Gabriel era o mais estimado conselheiro de um clube de auto-ajuda virtual. Participava de conferências de vídeo regularmente, sempre com um bom dizer nos lábios e um coração aberto. Certa vez, uma menina questionou-lhe:

"Você realmente já passou por algum problema, Gabriel? Não parece."

"Ah, não devemos nos preocupar com tanta coisa."

Pertinaz, assentiu, só não vislumbrou o conselheiro com novos olhos. Tampouco percebeu o conflito detrás da vagueza das palavras do mentor. Só queixou-se da própria negligência quando foi notificada de que, da ponte da quinta rodovia, no abatimento da noite, debruçou-se Gabriel.

Moça, dor psicológica não é tangível.