Back To The Dream.

Um Momento Único.


POV. Lucia.

- Ganhei de novo! – comemorei enquanto Nicolas se aproximava com seu cavalo a trote e uma expressão aborrecida no rosto.

- Sorte de principiante. – resmungou ele.

- Eu era principiante da primeira vez. Já corremos cinco vezes e você só ganhou uma por que eu deixei! – adverti enquanto seguíamos lado a lado em cima de nossos cavalos.

- Ok, ok. Mas me diz, o que vamos fazer?

- Sinceramente? Não sei. – falei olhando para frente. – É mais difícil por dois motivos. Primeiro: não temos nenhuma pista, segundo: o plano de Pedro, realmente, não é um dos melhores. – admiti.

- É, com certeza não e olha que eu não tenho muita experiência nesse ramo. – ele riu. Eu sorri. Certo, eu admito, Nicolas não era tão chato e implicante o tempo todo, até que ele é legal...

Paramos ao pôr-do-sol, acendendo uma fogueira, conversamos um pouco e logo caímos no sono. O meu não fora pesado nem muito leve. Acordei com os primeiros raios de sol. Espreguicei-me e sentei, olhando em volta. Nicolas ainda dormia com uma carinha de anjo, a fogueira agora não passava de um monte de gravetos queimados e o silencio reinava pelas redondezas, tão profundo que ao longe pude ouvir um ruído. Água corrente e não estava longe. Resolvi refrescar enquanto Nicolas dormia, aparentemente, em sono pesado.

Levantei e me embrenhei por entre as arvores seguindo o som da água. Em pouco menos de cinco minutos depois eu alcancei a cachoeira de águas cristalinas. Sorri tirando os sapatos o vestido e parando a margem do riacho apenas com a roupa de baixo, uma espécie de camisa grande que usávamos por baixo do vestido. Respirei profundamente sentindo o aroma narniano que tanto amava e ouvindo a sinfonia da queda d’água. Deixei a bainha com o punhal e o elixir, o vestido e os sapatos à sombra de uma arvore e pisando descalça na relva, fui para dentro da água. Mergulhei e só tornei a superfície depois de estar com os cabelos completamente encharcados. Sorri sozinha e ao girar, lentamente, ficando de frente para a arvore onde deixara minhas coisas, reprimi o susto.

Ele estava lá, de pé e com os braços cruzados, me olhando com um levíssimo sorriso.

- O que veio fazer aqui?- perguntei. Nicolas deu de ombros.

- O mesmo que você.

- Ah...

- Se importa em dividir a cachoeira?

- Hm... Não, claro que não. – eu estava sem saber o que fazer. Nicolas deu um sorriso torto, virou-me as costas indo para perto da arvore. Tirou as botas, a bainha, o sobretudo e... O que? A camisa também? Fitei-o.

- Você não se importa... Não é? – perguntou percebendo meu olhar.

- Fi-fique à vontade. – foi o que consegui gaguejar. Ele veio em minha direção apenas com a calça que vestia. Claro que não pude deixar de notar os músculos dos braços, peito e abdômen sob a pele clara e... Por Aslam, como ele é lindo!

Pela Juba do Leão, que pensamentos são esses, Lucia?!

Pisquei varias vezes para espantá-los.

Ele mergulhou e surgiu bem ao meu lado.

- Nossa, uma delicia isso aqui! – sorriu agitando os cabelos molhados com as mãos.

- Hm... – aproximei-me um pouco (uma distancia segura). – Você não estava me seguindo estava?

- O que? – riu. – Eu seguindo você? Imagina! É só que a minha dupla, sabe, resolveu sair pelo bosque me deixando sozinho. Quando eu acordei ela não estava lá onde eu havia deixado, entende...? Aí vim procura-la com medo de ela TAMBÉM TER SIDO SEQUESTRADA POR CRIATURINHAS NUNCA ANTES VISTAS EM NARNIA! – me olhou com ambas as mãos na cintura. Cruzei os braços e ergui levemente as sobrancelhas, encarando-o.

- Estava preocupado comigo? – provoquei.

- Claro que não sua boba, eu vi quando você saiu de fininho!

- Então por que não falou nada? Teríamos vindo juntos...

- Ah, mas assim você não teria se assustado como se assustou!

Dei um leve soco em seu ombro, rindo. Ele riu de volta jogando-me água. Rebati e logo jogávamos água um no outro como duas crianças. Para fugir de seus ataques, corri para a margem, ele veio atrás de mim.

Para me impedir de sair, segurou-me por trás. Girou-me de frente para si segurando-me pelos ombros. Tentei fugir mais uma vez. Quando eu recuei, ele avançou e como eu estava presa a ele acabamos nos atrapalhando com nossos pés e caindo na relva da margem.

Rimos mais.

Entretanto, o riso foi passando a medida que nos dávamos conta de como caímos. Ele estava sobre mim.

Observei nosso estado e voltei a olhá-lo nos olhos. Os seus me fitavam de um jeito cheio de significados, como eu nunca tinha visto antes. Gotas pingaram de seu rosto e caíram em minha face.

Seu rosto veio baixando e sua boca se aproximando da minha. Mais e mais. Fechei meus olhos e só senti quando seus lábios tocaram os meus.

Um beijo singelo, doce, carinhoso e envolvente.