Baby, I Love U

Capítulo Único


O silêncio no ambiente era sufocante.

Três horas haviam se passado desde que Kashino e eu ficamos presos na cozinha da escola e não havia qualquer sinal de que seriamos resgatados tão cedo daquele lugar.

Eu já não sabia mais o que fazer.

Já havíamos gritado por quase uma hora, na esperança de que alguém por perto pudesse nos ouvir, mas tudo o que recebemos como resposta foi o completo silêncio. Também forçamos a porta na tentativa vã de abri-la, mas todas as nossas energias foram gastas no esforço inútil.

Por fim, Kashino e eu tentamos alcançar as janelas da cozinha, mas além de serem muito altas, estávamos no último andar do prédio da escola. Mesmo que conseguíssemos passar pelas grades das janelas, não era exatamente uma boa ideia pular do sexto andar.

Assim, tudo o que nos restou foi torcer para que um milagre acontecesse e alguma boa alma aparecesse para nos resgatar.

Por ser um feriado prolongado, praticamente todos os alunos da Academia St. Marie retornaram para suas casas para aproveitar um tempo com a família, inclusive Hanabusa, Andou, Rumi e Lemon.

Até pensamos em ligar para algum de nossos amigos para pedir ajuda, mas o celular de Kashino havia descarregado e o meu havia ficado no quarto, já que eu o esqueci quando saí às pressas por estar atrasada.

Suspiro.

Ter tanto tempo livre ao lado de Kashino sem nada que pudesse ocupar a minha mente estava sendo um grande problema para o meu coração, que recentemente descobriu um sentimento poderoso e perigoso que ia muito além de amizade pelo rapaz.

Já fazia alguns dias que minha mente agia de forma traiçoeira.

E tudo começou quando Kashino impediu que eu caísse das escadas, quando eu tropecei em meus próprios pés. A partir disso, minha cabeça insistia em me trazer detalhes desnecessários daquele momento, como o cheiro de seu perfume, a forma como seus braços circularam minha cintura de forma tão firme e protetora, como seus olhos demonstraram medo e desespero quando ele passou a me vistoria para garantir que eu não havia me machucado ou como ele parecia incrivelmente lindo naquele momento.

Nada daquilo fazia sentido.

E então, Kashino se tornou o principal alvo de minha curiosidade e pensamentos.

Meu corpo passou a reagir de maneira ambiciosa diante de seus toques, assim como meu coração se tornou extremamente sensível aos seus olhares e a qualquer mínima demonstração de preocupação ou interesse de Kashino por mim.

— Isso é tudo culpa sua.

No entanto, apesar da descoberta desse novo sentimento avassalador, isso não significava que eu não continuava desejando esganá-lo, como nesse momento.

Suspiro diante de sua acusação e o encaro frustrada.

— Essa já deve ser a décima vez que você fala isso. Eu já pedi desculpas. Eu não sabia que a porta da cozinha estava com problema — respondo, cansada.

Tudo o que ele havia feito após todas as nossas tentativas de sair da cozinha era reclamar e me culpar por estarmos presos.

— Que seja! Eu só quero sair daqui — resmunga Kashino, relaxando mais o corpo.

Talvez ele tivesse finalmente aceitado as minhas desculpas e entendeu que não adiantaria de nada ele continuar me culpando.

Ele retira a toca que usava e joga o corpo sobre a mesa em que estávamos sentados.

Nesse momento, reparo em como seus cabelos pareciam sedosos e como seus cílios eram grandes e volumosos.

Ao notar meu olhar intenso sobre si, Kashino me encara confuso e isso me desconcerta.

Levanto-me e passo a olhar em volta da cozinha que parecia ser uma das mais antigas do prédio, buscando uma forma de ocupar o meu tempo e impedir que eu fizesse alguma besteira que pudesse revelar meus sentimentos.

Sinto seus lindos olhos me observando com curiosidade, mas ele resolve permanecer calado. Provavelmente estava cansado demais para dizer qualquer coisa.

Assim que chego ao final da sala, noto que havia uma cristaleira com alguns itens antigos, que supus pertencerem aos antigos alunos da escola.

Eram coisas simples como fotos, alguns utensílios de cozinha e um rádio a pilha, que se destoava um pouco dos instrumentos que eram expostos.

Curiosa para saber se ele ainda funcionava, abro a cristaleira e pego o rádio, sentindo-me nostálgica ao notar que ele era semelhante ao usado pela minha avó.

— O que é isso? — pergunta Kashino, aproximando-se de mim.

— Um rádio de pilha. Minha avó usava um semelhante a esse quando eu era criança. Ela amava ouvir músicas enquanto cozinhávamos juntas — respondo, nostálgica.

Kashino me encara com curiosidade, mas logo desvia o olhar para o rádio.

— Ele ainda funciona?

Surpreendo-me com o interesse do rapaz. Conhecendo sua personalidade, imaginei que ele me repreenderia por mexer em algo que deveria ser valioso para a escola.

— Eu não sei. Como ele deve estar aqui há muito tempo, pode ser que tenha quebrado ou que as pilhas tenham parado de funcionar — comento, dando de ombros.

— Eles também podem ter tirado as pilhas para evitar que elas estufassem com o tempo — afirma Kashino.

— Sim. Mas só vamos descobrir se mexermos.

Kashino assente.

Passo a mexer no aparelho e surpreendo-me ao notar que não somente as pilhas continuavam dentro do rádio, como elas ainda funcionavam.

Sorrio animada para Kashino e meu sorriso se alarga ainda mais ao ver que ele parecia satisfeito com o resultado. Assim, passo a sincronizar o rádio na esperança de encontrar alguma estação que passasse músicas que nos animassem até a chegada de um resgate.

Para minha surpresa, a única estação em que consigo sintonizar estava passando uma música que tinha um significado bastante complexo para mim.

Não ouso olhar para Kashino.

Eu temia que se realizasse tal ato, ele percebesse meu nervosismo.

Baby, I Love U de TEE tocava sua melodia apaixonante e me relembrava das inúmeras noites em claro que passei, ouvindo essa música e pensando em Kashino.

Rumi era viciada na música e sempre me obrigava a ouvi-la, comentando sobre seu namorado e seus sentimentos.

Minha colega de quarto acabava me contando sobre o amor que sentia por Takuya e, de repente, eu me via compartilhando de emoções semelhantes por Kashino.

Por mais lerda e inexperiente que eu pudesse ser sobre o amor, em algum momento, eu já não conseguia mais negar que eu estava apaixonada pelo arrogante, frio e irritante garoto, que por mais que estivesse constantemente implicando comigo, também estava presente para me ajudar e me proteger sempre que eu precisava.

Eu nunca imaginei que pudesse sentir algo assim por alguém. Menos ainda por Kashino, alguém que deveria ser apenas um amigo.

Tudo aconteceu tão inesperadamente e de forma tão avassaladora que, quando dei por mim, eu não conseguia evitar o sorriso se formando em meus lábios ao vê-lo sorrir. De repente, eu sentia uma necessidade absurda de estar sempre com ele.

Eu havia até mesmo implorado à Kashino que me ajudasse a treinar sobre como temperar chocolate e invadido a única cozinha vazia no prédio inteiro — que provavelmente estava proibida de ser usada por causa no problema na porta —, apenas para ter a chance de passar um tempo sozinha com ele.

Como uma estúpida apaixonada e inconsequente, eu continuava a buscar desculpas para me aproximar dele e como resultado das minhas ações impensáveis, eu tinha nos colocado em uma encrenca.

Se eu tivesse pedido autorização aos professores, eles jamais permitiriam que usássemos essa cozinha e nós não ficaríamos presos por tanto tempo.

— Essa música... — sussurra Kashino.

Ele parecia tão agitado por ouvir a melodia quanto eu e isso me surpreende. Qual seria o significado de sua reação ao ouvir Always?

— Você conhece essa música? — questiono, mas logo me arrependo.

Que tipo de pergunta estúpida é essa?

É claro que ele a conhece, caso contrário, jamais agiria dessa forma. Além disso, não é como se a música fosse completamente desconhecida, já que Rumi fazia Kana e eu escutarmos essa música com frequência, então era possível que ele já tivesse a escultado alguma vez na vida.

Ainda assim, eu me sentia tão nervosa com a proximidade do rapaz, que eu nem mesmo conseguia pensar direito. Meu coração batia tão forte que eu temia que Kashino pudesse ouvi-lo.

Eu sou realmente uma idiota.

— Sim.

A voz de Kashino sai quase como um sussurro, mas ainda é capaz de fazer meu corpo reagir de forma absurda.

O timbre rouco e baixo tinha soado muito mais sensual e belo do que qualquer outra melodia que eu já havia escutado antes. E era ainda pior me dar conta de que seus olhos intensos se mantinham fixos sobre mim, hipnotizando-me de forma avassaladora.

O que está acontecendo comigo?

— Você... gosta do TEE?

Hesito em continuar aquele diálogo e me repreendo mentalmente quando minha voz sai muito mais afetada do que eu gostaria.

Eu me sentia inebriada com o aroma de seu perfume e a forma como ele me olhava. Era como se eu estivesse presa em um feitiço e fosse incapaz de desviar o olhar, ainda que me sentisse extremamente envergonhada.

— Não o conheço tão bem e não escuto tanto as músicas deles para dizer que gosto. Eu apenas ouço essa música com frequência — revela Kashino, parecendo envergonhado. — Ela é especial para mim.

— Especial? Por quê? — questiono, ansiosa.

Ele parece hesitar.

Kashino estava nervoso e era nítido que ele se sentia agitado com a pergunta, deixando-me ainda mais confusa.

Era tão difícil assim explicar o motivo de uma música famosa de banda antiga ser especial para ele?

A música chega ao refrão e Kashino parece ainda mais ansioso. Ele respira fundo e me encara com intensidade. Parecia ter chegado a uma decisão.

— Porque a garota que eu amo está constantemente cantarolando essa música, enquanto faz seus amados doces — confessa.

Arfo e é como se um balde de água fria fosse jogado sobre mim, quando ele se afasta e suas bochechas se tornam incrivelmente vermelhas.

Kashino está apaixonado? Por quem? Quando isso aconteceu? Quem foi a garota que foi capaz de roubar seu coração a ponto de fazê-lo agir de forma tão adorável?

Não era uma visão comum ver o rapaz tão envergonhado e sem jeito como naquele momento. Seus olhos brilhavam e era nítido como aquela música trazia lembranças únicas a ele. Até mesmo um sorriso doce se forma em seus lábios.

— A garota que... que você... ama? — balbucio, chocada. — Eu... eu a conheço?

Por mais doloroso que fosse saber que Kashino estava apaixonado, ele ainda é um dos meus melhores amigos. Então, mesmo sentindo que estava prestes a quebrar meu coração, eu quero que ele seja feliz.

Eu apenas repetia a mim mesma que eu deveria controlar meu coração e impedir que as lágrimas descessem pelo meu rosto por mais triste que eu estivesse.

— Sim. Você a conhece — afirma Kashino.

Ele finalmente me encara.

Seu rosto estava ainda mais vermelho, mas ele nunca pareceu tão doce e sincero como naquele momento. Kashino estava determinado a me contar e eu não sabia se seria capaz de reagir de forma positiva as suas palavras.

Respiro fundo, buscando um pouco de coragem para fazer a pergunta que ele tanto esperava. Era a primeira vez que eu me sentia tão insegura.

— E... e quem é ela? — questiono.

— Ela é a garota mais atrapalhada, intrometida e lerda que eu conheço, mas também é muito doce, divertida, esforçada e criativa. Eu sempre me surpreendo com suas ideias mirabolantes. A palavra impossível simplesmente não existe em seu vocabulário. Não importa quão difícil seja uma tarefa, ela fará o que for necessário para aprender.

Kashino abre um sorriso doce e orgulhoso. Essa era a primeira vez que eu o via elogiar uma garota com tanta doçura, gentileza e... amor.

Ao constatar isso, sinto-me destruída. Não há dúvidas de que ele está profundamente apaixonado e que eu jamais poderei competir com essa garota incrível.

— Para o meu desespero, ela está constantemente se envolvendo em problemas e eu nunca sei como ela vai agir, já que é uma das pessoas mais impulsivas que eu já vi em toda minha vida. Mesmo que possa colocá-la em perigo, ela é o tipo de pessoa que não hesitaria em pular na água para salvar um objeto que tem um valor significativo para um amigo — comenta Kashino, suspirando.

Pondero sobre as palavras do rapaz, mas não consigo pensar em nenhuma das garotas com quem convivemos que se encaixassem em sua descrição. Não que eu conheça muitas garotas na escola além das nossas colegas de turma e algumas garotas do último ano.

Por causa da popularidade de Kashino, Hanabusa e Andou, a maior parte das garotas da Academia St. Marie desenvolveram um grande ódio por mim, que era colega de grupo dos Príncipes dos Doces da escola.

— E ela é incrivelmente linda. Ao ponto de quase me fazer enlouquecer com sua ingenuidade por não se dar conta dão quão encantadora ela é.

Kashino suspira, parecendo chateado.

Naquele momento, eu já não sabia mais se conseguiria suportar ouvi-lo proferir tantos elogios sobre uma outra garota. Meu coração doía a cada novo sorriso ou suspiro dado pelo rapaz ao descrever a pessoa que tem o feito sorrir de maneira tão brilhante.

Completamente destruída por dentro, eu engulo o meu desejo incontrolável de me entregar ao choro preso em minha garganta e me afasto de Kashino para colocar o rádio de pilha sobre uma das mesas da cozinha.

De costas para o rapaz, reúno toda a minha força de vontade para me recompor e dar o meu melhor sorriso.

— Eu não faço ideia de quem poderia ser essa garota tão incrível, mas ela é uma garota de sorte — respondo. — E estou feliz por você ter se apaixonado por uma pessoa tão especial.

— Você é inacreditável... — murmura Kashino, frustrado.

— O quê...? — questiono, confusa.

— Como você pode ser tão lerda?!

Kashino se apoia na mesa e abaixa a cabeça, como se não soubesse mais o que fazer.

Eu não conseguia entender o motivo de sua irritabilidade. Tudo o que eu havia feito era parabenizá-lo e desejado sua felicidade com todo o meu coração, então por que ele parecia tão chateado com minhas palavras?

— O que foi que eu fiz? — resmungo, frustrada. — Por que está tão zangado comigo? O que você esperava que eu fizesse?

Kashino bufa e se aproxima de mim a passos largos.

Assim que me alcança, Kashino respira fundo e pega em minhas mãos, encarando-me de forma apaixonante, desesperada e frustrada, que não sou capaz de fazer nada além encará-lo surpresa.

— É tão frustrante lidar com você... — murmura Kashino. — Você realmente não sabe ou está se fazendo de idiota?

— O quê...? — sussurro, confusa.

— O que mais eu preciso fazer para você entender que a pessoa que eu amo é você? — questiona o rapaz.

Arfo diante da declaração desesperada de Kashino. Seus olhos mostravam tanto medo e ansiedade, que naquele momento, ele não se assemelhava em nada ao garoto confiante e de personalidade forte, que enfrentou toda a família para seguir seus sonhos, ainda que todos tivessem virado as costas para ele.

E por alguns instantes, eu não conseguia ter qualquer reação. Era simplesmente surreal que a pessoa por quem sou apaixonada estivesse simplesmente se declarando. Não fazia o menor sentido.

Eu sentia como se estivesse presa em um universo paralelo. Nem em meus sonhos mais malucos, eu fui capaz de me imaginar diante de Kashino, sentindo suas mãos tremerem com tanta intensidade e vendo seus olhos me encararem com tanta angústia.

— Você... você realmente... gosta de mim? — balbucio, completamente em choque.

Ele se aproxima mais.

Seus olhos se fixam nos meus.

Há nervosismo, ansiedade e... desejo. Era algo difícil de se explicar, mas era como se eu estivesse sendo envolvida em algo perigoso, mas encantador.

A mão de Kashino vai até o meu rosto. Sinto meu coração errar algumas batidas e meu rosto se tornar extremamente quente. Meu estômago se revirava e minhas mãos também tremiam. Ainda assim, sou incapaz de me afastar.

Kashino passa a diminuir a distância de nossos rostos, enquanto seus olhos alternam entre meus olhos e minha boca. Isso me deixa ainda mais ansiosa. E como se pedisse permissão para continuar aquela loucura, ele para.

Arfo, agitada, mas frustrada.

E assim, envolvida pela loucura e pelo desejo de me envolver com aquele rabugento, mas lindo garoto, eu o encerro a distância entre nós, puxando-o para um beijo.

Nossos lábios se encontram de forma brusca, desajeitada. Eu não sabia bem como agir e ele parecia surpreso pela minha ação inesperada. Mas aos poucos, ele me envolve em seus braços e tudo se torna mais calmo e envolvente.

Eu me sentia completamente nas nuvens. Minha mente estava em estado de choque e se não fosse pelos braços de Kashino me sustentando, minhas pernas provavelmente não seriam capazes de me manterem em pé.

De repente, a porta da cozinha é aberta de forma abrupta.

Assustados, Kashino e eu nos afastamos no instante em que o local é invadido por Lemon, Hanabusa, Andou e Rumi, que nos encaram surpresos.

— Parece que atrapalhamos algo importante — comenta Rumi, sorrindo maliciosa.

Lemon fica extremamente vermelha, enquanto Hanabusa e Andou riem, divertindo-se com o nosso constrangimento.

— Vocês querem que a gente saia para vocês continuarem? — questiona Hanabusa, encarando-nos em desafio.

— Cala a boca — resmunga Kashino.

— Como... vocês nos encontraram? — pergunto, mudando de assunto.

— Por quê? Ficaram chateados por isso? — provoca Rumi.

— Rumi! — repreendo a garota.

— Desculpa, Ichigo, Kashino — murmura Lemon, desviando o olhar.

— Não se preocupe, Lemon — tranquilizo-a, enquanto me recomponho.

Ela sorri sem graça.

— O professor Henri me ligou preocupado, quando não conseguiu falar com nenhum de vocês dois. Imaginando que algo pudesse ter acontecido com vocês, liguei para a Rumi, Andou e Hanabusa para saber se eles sabiam onde vocês poderiam estar.

— Como sabemos o histórico da Ichigo, viemos direto para a escola, porque pensamos que ela pudesse ter se machucado ou que a Koshiro tivesse sequestrado o Kashino novamente — comenta Andou, sorrindo. — Mas fico feliz que esse não tenha sido o caso. É bom saber que finalmente estão juntos.

— Presos sozinhos na cozinha abandonada da escola, enquanto escutam Baby, I Love U? Vocês são muito mais românticos do que pensávamos — afirma Hanabusa.

— De qualquer forma, como conseguiram nos encontrar?

Kashino repete a pergunta que eu havia feito, em uma tentativa de mudar de assunto e evitar mais comentários constrangedores de nossos amigos.

— Depois de perguntar para todo mundo se alguém havia os visto, verificamos que vocês não saíram da escola. Então, tivemos que informar ao diretor do desaparecimento de vocês e ele nos disse que os viu vindo para o último andar da escola — explica Rumi.

— Então eu lembrei que minha mãe me contou que a porta dessa cozinha estava com defeito, depois que alguns alunos fizeram algumas brincadeiras sem graça que a estragou. Por isso, imaginei que vocês estivessem presos aqui, já que Kashino havia comentado que iria ensinar Ichigo a temperar chocolate — completa Hanabusa.

— Pelo visto, eles quiseram temperar outra coisa — sussurra Rumi, deixando-me ainda mais envergonhada.

— Rumi!

Sinto meu rosto ficar ainda mais vermelho e pelo canto do olho, posso ver que Kashino não estava muito diferente de mim.

— De qualquer forma, vamos sair daqui que eu estou morrendo de fome — comento, indo em direção ao rádio de pilha. — Vão indo na frente que eu só vou guardar isso aqui e eu já vou.

— Tudo bem. Não demore, porque queremos detalhes do que aconteceu aqui — avisa Hanabusa, tendo o apoio de Rumi, Andou e até mesmo Lemon, que mesmo envergonhada, assente animada.

Imaginando que Kashino os seguiria, aproximo-me do rádio de pilha e o guardo de volta em seu lugar.

Suspiro e fecho os olhos, levando minha mão até a minha boca, ainda sentindo a maciez e o calor dos lábios de Kashino sobre os meus. Imediatamente sorrio ao me dar conta que, assim como em meus sonhos, nós havíamos nos beijado.

No entanto, não permaneço em meus devaneios por muito tempo, pois logo sou alvo dos braços acolhedores de Kashino, abraçando-me de surpresa. Arfo diante da ação inesperada, mas logo relaxo ao reconhecer o seu perfume.

— O que você está fazendo? — sussurro, envergonhada.

— Apenas confirmando de que eu não estou sonhando — sussurra de volta, apertando mais o abraço. — E caso não tenha ficado claro, já que você é a pessoa mais lerda que eu conheço, a pessoa que eu amo é você.

Ergo meu rosto e encontro seus olhos me encarando com um brilho que eu nunca tinha visto antes. Sorrio e, deixando de lado toda a timidez que eu sentia, viro-me para abraça-lo.

Fico na ponta do pé e me aproximo da orelha do rapaz, enquanto meus braços contornam seu pescoço.

Baby, I love U, I love U, I love U — canto o refrão da canção que nos levou até aquele momento e sorrio para Kashino.

Ele sorri e volta a me beijar.

Eu sabia que ainda teríamos que lidar com as provocações de nossos amigos e com a indignação das fãs de Kashino, que jamais aceitariam o nosso relacionamento, mas nada daquilo importava naquele momento.

Tudo o que eu queria era permanecer em seus braços e ter a certeza de que não importa qual desafio surja, ele continuaria sendo o rapaz rabugento e exigente, que foi capaz de me fazer cantarolar uma canção de amor e sonhar com o nosso conto de fadas.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.