorista.

Quando não estava fora ou no jardim da mansão, Blair gostava de passar o tempo no quarto do bebê, sentada confortavelmente na poltrona e pensando em como seria a sua vida daqui para frente. Um dia, ela acabou dormindo.

– Blair... - Ela ouviu um sussurro. Pensando que estava sonhando, Blair manteve os olhos fechados e apenas mudou de posição na poltrona. Logo depois, ela sentiu beijos na barriga, através do vestido de malha fina azul que estava vestindo, e percebeu que aquilo definitivamente não era um sonho. Ao abrir os olhos, ela viu Chuck, ajoelhado na beira da poltrona e olhando pra ela.

– Ah, meu Deus! - Ela ofegou e se atirou nos braços dele. Chuck retribuiu o abraço apertado, e assim que se separaram deram um beijo de boas vindas. Um beijo que ela não sentia a sensação há mais de três meses.

– Céus, eu senti sua falta. - Chuck murmurou nos lábios dela. Ele foi um pouco para trás e colocou ambas as mão nas laterais da barriga de Blair - Olhe só como ele cresceu! Você não tinha quase nada aparente quando foi embora!

– Eu sei - Ela respondeu, animada. Blair colocou as mãos dela sob as dele e as moveu até o centro de sua barriga - Espere um momento e vai sentir ele se movendo.

Os dois ficaram imóveis por alguns segundos, até que Chuck sentiu um chute bem onde a mão dele pousava. Ele sorriu, e outro movimento de seu filho vibrou sob a sua palma. Blair sentiu seu coração apertar-se de emoção e sorriu de volta para Chuck.

– A parteira disse que ele é saudável. - Blair comentou, olhando para baixo para que Chuck não visse as lágrimas emocionadas em seus olhos. Ele colocou o dedo sob o queixo dela e limpou a única gota que havia caido do canto de seu olho castanho.

– Saudável e lindo, assim como a mãe. Me emociona também saber que vamos ter um bebê juntos daqui a dois meses.

– Mas você não vai estar aqui para vê-lo nascer.

– Sabe que preciso voltar, não sabe? - Chuck acariciou a bochecha de Blair - Não posso deixar a máfia desatendida. Apesar de estar longe, pegarei o primeiro navio de volta assim que souber que nosso filho nasceu.

Ela suspirou e passou as costas das mãos no rosto.

– Certo. - E depois sorriu para ele - Que bom que você está aqui.

XOXOXOXOXO

Com Chuck ao seu lado, Blair sentia-se mais disposta para sair e fazer outras coisas que não fossem ficar dentro da mansão e descansar. No dia seguinte ao retorno do mafioso, os dois foram até o centro histórico e tiraram duas fotos juntos: uma para guardar de lembrança e outra para mandar à Serena, que havia pedido uma foto na carta anterior. Quando voltaram para casa, encontraram um banquete posto na mesa para o jantar e flores frescas em vasos espalhados pelas salas.

– Sabe, Sr. Bass - Antoniella aproximou-se deles e dirigiu-se à Chuck - É ótimo que o senhor esteja aqui para estar próximo à sua bambina. Vai fazer muito bem à ela!

– Fico feliz que pense assim, Dona Antoniella. - Chuck colocou o braço ao redor da cintura de Blair - Aliás, gostaria de lhe agradecer por estar cuidando de Blair e meu filho. Ela comentou comigo como você está fazendo um ótimo trabalho.

– Ora, não foi nada - A governanta acenou no ar, boba - Tua moglie* é uma dama encantadora.

Blair corou, tendo passado tempo o suficiente na Itália para saber o significado da palavra que Antoniella havia usado. A senhora pareceu não perceber nada fora do comum e apontou para a mesa.

– Bom, o jantar está servido. Estarei na cozinha caso precisem de mais alguma coisa.

– Obrigada, Antoniella – Chuck falou – E entao, vamos comer?

Depois de Blair e Chuck terminarem o jantar e Bibianna ter recolhido a mesa, Antoniella apareceu para avisar que o quarto já estava com a cama feita e que ela estava se retirando para dormir. O casal lhe desejou boa noite e subiu as escadas para o quarto que antes apenas Blair dormia.

– Um pensamento me ocorreu agora que estamos sozinhos. – Blair comentou, indo até a frente do enorme espelho do quarto para pentear os cabelos ondulados.

– E o que seria este pensamento?

– Que hoje vamos dormir juntos... de verdade. Não precisamos nos preocupar em acordar tão cedo para você ir embora ou algo do gênero. Podemos ficar juntos em paz.

Chuck foi até Blair e lhe abraçou por trás, pousando as duas mãos em cima da enorme barriga dela. Ele plantou um beijo no pescoço exposto e os dois trocaram um olhar através do reflexo do espelho.

– Eu pensei nisso o dia inteiro. – Ele respondeu, beijando mais uma vez a nuca dela. Blair se virou no abraço de Chuck e colocou as duas mãos nas bochechas dele.

– Eu senti muito a sua falta.

– Eu também senti a sua, e você não sabe o quanto.

Ela sorriu e correu o nariz pela extensão da mandíbula dele. Chuck foi caminhando devagar até a cama de casal, sem se soltar de Blair, até que ele sentou na beirada do colchão. Ela ergueu uma sobrancelha, sem entender o que ele queria fazer, até que Chuck sinalizou para que ela sentasse em seu colo, de frente para ele.

– Eu não sei se vou conseguir... – Ela riu, sem graça – Minha barriga fica no meio de tudo.

– Não se preocupe – Ele pegou as mãos dela e se inclinou para plantar um beijo na enorme protuberância de sete meses – Isso não vai ser um empecilho.

Blair mordeu o lábio inferior, ponderando sob a situação, até que decidiu fazer o que ele pedia – ela mesma queria aliviar a falta que Chuck fez nos últimos meses. Ela sentou de frente no colo dele, com uma perna em cada lado da cintura masculina. Chuck colocou as duas mãos no quadril de Blair e a puxou para um beijo – o beijo que havia deixado para o final, para quando estivessem sozinhos e não precisassem parar. Ela gemeu nos lábios dele, sentindo seu corpo todo esquentar com a voracidade com que Chuck explorava a boca dela. Blair correu os dedos pelos cabelos escuros dele e se deixou levar pela sensação quente que sentia naquele momento.

Os dois pararam por um momento para respirar, e Chuck aproveitou para escorregar para o meio da cama, com Blair ainda em seu colo. Ele lhe deu mais um beijo e sussurrou:

– Tire o seu vestido.

Blair cruzou os braços em frente ao seu tórax e puxou o vestido de seda roxo Chanel pela cabeça, permanecendo apenas com uma meia calça e um negligeé branco em seu corpo. Ela não aguentou e tirou também estas peças, ficando completamente nua no colo de Chuck. Ele a admirou, maravilhado, e colocou as mãos nas laterais da barriga dela.

– O seu corpo... – Ele murmurou, analisando os seios e a barriga nua dela – Seu corpo mudou tanto.

Blair hesitou.

– É ruim isso?

– De forma alguma. – Ele correu as mãos por toda a extensão da barriga de Blair – Você nunca esteve mais linda.

Ela sorriu, radiante, e colocou os braços ao redor do pescoço de Chuck. As mãos dele que antes acariciavam a barriga dela agora foram para os peitos, massageando devagar os seios cheios que Blair desenvolvera através da gravidez. Eles se beijaram mais uma vez e Blair aproveitou para abrir os botões da calça de Chuck, e puxar para baixo a roupa íntima masculina que ele usava. O membro ereto dele foi exposto e Blair ergueu-se um pouco para roçar a sua intimidade com a dele, e deixar seus seios na altura do rosto de Chuck. Ela gemeu quando sentiu Chuck tomar seus bicos rosados na boca com voracidade, e seus sons ficaram mais altos quando a ponta do membro masculino a invadiu devagar por baixo do corpo dela, cautelosamente. Blair começou a ir pra cima e pra baixo no colo de Chuck para acompanhar os movimentos que ele fazia.

– Linda – Ele murmurou, agarrando as nádegas dela com as mãos e indo o mais fundo que conseguia com seu membro. Tomada pelas boas sensações dos toques, Blair encostou a cabeça no ombro de Chuck enquanto ainda movia o seu quadril para baixo e para cima. Quando Chuck sentiu que estava perto, ele encheu as duas mãos com os seios de sua morena e deu uma última e funda estocada – seguido logo por Blair, que não resistiu à sensação libertadora.

– Chuck... – Ela murmurou, ofegando, ainda abraçada ao corpo do mafioso. Ele a beijou na testa, ainda respirando pesado, e ambos deitaram na enorme cama de casal da suíte em posição de conchinha. Blair sorriu quando Chuck lhe abraçou por trás, e não pode segurar o sorriso ao ouvi-lo ainda ofegante por causa de seu reencontro com ela. Ele retirou seu membro de dentro dela e cobriu ambos com um lençol.

– Obrigada por tudo. – Ele disse, beijando-a na bochecha.

– Pelo que? – Ela perguntou, de costas para ele – Por ter dormido com você?

– Bom... Também. – Ambos riram – Mas obrigada por estar aguentando tudo isso por nosso filho. Imagino que esteja sendo um tanto difícil pra você.

– Não muito. Estou aproveitando enquanto ainda não preciso me preocupar com o que fazer com ele... ou ela. – Ela suspirou e pousou a mão no topo da barriga – É um bebê bonzinho.

– Bonzinho? – Ele ergueu uma sobrancelha.

– É. – Ela virou-se lentamente por causa do peso e ficou de frente para Chuck – Antes eu não conseguia dormir muito bem por causa dos movimentos bruscos, mas agora ele dorme comigo. Talvez ele ainda esteja acordado, porque, bem... – Ela corou e Chuck riu. Ele pôs a mão na barriga de Blair e ambos esperaram alguns segundos.

– Olá, bebê. – Chuck sussurrou ao sentir um chute sob a palma de sua mão – Desculpe por toda essa movimentação. Eu estive muito tempo longe de sua mãe.

Chuck.

– O que? Ele teoricamente ainda não entende nada.

Blair revirou os olhos e se deitou de barriga pra cima.

– Você não presta.

– Hey, hey, hey... – Ele a abraçou – Não se afaste.

Ela tentou ficar séria, mas acabou abrindo um sorriso.

– Eu não vou a lugar algum sem você.

– Bom, porque eu também não. – Chuck chegou mais perto e sussurrou no ouvido de Blair. – Eu te amo.

– Eu também te amo. – Ela sussurrou de volta, e os dois deram um último beijo antes de dormir.

XOXOXOXO

As duas semanas de Chuck passaram voando, e Blair poderia jurar que foram as duas melhores semanas de sua vida. Eles agiam como se fossem casados: dormiam juntos, acordavam juntos, e saiam para passear juntos. Chuck foi até o centro histórico e comprou brinquedos de marcenaria para pôr no quarto do bebê, e Blair o flagrou cochilando na mesma poltroninha que ela dormia algumas vezes. Houveram tardes em que Chuck apenas acompanhava Blair no jardim da mansão, outras que os dois ficavam o dia inteiro dentro do quarto, fazendo apenas o que a barriga de Blair permitia (ela havia reclamado que não conseguia mais mover-se embaixo de Chuck, e ele a pôs em cima da penteadeira do quarto para mostrar como haviam outros jeitos para se ter prazer com uma barriga de quase oito meses no meio). Era chegada a hora de ir embora, e agora Chuck passava a sua última noite na Itália antes de pegar o navio de volta para o porto de Nova York.

– Falei com Jeremy hoje, através de ligação internacional. Demorou para fazer a conexão, mas consegui. – Chuck comentou enquanto os dois jantavam – Seu pai ganhou a eleição.

– Mesmo? Isso é maravilhoso! – Blair comemorou – As cartas que escrevi ainda não devem ter chego em Nova York, então penso que vou ter alguma resposta de minha mãe apenas no mês que vem.

– A cidade está em polvorosa, e Jeremy comentou que Nathan ficou furioso com os resultados. Não acho que ele vá fazer algo à respeito, mas é mais seguro eu estar na cidade.

– É bom você estar por perto. – Blair concordou – Estes homens fazem de tudo por poder.

– Seu pai incluído.

Blair enfiou uma garfada de comida na boca e nada respondeu. Ela odiava admitir, mas concordava com Chuck: Harold era um homem protetor e cuidadoso em relação à família, mas quando negócios e política estavam envolvidos, ele fazia de tudo para conseguir o que queria. O relacionamento dele com Chuck era uma prova disso.

– Então... – Ela tomou um gole de sua água e mudou de assunto – Que horas você deve embarcar amanhã?

– Às oito. Quero que vá comigo para me beijar como boa sorte. – Chuck pegou a mão de Blair.

– Eu não faria de outro jeito. – Ela deu um leve aperto na mão dele e empurrou o seu prato – Já chega.

– Terminou seu jantar? Você precisa comer, Blair.

– Estou satisfeita. Além disso, quero sobremesa.

– Peço para Bibianna lhe servir um creppe de canela.

– Chuck. – Ela ergueu as duas sobrancelhas – Quero sobremesa. Não posso ficar sem ela em sua última noite aqui.

Ele sorriu malicioso, e pôs a mão na coxa dela por baixo da mesa.

– Garanto que nada lhe faltara na minha última noite aqui.

XOXOXO

Querida Serena

Antes de mais nada, quero lhe dizer que fui até o centro histórico para tirar uma foto exclusivamente porque a madrinha do meu filho pediu – ela está junto com esta carta, no envelope. Vê como minha barriga está grande? Chuck disse que pensa que seja um menino dos fortes, mas ele é suspeito para dizer algo desse gênero. Fizemos duas desta mesma foto de família, para guardar para sempre este momento, e outra apenas minha, pois Chuck queria para pôr no escritório dele para ficar olhando quando eu não estivesse por perto. Este rapaz...

Como estão as coisas por ai? A sua mãe, Nate? Alguma notícia sobre meu afilhado ou afilhada que deverá existir em um futuro breve? Meu filho vai precisar de uma companhia para brincar, sabe, então espero que você esteja trabalhando nisso.

A parteira disse que meu bebê é saudável e que está no tamanho certo para o período em que me encontro – sete meses e meio, perto dos oito. Consegue acreditar? Oito meses! Parece que foi ontem que cheguei na Itália com apenas a ideia de um bebê dentro de mim. É inacreditável. A parteira me mandou ficar de repouso, mas desobedeci estas ordens algumas vezes com Chuck – nada vai me acontecer, certo? Saímos algumas vezes, mas nada demais.

Escrevi uma carta para minha mãe para lhe dizer como está a minha saúde. Ela não me escreveu nada, mas me fez prometer que mandaria notícias quando estivesse aqui. Não posso desacatá-la quando estamos em uma situação tão delicada, certo? Espero que ela esteja bem.

Bom, espero ouvir notícias suas logo. Não demore para escrever de volta!

Sua amiga

Blair

XOXOXO

Harold Waldorf estava esbanjando felicidade e auto satisfação. Tinha sido complicado, mas ele atingiu seu maior objetivo – se reeleger governador de Nova York. Nathan Lewis Miller lhe fez ameaças, mas realmente, ele não estava preocupado. Ele e Eleanor chegaram em casa ainda em espírito de festa após participarem de uma celebração de comemoração no salão do Met, e ele não conseguia pensar em nada que pudesse arruinar a sua noite.

– Vou tomar um banho, estou exausta. – Eleanor anunciou, e lhe deu um beijo na bochecha – Boa noite, querido.

– Ficarei aqui embaixo por um tempo. – Ele respondeu – Boa noite.

Ela assentiu e subiu as escadas para a suíte principal. Harold se sentou no sofá, em frente à lareira, e sorriu satisfeito enquanto encarava as chamas lentas do fogo. Ele estava tão perdido em pensamentos que não percebeu o porteiro russo entrar na sala de estar.

– Com licença, Sr. Waldorf – Ele falou – Estas correspondências chegaram para o senhor enquanto você esteve fora.

Harold pegou os dois envelopes e agradeceu a gentileza. O rapaz se retirou e Harold conferiu as cartas que tinham chego: ambas eram de sua filha.

– Ah, Blair. – Ele suspirou – Tempos que não lhe vejo.

Ele estava prestes a abrir o primeiro envelope quando notou o destinário, escrito no verso: Serena Van der Woodsen. Ele olhou o outro envelope e percebeu que o destinário era Eleanor Waldorf. Como o remetente era o mesmo (Blair), o serviço postal devia ter se confundido e posto a carta que era para ter ido aos Van der Woodsens junto com a mesma que tinha como destino os Waldorf. Harold deu de ombros e abriu a carta que era destinada à Serena: não teria mal ler as fofocas de duas jovens garotas, teria? Depois ele mandaria o menino dos postais entregar a carta até seu endereço certo.

A medida que Harold lia as palavras escritas, seu coração batia mais forte e suas mãos quase amassavam o papel de tanta força que ele segurava a carta: sua filha havia o enganado. O tempo inteiro. E ela simplesmente não era a menina que ele acreditava ter em seu lado.

Ela mentiu aquele tempo inteiro. O bastardo do Charles Bass também.

Não tinha curso nenhum. Não havia escola alguma. E ela estava prestes a ter o filho de um salafrário.

– Não pode ser, não pode ser... – Ele murmurou para si mesmo enquanto relia a carta. Como se quisesse enxergar o que realmente era verdade, ele pegou a foto anexa no envelope – era preta e branco, um tanto queimada por conta do sol que tinha atingido o filme, mas era claramente Blair: sentada, com uma grande barriga, e com o filho da mãe do Bass ao seu lado.

– AHHHHHHH!!! – Harold gritou, e rasgou o papel, a foto e o envelope. Ele jogou os pedaços rasgados ao fogo e atirou um vaso de porcelana no chão. – MINHA FILHA! NÃO PODE.... AH, BLAIR!

– Harold?! – Eleanor o chamou, parada no topo da escada usando um robe – O que aconteceu??

– VOCÊ SABIA DISSO O TEMPO TODO? – Ele perguntou, apontando para os restos de papel no tapete – MINHA FILHA É UMA VAGABUNDA!

Eleanor sentiu o sangue fugir de seu rosto, e antes que ela pudesse fazer qualquer coisa, ela viu seu marido pôr a mão no peito e se dobrar de joelhos no chão.

– HAROLD! – Ela gritou, e desceu as escadas correndo. Ele tentava falar, mas alguma coisa lhe impedia. Eleanor ajoelhou-se ao seu lado e pôs a mão no rosto de Harold. Ele ofegava, forte, e finalmente conseguiu balbuciar:

– Meu coração... – Ele ofegou – Meu coração...

– DOROTA! – Eleanor gritou – SOCORRO!

A empregada polonesa apareceu, e parou horrorizada ao ver a cena em sua frente.

– Chame um médico! Rápido! – A Waldorf mais velha ordenou, segurando seu marido nos braços – O que está esperando, diabos?????

Dorota saiu correndo em direção ao telefone da sala. Eleanor afastou os cabelos da testa de Harold e o abanou com uma mão.

– Vai passar, vai passar, eu sei que vai.