Quando saí de casa tinha em mente um objetivo “tornar-me forte e experiente”. Assim parti. Ouvi muitas histórias sobre a Capital do Reino, Valkaria achei que lá poderia encontrar o norte para meu objetivo.

Passei muitos dias vagando pelas estradas, saí sem saber ao certo como chegar onde desejava, acabei me perdendo, estava cansado, o sol estava forte, minha garganta seca. Quando consegui reencontrar a estrada avistei de longe um grupo de homens, não entendi ao certo o que estava acontecendo, mas quando me aproximei encontrei um mercador e sua carroça cercado por cinco homens vestidos com roupas negras e uma bandana vermelha amarrada no braço direito.

Chegando lá vocifero aos homens: “O que está acontecendo aqui?”

Aquele que parecia ser o líder responde que não era nada da minha conta. O homem cercado, um jovem que mediava idade comigo, tinha cabelos castanhos e curtos, roupas já um pouco gastas e uma cicatriz no rosto, fitou meus olhos dizendo: “Estou sendo assaltado”.

Em um momento de revolta olhei para aqueles mal-feitores e lhes disse com um tom calmo, mas firme: “Se rendam enquanto é tempo”. Pois a violência não deve ser usada como meio de comunicação, mas como último recurso.

Neste momento o líder da corja aponta a um dos arqueiros e dá o sinal para que ele me alvejasse. Por sorte o homem deveria ser inexperiente e acabou derrubando o arco, assustado olhou em pânico para mim. Percebi que não fariam o que lhes sugeri assim me coloquei em posição de guarda urrando com tal voracidade que fiz com que o jovem que estava assustado fugisse e os outros exceto aquele que me enfrentava ficassem apreensivos com minha presença.

Saco minha katana com um único movimento e ataco o líder abrindo um corte profundo em seu braço direito e em seguida a embainho novamente, tal qual havia aprendido com meu avô. Em seguida aquele que estava ao seu lado me atacou com uma adaga suja, apenas esquivei para o meu lado, mantendo meus olhos no alvo.

Os outros dois homens tentaram atacar o mercador que de alguma maneira resistiu aos ataques conseguindo pegar um escudo de sua carroça.

O Líder deles, sacando uma adaga consegue me acertar no peito, mesmo com o ferimento que havia lhe causado, mas como estava preparado consegui evitar um ponto vital, causando apenas um corte que mal passou de minha armadura.

Novamente olho aos bandidos e digo: “Desistam antes que mais alguém se machuque”. Ao que me pareceu fui ignorado, não me vi em outra escolha a não ser de atacar novamente, desta vez dei um passo para trás e me pus em uma curta investida sacando minha espada num corte horizontal contra o abdômen do chefe, abrindo um corte profundo no estomago, cujo qual caiu agonizando e gemendo e praguejando coisas a mim que pouco dei atenção.

Olhei aos bandidos restantes com fúria nos olhos e gritei: “SAIAM AGORA E NUNCA MAIS VOLTEM!”

Os vi correndo como se não houvesse o dia de amanhã. Volto-me para trás e vejo o líder dos mau-feitores caído se esvaindo em sangue, tossia sangue, achei que poderia fazer algo com relação a isso, mas já estava em estado sem mais retorno, apenas o que pude lhe fazer era dar um golpe de misericórdia.

Vou em direção ao mercador que estava um pouco cansado e lhe pergunto:

“Estás bem senhor?”

E com um olhar de gratidão ele me responde:

“Sim. Estou bem, graças a sua ajuda. Gostaria de saber como posso compensá-lo por isso?”

Enquanto frouxava o peitoral da minha armadura para fazer os curativos em mim lhe respondo:

“Não se preocupe com isso, fazer o bem já é minha maior recompensa.”

Após usar um pouco do meu sake para limpar a ferida, passo algumas ataduras ali, percebo que o homem apenas passou suas mãos sujas para limpar o ferimento:

“Está com problemas aí meu caro?”

Pergunto um tanto quanto preocupado com ele:

“Não, não... Estou bem sim”.

Mas penso que ele não fazia menor idéia do que estava fazendo. Tomei a frente e fiz um curativo no braço dele, para que isso não piorasse. Mas uma vez com uma reverência o jovem diz a mim: “Muito obrigado novamente, me chamo Bellor, gostaria de lhe ajudar, pois é a segunda vez que me dá apoio.”

Olhei para o céu, olhei para a estrada, olhei para o homem e lhe disse: “Prazer, me chamo Tsugaru, já que ofereceu novamente digo que a companhia até Valkaria seria muito bem vinda, afinal o caminho me parece longo e tedioso uma boa conversa tornaria a viagem mais agradável”.

Voltei até meu cavalo e o ofereci para puxar a carroça do mercador que a estava puxando nos ombros, assim ganharíamos tempo de viajem além de uma segurança, afinal dois homens em luta são muito melhores do que apenas um. Não sabíamos se haveriam mais ladrões na estrada.

Em nossa conversa descobri que o Senhor Bellor, é assistente de ferreiro de uma cidade próxima que estava indo entregar uma grande encomenda até um mercador da capital.

Com o dia passando o sol estava se despedindo ao horizonte dando espaço a grande escuridão da noite, assim como nossa chegada à capital.

Logo depois dos grandes portões da cidade notei uma movimentação estranha de guardas rodeando um beco, fui atraído pela curiosidade e me direcionei até lá. Aproximei-me e vi dois corpos caídos no beco e dois homens sendo rendidos, um deles parecia estar se escondendo de algo, vestia um manto negro com capuz, ocultava o rosto com outros panos, mal dava para ver seus olhos. “Muito suspeito isso” pensei, voltei meu olhar ao segundo homem, tinha uma aparência comum cabelos negros e curtos olhos claros e pele branca, parecia mais um civil do que um assassino. Mas quando olhei aos dois corpos notei algo muito familiar, os dois vestiam roupas escuras e ambos tinham uma bandana vermelha no braço direito. Perguntei a um guarda: “O que está acontecendo aqui?” E o mesmo me respondeu que os dois foram encontrados junto aos corpos, estavam sendo presos por assassinato, ouvi um dos homens amarrados falando que havia sido legítima defesa.

Voltei-me ao guarda e disse que havia sido atacado por bandidos usando as mesmas roupas dos dois mortos ali e que gostaria de ir junto à guarda conversar com o capitão. Pois havia notado que tinha algo faltando nesta história.

Juntei-me a escolta dos possíveis meliantes até o posto da guarda, chegando lá fomos recebidos por uma tropa e dentre eles, um mais velhos com cabelos grisalhos curtos e bem aparados tal qual sua barba. Com um olhar frio e com certo desprezo pergunta: “O que está acontecendo em meu posto?”

Um dos guardas toma a frente e o responde: ”Senhor encontramos estes dois -apontando aos suspeitos que estavam amarrados – junto a dois corpos, ambos armados estamos trazendo-os para averiguar melhor a situação.”

“E estes outros dois?” Pergunta o Capitão apontando para o Senhor Bellor e eu.

Voltei-me ao líder e emendei na fala do guarda: “Meu senhor, chamo-me Tsugaru, sou um viajante, estava vindo a Valkaria quando vi o senhor Bellor sendo atacado por um grupo de bandidos, como qualquer cidadão de bem resolvi ajudá-lo, afugentei-os. Mas infelizmente acabei abatendo um deles em combate. Quando estávamos adentrando a cidade vimos um aglomerado de guardas sobre estes dois homens. Quando me aproximei vi os dois corpos, mas logo reconheci as vestimentas eles vestiam as mesmas roupas daqueles que atacaram o mercador na estrada. Todos vestiam roupas negras e bandanas vermelhas no braço.”

O Chefe da guarda olho em meus olhos com certa expectativa e disse: “Guarda! Não me falaste nada sobre a descrição dos corpos. – voltando seus olhos para mim – Obrigado, me chamo Capitão Cormorel Wolfswift, fico grato pela sua ajuda. Estes meliantes atacando na estrada já era algo normal, mas agora dentro da cidade. Isso está começando a me preocupar.”

Olhando para os dois jovens amarrados faz um sinal para um dos guardas que os solta. Ambos vêm junto a senhor Bellor e eu, um deles, aquele vestindo um manto negro, olha para a janela e percebe que o sol já se pôs e com isso retira o capuz falando: “Obrigado pela ajuda – Fazendo uma breve reverência a mim - Me chamo Akkarin, desculpe por minha aparência, ela pode parecer um tanto quanto suspeita, mas minha religião assim o pede. Como devoto de Tenebra, não deixo que a luz do sol toque meu corpo. Mas sobre os ladrões, fui arrastado para um beco e acabei sendo atacado, consegui matar um deles, mas graças a ele – aponta para o outro homem que estava amarrado – Ridius, conseguimos “limpar” essa sujeira. Foi então que a guarda apareceu.”

“Esses bandidos estão nos dando trabalho, quando vamos proteger a cidade atacam nas estradas, quando protegemos as estradas atacam a cidade. Isso é um ultraje! Estou preocupado com isso, mas fico agradecido pelo que fizeram, pois isso apenas colaborou para a cidade ficar um ponto mais seguro.” Falava o Capitão da guarda, passando a mão em sua cabeça.

Ao notar o tom de preocupação dei um passo à frente e digo: “Mas senhor, me coloco a disposição para de alguma maneira. Gostaria de fazer oposição a esses bandidos que atormentam a vida dos cidadões.” Notei no olhar do Capitão Wolfswift que de alguma maneira estava vendo um raio de esperança.

“Eu também posso ajudar!” Disse o senhor Bellor. “Mas tenho que fazer as entregas que meu chefe me deu. Porém assim que conseguir concluí-las estarei pronto para ajudar.” Os guardas que ali estavam começaram a se olhar, alguns desconfiados, outros aliviados.

Quanto aos dos homens que até a pouco tempo estavam amarrados, se olharam, olharam a cena. Em seguida o senhor Akkarin fala “Bem, poderei ajudar, tenho um trabalho a terminar, mas isso não iria interferir.” Já Ridius apenas acenou positivamente com a cabeça, notei que era um homem de poucas palavras, mas toda a ajuda seria bem vinda.

O Capitão da guarda mandou os guardas se retirarem e ao fechar da porta começou: “Uma coisa que muito me preocupa é que em alguns dias um nobre chegará à cidade, estou muito perturbado com isso, parece que é um Conde de grande influência. E é claro que isso vai chamar e muito a atenção destes ladrões. Já que se mostraram dispostos a me ajudar gostaria que ajudassem na proteção deste nobre.

Todos nós concordamos que ajudaríamos o capitão no seu problema, logo depois disso fomos dispensados pelo mesmo. Ao sair da posto da Guarda, o Senhor Bellor disse que iria terminar suas entregas, o Senhor Ridius disse que passaria a noite na floresta próxima a cidade.

Volto-me ao senhor Akkarin e lhe pergunto: “O senhor sabe onde há uma taverna e um estábulo?” Pois havia acabado de chegar e não fazia mínima idéia de onde poderia encontrar. O homem me conta que estava numa ótima taverna antes do acontecido, e que por acaso havia um estábulo logo à frente.

Quando chego lá, noto uma taverna relativamente grande, muito bem cuidada com uma placa bem grande, onde tava escrito “Taverna do Macaco Caolho”.

Agradeci ao senhor Akkarin que já se dirigiu taverna, enquanto seguia para o estábulo. Adentrei o estábulo e um homem vestido como camponês vem me receber. Já tomo a dianteira falando: “Boa noite meu senhor, gostaria de saber quanto seria o pernoite para meu animal?”

O homem coçando a barriga enquanto mascava capim me diz: “São cinco peças de prata”. Ponho a mão em minha algibeira pegando uma moeda de ouro e digo: “Pois bem, aqui tem uma moeda de ouro, quero pagar o pernoite e quero que o pelo de meu cavalo seja escovado e muito bem tratado, pois estou andando a dias e meu animal deve estar muito cansado”. O dono do estábulo arregalou os olhos e afirmou que meu cavalo teria o melhor tratamento possível.

Fui a taverna em busca de um bom quarto e uma bebida gelada. Ao abrir a porta vejo que a taverna estava muito movimentada, notei que havia um homem forte atrás de balcão limpando os copos e uma jovem atendendo as mesas. Vou até o balcão onde tem poucos lugares livre e prontamente o taverneiro me olha e pergunta: “Então, em que posso servi-lo?” Olhei ao redor, depois me volto ao taverneiro: “Quero um quarto, uma refeição completa e uma ânfora e vinho.” Após pagar pelos serviços, notei que uma mesa vagou e para lá fui, e então me dei conta, não tinha música.

Então puxei de minhas coisas um Shamisen e me pus a tocar, estranhamente todos se encantaram apenas segui tocando músicas que meu avô tocava e cantava pra mim quando criança. A taverna tomou outra expressão todos se divertiram, particularmente fiquei muito feliz com isso, notei que uma bela dama estava fascinada por minha música, no começo não dei importância, mas a medida que a comida e a bebida vinham a mim, passou a ficar cada vez mais agradável.

Então comecei a flertar com a jovem, que era uma bela dama, com um ar de certa nobreza que estava em uma mesa com mais quatro homens que pareciam seus guarda-costas. Levantei-me e fiquei andando pela taverna tocando e me aproximei da mesa dela, acenei com a cabeça para minha mesa. Ela olhou com uma expressão de frustração apontando aos homens que estavam acompanhando-a. Voltei a minha mesa e continuei com minha música pelo restante da noite.

Quando todos estavam se pondo aos quartos, pergunto a mulher que estava servindo qual era o quarto da jovem que me olhava. Ela me indicou qual era, peguei minha chave, minhas coisas e uma garrafa de vinho.

Passando pelos corredores cheguei a tal quarto, coloquei minha chave na fechadura, já sabendo que não iria abrir, mas era a melhor maneira de chamar a atenção da jovem. Alguns instantes depois um dos homens que estava na mesa com a jovem abre a porta com uma expressão muito descontente, vi ao fundo a jovem deitada na cama e então tudo fez sentido.

Já envergonhado pela minha atitude, olhei para a porta, olhei a chave, olhei a garrafa olhei ao homem novamente e para a garrafa. Dei de ombros como se tivesse apenas me enganado. Foi frustrante, não sabia como agir, apenas fui ao meu quarto dormir com o vinho.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.