Baby. I'ts a Wild World
Lovely / I Hate You
Wow! Lovely
Ás vezes eu penso que poderia ter salvado meu amigo, ou apenas ter permanecido ao lado dele. No momento que eu penso nisso, toda a tristeza me consome e eu continuo trabalhando na lanchonete como se eu fosse apenas mais uma garota de Bristol em NY. As pessoas por aqui são rudes e não te olham duas vezes. Eu estou servindo café para uma senhora sem educação. Ela é definitivamente uma vaca. Vou ao balcão buscar suas rosquinhas e quando me viro vejo o Sid de costas pra mim, na rua, de frente ao meu local de trabalho. Um aperto no meu coração, porque sei que é minha consciência sofrendo de saudade, porque não tem como ele estar ali. Levo as rosquinhas até a senhora, ela não agradece. Obviamente. Volto para o balcão e mergulho nos pensamentos sobre meu ex-namorado. Sim, meu lovely ex-namorado que eu abandonei pela terceira vez. Meu turno acaba e eu saio na rua. Vejo o dono da touca que avistei mais cedo, quase na esquina da Times e resolvo ir atrás. Meu subconsciente que tomou essa decisão por mim. Meu sub esperançoso. O rapaz da touca, está com algo na mão, um papel eu acho. Ele tem também óculos em sua face, e veste uma blusa de frio cinza que eu reconheço bem. Algo desperta dentro de mim. É ele. O meu Sid está em NY. Eu não me aguento de felicidade, porém tem quase um rebanho de gente separando ele de mim. Me esguio dentro da multidão e vou na direção do meu Sid. Paro no meio do caminho. O que eu estou pensando? Eu deixei nosso amigo morto dentro de um apartamento e fugi. Claro que chamei uma ambulância antes, mas isso não ajuda em nada na minha culpa esmagadora. Faço o retorno no lugar onde estou e rumo na outra direção.
- Você viu essa garota? Ela responde pelo nome de Cassie – olho para cima e ele está ali, me perguntando se eu me vi.
- Oh wow – é a única coisa que consigo dizer ao ver ele depois de um mês. Tudo passa na minha mente. Tudo.
- Eu te odeio – ele fala e me abraça como se eu fosse o mundo dele.
I Hate You
Eu a vejo mesmo em meio a uma multidão de pessoas apressadas. Seu cabelo está coberto por um capuz, mas eu reconheceria esses dentes em qualquer dimensão. Ando em sua direção e ela está se movendo para longe de mim. Será que ela me viu e está fugindo? Não. Eu não posso pensar nisso. Ela foi embora, eu sei. Pela terceira vez, também sei disso. Mas eu sei quando o amor existe, ou acho que sei. Vamos ver.
- Você viu essa garota? Ela responde pelo nome de Cassie – Cass me olha sem acreditar. Obrigada Tony, obrigada.
- Oh wow – puta merda como senti falta dessa voz. Dessa expressão.
- Eu te odeio – digo, vejo o choque, e a abraço. Saudade é eufemismo. Ela me abraça de volta e eu me sinto em Bristol. Sinto-me em casa. Completo.
- Nunca mais vá, por favor!
- Se eu for, você vem comigo. Eu prometo. Eu te amo Sid.
- Eu te amo Cass.
Ficamos abraçados. Mesmo com o empurra-empurra, permanecemos.
- Vamos pra casa, está frio.
- Casa?
- Sim Sid, eu não vivo na rua. Eu tenho um loft. Ou o meu amigo tem. Ele me emprestou e estou ficando por lá. Você pode ficar comigo. – amigo? Que amigo? Desde quando Cass conhece alguém de NY? O que eu perdi?
- Onde você conheceu esse amigo Cass? – Juro que tentei deixar a voz ciumenta de lado, mas não teve como.
- Na lanchonete onde estou trabalhando. Vem Sid. – ela me puxa e eu vou. Mesmo perdido.
- Trabalhando? – OI?
- Olhe em volta Sid. Não tenho família por aqui para me sustentar e me abrigar. Eu tive que me virar.
- Mas isso é tão repentino. Desculpe-me por estar chocado.
- Lovely, você se desculpando. – ela sorri pra mim com aquele sorriso. Sim, aquele.
Chegamos ao loft e já vejo a habitual desorganização da Cass por todo lado. Ela definitivamente está morando sozinha. Me sento no sofá. Eu quero beija-la. Ela porém, está tão diferente, mudada. Fico a observando tirar o que penso ser o avental da lanchonete.
- O que foi Sid? – ela pergunta me olhando.
- Apenas observando.
- Me conta – ela pede.
- Já falei, estou só te olhando. Eu estava com saudades.
- Não Sid. Me conta – ah sim, ela esta pedindo para falar do Chris. Do pessoal.
- O pai do Chris nos proibiu de ir no enterro – ela já está em lágrimas. Puxo-a para o meu colo – Eu e Tony roubamos o caixão para fazer nosso próprio enterro – ela me olha com os olhos brilhando e assustados – Claro que Jal e Michelle brigaram conosco e devolvemos. Fomos ao enterro e ficamos de longe. Jal falou coisas lindas. Você devia ter ido.
- Eu não podia Sid – eu a abraço fortemente.
- Eu entendo Cass. Ninguém te culpa.
- Eu me culpo, Sid. Eu poderia ter feito mais. – empurro o queixo dela pra cima e faço ela me olhar.
- Nem pense nisso Cassie. – depois de soluçar bastante em meus braços, ela me beija, e mais do que nunca estou em casa.
- E a Jal?
- Sinceramente não sei dizer como ela está lidando. Ela tirou o bebê e perdeu o Chris. Ela aparenta estar forte, mas eu acho que é só atuação.
- Claro que é só atuação. E eu não fazia ideia sobre o bebê – ela chora mais – isso tudo é absolutamente horrível.
- Sim, mas temos que seguir em frente. Por isso eu vim atrás de você. Porque eu preciso de você e preciso que você queira continuar comigo.
- Eu quero continuar com você, só não sei fazer as coisas darem certo, Sid.
- Deixem os dias passar.
- Lovely Sid!
Wow! Lovely
E os dias e as semanas se passaram. A mãe de Sid mandou dinheiro pra ele e alugamos nosso próprio loft. Jal veio nos visitar e mostramos nossa maravilhosa cidade pra ela. Até parecíamos nova-iorquinos de verdade. Marcamos todos de nós encontrarmos dentro de seis meses em Bristol, no túmulo de Chris. Eu voltei a comer. Dizendo o Sid que até engordei. Não gostei da brincadeira, mas deixei de lado. Eu e Sid não abusamos mais das drogas como antigamente. Trabalhamos na mesma lanchonete e sua mãe sempre manda dinheiro para nos ajudar. Mamãe e papai aparecem quando podem.
I Hate You
Seis meses se passaram e eu estou em um avião com minha namorada indo para Bristol. Vamos reencontrar os amigos do ensino médio. Todos vão. Marcamos de nos encontrar em ás 14:00 perto do túmulo de nosso amigo Chris. Para ele poder participar de tudo isso.
- Chegamos Cass – digo acordando minha namorada.
- Oh wow! – ela solta me fazendo sorrir. Pegamos um taxi e seguimos direto para o cemitério, pois já estamos atrasados. Chegamos pela colina e lá de cima avisto nossos amigos. Tony, Jal, Maxxie, Anwar, Michelle. Cassie se deita na beirada da colina e desce rolando, eu sigo descendo normalmente e rindo da minha namorada doida. Todos correm..
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