A notícia da morte do Duque e governador Pedro Altos se espalhou pela cidade como o vento. Pessoas comentavam de cima a baixo o ocorrido, pelo fato dele ter sido assassinado! Pedro não era e nunca foi um bom governante. Maltratava, humilhava, empregava castigos físicos e executava qualquer um que o desafiasse. Então sua morte não foi recebida com luto pelo povo, mas com alegria porque a justiça havia sido feita!

– EXTRA, EXTRA GOVERNADOR DE VALÊNCIA É ASSASSINADO LEIA OS DETALHES SÓ AQUI!!! – Gritava um menino vendendo jornais com a notícia.

– Finalmente alguém deu um fim aquele maldito!– Diz um homem.

– Sim! Ele mandou punir meu marido por ter lhe cobrado algo do mercado.

– Isso é pouco e as mulheres que ele roubou de casas pobres e que nunca mais voltaram. – Dizia outra pessoa.

– Ele deve estar ardendo no inferno agora! – Dizia uma senhora.

Esses e outros assuntos eram comentados pela cidade. Porém duas figuras sentadas em um banco da praça central estavam alheios aquilo. Trajavammantos um de cor azulada e outro de cor branca. Os dois pareciam focados em algo como se estivessem apreciando a paisagem. Ou melhor, se recuperando da ressaca!

– Merda... Como minha cabeça dói! Porra Luiz, não acredito que você me convenceu a beber tanto! – Diz Serge massageando sua testa.

– Do que cê está falando moleque? Eu só te mostrei as bebidas você bebeu porque quis! Ai minha cabeça. – Responde. Luiz tinha cabelos lisos e castanhos, olhos verdes, um pouco de barba. Aos 22 anos era um mulherengo e bêbado irreparável, mas até ele sentiu que exagerou na noite passada.

Serge o olha com reprovação.

– Sim, logo depois de você me empurra goela abaixo duas garrafas inteiras de vinho! AIIIII, eu to passando mal.... – Diz Serge enjoado e quase caindo do banco.

– Ai, ai. Sabe amigo você tem que aproveitar mais a vida.

– Sério? De que forma? Espero que não diga bebidas e mulheres.

– .... – Luiz fica mudo e com um dedo levantado e o responde sorrindo. - Sobre o que estávamos falando mesmo?

– Ah! Me poupa! – Brada Serge se levantando.

– Ei aonde você vai?

– Vou caminhar um pouco e me exercitar, talvez assim essa ressaca passe.

– OK. Vai lá, mais não se esqueça de estar no QG ao entardecer... Vamos ter uma reunião geral.

– Estarei lá e vê se não se embebeda mais, ouviu! – Diz Serge partindo e cobre seu rosto com o gorro. Ele some em meio a multidão.

– Puxa vida, mais que garoto certinho! – Diz Luiz tirando um pequeno cantil de seu bolso e o observa. – Nada como uma bebidinha para começar o dia.– Diz tomando o liquido, em seguida frisa os lábios sacode a cabeça e grita. – EITA PORRA!!!Isso é que é começar o dia! –Ele se levanta coloca seu gorro e também assim como seu companheiro some na multidão com apenas uma coisa em mente.

– Onde fica o QG mesmo? A eu tenho tempo, ahhhh, como a vida é bela!

Era 10:00h da manhã, mas o sol já estava bem forte. Serge caminhava pelas ruas de Valência, seu gorro cobria sua face quase que por completo, mas não o impediam de ver, ou melhor ele nem precisava muito de seus olhos para ver o que estava a sua frete e ao seu redor. Desde pequeno ele possuía um sentido bem aguçado por isso na época em que vivia no orfanato sempre achava as outras crianças com uma rapidez incrível. Bastava ele fechar os olhos, se concentrar e conseguia sentir e até mesmo ver onde as outras crianças estavam escondidas. Nunca se importou muito com esse seu “dom”, porém, foi quando entrou para a irmandade que seu mestre lhe explicou e ensinou como usar sua “ Visão de Águia”. Outros Assassinos treinavam muito para conseguir se concentrar e usar a visão, mais Serge conseguira em pouquíssimo tempo e aos 10 anos já dominava completamente sua visão. E foi com essa visão aguçada que ele os viu. A cem metros de distância, pode reconhecê-los, sua visão desfocou e tudo a sua volta ficou escuro, e como o amanhecer de um novo dia tudo a sua volta tomou outra coloração. Cada pedaço de madeira, cada pedra no chão e cada pessoa a sua volta emanava uma aura de seus corpos. Serge estava as vendo claramente, quase podia as tocar. As auras dos cidadãos mudavam de cor devido ao humor, mas nunca passavam do azul, isso significava que não representavam perigo algum pra ele. Porém, as pessoas que Serge viu emanavam uma aura vermelha, como o sangue e como a maldade; eram duas indo em direção a uma pequena aura azul no meio da rua. Serge pisca os olhos e tudo volta como era antes, nenhum sinal de auras ou pontos brilhantes, mas ele não esqueceu as duas auras vermelhas que ele havia visto e tratou de caminhar na direção delas, a passos rápidos. Sentia perigo no ar.

O que Serge viu em volto em à uma aura vermelha eram dois soldados valencianos que rondavam a praça e estavam com raiva. Tinham chegado ao posto que estavam hoje graças ao duque, que expulsou vários soldados de boa índole do exército, e que se recusaram a obedecer seus atos de crueldade contra seu próprio povo. Então a solução mais rápida e fácil foi colocar no lugar todo o tipo de pessoa inescrupulosa que fazia tudo por dinheiro. Meliantes, assaltantes, estupradores, faziam parte do exército pessoal de Pedro... Mas não fazem mais.

– Maldição e o que faremos agora? – Berra um deles que portava uma espada.

– E você me pergunta, eu sei muito menos. – Responde o outro que portava uma lança.

– To dizendo que com a morte do Duque vai, ser uma questão de tempo até que algum emissário do rei venha até aqui e veja o que fizemos, e no ato nos colocam para fora do exército, vão tirar nosso dinheiro, nossas posses e Até nossas vidas se bobear... – Diz o soldado de espada com medo.

– Nem diga isso! Droga, estava tudo indo tão bem! Estávamos no topo e do nada caímos num abismo! Nunca pensamos que alguém mataria o duque! – Confessa o soldado que portava uma lança, que logo continua. – Não sei, não acha melhor nos sairmos da cidade? – Pergunta.

– Está louco! Fizemos diversas coisas que podem ser chamadas por aí de “inescrupulosas”. Assim que saíssemos daqui botariam nossas cabeças a prêmio. – Responde o soldado de espada

– Nossa! E o que faremos? – Pergunta apavorado o soldado com a lança.

– Não sei... Não sei mesmo...

– EXTRA, EXTRA GOVERNADOR ASSASSINADO!!! – Grita um menino passando perto dos soldados vendendo o jornal com a notícia da morte do governador.

– Cara o que faremos? Eu não quero morrer! – Exclama tremendo.

– EXTRA, EXTRA RECOMPENSA POR INFORMAÇÕES!!!!

– Hum! – Exclama o soldado de espada.

– EXTRA, EXTRA!

– Cala a boca garoto! Não vê que estamos pensando! – Berra o soldado de lança para o menino que vendia jornal na rua

– Mas seu eu não gritar ninguém vai comprar o jornal. – Responde o menino inocentemente.

– Olhe aqui estamos tentando usar o pouco do cérebro que temos para nos safarmos uma baita situação então, VAI PASSEAR!

– Ta bom... EXTRA! EXTRA!

– Espere ai! – Diz o Soldado de espada mandando o menino esperar.

– Hum?

– Me de esse jornal. – Responde.

– Oh, sim 20 cent senhor. – Diz o menino todo sorridente.

– E quem disse em pagar... – Responde o soldado de espada com um sorriso mórbido.

– Mas senhor eu... aaaaiiiii – O menino nem tem tempo de reclamar logo ele recebe um chute no queixo do soldado que o joga de costa no chão. O menino se encolhe de dor no chão e coloca suas mãos na boca o chapéu que ele usava voou pra longe. O menino começa a chorar e olha seu agressor pegando o jornal.

– É disso que estou falando! Uma recompensa!

– E como isso pode nos ajudar?

– Simples, pegamos o assassino, recebemos a grana e ainda limpamos nossos nomes perante a lei! É perfeito!

– Sério? Nossa, isso é que é ideia!

– Então é melhor irmos, os outros podem estar tendo a mesma ideia e não quero ser passado pra trás. E você menino, ficaremos com o jornal e com seu dinheiro, precisamos beber um pouco.

– É! E o jornal vai ser bom pra limpar a bunda, caso tenhamos dor de barriga. – Os dois soldados vão embora rindo deixando o menino caído no chão. Ele se senta ainda segurando o queixo, estava doendo muito; se encolhe abraça as pernas e murmura:

– Meu jornal, meu dinheiro... O que eu faço? – O menino chora em silêncio e nem percebe que uma figura de manto se aproxima dele.

– Oi.

– Ah?

– Eu vi o que aconteceu... Você esta bem?

– Não, eles levaram meu jornal e o pouco dinheiro que eu tinha. Minha mãe e meu pai já estão super atarefados. E como sou pequeno só consigo fazer isso. É máximo que consigo berrar e entregar jornal.

– Você ganha bastante?

– Pouco, mas devido à morte do governador a venda triplicou... Eu tinha ganho hoje o equivalente a um mês de venda, por dia de jornal.

– Nossa. Isso é muito bom! Parabéns!

– Não tem parabéns nenhum moço. Aqueles caras roubaram todo o jornal e o meu dinheiro. Se eu não aparecer na prensa com o dinheiro das vendas eu não recebo meu pagamento.

– Entendo.

– Ta doendo... Mamãe. – Chora o menino. Aquela cena fez com ele voltasse ao passado. O tempo em que ele era bem pequeno e se machucado e sua tutora lhe dava carinho e amor. Vendo aquela criança daquele jeito encheu seu coração de ódio, ele cerra os punhos com tanta força que fazem suas veias ficarem visíveis.

Era esse o tipo de injustiça que o fazia agir. Ele se agacha pra poder olhar no rosto do menino.

– Deixe-me ver isso. – Diz ele pedindo para ver o queixo que um pouco resoluto mostra seu queixo machucado. O chute do soldado foi tão forte que abriu um rasgo no queixo da criança e pode se ver também que o menino havia mordido a língua com o chute e dois dos seus dentes haviam quebrado.

– Ta doendo muito!

– Fique tranqüilo eu resolvo isso, feche os olhos.

– Ah?

– Feche. O tio aqui vai fazer uma mágica.

– Mágica?

– Sim, uma mágica que vai fazer você ficar bom rapidinho. Confie em min.

– Ta bom. – O garoto fecha os olhos. Com sua mão direita Serge encosta seus dedos próximo ao queixo da criança e com sua mão esquerda procura um saco que carregava na cintura, após achar, Serge diz mentalmente:

Cura. – E no mesmo instante uma aura verde passa por suas mãos indo por todo seu corpo até a ponta dos dedos que estava sobre o queixo do menino e em um piscar de olhos não havia mais ferida, nem sangue ou dentes quebrados. O ferimento sumiu como ele havia dito; num passe de mágica. – Pronto já pode abrir.

– Hum. – O menino abre os olhos e curiosamente não sente mais dor nenhuma. Ele cutuca o queixo, abre a boca e vê que todos os dentes estão lá, esfrega os olhos e até se belisca pra ver se não esta sonhando. – Eu to curado! Não é sonho!

– Claro que não amiguinho. Você já ta pronto pra outra! – Diz o estranho sorrindo e com os dois polegares pra cima.

– Moço, o senhor é um mago?

– Bom, como posso dizer... Eu sei um truque ou dois. Mais me diz qual é seu nome amiguinho?

– Oliver, senhor.

– Oliver, nome legal! – Agora Oliver você vai fazer o seguinte. – Diz o jovem de manto. – Vai ficar sentadinho ai que o tio vai lá bater um papinho com aqueles caras que te assaltaram. – Diz o jovem sorrindo.

– O que! – Exclama o garoto assustado.

– Isso mesmo então seja um bom menino e espere por mim, ok? – Diz Serge se levantando.

– Mas tio, eles são fortes, me bateram facinho. O senhor não vai dar conta deles. – Diz o menino preocupado. O jovem de manto sorri e diz.

– Não se preocupe... O “Tio” aqui é muito mais forte! Agora fique ai que eu já volto. – diz ele apontando para Oliver ficar ali esperando enquanto ia na direção aonde os soldados foram. Sem muita opção ele obedece, se senta no meio fio da calçada e diz:

– Espero que ele não se machuque.

Dez minutos depois andando pelas vielas da cidade o Assassino ainda procurava os agressores do pequeno Oliver e não demorou muito para achar os soldados. Estavam encostados na parede contando o dinheiro que acabaram de roubar.

– Olha só... Quem diria que a morte do chefe podia dar tanta grana a esse pessoal de rua né?

– Pois é, mais e se ele contar para alguém o que fizemos?

– E pra quem seria? Ainda somos a maioria nesta cidade, somos a lei aqui e não há ninguém para dizer ao contrario!

– Será mesmo?

– Hum! – Os dois se viram em direção da voz e veem parado, bem de ante deles um homem de braços cruzados. Estava trajando um manto todo azulado com detalhes em branco, usava um gorro que cobria sua cabeça e parte de seu rosto. Os dois soldados se entreolham e o que portava uma espada, guarda o dinheiro de volta na bolsa e a amarra no em seu cinto. E pergunta com cinismo.

– Algum problema?

– Depende.

– Depende? Depende do que? – Pergunta o que estava com a lança.

– Se vocês vão me devolver esse dinheiro e os jornais por bem, ou por mal. E por favor, digam que será por mal! Estou louco para acabar com uma ressaca miserável e vocês dois caíram do céu... Literalmente! – Exclama o jovem rindo. Os dois soldados se entreolham e depois para o jovem e começam a rir.

– Quem você pensa que é? Um palhaço ou o que? – pergunta o soldado de espada rindo como louco.

– Ou... Ou será um Assassino que veio apenas pra ajudar um menininho e passar o tempo, hahahaha!

– Exatamente! – Diz o jovem já em frente ao soldado de lança e sem nem conseguir reagir tem sua cabeça arremessada contra o murro desmaiando em seguida.

– O QUE?

– Ele disse tudo sabe, eu estou de ressaca... E vocês surgiram na minha frente. Pessoa más que se aproveitam da fraqueza dos outros, de gente quem nem pode se defender. Impõem sua dita “força” só pra se gabarem, eu não poderia ter pedido algo melhor para que eu pudesse me desestressar. Bom você é próximo... – Diz o Assassino se aproximando do outro soldado que para de rir e começa a se contorcer todo de medo. Ele tremia tanto de medo que se urinou e num ato de desespero ele saca sua espada e aplica golpe um lateral para acertar o indivíduo. Porém, a espada não concluiu seu percurso. O soldado sente sua espada sendo aparada no ar por algo cintilante que saltara do braço do jovem a sua frente. O jovem levanta seu rosto mais e agora o soldado pode ver seu rosto escondido pelo gorro do manto; notou que o jovem a sua frente o encarava com sorrindo nefasto e sombrio. O Soldado em pânico larga sua espada e tenta correr pra longe, tenta. Ele sente uma mão o segurando pela gola de trás de sua farda o forçando a ficar e num piscar de olhos ele é jogado de cara contra a parede, seu queixo estava aberto e vários dentes haviam sido quebrados.

– Minha boca!!!!

– Isso foi pelo Oliver. Agora o que vem a seguir e por minha conta... – Diz Serge massageado os punhos.

– Por favor! Piedade! – Grita o soldado em pânico.

– Deixa eu pensar... NÃO!

– SOCORRO!!!– Foi a única coisa que o soldado consegui gritar antes de Serge começar a descer o sarrafo nele.

Alguns minutos depois...

Oliver continuava sentado onde Serge havia pedido, estava preocupado com ele. Olhava para os lados para ver se ele chegaria.

– Espero que ele esteja bem. – Logo que ele acaba de falar ele vê o jovem de manto azul surgir da multidão com vários jornais em seu braço esquerdo e uma bolsa que ele reconheceu muito bem. O menino abre um grande sorriso e num pulo corre até ele e o abraça.

– Você conseguiu! Você conseguiu!

– Claro, tinha alguma duvida? – Diz Serge todo bobo.

– Muito obrigado, muito obrigado mesmo senhor de manto. – Diz o pequeno Oliver.

– Pelo contrário, eu é que te agradeço. – Responde Serge

– Ah? Pelo quê? – Pergunta o menino sem entender.

– Por me ajudar a me sentir melhor!

– Sério? Eu fiz isso? – Pergunta o menino incrédulo.

– Sim. Nada como bater em uns filhos da puta logo cedo, não a melhor maneira de começar o dia, minha ressaca foi toda embora! – Diz Serge em pensamento e sorrindo de orelha a orelha.

– Tudo bem com o senhor?

– Oi! Ah sim, estou ótimo. Agora você pode voltar a vender seus jornais sem problema!

– Sim obrigado tio! Mas... – O rosto do menino muda de feliz para um tom mais triste.

– O que foi?

– É que... Se eu fosse mais forte nada disso teria acontecido, mas não pude fazer nada a não ser sentar e chorar. O senhor é quem teve que me ajudar. Eu queria ser mais forte... Para poder ajudar melhor minha família e... Amim mesmo também. – Serge ouvia Oliver com atenção, ele já vira aquela expressão. De alguém que ele conhecia muito bem... Dele mesmo. Então Serge se agacha e coloca as mãos sobre os ombros do menino e diz:

– Sabe Oliver... Você esta errado.

– Ah? Estou?

– Sim você está. Você não é fraco. Você acorda todos os dias, vê seus pais e os ajuda, mesmo sendo muito pequeno. E encara várias horas trabalhando de sol a sol ou até mesmo na chuva não é verdade?

– Bom isso é, mas...

– A força que você fala e deseja nem sempre é boa.

– O que?

– Escute, ter um poder especial nem sempre faz de você forte, se seus sentimentos e sua confiança não estiverem juntas e em mesmo nível podem causar até mesmo catástrofes.

– Nossa! Eu não sabia disso!

– Pois é. Tem muita coisa que não sabemos... Ter um dom ou um poder que te fazem especial exigem muita, mais muita responsabilidade mesmo.

– Sério?

– Sim meu mestre, por exemplo, ele é forte pra caramba! Mas não intimida os mais fracos como esses soldados ou esse duque metido que morreu.

– Assassinado.

– Oi!

– Não leu os jornais ele foi “morrido”. – Diz Oliver sem perceber que trocou “morto por morrido”.

– Ah! Sim claro eu li, que memória a minha. – Desnecessário dizer que foi ele mesmo quem matou o duque.

– Mas continua, sobre seu mestre.

– Ah sim... Ele nunca precisou impor medo a ninguém só de você olhar pra ele dava pra saber que ele era forte. Não em força física, mais nisso aqui. – Diz Serge colocando o dedo indicador no coração de Oliver.

– Isto?

– Sim, ele é forte em, coração, mente e espírito... E ele me ensina isso desde pequeno. Ele me disse que só quando alguém juntar essas três forças será realmente forte e entenderá sua razão de estar no mundo.

– UAU! E você já? Já conseguiu?

– Falta muito ainda pra isso. Ainda sou um discípulo, falta muito ainda pra eu ser chamado ou me chamar de mestre ou de encontrar minha razão de estar nesse mundo.

– Nossa, acho que entendi. Mais ou menos, mas a responsabilidade deve ser enorme, então né. Tipo eu crescendo eu devo ficar forte, pois minha família um dia vai precisar de mim e eu tenho que protegê-los de pessoas más ou até mesmo da qualquer coisa da vida. Então não é nada fácil ser forte! Tenho que me esforçar bastante!

– Você disse tudo agora, baixinho. Você esta indo no caminho certo. Só não caia nas mentiras desse mundo e não deixe ninguém dizer que você é fraco. Não vença o mal com o mal, vença com seus sentimentos e sua fé... – Serge se silencia e começa a lembrar de uma historia que seu mestre lhe contou há muito tempo. Trata-se da história de uma pessoa que tinha um dom incrível, mas tinha medo, muito medo de machucar aqueles a sua volta, fazendo assim se isolar e sofrer com a solidão. E só a força de vontade daquela que era a única que acreditava nela pôde trazê-la das trevas e da solidão para a luz do amor. Era a história perfeita sobre o que significa ser forte quando a força que você tem é mal empregada e mal cuidada.

– Oliver, está muito ocupado agora? – Pergunta o Assassino.

– Bom eu tenho que vender os jornais.

– Eu compro de você.

– Sério? Quantos o senhor quer? – Pergunta o menino todo feliz.

– Deixa eu ver... Todos! – Diz Serge abrindo sua sacola de dinheiro e dando ao menino um pequeno rubi. – Isso paga por todos eles?

– ..... Se paga! Até sobra! Obrigado, obrigado mesmo tio!

– Me chama de Serge, tio é meio velho pra mim. Agora como eu comprei esses jornais de você, vou te contar uma história. E quero sua total atenção, entendeu?

– Tudo bem, mas que tipo de história? É de aventura?

– Sim e não. Bom, tem um pouco de tudo.

– E é sobre o que, cavaleiros e monstros?

– Não.

– Sobre dragões?

– Também não.

– Sobre Assassinos? – Essa ultima Serge deu uma pigarreada, mas também disse que não.

– Não Oliver, é uma história sobre duas irmãs.

– Duas irmãs?

– Sim, e que se amavam muito. Mas o poder mal empregado e mal ensinado quase as separou para sempre.

– Nossa! E quem são elas?

– Pronto para ouvir? – Pergunta Serge para o menino que rapidamente pega um bolo de jornal se senta e pede para seu novo amigo fazer o mesmo.

– Sou todo ouvidos!

– Muito bem! – Diz ele se sentando no banquinho improvisado. – Lá vamos nós então!

E Serge começa a contar a historia de duas irmãs que se amavam. A princesa que tinha o coração de fogo e da rainha de coração de gelo. A história de Anna e Elsa.