O sol estava nascendo. As ruas estavam cada vez mais cheias de pessoas indo para o trabalho. Por mais que elas fizessem isso todos os dias, lutar contra o sono era algo difícil. Dava pra notar a cara azeda de cada uma delas.

O moreno observava a movimentação através da parede de vidro de seu escritório. "Todo dia a mesma coisa" pensou.

— Não acha isso chato, Namie-San? - O informante fransiu as sobrancelhas ainda observando os seres que se moviam lá em baixo.

— O que? - Namie organizava livros e papeladas.

— Rotina. Todo dia a mesma coisa - O moreno se jogou na cadeira giratória atrás de si.

— Qual é o problema com ela? - Parou de fazer sua tarefa para olhar o homem esguio que girava como uma criança retardada na cadeira.

— É entediante, não acha?

— Você é entediante - Continuou com o trabalho.

— Ehhh? - O informante parou de girar.

Namie ri.

— Você perguntou, eu respondi, ué.

— Querida Namie-San, não faça isso - Disse em um tom de brincadeira, mas um tanto perigoso. Namie sabia que "dependia" de Izaya, e que ele era perigoso, então aquilo soou um tanto ameaçador.

— Você reclama daqueles que seguem uma rotina, mas você faz a mesma merda todos os dias.

A expressão do moreno foi de debochada para séria. Era verdade. Como Orihara Izaya, o ser mais avarento de todos poderia fazer as mesmas coisas todos os dias?

— Não, eu... - Não queria admitir, muito menos acreditar.

— Bem, eu terminei por hoje. Boa sorte com sua crise existencial - Namie foi para seu quarto com um sorriso discreto e maldoso, sabia que mexeu com o psicológico do informante.

Crise existencial, foi exatamente isso que um dos homens mais perigosos de Ikebukuro "sentiu" por se dizer assim, naquele momento.

O moreno voltou a observar as pessoas.

— Eu faço isso? - Perguntou para si mesmo.

Ele podia não fazer as coisas normais como os outros, mas fazia as suas coisas anormais todos os dias. Informações, informações, fugir de uma certa criatura raivosa, novamente informações, telefonemas, fugir da criatura raivosa de novo...

Um tédio devastador tomou conta do informante. Quase que uma depressão.