As Sete Ameaças

Parte I: Os Sete – Desaparecimentos 7


— Ele estava ali, eu quase consegui pegá-lo de volta, mas ele pareceu não me reconhecer... – afirmou Zaci Leeu trincando os dentes de raiva.

— Ele não reconheceu – falou Ivo – Potter Lobus tem a ameaça de retirar a memória de qualquer um que tiver a testa encostada por seus três dedos médios da mão esquerda.

— Meu filho está perdido por aí sem memória? – falou a senhora Leeu assustada.

Jaroisk olhou para ela com os lábios comprimidos, sem querer falar para aquela mãe desesperada que seu filho podia estar morto. Contudo, o pai entendeu e, com a respiração pesada e lágrimas nos olhos, abraçou a mulher.

— Isso não pode ser verdade! – gritou a senhora Medved – Minha filha também?

— Todos eles. Pegaram-nos de surpresa, não tinha como saberem o que estava por vir.

— Mão! – falou Riley abraçada ao pescoço da mãe.

— Nós não o culpamos Ivo – disse a senhora Chô, que ainda usava seu uniforme de enfermeira – Estamos apenas incrédulos com o destino de nossos filhos. Meu pobre Yuki...

— Temos de retaliar! – gritou a senhora Flamingo com nervos de chumbo.

— Devemos ter calma nesse momento – disse Hiroshi Chô – Não podemos revidar com violência.

— E diz que devemos ficar parados e aceitar o sequestro de nossos filhos? – exaltou-se Patrick Hibou – Eu não posso aceitar o sumiço de minha Sofie!

— Revidando do mesmo modo, estaremos nos tornando tão trogloditas quanto eles.

— Eu não posso ficar de braços cruzados! – afirmou Wolfgang Maus – Paul é o único que falta para eles!

— Isso significa que devemos nos preparar.

— Estávamos preparados! – gritou Zaci – Meu filho estava preparado, ele sabia que provavelmente seria o próximo!

— Clyde também – pronunciou-se John Eagle – Estava preparado e teria lutado até o fim, se não tivessem usado um golpe tão sujo nele.

— Senhores – falou Ivo – Os homens que estão vindo são mais poderosos do que soldados comuns e eles se agravam pela presença de Potter. A determinação de vocês em querer vingança é admirável, mas seriam aniquilados em segundos. Devemos permanecer aqui e cuidar de Paul, o único que nos resta. Que ele represente o nosso sobrevivente.

Os parentes dos sete se olharam, inicialmente em dúvida, mas concordaram depois, cabisbaixos, de certa forma aceitando a perda de seus filhos.

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Paul Maus brincava com os blocos de Riley Eagle, que mesmo tristonha ainda ficava animada ao ver outra criança disposta a brincar com ela.

Nas últimas duas semanas tinha ficado na casa de cada um dos sete, mesmo que eles não estivessem lá. Sentia-se extremamente sozinho sem seus amigos, mas em especial sentia muita fala de seu irmão.

Encaixou um bloco amarelo no buraco azul e Riley bateu em sua mão com raiva.

— Não!

Então pegou o bloco amarelo e encaixou no buraco amarelo, onde pertencia.

— Desculpa.

— Malelo com malelo.

— Mas amarelo com azul é bonito.

— Malelo com malelo.

— Tudo bem, você quem sabe.

A menina se voltou para Paul, percebendo a tristeza do menino, e se aproximou dele para abraça-lo.

— Ponto, ponto.

Maus sorriu retribuindo o abraço da menininha, sentindo como era a sensação de ter que cuidar de alguém com metade da sua idade e entendendo como seu irmãozão se sentia.

— Obrigado, Riley.

— Mão...

— Você sente muita falta dele?

— Xim.

— Eu também sinto falta do meu...

Riley se separou e deu um beijo na bochecha do menino.

— Eca! Por que você fez isso?

— Mão diz bom.

— Está bem, mas eu não sou seu irmão e não quero seu beijo!

— Mau!

Então ela saiu pisando forte, com raiva.

Paul, agora sozinho, começou a encaixar os blocos coloridos em qualquer buraco que não fosse o deles.

No momento seguinte em que olhou para cima, viu cinco homens encarando-o.

— Acho que está errado, garoto – falou um deles.

— Saiam de perto! – gritou o menininho ficando em pé e recuando alguns passos – Vocês não vão me levar!

— E você vai fazer o quê?

Debochou o outro andando em direção a Paul.

Eles formaram uma roda ao redor do menino e não hesitaram em pega-lo a força e suspendê-lo do chão, enquanto ele gritava em desespero. Então lembrou-se de sua ameaça e mudou de lugar em um piscar de olhos.

— O que? Que merda...

Eles se viraram para encarar o menino e voltaram a vir em sua direção, mas ele ficou mais distante ainda.

— Mas que diabinho!

E, vindo de lugar algum, Ivo apareceu.

O mestre pegou o primeiro pelo colarinho e deu três golpes de punho fechado com tanta força que ele desmaiou. Então seguiu para o segundo, que tentou acertar-lhe na barriga, mas Ivo se defendeu dando uma joelhada entre suas pernas e um chute que o mandou para longe enquanto ele se encolhia de dor.

Os outros três recuaram um pouco, mas não escaparam da ira de Ivo Jaroisk, que pegou dois de uma vez só pela cabeça e, com uma força sobre-humana, bateu uma na outra.

O último tentou fugir ao ver os outros quatro caídos, mas ninguém era páreo para o ex-soldado cheio de fúria. Ele pegou o homem fugitivo e o suspendeu no ar.

— Quem o enviou aqui? – olhou ao redor e tornou a encarar o homem – E onde está Potter Lobus?

Ivo sentiu o medo nos olhos do homem e só precisou balança-lo e gritar “responda! ”, para este ceder.

— Foram os três reis! Eles estão com medo de seus pupilos! Ameaçou Lobus para que fizesse esse trabalho e enviou cada uma de suas crianças para um local diferente.

— Ameaçou Lobus?

— Sim, ninguém sabe direito com o que, mas era óbvio que ele estava fazendo o trabalho forçado.

— E onde ele está?

— Eu não sei, ele não aparece há semanas e nos deram a ordem para vir sem ele.

Ivo trincou os dentes, com raiva.

— Onde estão os outros?

— Eu não sei! Apenas os reis e Lobus sabem.

O mestre gritou de frustração e lançou o homem longe.

— Vá e diga que vou achar Lobus. Não importa onde ele esteja, eu vou encontra-lo e trazer meus meninos de volta.