Lembranças de Lily

–Snape? O que faz aqui? – Disse Lily seca. – Pelo que eu me lembre, você mora nas masmorras.

Achei estranho Lily estar agindo desse jeito. Ela sempre era um doce com qualquer pessoa. Nunca a vi falar com tanta raiva, nem mesmo com o James.

– Lily, me desculpe... – Disse o sonserino. – Eu realmente não queria...

– Me chamar daquilo? – Disse brava se aproximando do garoto. – Mas chamou. E eu não vi nenhuma sombra de arrependimento na hora que disse.

– Mas eu me arrependi! Eu só...

– Só o que? Snape eu não quero mais saber de você e você sabe muito bem disso. Vá ficar com seus amiguinhos. – Disse dando as costas para ele. Mas ele a puxou de volta.

– O que aconteceu com você, Lily? – Perguntou mudando o tom de voz. – Você está andando muito com o Potter, não vou permitir que você...

Lily olhou furiosa para ele. Puxou seu braço, que ele ainda então segurava.

– Você não vai permitir? – Riu sarcástica. – Permitir? Quem você pensa que é pra permitir alguma coisa, Snape? – Ele abriu a boca, mas ela foi mais rápida. – Nada. Você não é nada. Me deixe em paz. Eu faço o que eu bem entender da minha vida e não é você que vai me impedir.

Ouvi um barulho atrás de mim e olhei e vi Sirius e Remo segurando James, impedindo-o de vir pra cá. Sorri levemente.

– Mas Lily... – Tentou novamente.

– Mas nada. O que eu faço ou deixo de fazer com o Potter não é da sua conta. E além do mais, para você é Evans. – Disse saindo, mas parou e olhou para trás. – Na verdade, não é nada. Não me chame Snape. – E entrou, com Ammy atrás. Ele olhou para mim.

– Você é a amiga dela. Não deixe ele a magoar.

– Se você não percebeu, você é o único que a esta magoando. – Disse. Ele suspirou e foi embora. Os meninos chegaram perto. Sirius ainda segurando James firme, me perguntou.

– O que estava acontecendo? Só ouvimos Lily dar uma bronca nele. O que ele falou para você.

Não achei que deveria contar para ele, afinal o assunto é entre Snape e Lily, então falei a primeira coisa que veio na minha mente.

– Ele só me mandou falar que ele sente muito. – Falei. Os meninos bufaram alto. – Eu vou ver se a Lily está bem, e James? – Ele olhou para mim. – Tente não a incomodar por um tempo, ela está realmente brava. – Ele concordou.

Entrei no Salão Comunal e procurei rapidamente com os olhos se elas estavam sentadas por aqui. Nada. Resolvi subir para nosso quarto. Quando entrei, só vi Ammy arrumando a cama de Lily. Ela me viu entrar e se virou.

– Tente... Não comentar nada com ela.

– Cadê ela? – Perguntei.

– Tomando banho. Ela vai ficar lá por um bom tempo. – Disse. Concordei e comecei a arrumar minha cama. Um tempo depois, Lily saiu vestida com seu pijama e os olhos vermelhos. Ela se dirigiu a sua cama e sentou.

– Belo pijama. – Comentei com os desenhos de hipogrifos em todo o conjunto. Ela sorriu levemente.

– Desculpe por terem ouvido aquilo. – Disse. – Eu devo vocês uma explicação.

– Claro que não, Lily. – Disse Ammy. – Você não nos deve nada.

– Mas eu quero explicar.

– Ok. – Disse me sentando em sua cama. – Mas só se você quiser, não estamos te forçando a nada. Ela sorriu em agradecimento. Ammy se juntou a nós e ela começou a falar.

– Bem, - Começou. – eu o conheço desde os meus sete anos. Ele era um vizinho meu e, pra falar a verdade, meu único amigo. Ele que me falou que eu era uma bruxa e me explicou tudo que eu deveria saber.

“— Eu sei o que você é.
— O que você quer dizer?
— Você é... você é uma bruxa, — sussurrou Snape.”

– Me disse que não podíamos usar magia fora da escola. – Lembrou Lily.

“—... e o Ministério pode punir você se você fizer mágica fora da escola, você recebe cartas.
— Mas eu tenho feito mágicas fora da escola!
— Está tudo certo. Nós ainda não temos varinhas. Eles deixam de te punir quando você é criança e não consegue se controlar.”

– E que não importava de onde eu viera. Não fazia a menor importância de ser quem eu era.

“— E não faz diferença ser Nascida-Trouxa?

— Não, — ele disse. — Não faz nenhuma diferença.”

– Mas um dia tudo mudou. – Disse suspirando. – Ano passado, depois dos NOM’s, fui para o jardim e vi James e Snape brigando. Mais uma vez. E eu, como uma boa amiga, fui lá defende-lo.

“— DEIXE ELE EM PAZ! — berrou Lílian. Puxara a própria varinha agora. James e Sirius a olharam preocupados.
— Ah, Evans, não me obrigue a azarar você — pediu James sério.
— Então desfaça o feitiço nele!
James suspirou profundamente, então se virou para Snape e murmurou um contra-feitiço.
— Pronto — disse, enquanto Snape procurava se levantar. — Você tem sorte de que Evans esteja aqui, Ranhoso...”

– E ai eu ouvi a pior coisa que meu melhor amigo podia ter dito.

“— Não preciso da ajuda de uma Sangue-Ruim imunda como ela!”

– E desde então eu não falo com ele. Ele vive correndo atrás de mim pedindo desculpas, mas eu não consigo desculpa-lo por isso. – Respondeu. – Tudo seria tão diferente se ele não tivesse se metido com as piores influencias possíveis.

Lily tinha voltado a chorar no meio da história. Dava para ver que mesmo depois de tanto tempo, isso ainda a machucava. Eu não saberia a sensação de perder um amigo por algo tão horrível como ela perdeu Snape. Olhei para ela e fiz carinho em seus cabelos. Nem eu ou Ammy sabíamos o que falar naquele momento. Lily então disse que ia dormir um pouco, então nós duas acabamos descendo para o Salão Comunal novamente.

Vi os marotos todos lá. Sirius e Peter jogando xadrez de bruxo, Remo lendo e James andando de um lado pro outro sem parar. Quando ele me viu, parou e me olhou preocupado.

– Ela ta bem? – Perguntou.

– É, ela tomou um banho e disse que ia deitar um pouco. – Respondi. Isso fez com que ele se acalmasse um pouco e se sentasse. Não comentei nada sobre nossa conversa.

– Peter, ta ficando muito fácil ganhar de você assim. – Disse Sirius bufando. Peter se levantou e se sentou um pouco distante dos outros. – E ai, meninas, alguma de vocês querem jogar?

– Eu não sou muito boa. – Respondeu Ammy. – Mas de qualquer forma, vou fazer meu dever de Defesa Contras Artes das Trevas, então não vai dar. – Disse se sentando. Sirius olhou para mim. Sorri e sentei em frente a ele.

– Já vou avisando que não sou a melhor nisso. – Falei arrumando as peças. Ele sorriu e começamos a jogar.

Depois de ganhar quatro vezes seguida de Sirius, que não ficou nada feliz com isso, Lily desceu ainda de pijama e se sentou entre Remo e James. Sirius sorriu.

– Ruivinha, eu já te disse que você fica linda nesse pijama de hipogrifos? – Ela sorriu levemente.

– Obrigada, Sirius, se um dia quiser emprestado, é só pedir. – Rimos dele. Ouvimos a barriga dela roncar, e logo ela ficou vermelha. – Aparentemente eu to com fome.

James se levantou.

– Lily está com fome então, quem vai comigo para a cozinha? – Perguntou. Ninguém se manifestou. – Ah, pelo amor de Deus, acham que eu consigo carregar quantas coisas sozinho? – Lily se levantou relutante.

– Já que eu to com fome, eu vou. – Disse, mas James recusou. – O que?

– Almofadinhas vai comigo, vocês ficam aqui. – Disse puxando Sirius. – E acho melhor vocês nos esperar no nosso quarto. – Lily o olhou com cara feia. – Lily, se trouxemos comida aqui, todos vão querer e vão ver. E eu sei que não quer que pisemos no quarto de vocês. – Ela suspirou e concordou. – Ótimo, vamos Sirius. – E o puxou para fora. Remo levantou.

– Então, vamos? – Concordamos. Subimos e chegamos até o quarto deles, onde uma gravata estava pendurada na maçaneta. Remo suspirou e bateu três vezes. Um garoto alto e moreno abriu a porta só de shorts.

– Foi mal, Remo. – Disse o garoto. – Esqueci de tirar a gravata. – E olhou para nós, garotas, e corou. – Ah. Oi meninas.

Lily sorriu inocente.

– O que você tava fazendo ai, Frank? – O garoto ficou mais vermelho e entrou, e nos o seguimos. Ouvi um barulho no banheiro, e supus que alguém estava tomando banho. Ai que me toquei. Frank não estava sozinho. Ele estava com uma garota.

– Eu? Eu, nada. Só... Sabe, passando o tempo. – Disse meio encabulado. Ele sentou na primeira cama, que deduzi ser a dele. Olhei o quarto. Era um quarto como o nosso, mas com mais camas e mais bagunça.

Do lado esquerdo do quarto, tinha três camas. A primeira era de Frank. A segunda eu supus ser do James, já que havia uma foto da Lily do lado. A ultima havia uma moto enorme colada na parede com uma garota em cima, e vamos dizer que ela não estava totalmente vestida. Supus que seria a do Sirius. Do lado direito tinha apenas duas. A primeira era arrumada, o que deveria ser obviamente a do Remo, então a ultima, que era realmente bagunçada e cheia de papel de doce, deveria ser de Peter.

Remo sentou em sua cama e guardou o livro que estava lendo. Olhou para nós três e disse:

– Bem, meninas, se sintam a vontade. – Olhamos o quarto. Fui em direção a cama do Sirius e sentei. Ammy sentou do meu lado, o que, devo dizer, decepcionou Remo. Quando Lily veio sentar ao meu lado, me deitei, não deixando espaço para que ela sentasse. Ela me olhou feio e sentou bem na ponta da cama de James. Uns segundos depois uma garota morena saiu vestindo uma camisa enorme e calças, que obviamente eram de Frank. Ela parou estupefata olhando para todos nós.

– Ah... Oi. – Disse um pouco vermelha. Ela olhou para Lily e sorriu. – Lily Evans, o que você faz na cama do James? – Ela revirou os olhos e foi abraçar a amiga.

– Alice! Estava morrendo de saudades de você. – Disse. Depois virou em minha direção. – Essa é Elizabeth Parker. Ou Liz. Ou Lizzie, mas só o Sirius a chama de Lizzie. – Alice sorriu maliciosamente.

– Então, Lizzie, você e o Sirius são...

– Amigos. – Afirmei. – Prazer em te conhecer. – Ela sorriu para mim e se deitou na cama de Frank. Lily olhou parar mim.

– Ela e Frank namoram. – Explicou. – Então, Alice, o que vocês faziam aqui, sozinhos, com a porta trancada e uma gravata pendurada na maçaneta?

– Nós estávamos fazendo sexo. – Disse descaradamente. – E foi muito bom. – Frank ficou vermelho como um pimentão.

– Alice!

– O que? Foi bom mesmo, Frank. Não tenha vergonha de admitir que é bom de cama. – Ela sorriu. – E o que vocês fazem aqui, meninas? Sirius e James se meteram em encrenca de novo?

– Não, Lily disse que estava com fome e os meninos foram buscar comida. – Nisso que eu falei, os meninos entraram. – E eles estão aqui.

– Sentiram minha falta, meninas? – Perguntou Sirius sorrindo com duas tortas nas mãos. Ele olhou para mim. – Ah, vejo que já se apossaram da minha cama.

– Bem, não dava pra deitar na de Frank, que a Alice é a namorada dele. A de Remo é da Ammy. A de James é da Lily e a do Peter é um nojo. Como você é o único sozinho, sentei aqui. – Sorri.

– Haha, muito engraçado. – Ele se sentou do meu lado. – Ruiva, trouxemos quatro sabores diferente de torta e suco de abobora. Essas que estão comigo são de maça e abobora. Os com o James são de morango e chocolate.

– Chocolate. – Disse Lily. Sentamos em um circulo no chão e colocamos as tortas e o suco no meio. Ficamos conversando e rindo até tarde, contando historias, principalmente as que envolviam James e Lily. Depois de muito tempo, fomos caindo no sono, um por um, até que os que sobraram resolveram dormir.

O problema foi onde fomos dormir.