Acordamos cedo e fomos para Inglaterra. Era uma viagem curta, então não senti o cansaço pesar tanto, o que foi bom, já que logo que chegamos, tivemos conferência de imprensa.

À noite, fomos para um restaurante coreano. Eu sentia falta da nossa comida típica e, pelo jeito que todos comiam, eu não era a única.

Kang Sora, pra variar, não saia do pé de Leeteuk e as câmeras do WGM também os rodeavam sem pausa. Eles pareciam um casal de verdade. Eu acreditaria que eles gostavam um do outro se não soubesse que Leeteuk gostava de outra e essa outra era Yoona. Os dois pareciam bem mais próximos desde que conversei com ele.

— Taeyeon — ouvi Tiffany chamar —, venha comigo.

Olhei-a sem entender, mas fiz o que ela pediu. Acompanhei-a até uma sala que dividia banheiro feminino e masculino.

— Por que você está assim de novo? — perguntou ela, brava.

— Assim como?

— Não se faça de desentendida — repreendeu-me ela —. Você nunca foi assim de demonstrar estar triste na frente de todos.

— Não estou fazendo isso.

— Pode apostar que está. Você não percebe, mas os outros conseguem ver. Bom, pelo menos eu consigo.

Não respondi. Ela suspirou e continuou:

— Se você continuar assim por causa de Leeteuk, vou falar com ele.

— Não, Tiff, por favor — pedi —. Se você fizer isso, ele pode acabar se afastando de mim. Eu não quero isso.

— Mas e se a pessoa que ele ama for você?

— E se não for? Não quero perder meu melhor amigo. E, ao que parece, é Yoona. Tenho certeza.

— Tae, não se dá pra ter certeza de algo assim. Você o ama, não é? — perguntou ela.

— Sim, mas...

— Então arrisque — interrompeu-me ela.

— Mas...

— Você não vai saber se não tentar — ela me cortou de novo.

— Mas eu estou com medo de perdê-lo pra sempre! — exclamei antes que ela me interrompesse novamente — Não suportaria isso, Tiff. E ele só me vê como sua irmãzinha — sussurrei.

Ela olhou pra mim como se tivesse entendido pelo menos um pouco.

— Não vou mais insistir — disse ela, carinhosamente —. Vamos, os outros devem estar preocupados.

— Vou ficar aqui um pouco.

Ela olhou-me preocupada, mas não disse nada. Apenas saiu dali.

— Taeyeon-ah — ouvi uma voz masculina pouco tempo depois que Tiffany deixou-me só —, preciso falar com você — era Eunhyuk.

— Pode falar — respondi meio insegura.

Será que ele ouviu minha conversa com Tiffany. Era óbvio que tinha ouvido. Ou não? Tive vontade de gritar e sair correndo dali. Que vergonha, que vergonha!

— Você gosta do Leeteuk-hyung? — perguntou ele. Parecia esbanjar alegria.

— Não — respondi, receosa —. Ficou louco, oppa? Da onde tirou isso?

— Não adianta mentir. Eu ouvi sua conversa com a Tiffany.

Droga!

— Então nem precisava perguntar — me rendi por fim.

— Só queria sua confirmação — ele sorriu —. Você é correspondida, sabia?

Olhei pra ele e comecei a rir.

— Piada engraçada — disse eu.

— Isso não é uma piada — disse ele —. Estou falando sério, Taeyeon. Aquela garota de quem ele falou e descreveu os sentimentos pra você era você mesma.

— Não gosto de brincadeiras desse tipo, oppa...

— Você acha que estou brincando? — exclamou ele — Hyung está se remoendo por dentro por achar que você gosta de outro.

— Você não está brincando comigo mesmo? — perguntei.

— Não estou — respondeu ele, sério —. Se eu estiver mentindo, minha carreira como cantor e dançarino terminará agora mesmo.

— Não fale uma coisa dessas — pedi.

— É pra te mostrar que não estou mentindo.

— Tudo bem — cedi —. Eu acredito em você. Eu... — hesitei — vou falar com ele.

Eu não conseguia acreditar. A menina que Teuk amava era realmente eu? Só de pensar nisso, minha barriga revirava e meu coração batia forte.

— Eu ia gostar de ver a expressão dele quando souber que você gosta dele — Eunhyuk riu —. Ele vivia falando que você gostava do Lee Jinki.

— O que? — perguntei, alarmada — Ele é um dos meus melhores amigos. Não tem como eu gostar dele. Ele é como um irmão pra mim e nunca vai ser mais do que isso.

— Bom saber disso — Eunhyuk sorriu.

Leeteuk’s POV

“Hyung, venha para o banheiro. Você precisa saber de uma coisa”, dizia a mensagem de Eunhyuk. O que será que ele havia aprontado?

Acabei por me levantar e ir para onde ele havia me pedido. Tiffany passou por mim, deu um sorrisinho e sussurrou algo como “boa sorte”, ou algo parecido. Eu não havia entendido direito.

Quando cheguei à sala próxima ao banheiro, deparei-me com Eunhyuk e Taeyeon conversando.

— O que? Ele é um dos meus melhores amigos. Não tem como eu gostar dele. Ele é como um irmão pra mim e nunca vai ser mais do que isso — disse Taeyeon.

— Bom saber disso — respondeu Eunhyuk, parecendo satisfeito.

O que era aquilo? Ele estava caçoando da minha cara mesmo eu tendo confiado nele durante todo esse tempo? Ele queria que eu levasse essa bofetada dessa bem na frente dela?

Senti uma dor tomar conta de mim e minha cabeça começou a latejar. Era esse o destino de meus sentimentos. Ela sempre me veria como um irmão. O sentimento entre nós dois seria para sempre o de irmandade. Como eu não havia me dado conta disso ainda? Como eu ainda guardava esperanças, sabendo que ela não valia nada?

Se era isso que Taeyeon queria, eu não poderia fazer nada. Eu seria para sempre o irmão dela, como ela me considerava. Eu trancaria meus sentimentos por ela bem lá no fundo e não os deixaria escapar de novo por nada nesse mundo. Mas, por enquanto, eu não queria me aproximar dela de novo. Eu iria me afastar um pouco para poder me acostumar com o fato de ter todas as esperanças que eu tinha derramadas pelo chão. Eu tinha que me recompor primeiro antes de voltar a ser o irmão que Taeyeon me considerava.

Sai de onde estava e voltei à mesa.

— Desculpe, Sora — disse eu —. Estou mais cansado do que pensei. Vou voltar pro hotel.

— Eu vou com você, oppa — respondeu ela.

— Não precisa — impedi-a de se levantar —. Quero ficar um pouco sozinho. Termine de comer. Vamos nos ver amanhã de novo — sorri e peguei minhas coisas.

A última coisa que precisava era de Kang Sora no meu ouvido durante todo o caminho até o hotel.