Ano novo, 31 de dezembro de 1993

Querido(a) amigo(a),

Hoje é um dia diferente. É ano novo novamente. Lembra dos primeiros capítulos, do primeiros sufocos? Bem complicado.

Esta carta que escrevo não é para o Charlie, nem para a Lyra, nem para minha família. Escrevo-a para que o mundo saiba quem sou. Ou quem não sou.

Eis a lista de coisa que fui e não fui:

– Lésbica (Não)

– Sequestrada (Fui)

– Amada (Fui e não fui)

E por assim vai, você sabe de todos os detalhes. Menos os últimos, esse eu deixei para o grand finale!

***

Voltando aos dias que nunca termina...

— Onde eu estou? — Resmunga Charlie, ainda em uma cama.

— Hey garoto, até que enfim você acordou, acho que o Luck aqui dopou demais você. Você dormiu por 3 dias.

Ele estava tão desorientado que quase cai da cama, mas Sam estava ao seu lado, então evita o pior.

Todo o tempo que ele estava dormindo, fiquei conversando com o Luck, um ótimo doutor, com tão pouca idade. Agora que o Charlie estava acordado, decidimos deixa-lo a sós com a Sam. Tanto sofrimento causado por mim deveria ser descontado.

Ao sairmos da sala, Luck nos leva para uma cozinha. Ele havia me enganado, aquilo não era um hospital, era só uma grande casa de repolso.

Sentamos à uma mesa pequena e centralizada do aposento e continuamos nossa conversa.

— Você não me contou porque respondeu às cartas de Charlie e como elas chegaram até você. — Ele disse.

— As cartas chegavam todo mês para meu irmão, ele só fazia me entregar. Ele dizia que era uma admirador secreto, mas na verdade todas aquelas cartas eram uma avaliação. Ele sabia que eu queria ser escritora e conhecia os pais do Charlie, que tinham conhecimento das cartas sem remetente que ele escrevia. Então pediu para que enviasse para ele.

"Eu as lia com orgulho. A escrita dele era incrível, mas ás vezes ficava com receio de ler. 'Cara, to lendo coisas intimas dele', eu pensava. Claro que eu não sabia disso tudo, só vim saber ontem, mas continuando.

"Lia e respondia todas as cartas e acabei descobrindo que boa escritora sou, não querendo me gabar, é claro, tenho todas as cartas-cópias se quiser ler.

"Enfim, chegamos até aqui. Cartas têm um poder inóspito"

Ele escutou tudo tão bem, mas parecia estar voando, pois seus olhos encontravam os meus mas sentia ele estava distante.

— Aló, alguém aí? — Movi minhas mãos entre nosso rostos.

— Você é tão linda, sabia?

— Você deve estar dopado.

— Estou falando sério, estou apaixonado por você.

— Luck...

E acontece o que era de se esperar. Ele me beijou.

ALELUIA! É isso o que você deve estar dizendo agora, aí, na sua cama, enquanto lê sobre minha vida.

Não vou falar mais nada sobre o depois. O depois vocês descobrirão logo logo.

***

Um dia antes de Charlie acordar...

Brendon já estava melhor. Graças a Deus. Mas não queria ter acordado, não naquele dia, não naquela hora.

Foi um dia triste e tudo por culpa daquela rapariga da Mary.

Uma nota sobre ela:

*Mary Elizabeth foi internada em um centro de jovens infratores no dia seguinte ao incidente com nosso pai, castigo bem merecido para ela.

O que ela fez não tem perdão.

Meu irmão acordou ao escutar meus choros. Ele já estava bem melhor, portanto só fez correr para onde meus gritos saiam. O quarto do meu pai.

— Bia, o que...

Não pude deixa-lo falar aquilo, tão grande era minha tristeza.

— Ela o matou, Brend, matou nosso pai!

Ele me abraçou forte e choramos por muitas horas até nossa mãe nos tirar dali e preparar tudo para o velório no dia seguinte.

A morte não escolhe cara nem coração.

***

Depois do dia de Charlie...

O velório foi um dos dias mais tristes e calmos da minha vida. Não tinha a Mary, mas também não tinha meu pai. Estávamos nos despedindo. Odeio despedidas.

Não quero falar do velório, tudo bem?

Obrigada leitor.

Só quero falar o que aconteceu depois desse dia.

Mamãe, Brendon e eu voltamos para nossa casa, finalmente. Lyra pode retornar para sua família assim que demos nosso perdão. Ela só foi vítima na história assim como nós.

Charlie está em seu lar também, com a Sam e o Patrick por um tempo. Eles tem seus compromissos de faculdade.

Luck e eu, bem...Conversamos bastante desde o dia do beijo. Saímos juntos varias vezes, sem um outro beijo acontecer. No entanto, ele e sua família chamaram-me para uma viagem de dois dias para Quebec, onde alguns membros da familia dele morava, em um sitio.

Essa viagem..Eu nunca vou esquecer. Dormimos no mesmo quarto, junto com a sua irmã mais nova, mas ela morria de medo de dormir sozinha, então foi para o quarto dos pais.

Nos beijamos por um longo tempo que pensei que algo a mais iria rolar, mas foi só isso. Ele era um perfeito cavalheiro.

— Você é uma garota difícil, sabia?

— Se eu não fosse difícil, não estaria aqui com você, não acha?

Dormimos abraçados e quando voltamos da viagem, rumores foram espalhados por toda a escola. Eu já esperava.

***

Somos uma família feliz.

Tenho amigos com quem contar.

Amo um namorado que me ama também.

É tudo isso que importa. É tudo isso que eu sou.

E ninguém pode mudar isso.

Com muito amor, Bianca LeRoy.

Ps: Agora sabem meu sobrenome.

Ps2: Charlie está enviando esta carta para todo mundo, acredita?

Ps3: Em forma de livro, sou escritora.

Ps4: SEJAM ESCRITORES DE SUAS PRÓPRIAS VIDAS, PASSEM AS PÁGINAS SEM DEIXÁ-LAS EM BRANCO, ASSIM SE VIVE FELIZ.

FIM

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.