— Ah, Alphys. Vamos lá! Você nunca vai encontrar essa assassina facilmente. Digamos que, puff, ela sumiu.

— Sans, se eu não ficar procurando-a, aí mesmo que eu não a encontrarei.

Com o tom firme, Alphys pronuncia se ajeitando na cadeira giratória, virando-se para seu parceiro. Ele parecia já estar se conformando de que a assassina havia desaparecido e que, ela não iria reaparecer facilmente. Vieram dias e passaram-se dias, mas nenhum sinal da suspeita. Sans estava sem determinação, de encontrá-la.

Mesmo sem determinação, Alphys ainda mantinha o anseio e o amor por investigar. Todos os dias atualizava o site de bancos de dados, buscando alguma informação que lhes pudessem ser atraentes. Mesmo que isso significasse ficarem dias e noites sem dormir. Sua desculpa:

A justiça nunca dorme.

E se ela não dorme... Sem dúvidas era certo: Não se deveria dar o luxo de deixar de realizar buscas pela criminosa.

Parado próximo à porta, o esqueleto deu de ombros com o sorriso típico. Aproximou-se da amiga e tirou de dentro do bolso do uniforme, dois cupons. Cutucou as costas de Alphys, observando-a suspirar e dando a atenção que almejava:

— Ah, Sans. O que... — Ele abanou os cupons na frente do rosto dela, em seguida recebendo tapas em sua mão, na tentativa de afastá-lo. Recuou com o humor simpático de sempre, ainda com os papéis estendidos. — Mas o que é isto?

— Huh, isso? — Analisou de forma silenciosa, mas não hesitou em soltar mais um de seus comentários brincalhões. — É o ingresso para entrarmos no covil da criminosa, o que mais seria?

Alphys ajeitou os óculos, revirando os olhos com um ar entediado. Antes que pudesse virar novamente para o monitor ligado, Sans balança novamente os papéis no rosto da monstra. Fazendo-a com que prestasse a atenção no que viria a seguir:

— Bom, são convites para um Baile de Carnaval.

— Ah, ok. — Com o olhar enojado, ajeitou novamente os óculos, virando a parte rotatória da cadeira para frente, retornando a teclar com destreza e atualizando a página de informações e trocou para uma guia aberta de um noticiário que estava assistindo. — Tsc.

Escutou os passos de Sans e este pausou o vídeo, teclando a barra de espaço. Pegou o rosto da amiga com uma das mãos, tomando novamente a atenção dela total para si. Reproduziu um som semelhante a um “pigarro”, removendo a mão de forma delicada de seu rosto.

— Sério Alphys... — Iniciou, puxando uma cadeira atrás e se sentando, tentando não exibir uma feição assustada sobre o quão ela estava mais baixa que o comum. Apoiou o braço na bancada de madeira marrom, dirigindo suas íris brancas para a ouvinte. — Você não sai para se divertir faz dias! Mettaton está quase enlouquecendo, então ele resolveu recorrer a mim. E eu tinha a ideia perfeita para te tirar desse negócio.

Alphys bebericou o café que estava em uma caneca personalizada com o seu anime favorito, manifestando uma feição enojada. O café havia esfriado pelo ventilador estar no máximo. Retornou a olhar para o esqueleto.

— Não seja estúpido de achar que eu sairei daqui para me divertir. Tenho mais o que fazer. — Argumentou, bufando. Olhou para o celular, ajustando o status para o modo vibratório. Seus olhos voltaram para o amigo. — A justiça nunca morre.

Com o sorriso bobo e tradicional, Sans afagou a cabeça da parceira. Fora repreendido e tirou a mão da cabeça dela, repousando novamente na bancada. Precisava arrumar algum argumento para convencê-la a sair da frente desse computador e respirar o ar livre lá fora, algo que não fazia há semanas.

Olhou para a caneca de rosada com uma garota com características de gato, observando algo curioso e que aquilo estava em todo lugar.

— Olha, é um baile carnavalesco de máscaras. — Com o comentário, Alphys esboçou o rosto tradicional e amargurado com o toque de “e eu com isso?”, mas manteve-se em silêncio. — Você pode usar sua Sailor Máscara, para curtir as coisas lá. Afinal, as pessoas estarão mascaras e bem vestidas.

Os olhos havanas olharam para Sans, dando-o a entender que conseguiu o entusiasmo da amiga. Imaginou então que ela ia mudar de ideia rápido, se continuasse a jogar no fundamento de animes.

— Você poderá encontrar pessoas fantasiadas de anim-

— O NOME DAQUILO É COSPLAY, SANS!

— Ok, ok... — Sans passa a mão onde que poderia ser sua orelha, tentando tranquilizar a mente após o grito afinado da amiga. Juntou as mãos e pôs os ingressos na mesa. Olhou para Alphys que estava alterada. O rosto da tonalidade amarela estava com o rubor vermelho, como exaltação. Ela bebericou novamente o resto de café. — Você poderá encontrar pessoas fazendo cosplay. Pensa que bacana seria!

Ouvindo aquilo, parou e pensou. As possibilidades de encontrar alguém que tivesse os mesmos gostos que ela era no mínimo, baixa. E o medo que Alphys tinha era encontrar um poser. No entanto, em sua mente, não deixava de projetar a imagem de uma conversa sobre animes e cultura geek. Refletiu com a mensagem em sua cabeça:

“E se encontrasse?”

— Ok, Sans... — Se deu por vencida, todavia antes que ele pudesse comemorar, ela direcionou um de seus dedos à boca dele, silenciando-o. O olhar foi confuso, mas ficou mudo como assim lhe era proposto. — Eu verei se irei. Saiba que não estou com o mínimo ânimo para isso.

Ele assentiu com a cabeça e o dedo fora retirado de sua boca.

— Está bem, Alph. Pensa bem!

Com os ingressos na mesa, Sans levantou-se e começou a organizar os materiais que estavam espalhados na bancada ao lado. Permaneceu em silêncio, que no fundo era uma comemoração, afim de não irritar e fazer com que Alphys mude de ideia. E conhecendo-a bem, ela já estava perdida em seus pensamentos.

— Tchau, Alph. — Cutucou a mesa, mas a companheira não olhou em direção ao som. Como ela estava imersa em seus pensamentos, despediu-se baixinho e fechou a porta deixando Alphys às sós com sua imaginação.

A policial gira na cadeira, tornando a encarar o reflexo sobre a luz clara. Ajeitou a manga do uniforme em seu braço, analisando: Talvez fosse bom dar uma passada lá. E quem sabe, poderia ser divertido.

“Ir lá só um dia não fará tão mal assim... Sans deve ter razão em dizer que eu devo sair um pouco."

Sozinha e pronta a se retirar, desligou o computador. Organizou as pastas espalhadas pela mesa, reunindo os papéis que estavam fora das fileiras e de suas devidas etiquetas. As fichas foram guardadas na pasta decorada com seu anime preferido e em seguida, ela pega o convite, pondo-o dentro do bolso.

Indo para casa, pensou seriamente com que roupa iria e por qual motivo iria de máscara com os olhos charmosos de anime.