Pera, pera, pera! O que é isso produção??! Por acaso isso tem cara de programa do Sérgio Mallandro? Esperei alguém falar: “RÁÁ”, mas como todos permaneceram em silêncio, tive que abrir a boca.

- E-Ela é sua irmã?

- Infelizmente... – Respondeu Taus, revirando os olhos.

- Não dá pra escolher a família que tem, né? – Tentei consolá-la.

- Sim, por exemplo você. O que a Lorene fez de tão errado?

- Eii!!! Sou um irmão maravilhoso!!

- Que tipo de irmão quase beija a irmã, se veste de enfermeira na frente dela e quase joga um demônio pra cima dela? – Dan entrou na conversa, irritado.

- Poxa... Eu não sabia. Fazer o quê?

- Rapidinho, ENFERMEIRA??? – Taus ficou perplexa.

- Exato. – Confirmou Dan, seco. – Ele roubou a roupa de Sarah e ficou aterrorizando alunos por aí.

- Aterrorizando, não, por favor. Eu estava mais é seduzindo.

- Posso imaginar. – Devaneou Taus, fazendo uma careta.

- Ei! Vocês não estão perdendo o foco? – Reclamou Sin.

- Ah, você ainda está aqui? – Dissemos em uníssono.

- Ninguém te quer, sua piranhuda. – Falei como se fosse uma grande lástima.

- Diz o que se que vestiu de enfermeira. – Ela bufou. – Agora sinto pena da albininha maldita.

- Não fale assim da Lorene!! – Dan reclamou.

- Ah, primo, falando nisso a Lô ouviu a conversa de vocês e saiu daqui deprimida.

- E você só fala agora, Taus??

- É que tiveram VÁRIAS coisas que me fizeram esquecer. E depois a culpa é minha?

- Claro que é!

- Então vai atrás dela agora, garanhão.

- Espera um pouco!! – Sin reclamou. – Se ele for atrás dela ela morre!

- Morre porcaria nenhuma. – Taus abanou as mãos. – Os pais dela são os donos dessa academia, notariam se você tentasse fazer algo contra ela.

- Eu acho. – A ruiva acrescentou.

- Então isso foi pra nada? – Dan parecia isolado. Que divertido!! O bom é que provavelmente minha irmãzinha não iria querer mais nada com ele. Nem precisei fazer nada. Me sinto um irmão completo.

- Isso!! Agora vai atr- Apertei Taus contra meu peito para calar-lhe a boca.

- Vai atrás dos meus pais pra tirarem essa idiota da escola. – Completei. A ruiva debateu-se, mas segurei-a firmemente.

- Melhor mesmo. – Dan pegou o braço de Sin e foi arrastando-a até a secretaria.

Quando eles estavam longe o suficiente soltei Taus, obviamente enfurecida.

- Qual o seu problema?? – Reclamou.

- Não quero perder minha irmãzinha... – Falei num muxoxo.

- Grandes coisas!! Um dia ela vai ficar com alguém! Por que não o Dan?

- Não confio nele.

- O QUÊ??? Depois de todas as coisas que passaram juntos, ele consertando as suas merdas, ELE que não é de confiança? – Ela começou a me passar um sermão. Pensei como ela era fofa de qualquer jeito, até irritadinha e afastei a ideia da minha mente.

- Mas mesmo assim não gosto da ideia. – Puxei as bochechas de Taus pra irritá-la.

- Você é um ciumento, isso sim. – Ela puxou minha orelhas até eu soltar suas bochechas.

- Quando foi que eu neguei?

Taus suspirou e se virou de costas.

- Pelo menos alguém tem que falar com a Lô, vamos lá, purpurina tarada...

--x--

- Ah, acho que assoei o nariz na sua blusa... - Me desculpei esfregando minha cara.

- Assoe o quanto quiser. - Carlos riu. - Você tem permissão pra tudo nesse momento.

- Carlos...

- Hmm?

- Por que você está me ajudando assim?

- Porque você me salvou da torta da Mitsra, oras. - Gargalhou, me levando junto.

- Não, sério.

- Você é a irmãzinha de Lion. Na verdade foi por isso que me aproximei de você.

- Ah... Então é isso... - Desanimei um pouco.

- Olha só, uma parcela da culpa foi sua, ou você acha que caras simplesmente deixam garotas assoarem o nariz na blusa só por causa de um amigo? - Pegou duas partes do meu cabelo e amarrou em baixo de meu nariz.

- BIGODEE!!! - Exclamou feliz.

- Mustaches por favor, né? - Fiz (tentei) fazer uma cara de Lady.

Ele apoiou o cotovelo no joelho e a mão no rosto, exibindo os dentes brancos.

- Parece que você está melhor. Que tal lavar o rosto e ir comer antes que acabe o intervalo?

Assenti com a cabeça. Ele se levantou e estendeu a mão pra mim.

Lavei o rosto e fui pra cafeteria. De algum modo mágico, a comida que eu tinha separado estava intacta, comi rapidamente, ouvindo, em tempo, o sinal tocando.

Devaneei a aula inteira, pensando em tudo que acontecera e me esforçando para não chorar. Carlos, percebendo de vez em quando, me batia com seu lápis e sorria. Realmente me acalmava, mas também me dava tristeza e nostalgia. O sorriso de Dan...

--x--

- Não, não podemos expulsar ela. - Lamentou o Diretor Chrow. - Mas ela não pode mover UM dedinho sequer nas imediações da Liberty Academy.

- Nome horrendo. - Comentou Sin, mal-humorada. Ahh!! Que vontade de enforcar a criatura! Ela não só me enganou como me fez ficar longe da Lorene, como eu me explico?

- Fui eu que inventei o nome. - Mitsra sorriu inocentemente, mas sua aura era completamente oposta. - Quer um pedaço de torta?

- Ah, você devia provar, Sin. A torta da Mitsra é ótima. - Aproveitei a deixa, porém a morena me olhou desconfiada.

- Não, obrigada. Se Dan sugeriu isso deve ser é um veneno.

- Magoei... - A bonequinha se encolheu no seu canto enquanto outras bonecas consolavam-a. Não sei como me acostumei com isso.

- Enfim, acho que a partir de hoje essa é uma escola mista. - Declarou o Diretor. - Três meninas é demais pra encobrir.

- Então só expulse a Sin!!

- Não posso, Dan. Ela tem uma carta de recomendação de uma prestigiosa escola, não posso recusar.

- Tenho certeza que ela deve ter dizimado metade da escola pra conseguir essa carta.

- Exato. - Sin declarou para mim baixinho.

- VIU?? VIU??!! EU DISSE!! - Apontei para ela.

- Ahh, não seja criança, Dannyzinho.

- Posso te ajudar em uma coisa depois da declaração dela. - Falou Chrow. - Posso tirar ela da classe de elite e evitar que os dois estudem juntos.

- Para mim parece ótimo. - Senti um grande alívio.

- Como você ousa separar um grande amor? - Perguntou minha prima furiosa.

- Só estou separando uma stalker da vítima, sou do bem. Dispensados.

--x--

A classe estava sendo dispensada mais cedo, por ordem de fileiras, como eu era a primeira da primeira, senti uma sensação de vitória quando abri a porta pra liberdade.

Estaquei.

- O quê você está olhando? - Reclamou a morena de olhos lilázes. - Somos colegas a partir de agora. Prazer.