Back To The Past

Capítulo 1 - Freddie


Ser um astro do cinema, às vezes pode ser uma completa loucura, mas não tenho nada a reclamar. Sempre sonhei em ser um grande ator e amo o carinho que recebo dos meus fãs por mais que toda essa fama tenha me feito desistir da minha privacidade e muitas outras coisas importantes.

—Senhor Benson, a limusine já o espera lá fora – meu segurança cochicha ao meu ouvido.

—Certo, vamos indo então!

Estou encerrando a noite de estreia do meu novo filme ao lado de Ashley Carson. Ela é uma linda mulher morena dono de belos olhos castanhos e muito simpática também, seu único defeito é achar que estamos realmente namorando, quando na verdade, nossos produtores sugeriram essa fachada para dar popularidade ao filme.

Por isso, no início da noite fomos fotografados e assistimos ao filme juntos, mas agora que estou indo para a minha limusine, ela insiste em vir atrás.

—Freddie, meu bem, nossa limusine já chegou? – Ashley me alcançou antes que eu pudesse entrar.

—A minha sim. Não combinamos de ir embora juntos, lembra? – tentei ser o mais gentil possível, mas às vezes isso saia do meu controle.

—Mas, sabe, acho que seria bom. Seria muito estranho não irmos embora juntos, não acha?

—Ok – estou muito cansado para persistir na discussão – Te deixamos no seu apartamento no caminho.

—Ótimo – ela abriu um grande sorriso no rosto e me deu um selinho surpresa.

Dei passagem para ela entrar na limusine e fiz o mesmo logo em seguida. Eu sabia que muitos fotógrafos capturaram o momento e que amanhã seríamos a capa de revista como outras vezes, mas assim era minha vida em Los Angeles, e eu já estava acostumado.

(...)

Me remexo na cama e abro os olhos com dificuldade devido a luz que entra pela janela do quarto. Morava nessa cobertura fazia pelo menos três anos, mas ao todo já fazia quase nove anos que havia me mudado para essa nova cidade para conquistar meu verdadeiro sonho.

Sinto um braço ao redor do meu corpo e quando olho para o lado vejo Ashley. Quando estávamos indo para seu apartamento, ela alegou que não estava se sentindo bem e que não queria ficar sozinha, então tive que trazê-la, mas se me lembro bem, ela estava bem acomodada no quarto de hóspedes e tenho certeza de que não aconteceu nada demais ontem à noite.

Não que eu não ache Ashley atraente, porque ela é, mas meu coração ainda tentava se recuperar da perda de uma maravilhosa loira dos olhos azuis e dona do sorriso que derretia meu coração. Ela foi uma das pessoas que eu perdi para ter a vida que tenho hoje, um dos meus maiores arrependimentos. Mas não posso culpá-la, ela nunca gostou de fama e sempre foi de família humilde. Los Angeles nunca seria seu lar, ela nunca quis.

Ela foi a primeira garota que beijei e a minha primeira namorada. O primeiro amor. Leve e simples. Nos conhecíamos desde sempre, afinal de contas, Hill City é uma cidade pequena, todos se conhecem.

Mas nós passamos pela fase das implicâncias, melhores amigos, namorados e noivos. Sim, estávamos noivos quando eu decidi deixar toda a minha vida para trás e recomeçar uma nova. Talvez tenha sido a imaturidade da época que me impediu de raciocinar, afinal, eu só tinha vinte anos quando tudo aconteceu de uma forma rápida.

Ela é e sempre será um dos meus maiores arrependimentos, mas eu nunca tive coragem o suficiente de pedir perdão. Provavelmente, nunca teria coragem de olhar em seus olhos novamente sabendo que sou responsável pela sua maior mágoa.

Decido me levantar da cama para espantar esses pensamentos e vou para a cozinha preparar meu café da manhã. Quando termino de colocar os bacons e ovos no meu prato e encher um copo com suco de laranja, Ashley aparece na cozinha e se senta em uma das banquetas que tem no balcão.

—Bom dia! Você acordou cedo hoje – ela resolve puxar assunto.

—Bom dia e na verdade eu costumo acordar esse horário. São nove e meia já – digo depois de consultar o relógio na parede.

—Nossa, é muito cedo – fez careta – Só levantei porque senti sua falta.

—Ashley, você sabe que não rola nada entre a gente, certo?

—Eu sei, tentamos uma vez, mas não deu certo. Agora é só por fachada, não precisa me lembrar. Obrigada.

—Não quis ser grosso com você.

—Pois conseguiu, parabéns.

—Sr. Benson, bom dia! Precisamos conversar – Matt, meu empresário, atravessou a cozinha vindo em minha direção. Ainda bem que ele apareceu na hora certa.

—O que precisa, Matt?

—É um assunto delicado e – olhou para Ashley – pessoal.

A morena bufou e revirou os olhos.

—Já estava de saída mesmo, vou pegar minhas coisas e dar o fora daqui – se levantou e deu as costas para nós sem esperar por uma resposta.

—Arthur pode te levar para casa – ele era meu motorista particular.

Ela não respondeu e só continuou caminhando, logo desapareceu de nossas vistas, mas Matt só iniciou o assunto depois de se certificar que ela já havia saído do prédio.

—Então, o que é tão importante assim?

—Sr. Benson, eu realmente não sei como te contar isso, mas...

—Vá direto ao ponto – beberiquei meu suco.

—Sua irmã, Carly, deixou uma centena de mensagens na sua caixa postal ontem à noite.

Meu coração gelou, ela não costumava me ligar com frequência, era uma das que não aprovavam meu estilo de vida. Então, se ela estava ligando, algo de bom não estava acontecendo.

—O que ela queria?

—Eu sinto muito, mas seu pai faleceu ontem à noite.

Senti minhas pernas bambearem e me apoiei no balcão até conseguir me sentar em uma das banquetas. Eu sabia que meu pai estava doente e planejava visitá-lo, mas a verdade é que sempre colocava um compromisso a frente disso como desculpa porque não estava preparado para voltar a Hill City.

—Eu já mandei entregar algumas flores para o velório em seu nome – Matt continuou.

—Que horas seria o velório?

—Onze da manhã.

—Por que não me avisou ontem? – esbravejei deixando minha raiva sair.

—Porque o senhor estava ocupado com a estreia e quando fui procurá-lo já tinha saído com Senhorita Carson.

—Bom, pois da próxima vez não hesite em me procurar até nos confins do mundo. Esse tipo de coisa é prioridade. Não me faça demiti-lo.

Reúno forças o suficiente e me levanto da banqueta.

—Prepare o jato para Hill City, vou para lá agora.

—Sim, senhor.