Back To The Dream.

Fazer você feliz.


POV. Caspian.

A viagem de volta durou alguns dias, mas ao contrario da de ida, foi segura e cheia de alegria. E eu não conseguia esconder a minha, embora a ideia de Rillian ter matado a própria mãe me assustasse, eu estava orgulhoso dele, afinal, ele salvara Narnia.

Meu filho salvara Narnia...

- É quase o mesmo cabelo. – disse Pedro, eu ri, ele estava ao meu lado e nós seguíamos na frente de todos, ouvindo a conversa animada entre Rillian e Andrew que faziam todos darem gargalhadas altas e gostosas.

- É mesmo. – concordei enquanto os outros lá atrás gargalharam de novo. Pedro deu uma rápida olhada para trás.

- Você tem que se acertar com Susana, Caspian... – lembrou.

- Tenho... – pensei por um instante. – Bem que você poderia falar com ela por mim.

- É ruim, ein? Não me mete nessa não. – implorou ele. Eu ri.

- Enfim, mas e você e a Juh?

Pedro olhou para as mãos.

- Er... Bom... Já demos um passo...

- Passo?

- É... Quando estávamos na casa das ninfas esperando vocês... Rolou um... Um beijo.

- Sério?! Isso é ótimo!

- Eu sei... Mas eu estou preocupado. – Pedro olhava para frente.

- Com o que?

- Com a volta para casa... Tenho medo que aconteça como aconteceu com você e Susana depois de sua coroação.

- Entendo... Mas talvez seja diferente com vocês dois.

- Pode ser.

Saímos no descampado que rodeava a cidade de Telmar, vista ao fundo. Como era bom estar de volta.

- Chegamos. – falei enquanto os outros paravam ao nosso lado formando uma linha. Por alguns segundos houve silêncio. Olhávamos para o castelo lá próximo ao horizonte. Por algumas semanas achamos que não retornaríamos ao ponto de onde partimos... E cá estamos nós.

- Que topa uma corrida? – Rillian quebrou o silêncio, sério, olhando para o castelo de cima do mesmo cavalo que Julia.

- No três. – concordou Andrew. – Um...

- Dois, três! – Julia arrancou com o cavalo e Rillian quase caiu de cima dele.

- Isso não vale! – gritou Andrew, que saiu logo atrás em disparada. Nós rimos e fomos atrás, no mesmo ritmo.

Cortamos o descampado na metade do tempo, mas entramos na cidade ouvindo Lucia comemorar a vitória. Descemos dos cavalos e seguimos caminhando pelas ruas de Telmar. Algumas crianças que brincavam logo na entrada, largaram seus brinquedos ao nos ver, abriram largos sorrisos e saíram à nossa frente, pelas ruas gritando que o Rei Rillian estava de volta.

Logo as pessoas vieram à frente das casas e as janelas para nos ver passar. Rillian foi à frente sorrindo e acenando. A população comemorava com vivas e urros enquanto batiam palmas e jogavam pétalas de flores sobre nós.

O povo está em festa e a recepção no castelo não foi diferente. Os lordes e os soldados nos receberam com festa. Após recebermos os cumprimentos de todos, fomos para o nosso merecido descanso. Já era de tarde e utilizaríamos o resto dela para descansar, à noite um jantar nos aguardava e amanhã um dia inteiro de comemoração.

Lancei-me na cama sentindo as costas doerem enquanto os músculos relaxarem depois de um longo banho.

- Cansado? – perguntou Susana que tinha acabado de sair do banho.

- Bastante. – suspirei. Susana veio até a cama ficando de joelhos atrás de mim, suas mãos passaram por meus ombros massageando até o pescoço. Deitei a cabeça para trás sentindo suas mãos delicadas.

- Pronto para o dia inteiro amanhã? – perguntou ela e eu sabia que sorria.

- Nem um pouco. Preciso de mais umas semanas de férias.

Susana riu.

- Rillian parece não cansar. – observou ela. Suspirei. – O que foi? – perguntou, parando de fazer a massagem.

- Me assusta o fato de ele ter matado Lilliandil... E você o ter incentivado a isso... – falei. Foi vez de Susana suspirar. Ela se moveu para minha frente, sentando em meu colo, joelhos apoiados na cama, um de cada lado de meu corpo e as mãos em meu pescoço.

- Eu o incentivei a fazer a coisa certa. – argumentou ela.

- A matar a própria mãe? – questionei. Susana suspirou desviando o olhar. – Eu odeio classificar Lilliandil assim, mas é a realidade... Não é...? – eu continuava a olhar Susana, analisando sua expressão. Ela voltou a olhar em meus olhos.

- Não. – respondeu séria, me surpreendendo. – Não é a realidade... Lilliandil mentiu. Ela não é e jamais seria a mãe de Rillian... Eu sou... Ou melhor, eu vou ser... Daqui a alguns meses... – ela pousou uma das mãos sobre a barriga com leve sorriso nos lábios.

Acompanhei sua mão com os olhos, completamente atônito. Demorei alguns segundos tentando assimilar toda aquela informação. Ela estava dizendo que... Que...

- Você...? – gaguejei.

- Estou... – ela sorriu. Ergui os olhos para os dela mais uma vez. Um sorriso largo se estendeu por meu rosto e eu abracei Susana, girando-a e deitando-a na cama. Nossos lábios se encontraram num beijo breve antes de eu abraçá-la novamente, forte.

- Não acredito, Su, essa é a melhor coisa que podia acontecer... Não! Espera! É uma das melhores coisas que podia acontecer! – sim eu estava eufórico. Levantei da cama indo em direção ao armário. Susana sentou, rindo. Eu continuei procurando dentro do armário. Aquele era meu antigo quarto e, se tudo continuava no mesmo lugar, o que eu procurava estava dentro do armário.

- Caspian, o que você está fazendo? – Susana perguntou. Visualizei a caixa de madeira escura, com detalhes dourados e borboletas talhadas na tampa e nas laterais.

- Achei. – pousei a caixa no chão e a abri fazendo o dourado do ouro e as cores das pedras preciosas reluzirem com a luz do pôr-do-sol. Procurei mais um pouco e achei a caixinha encapada com veludo azul-marinho. Escondia-a na mão, pus-me de pé e voltei até Susana ficando de pé a frente dela. Sorri de lado enquanto ela me encarava curiosa.

Nós estávamos na direção da porta da varanda, iluminados pelo pôr-do-sol. Susana manteve seus olhos nos meus e ao afundar-me neles eu me senti feliz, mais do que isso, eu senti um turbilhão de coisas que se resumiam na mais bela palavra que existia. Amor. E se Susana não estivesse em minha vida, essa vida não teria o menor sentido, estaria morta. Mas com Susana ali, ela estava viva e era hora de deixá-la assim para sempre.

Falei calmamente.

- Sabe qual seria a outra melhor coisa que poderia acontecer?

- O que?

Trouxe a mão fechada para frente, abrindo-a e mostrando a caixinha azul. Levantei a tampinha revelando o anel que eu guardava com tanto cuidado durante anos.

- Você aceitar se casar comigo.

Susana parecia surpresa, seus olhos correram do anel para mim e o silêncio de segundos levou meu coração à boca. Até que Susana sorriu largamente, olhando em meus olhos.

- É claro que aceito, meu amor! – ela me abraçou fortemente, eu retribuí com a mesma intensidade mal me aguentando de felicidade. Ao desfazer nosso abraço, eu tirei o anel da caixinha e peguei sua mão, colocando-o em seu dedo. Serviu perfeitamente contrastando com a pele clara e a delicadeza de Susana.

- Era da minha mãe. – contei. – Uma das poucas lembranças que eu tenho dela... – sussurrei sem soltar sua mão.

- Da sua mãe? – perguntou Susana, erguendo as sobrancelhas.

- Era. – concordei, sorrindo. – E agora é da mãe do meu filho... Do amor da minha vida. – olhei em seus olhos, Susana retribuiu meu olhar sem saber o que dizer.

- Caspian... – ela abraçou-me novamente, forte e eu retribuí, mergulhando o rosto em seus cabelos. – Eu te amo, Caspian. Eu te amo muito, muito, muito...

Eu sorri. Só ouvi-la falar isso fazia com que toda minha existência tivesse sentido.

- Prometo fazer você a mulher mais feliz do mundo. – falei. Susana afastou-se apenas para olhar em meus olhos.

- Você já faz, Caspian... Já faz... – ela segurou meu rosto delicadamente entre suas mãos, beijando-me lenta e suavemente.