Até As Últimas Consequências

Aquelas que tecem as tramas da vida


Sugestão de trilha: Reminiscence (Rozen Maiden – OST)

Lydia ficou atônita com a notícia. “Então, ele pode realmente voltar para mim? Eu posso ajudá-lo a voltar, mesmo não estando aqui?”. As perguntas brotavam uma a uma em sua mente.

— Sim, você pode trazê-lo de volta! – afirmou Hell.

— Uma pergunta: se ele não está aqui e nem no castelo do Hades e Perséfone, onde posso encontrá-lo?

— Que tal você fazer o seguinte? Vá conversar com as Moiras, que são as Senhoras de Nosso Destino e veja como está a trama de Edgar. O que envolve realmente o dia do assassinato. – sugeriu Hell.

— Trama? – perguntou Lydia.

— Isso! As Moiras tecem uma trama desde o nascimento até a morte de uma pessoa. Cada pessoa tem uma trama, suas atribuições e feitos durante a vida. Assim como você, Raven e Edgar. Cada um tem a sua própria trama. Só que tem um porém…

A condessa nem ousou perguntar o que seria, mas Senhora dos Mortos explicou:

— Conforme for chegando ao momento do incidente, você terá que observar se… a trama torna-se de vermelha para negra e a última Moira cortar o fio da vida de Edgar, estava no destino dele morrer desse jeito…

— E se não for assim? – Lydia perguntou em um tom incerto.

— Bem, se a trama ficar apenas vermelha e a última Moira não cortar o fio que envolve a vida dele, isso significa que foi outra pessoa que interferiu em seu destino.

“Se acontecer a primeira hipótese, tudo que fiz até aqui foi em vão”, lamentou a fairy doctor. Mas Hell percebeu a apreensão da jovem e propôs:

— Se fosse você, apostaria na segunda hipótese… - e piscou para Lydia.

A condessa, em sinal de respeito, abaixou a cabeça e agradeceu a Senhora dos Mortos.

— Muito obrigada por tudo, senhora! Devo partir?

— Já sem tempo, Lydia. Tomte irá acompanhá-los até uma parte do caminho e o resto é com vocês.

A fairy doctor ajoelhou-se e beijou sua mão respeitosamente.

— Lydia, Lydia, isso não é uma relíquia religiosa!

E as duas riram.

E antes de sair, Hell disse:

— Volte quando quiser, principalmente para jogar xadrez! Você precisa praticar! – e deu sorriso.

Sugestão de trilha: Awai Omoide (Rozen Maiden – OST)

E eles seguiram a viagem, agora sob os cuidados de Tomte. Não voltaram pelo mesmo caminho, mas por um atalho que facilitava a saída do reino de Hell de forma mais rápida. Afinal, o tempo corria contra eles. Tomaram a barca de Ascálafo novamente.

Enquanto o barqueiro, Tomte e até Raven travavam uma animada conversa, Lydia ficou repassando tudo o que tinha conversado com Hell. A embarcação estacionou em uma praia, que remetia ao País das Fadas, tanto que se dava a sensação que a qualquer momento, Tytânia iria aparecer para saudá-los. “Mas não é o caso… Até porque ela está em minha casa cuidando de Aurthur e zelando por Edgar”, lembrou-se. Desta vez, não era o filho que estava em perigo, agora era o pai, o seu melhor amigo, seu amante, seu amor verdadeiro, era Edgar que precisa dela mais do que nunca.

Eles agradeceram o barqueiro e Tomte os levou floresta adentro. A fairy doctor continuava divagando em seus pensamentos que nem se deu conta do caminho que estava tomando até que…

— Aqui está! Esta é a morada das Moiras – anunciou Tomte.

E eles deram de cara com uma casa pequena e simples, que mais parecia com uma cabana, bem próxima dos lares dos camponeses do interior da Inglaterra, ou mesmo da Escócia, país natal de Lydia. E então, a condessa pôde ver a fumaça que saia pela chaminé. Estava com frio, fome e com os pés doloridos.

— Bem, deixou-os aqui! Vou voltar para minha morada e Boa Sorte! – sorriu o homenzinho.

Lydia, com a gentileza de sempre, junto com Raven, fez uma mensura para agradecer ao pequenino.

— Muito obrigada por tudo!

— Não há de quê! Agora vá! E boa sorte, bondosa senhora! – disse Tomte e partiu tão rápido que eles nem puderam ver que caminho tinha tomado.

— Vamos, milady! Agora falta pouco! – convidou Raven.

— Assim espero. – respondeu Lydia.

Ambos pararam ao pé da porta e Raven bateu três vezes. Passou-se um tempo e pode-se ouvir a voz de uma mulher dizendo:

— Está aberta! Podem entrar!

Raven abriu lentamente a porta, com Lydia atrás dele. E aí, o lugar revelou-se algo completamente diferente do que aparentava do lado de fora. Era amplo, ensolarado e bonito. A lareira estava acessa e isso deu um certo conforto para Lydia que tinha passado tanto frio. Ambos limparam os pés no tapetinho que se encontrava na soleira. E pouco mais adiante, um imenso tear era manipulado por três mulheres. Eram as Moiras, a próxima parada para reencontrar a alma de Edgar.