Ban despertou-se com o cantar dos pássaros, mas lembrava-se muito bem: ele perdeu a consciência logo após o vento causado pelo irmão de Nathalia em Byzel, e ao abrir os olhos, viu a copa de uma árvore totalmente rosa. Sentou-se rapidamente, não acreditava no que via, estava no topo da árvore sagrada no Reino das Fadas.

—O que houve Ban? Teve um pesadelo? – Essa voz era familiar, ressoava doce por seus ouvidos. Seus ouvidos estavam lhe tramando uma peça? Não, esta pertencia exatamente a quem ele pensava: era de sua querida e amada Elaine, vestida com seu vestido branco.

—Elaine...? – Era o que ele conseguiu dizer surpreso ao vê-la a sua frente – É mentira, não é...?

—Parece que ainda está sonolento – Ela comenta com um sorriso nos lábios, recebendo apenas as lágrimas do maior a sua frente – Ban...?

—Eu... – Ele não conseguia dizer, apenas abraçou-a fortemente e ficou calado, aproveitando o abraço caloroso de sua amada. “Isto é real? É real mesmo?” era o que ele se perguntava, passando a mão nos cabelos da loira e fitando-a perplexo – É você mesmo, Elaine...?

—Quem mais seria? – Ela pergunta confusa, mas ainda com um sorriso suave.

—O demônio... Você... – Ele murmurava, ainda não acreditando no que via.

—Demônio? O que você está dizendo? – Ela diz em meio a uma delicada risada – Venha, você deve estar com fome – Ela diz pegando por sua mão e convidando-o para levantar-se. Ele seguiu-a para outra parte da árvore, próximo a beirada para comerem as frutas em que havia colhido e aproveitar a vista da floresta do Reino das Fadas.

—Elaine... Você não morreu? – Ele murmura para si mesmo, mas que ela já tinha ouvido.

—De novo este sonho? – Ela pergunta.

—De novo? – Ele pergunta mais confuso.

—Você costuma acordar assustado, dizendo que eu morri no ataque de um demônio – Ela responde, voando a sua frente e fitando-o preocupada.

—Então... – Ele ia perguntar sobre tudo em que lembrava-se, mas fora interrompido:

—Seu bobo, isso nunca aconteceu – Ela diz em meio a uma risada, tentando acalmá-lo – Está tudo bem.

—Mas... – Ele estava feliz, mas algo ainda lhe perturbava. Tudo não havia passado de um sonho? Ele se levanta e caminha para o centro da árvore, sentindo que algo estava errado.

—Não pense nisso, vamos aproveitar o dia – Elaine diz ao dar um beijo do homem. Aquilo fora a peça final para ele acreditar, tudo agora estava bem e ele estava feliz.

Ambos aproveitaram o dia como costumavam fazer, finalizando em uma conversa de que aguardariam Harlequin retornar para ambos poderem finalmente viajar pelo mundo e sobre o sonho em que ele costumava ter:

—Ban, me conta mais sobre esse seu sonho – Elaine pede deitada sobre seu peito.

—Por que não falamos de outra coisa? Ele não tem um final feliz – Ele diz observando a copa da árvore e prestando atenção nos sons ao seu redor.

—Por favor Ban.

—Tudo bem... – Ele concorda com um sorriso de canto – Neste sonho, você...

—Eu sou morta pelo demônio que atacou nosso reino e fiz você beber a fonte da juventude para que você viva – Ela complementou, pois sabia muito bem do sonho de seu amor, pois ela já havia escutado milhares e milhares de vezes. Recebendo o olhar sério do homem, ela o consola – Mas nada disto aconteceu.

—É... – Isto já fizera um sorriso tranquilo surgir. Continua – Eu me tornei um dos Sete Pecados Capitais, por ser acusado de beber a fonte da juventude: o Imortal Ban, o Pecado da Ganância da Raposa.

Ela escutou tranquilamente a história triste, apenas se inquietou quando citou um nome:

—Tinha uma Cavaleira Sagrada, o nome dela era Crow.

—Por que não vamos dar uma volta? – Ela diz saindo de cima do humano e convidando-o a acompanhá-la.

—Está bem, mas... Foi você que insistiu em que eu contasse – Ele diz pouco contrariado, levantando-se para segui-la, mas algo lhe impediu.

—O que houve?

—Ei... Onde está a Crow? Não, a Nathalia – Ele pergunta, dizendo pela primeira vez o nome de sua amiga.

—Esta pergunta novamente? – Ela perguntava pouco triste – Ela saiu há anos, antes mesmo de você chegar e não voltou mais.

—Não voltou mais? – Ban estava surpreso e um flash back passou por sua mente: “Sou a Cavaleira Sagrada Crow”, “Eu não escolhi. Eu não escolhi este caminho...”, “Talvez seja por que não tenho motivos para estar fora destas paredes” todas estas frases eram dela, da mulher em que talvez conhecesse, seus pensamentos estavam confusos: ele conhecia realmente ela ou não? – Então nunca saia do meu lado...

—O que disse? – Elaine pergunta confusa, aproximando-se do humano.

—Fora o que eu disse a ela no meu sonho... Eu sei que eu disse – Ele estava com os olhares tristonhos ao lembrar-se de todos os momentos criados com aquela mulher com quem passou durante tantos anos. “Eu nunca vou deixar que lhe façam mal” era martelava em sua mente, mas o sentimento de falha de protegê-la dizia mais alto e fez com que ele tentasse apenas esquecer, esquecer do sonho – Esqueça.

Os dias passavam-se e logo tornaram-se uma semana, e o cotidiano do casal não era abalada. Estavam felizes.

Por outro lado, em um mundo contido de guerras e destruição, Nathalia chorava em desespero, pois sabia que seu melhor amigo nunca despertaria. Ele nunca abriria mão de seu amor por Elaine.

—Elaine – Ban chamava sua amada, enquanto ambos permaneciam deitados e observando o céu azul do dia – Quando seu irmão retornar, vamos finalmente viajar por este mundo.

—Espero que seja breve – Ela diz ao abraçá-lo.

—Quantos dias já se passaram?

—Uma semana – Ela responde normalmente, mas o homem sentiu-se incomodado. Ele lembrava-se muito bem, de quantos dias permaneceu com o amor de sua vida, antes do pesadelo e eram exatamente uma semana.

Ele adormeceu com a mulher em seus braços e despertou com seu nome sendo chamado, mas Elaine ainda permanecia adormecida sobre sei peito. O céu que avistara era preenchido pela iluminação da lua e das estrelas, estava bonito e Ban não escondia no sorriso que soltara, mas logo desapareceu.

—Ban? – A loira pergunta ao perceber que ele havia desperto.

—Elaine, por que ela partiu? – Ele pergunta, referindo-se a irmã “caçula” da loira. Ele havia novamente recordado, era exatamente neste horário, o momento em que ambos bebiam e riam juntos.

—Há muitos anos – Ela respondeu sem cerimônia.

—Não tem curiosidade de saber onde ela está? Em como ela está? – Ele diz levantando-se, deixando Elaine sentado ao seu lado, e indo a beirada da árvore em direção ao reino de Liones e observa o horizonte.

—O que houve? Estar agindo assim desta forma tão repentinamente – Ela pergunta ao preocupada, aproximando-se lentamente.

—Ela pode estar lá fora – Ele não queria admitir, mas era isto que lhe perturbou tanto tempo: sentia a falta da idiotice e teimosia de Nathalia, mesmo por tudo de errado que ela tenha feito.

—Mas Ban! – Ela diz ao segurar seu braço – Ela foi embora e não retornou mais! Ela é igualmente o meu irmão! – Esta frase fora o necessário, o suficiente para ele perceber que esta não era quem realmente amava.

—Você está errada – Ele diz virando-se de frente a loira – Você não é quem eu amo.

Ele estava correto em suas palavras, a mulher em que conhecia pediu para cuidar de sua querida irmãzinha, mas ela impediu-o e culpou-a por ter partido. Nenhuma palavra fora dita pelo casal, Ban apenas fitou tristonha pela última vez a imagem de Elaine e jogou-se de costas para cair da árvore.

—Ban, por favor... – Fora o que ele escutou antes mesmo de abrir seus olhos, mas ao abrir, sentiu gotas quentes em seu rosto.

—Nathalia...? – Ele murmura ao ter dificuldade de abrir seus olhos por causa da claridade, chamando-a pela primeira vez por seu verdadeiro nome, vendo-a com olhares surpresos e cheios de lágrimas.

—Ban... – Ela diz ao chorar ainda mais, abraçando-o fortemente – Seu idiota... Não me preocupe desta forma... – Ela passava a mão em seus cabelos, enquanto recebia a retribuição do humano que se aconchegava nos braços de sua melhor amiga.

—Desculpe-me.

—Mas como... Como você... – Ela estava inconformada, não conseguindo cessar as lágrimas, de como ele retornou e quebrou a magia de Jin. E com um sorriso suave nos lábios, limpando as lágrimas do rosto da morena, responde:

“Eu disse que precisava de você”

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.