Conhece a maior mentira do universo? Aquela do “Só mais cinco minutinhos”? Aquela que até os marcianos usam quando a mãe E.T. deles está tentando acordar eles pra ir pro colégio intergaláctico? (Sim, viajei legal) Foi isso que me pegou. Joguei-me na cama no estilo: Um pequeno cochilo não faz mal – sim, o mesmo que você descobre que só te deixa com mais sono – e apaguei. E não apaguei simplesmente, apaguei como se alguém tivesse acertado um taco de baseball na minha cabeça.

Acordei com leves barulhos de arrumação, tecido raspando em tecido, com cuidado, abri parcialmente meu olho (nunca se sabe, dependendo da pessoa eu voltava a dormir) e a primeira coisa que eu notei foi que o me celular (que estava na minha mão) tinha umas 5 chamadas perdidas de Lion. Saco. Ele é mais exigente que minha mãe nesse quesito, estava ferrada. Ignorando a ameaça eletrônica olhei para o resto do quarto, percebi que um garoto alto, de cabelo loiro arrumava suas malas, apoiadas no outro beliche.

– Ei, que tal abrir os olhos de uma vez? – Uma voz doce, mas zombeteira reclamou acima de mim, me dando um susto daqueles.

Irritada, eu percebi que um garoto se inclinava da cama mais alta do beliche, e me encarava petulantemente.

– Eles estavam abertos, só que eu tenho olhos pequenos – Retruquei irritada. Certo, não foi lá uma das melhores respostas, mas passava. Sim, sim, sei que não passava,(já entendi que não posso enganar você, leitor) então disfarcei a falha com outra frase logo em seguida – E você que fica subindo na cama pra olhar pessoas de cima? Que arrogante! – Oh, oh, péssimo começo pra uma relação entre companheiros de quarto, que porcaria eu tenho na cabeça?

Ele riu e desceu da cama.

– É bem fácil te irritar, gosto disso. Meu nome é Sam. Prazer. O seu? – Estendeu a mão, de pele quase tão branca quanto a minha.

– Lorene. Prazer. Já soube da situação sobre minha entrada? – Apertei de volta, a pele era macia, estranho, bem cuidada demais.

– Sim, sim. Provavelmente outra ideia daquele diretor maluco. – Coçou os cabelos negros, rindo. – Ah!!! – Fez um gesto de “Eureca” e puxou o garoto loiro que eu tinha visto antes. – Esse é Dan.

– Dan Zarath, prazer. – Me cumprimentou como uma voz entediada. – Posso voltar a arrumar as malas?

– Ah, Danny – Sam fez uma vou nasalada de mulher. – Você é tããão mal-humorado.

– Parabéns – Respondeu ele, direto, e voltou a arrumar suas coisas.

– Bem, é isso, Lô. Que possamos nos dar bem. – Ignorei o Lô, pois, apesar de tudo, ele me tratou bem mesmo depois das respostas idiotas que eu dei e, bem, não faz nada mal tentar se dar bem com os outros.

Sorri concordando e olhei pro meu celular. Chamada de Lion. Respirei fundo como uma criança pronta pra aceitar um castigo e saí do quarto pra atender.