Eu não gosto de falar sobre isso. Eu não quero falar sobre isso. Eu não vou falar sobre isso. Desistam. Eu não quero nem pensar sobre isso. Eu só queria dormir.
Qual é o meu problema? Por que eu sou tão... Tão garota? Eu preciso urgentemente parar de agir de forma tão Shojou, essa vida não é pra mim, não é. Eu jurei à mim mesma que seria uma heroína e jamais seria uma mocinha estilo Shojou, mas eu acabei de passar uma noite em claro porque não consigo entender o que se passa na cabeça do Haru, não tem como eu ser mais Shojou.
Ele me beijou porque teve vontade e pronto, acabou, esqueça os sentimentos. Sentimentos são como a raiz quadrada de quatro; nenhum dos dois existe, eles simplesmente não existem.

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E a noite acabou. O sol estava muito forte e, até agora, ninguém sabia o que fazer. Foi dito que deveríamos esperar o amanhecer, mas e depois? Que falta de organização! Temos que processar essa escola de quinta categoria! Ainda bem que eu sou a melhor juíza que existe.
Para passar o tempo, eu, Natsu e Naruto decidimos construir um hotel de terra. O tédio te obriga a fazer coisas absurdas. Embora não houvesse propósito nenhum, estávamos bem concentrados nas obras de encanamento.
– O hotel tá pronto. - Naruto anunciou
– Ele pode se chamar Rukia Pallace? - Natsu perguntou
– Cara, a Rukia não vai voltar. - o loiro disse o óbvio -Supere, cara, melhore, lide com isso.
– Precisamos de hóspedes. - falei - Vamos caçar umas formigas.
– Não precisa, elas já estão vindo. - Naruto apontou para o Laura's Plaza (eu que o arquitetei, é mais do que justo que ele tenha meu nome).
Isso! Meu empreendimento é um grande sucesso! Hospitalidade é o meu nome do meio!
– Não entrem pelas paredes, suas vagabundas! A gente fez recepção pra quê?

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O tempo ia passando e nem sinal do Osamu-sensei, mas o lado bom é que também não temos sinal da Nagisa-sensei. Eu espero que ela continue longe por mais um tempo, tipo... Até eu me formar está bom, não acha?
– O que é aquela van? - Natsu perguntou
– É uma van de hippie. - Naruto o respondeu
Que raio de van é essa? Ela simplesmente apareceu do nada e esse motorista está dirigindo como um louco... Não! Não me diga que é...
– Entrem na van. AGORA!
... Nagisa-sensei. Por quê?

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Nagisa-sensei disse que precisávamos voltar para a Shounen High o mais rápido possível. Perguntamos por Osamu-sensei e sobre o motivo de nossa volta repentina e obtivemos uma resposta muito esclarecedora:
– Todos pra dentro da van! AGORA!
E, como ninguém tinha escolha, corremos imediatamente para dentro da van. Eu acabei sentando ao lado do Haru e ele queria falar comigo.
"Que azar, não é, Laura? "
Nem venham com esses questionamentos, já tenho dor de cabeça para uns oito ou oitocentos mangás.
"Números bem próximos, não acha? "
Qual é o meu problema? Quando é que eu vou acabar com essa minha mania de autoquestionamento?
– Laura. - o albino me cutucou - Laura!
Só vou parar de ignorá-lo porque esse é um dos maiores clichês de Shojou.
– O que você quer? Se for para falar sobre aquilo eu não quero.
– Você não vai ficar brava comigo, vai? - ele fez um biquinho na tentativa de ficar fofo... Ficou fofo, eu admito. - Eu só queria pedir desculpas por ter te beijado, foi besteira minha. Eu juro na posição de seu escravo que jamais farei algo que vossa magnitude não me permitir. - Vossa Magnitude? Não sei bem o que isso significa, mas adorei meu novo codinome. - Você vai ficar brava comigo?
– Que diálogo Shojou! - acabei pensando alto
Ora, eu não sou mocinha! O que eu estou fazendo da minha vida?
– Laura, sabe o que eu acho legal nessa escola? - senta que lá vem história - O legal é que aqui a gente pode fazer o que quiser, sem se preocupar com esses rótulos Shounen ou Shojou. Quando a gente se formar os mangakas passam a mandar em tudo o que a gente faz. É por isso que eu gosto daqui, por causa dessa liberdade de ir e vir.
– Yosh, saquei! Agora já deu desse discurso, ok? Daqui a pouco você fica tão chato quanto o Trancinha.
– Laura, já reparou que você não consegue ficar sem falar sobre o Edward?
– Não, nunca reparei.
– Hum.
O que ele quis dizer com "Hum"? Meu escravo ficou louco.
– Chegamos! - a psicopata anunciou
Legal saber disso, mas onde nós estamos mesmo?