Back To The Past

Capítulo 12 - Sam


Depois de um banho quente para me relaxar, resolvi optar por usar o vestido preto que Carly me aconselhou. Ele ficou bem justo ao meu corpo, o comprimento é até um pouco acima do joelho e sua alça é um pouco mais larga. Confesso que o usei apenas uma vez e nunca mais o tirei do guarda-roupa, não era o tipo de roupa que eu me sentia confortável em usar nos últimos anos.

Fiz uma maquiagem leve e rápida, coloquei um colar de pedrinhas, um sapato preto com salto pequeno e uma bolsinha de mão. Quanto ao cabelo, apenas modelei os cachos e os deixei soltos mesmo.

Até ri com a imagem que vi no espelho. Fazia anos que eu não tinha toda essa produção para sair com alguém, mas estava me sentindo mais do que bem com o que eu via. Estava satisfeita.

Escutei a campainha tocar e fui até lá respirando fundo para conter o nervosismo. Sentia meu coração acelerar a cada passo que eu dava.

Droga, virei uma adolescente agora?

Abri a porta cuidadosamente e meu coração pareceu parar por longos minutos. Lá estava Freddie usando uma camisa social azul escura e uma calça social. Seu topete estava impecável como sempre e ele ainda tinha aquele sorriso de lado que fazia meu coração sair pela boca.

É apenas um jantar – era o que eu pensava comigo mesma.

—Olá, Sam – ele estendeu a mão todo formal e quando segurei sua mão, ele fez questão de virar a palma da minha e depositar um beijo – Você está linda.

Eu sorri e senti meu rosto queimar com seu toque inesperado, mas não nego que gostei.

Droga, Sam. FOCO.

—Obrigada, você também não está nada mal.

—Podemos ir?

—Claro – tranquei a porta de casa e guardei a chave na minha bolsa.

Freddie ficou ao meu lado até chegarmos ao carro e fez questão de abrir a porta do passageiro para mim. Me acomodei no banco e logo ele deu a volta para o ocupar o banco do motorista.

—Então, aonde iremos? – perguntei assim que ele deu partida no carro.

—No Alpine Inn. Lembra de lá?

_Claro, como esquecer? – ri.

—Você tem razão.

Alpine Inn era o restaurante que fomos pela primeira vez como casal. Foi uma noite incrível e não nego que fiquei tocada ao ver sua escolha ou melhor que ele ainda se lembrava.

O resto do caminho foi silencioso, com exceção do som de música vinda do rádio. Eu ainda tentava controlar meu nervosismo enquanto Freddie parecia totalmente calmo e tranquilo.

Assim que chegamos ao restaurante, Freddie estacionou o carro ali perto e entramos juntos. O local era todo iluminado por fora e por dentro o ambiente estava mais aconchegante com um ar totalmente romântico e não tinham muitas pessoas ocupando as mesas.

Freddie me guiou até uma mesa mais afastada próxima a janela e se sentou de frente para mim, não demorou muito até um garçom nos atender e fizemos nossos pedidos.

Um detalhe importante: embora o local tivesse mudado algumas coisas ao decorrer dos anos, eu tenho completa certeza de que essa mesa está no mesmo lugar em que estávamos quando viemos aqui.

Estar aqui era como viver aquele primeiro encontro outra vez.

Flashback On

Eu tinha acabado de completar 18 anos e para comemorar meu aniversário, Freddie resolveu me levar em um jantar romântico no Alpine Inn. O ambiente era extremamente aconchegante e ele se sentou de frente para mim.

Ele estava incrivelmente charmoso com sua camisa polo cinza claro e calça jeans e eu com um vestido mais soltinho roxo de alcinha e uma sandália. Estávamos empolgados com o primeiro encontro formal.

—Espero que saiba que esse jantar é apenas um dos seus presentes – Freddie começou assim que o garçom se afastou depois de anotar nosso pedido.

—Sério? – sorri empolgada.

—Super sério – ele retirou do bolso uma caixinha vermelha do bolso e me entregou.

Abri a caixa na velocidade da luz e pude ver um lindo colar com um pingente de coração.

—É muito lindo, amor – retirei da caixinha porque já queria colocá-lo – Eu amei.

—Eu te ajudo – ele se levantou da mesa e ficou perto de mim.

O moreno pegou o colar das minhas mãos, colocou meu cabelo para o lado e passou a correntinha pelo meu pescoço. Em poucos segundos fechou o fecho e voltou meu cabelo para o lugar.

—Ficou ainda mais lindo em você – ele se aproximou mais de mim e me deu um longo selinho.

—Eu amo você – sussurrei ainda sorrindo – Muito obrigada pelos presentes.

—Eu também amo você e feliz aniversário mais uma vez – ele me deu mais um selinho rápido e voltou para o seu lugar.

—Enfim, você quer ajuda para treinar para a sua peça de amanhã? – resolvi puxar um assunto.

Eu sabia como ele amava participar das pequenas peças de teatro que a comunidade da cidade organizava e já o ajudei várias vezes.

—A gente treina amanhã cedo, de qualquer forma já decorei todas as minhas falas e atos.

—Eu sei, você é ótimo no que faz, nerd.

—É sério, amor? – ele fingiu ressentimento quanto ao meu apelido preferido dele.

—Certas coisas não mudam – dei de ombros.

—Mas sabe que um dia vai ter que parar de me chamar assim. Não quero que nossos filhos me zoem com isso também.

—Uau, já está pensando em filhos, Benson? Não acha que estamos novos – ri sentindo meu rosto queimar.

—Não agora, mas você sabe que será mãe dos meus filhos senhorita Puckett – ele sorriu charmoso – Não há outra pessoa que imagino para isso – ele falou sério.

—Me sinto honrada em ser eleita para mãe de quatro filhos com você – ri quando a expressão dele mudou repentinamente para surpreso.

—Quatro filhos? – ele ainda estava com uma cara engraçada de susto.

—E talvez uns dois cachorros – dei de ombros.

—Quatro filhos? – ele repetiu incrédulo – Tinha pensado em talvez uns dois.

—Você quer mesmo conversar sobre isso agora? – não conseguia segurar minha risada.

—Tem razão – rimos juntos – Não sei nem porque entramos no assunto.

O garçom se aproximou da mesa com nosso jantar e passamos o resto da noite comendo, rindo e conversando sobre coisas banais.

Estar com o Freddie sempre era bom. Cada vez era melhor. Eu o amava e tinha absoluta certeza disso. Eu não queria ninguém além dele.

Flashback Off

—Tudo bem com você? – Freddie perguntou me despertando da avalanche de lembranças.

—Claro – tentei sorrir.

—Enfim, passei por aqui esses dias e lembrei do nosso primeiro encontro – ele continuou como se lesse minha mente – Por isso quis trazê-la aqui.

—Não somos mais tão jovens assim. As coisas estão diferentes agora.

—Eu sei que estão, mas nós podemos consertar – ele segurou minha mão direita que estava sobre a mesa – Eu só quero você e Sophie na minha vida. É tudo o que eu quero.

—Você já nos tem em sua vida agora – fingi de desentendida ainda sentindo seu aperto na minha mão.

—É mais do que isso. Você sabe – ele suspirou – De qualquer maneira, quero te levar em um lugar depois daqui.

—Onde?

—Bom, digamos que vai ser surpresa – ele sorriu fracamente e soltou minha mão – Só quero que saiba de algo, Sam. Eu não vou desistir de ter você de volta.

Droga, droga, droga. Como resistir a isso?

Seu olhar fixo no meu fazia uma eletricidade percorrer por todo meu corpo.

—Freddie... – comecei, mas fui interrompida pelo garçom que chegou com nossos pedidos.

Ele nos serviu e começamos a comer. No início ainda ficamos algum tempo em silêncio, mas Freddie resolve quebrá-lo contando alguns de seus momentos com Sophie.

Depois que terminamos o jantar, ele fez questão de pagar a conta e saímos do restaurante para seu carro.

_E então, o que quer me mostrar? – perguntei assim que ele começou a dirigir.

Confesso que estava morrendo de curiosidade por dentro.

—Você verá em breve – ele sorriu.

Depois de alguns minutos de percurso, ele estacionou o carro em frente a uma casa branca. Ela abandonada há alguns anos, por isso o jardim não estava tão bonito quanto os outros, mas eu a reconheci na hora.

—Vamos descer – ele saiu do carro e eu o acompanhei ainda tomada pela surpresa.

—O que quer dizer com isso? – perguntei quando ele ficou ao meu lado.

—Então, você se lembra dessa casa?

—Claro, a gente ia morar aqui.

—Exato, por isso eu resolvi comprá-la agora, ao invés de alugar como íamos fazer.

—Você comprou? – não consegui esconder a surpresa na voz – Por que fez isso?

—Porque eu quero que fique claro que não vou desistir de vocês novamente. Não importa quantas vezes eu tenha que repetir isso ou o que eu tenha que fazer para provar. Talvez eu tenha que viajar muitas vezes pelo meu trabalho, mas não me importo. Eu quero estar aqui – ele ficou tão próximo de mim que eu podia sentir seu hálito quente no meu rosto – Vem, vamos entrar – ele segurou minha mão e me puxou para dentro antes que eu pudesse dizer qualquer coisa.

Me permiti ser guiada por ele e entramos na casa. Era consideravelmente grande e ainda havia alguns móveis por lá, embora estivesse parada por anos.

Até onde eu sabia, depois que nosso casamento foi cancelado, apenas um casal morou aqui por seis meses e depois se mudaram. Desde então, ninguém mais ocupou a casa.

—Os móveis estão um pouco antigos, mas vou mandar trocar tudo – Freddie começou ligando a luz da sala.

—Vai ter muito trabalho por aqui.

—É, eu sei. Mas já estou conversando com uma arquiteta, o projeto vai ficar legal.

—Quando comprou?

—Só assinei os papéis ontem de manhã.

Observei a sala ao nosso redor, tinham dois sofás, uma pequena mesa de centro e o papel de parede era estampado, mas não chamativo.

—Espero que Sophie goste de vir para cá também. Pretendo fazer um quarto aqui especialmente para ela, talvez ela possa até escolher algumas coisas.

—Ela vai escolher as coisas mais improváveis – ri ao me lembrar de como nossa filha é esperta.

—Não tem problema.

Olhei mais uma vez ao meu redor me lembrando da primeira vez que entramos aqui e em como estávamos animados com o casamento e a casa. Estava tudo caminhando para dar certo.

Encarei o moreno a minha frente, que estava de costas para mim nesse momento, eu não podia ignorar tudo o que ele estava fazendo para ficar mais próximo de mim e da Sophie. Ele estava se esforçando.

E, não importava o tempo que passasse, ele sempre seria o amor da minha vida.

Sem pensar duas vezes, me aproximei dele e toquei seu ombro. Quando ele se virou para me encarar, eu o beijei.

Ele pareceu surpreso com meu ato, mas assim que se deu por si, ele levou as mãos até a minha cintura e me apertou contra seu corpo. O beijo tinha começado com um roçar de lábios e logo senti sua língua tocando a minha.

Todo o meu nervosismo durante a noite parecia nada agora, tudo o que eu queria era estar com ele, ser dele. E esse beijo parecia tão certo.

O beijo ainda se manteve calmo por um tempo, como se estivéssemos apenas aproveitando a presença um do outro.

Quando o ar ficou escasso, paramos de nos beijar, mas ainda ficamos com a testa colada um no outro. Deixei minha mão sobre seu peito e ele ficou a segurando com um sorriso no rosto.

—Droga, Sam – ele riu baixo – Você não tem noção do quanto eu ainda amo você. No fundo, sei que nunca deixei de amar.

—Eu também nunca deixei de amar você – o encarei.

Ele sorriu ainda mais e colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha e me deu mais um selinho longo.

—Fica comigo – ele sussurrou no meu ouvido fazendo meu corpo inteiro se arrepiar.

—Sempre – falei baixo também me sentindo totalmente entregue a ele mais uma vez.

Eu não tinha mais controle sobre minhas ações, apenas queria ele mais uma vez.

Ele sorriu, me pegou no colo arrancando ainda risadas de mim e me levou para um dos quartos da casa.