Back To The Past

Capítulo 7 - Sam


Enquanto termino de trançar o cabelo de Sophie para irmos ao costumeiro almoço de domingo na casa dos Benson, não consigo parar de pensar na ligação de Carly ontem à noite. Ela contou tudo o que tinha conversado com o Freddie, inclusive que ele já sabia que minha pequena também é filha dele. A única que ainda não sabia era Sophie e eu não sabia como contar isso a ela, talvez fosse melhor que ele conquistasse a confiança dela primeiro, esse era o combinado até então.

—Mamãe, posso levar a Alice para brincar na vovó? – Alice era a boneca nova que eu havia dado para ela dias atrás.

—Claro, meu amor.

Ela segurou a boneca sorridente e já caminhou para fora de casa entrando rapidamente no carro. Tranquei a casa e fiz o mesmo percurso, ainda nervosa pelo “almoço em família”. Passar as tardes com Marissa e Carly eram uma coisa, mas tudo o que pudesse incluir o Freddie eu ainda temia.

O caminho foi tranquilo e rápido até a casa deles, quando chegamos fomos recebidos por uma Carly animada que foi direto brincar com a sobrinha como sempre. Troquei rápidos cumprimentos com Gibby e Marissa e segui até o quintal da casa, onde havia uma grande mesa de madeira para nos acomodarmos nos almoços.

Freddie estava sentado lá resmungando enquanto encarava o telefone. Mas seu mau humor pareceu passar quando viu que eu me aproximava.

—Bom dia – deu seu típico sorriso de lado que sempre me causou um friozinho na barriga.

1,2,3, respirei fundo e sorri gentilmente.

—Bom dia.

—Sophie não está com você?

—Carly está brincando com ela. Ama mimar a sobrinha.

—Então, ela sabe que a Carly é tia dela? E minha mãe a avó?

—Sim, ela sabe que o pai se chama Freddie, mas eu nunca mostrei nenhuma foto sua, e depois que você foi embora, sua mãe guardou tudo o que era relacionado você. Foi difícil para ela... Ter que encarar você todos os dias de alguma forma.

—É, eu imagino... Não culpo vocês.

Seu celular vibrou. Ele encarou com um semblante irritado e guardou novamente no bolso.

—Problemas?

—É só o meu empresário, ele achou que eu fosse voltar hoje de manhã para Los Angeles.

—E ia? – ergui uma das sobrancelhas desconfiada.

—No caminho para cá, pensei que sim. Era tempo suficiente. Depois que cheguei os plan0os mudaram.

—Entendo, você tem uma vida lá. Não tem como ignorar isso.

Minhas mãos tremiam de nervosismo. Ele ir embora era o que eu temia para Sophie.

—É, mas não tem como eu ignorar a Sophie – ele pareceu suspirar – E você.

—O que? – o encarei confusa.

Mas antes que ele pudesse responder, Sophie veio correndo de dentro da casa rindo de algo e se sentou ao meu lado. Não demorou muito até Carly chegar seguida por Gibby.

Dessa forma, de um lado da mesa ficaram sentados Freddie, Gibby e Carly e de frente para eles, ficaram eu e Sophie.

—Tia Carly disse que vai me dar aquele tênis de luzes se eu ir bem na escola, mãe – disse toda animadinha.

—Isso, mas só vou acreditar quando sua mãe me mostrar seu boletim, mocinha – Carly a avisou séria, mas sorriu depois.

Sophie fez bico e se virou para Freddie.

—É o senhor da lanchonete?

—Sim, sou eu – o moreno se apressou a falar abrindo um sorriso.

—Sophie, o nome dele é Freddie – me aprontei em dizer. O nervosismo voltou com tudo.

—Oi Freddie. Você é parente da minha vó Marissa? – seus olhinhos paravam curiosos em cima dele.

—É, sou filho dela.

—Mamãe disse que a vovó só teve dois filhos, a tia Carly e meu pai.

Freddie e eu nos entreolhamos.

—Carly, me ajude a levar a comida para a mesa – Marissa falava alto da cozinha.

—Já vou, mãe – a morena se levantou da mesa e seguiu para a cozinha.

—Mamãe, posso ir também? – Sophie perguntou do nada antes que pudéssemos dar uma resposta a ela.

—Claro – dito isso, ela se levantou e foi correndo atrás da tia.

Freddie me encarou.

—Nós vamos ter que contar antes do combinado, Sam.

Ele tinha razão, eu sabia disso. Minha pequena podia ser apenas uma criança, mas era esperta até demais.

—Vamos para a minha casa depois daqui. Contamos lá.

Freddie apenas assentiu e em poucos minutos Carly e Marissa já arrumavam a mesa para almoçarmos.

O almoço pareceu acontecer tranquilamente, Sophie não tocara mais no assunto sobre Freddie e ninguém mais o fez também. Tentamos manter conversas banais, mas o clima ainda ficava tenso de vez em quando.

Quando todos terminaram de comer, fui ajudar Carly e Marissa com as louças e deixei Sophie brincando no quintal.

—Eu tenho muito medo de que ele a magoe também – decidi me abrir com as duas pessoas mais próximas que eu tinha naquele momento. Esse medo estava me consumindo – Sophie é tudo o que eu tenho.

—Sam, ele pode ter errado muito durante esses anos, mas não acho que ele queira fazer algo que machuque a filha dele. Confie que dessa vez ele vai fazer a coisa certa, pelo menos, com ela – Marissa segurava minhas mãos para me confortar.

—E se ele magoar a nossa pequena, conte comigo para acabar com a raça dele – Carly interveio me fazendo rir.

—Pode deixar que isso eu acho que consigo fazer sozinha.

—Eu sei que pode, você sempre foi a mais durona. E nunca vou me esquecer de como você batia nele quando erámos crianças.

—Só o deixe experimentar a sensação de ser pai – Marissa interrompeu nosso momento de risos – Ele parece estar arrependido de verdade.

Depois que terminei de lavar as louças, Carly foi direto para o banheiro tomar um banho, pois ainda sairia com o Gibby. Marissa ficou na cozinha organizando algumas coisas e Gibby estava na sala resolvendo alguns assuntos por telefone.

Freddie e Sophie ainda não tinham entrado, por isso resolvi voltar para o quintal. Parei de andar com a cena que eu vi, não consegui conter o sorriso.

Minha pequena estava montada em uma bicicleta antiga toda sorridente enquanto Freddie segurava na parte de trás do banco e em um dos guidões para guiá-la. Ele já estava todo vermelho com o esforço, mas não parava de rir com ela. Parecia que estavam conversando sobre algo, eu não quis interromper, por isso, me permiti observar eles por mais alguns momentos.

O moreno a guiava um pouco desengonçado, mas ainda com muita firmeza para que ela não caísse. Essa imagem me fez refletir na família que poderíamos ter sido se ele não tivesse ido embora. Eu não conseguia afastar esses pensamentos da mente.

Freddie é o meu primeiro amor. Parte de mim ainda o amava, era inevitável, por mais que eu não quisesse e tivesse ficado magoada.

—Mamãe, eu quero uma bicicleta, por favor! – Sophie veio correndo até mim depois que Freddie a ajudou descer.

—Oh meu amor, a mamãe queria muito te dar uma, mas eu não posso agora.

Ela me encarou com os olhinhos tristes dessa vez.

—Eu posso dar a ela... De aniversário – Freddie se aproximou de nós ainda cansado e deu de ombros ao perceber meu olhar confuso.

—Sério? – a pequena voltou a se animar.

—Posso? – Freddie me encarou.

—Claro – me dei por vencida.

—Obrigada, obrigada – ela correu toda sorridente e o abraçou.

Ele pareceu surpreso com o ato e confesso que eu também, ela não costumava ser assim com quem não tinha convivência.

—Você pode me ensinar também? Mamãe não é fã de bicicletas.

—Posso, assim que a sua nova chegar, a gente começa a praticar. O que acha?

—Sim – ela dava pulinhos de felicidades – Ela pode ser rosa?

—Sophie! – a repreendi – Presente é presente, lembra?

—Pode ser rosa, não tem problema – Freddie falou mais para mim do que para ela.

—Oba! Vou contar para a vovó.

E assim ela foi correndo para dentro da casa novamente.

—Olha, não precisa ficar atendendo todos os pedidos dela. Acredite quando ela quer, consegue o que quer – o avisei.

—Relaxa, não é nada demais. Eu quero fazer isso.

—Até ensinar ela andar de bicicleta? Não parece que você está muito preparado para isso – ri do seu rosto que ainda estava pouco vermelho.

—Bom saber que seu senso de tirar uma com a minha cara já voltou.

—Não se anime, só quero me certificar de que vai cumprir com o que prometeu a ela.

—Eu vou, não se preocupe com isso – ele deu uma pausa – Quando falei que queria participar da vida, é para tudo mesmo, então você pode me atualizar do tempo que estive fora, se quiser, claro.

—Certo.

—E falando nisso, ela pegou meu sobrenome? – me encarou curioso.

—Sua mãe insistiu, mas ela não está registrada como sua filha. Ela ficou como Sophie Puckett Benson.

—Eu quero registrar ela como minha filha, Sam.

—Tudo bem, é um direito seu. Mas hoje é domingo, então a partir de amanhã vemos isso, ok?

—Ok.