As convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras

Friedrich Nietzsche

– Capítulo Vinte e Oito –

Tudo Foi Acertado

Ao voltar à sala de estar, Agatha percebeu que os ânimos dos presentes estavam mais calmos, todos estavam meio que sentados em volta da cadeira de rodas de Snape, as crianças olhavam curiosas para o mesmo, e Harry, ele estava abaixado de frente a Snape, falando alguma coisa. Era obvio para Agatha o que era falado ali, Harry estava agradecendo por tudo que Snape fez por ele, por tê-lo protegido durantes tantos anos, e também pedindo desculpas, por ter duvidado dele.

A Sra. Ridgeway, foi a primeira que notou a presença de Agatha na sala, então ela correu para abraçar sua filha, era como se ela soubesse do que Agatha precisava naquele momento.

- Tudo vai ficarr bem mon petit. – disse Angeline afagando os cabelos da filha. – Onde está o Drraco?

- No escritório. – respondeu Agatha tentando esconder a voz embargada.

- Querrida voc...

- Tenho que ver se Severo está bem. – disse Agatha cortando sua mãe antes que a conversa se prolongasse.

Ela se afastou da mesma e se aproximou de Snape, Harry imediatamente se levantou, e Agatha colocou uma mão sobre a testa de Snape.

- Você está frio. – disse Agatha tirando a própria capa e colocando sobre o ex-diretor – Está se sentindo bem?

- Estou ótimo Agatha. – disse Snape impaciente, sua voz estava baixa e falha, via-se nitidamente a sua dificuldade de falar. – Ele está muito irritado?

- Não quero falar disso agora. – disse Agatha respirando fundo – Acho que todos na sala querem saber como vocês vieram parar aqui.

- Eles me obrigaram Agatha! – exclamou o Dr. Hastings.

- Eu sei John. – disse Agatha calmamente – Severo?

- Eu estava no quarto. – disse ele lentamente – E uma esfera de luz entrou pela janela do banheiro. – ele parou nessa hora para descansar a voz – Não sei da onde veio, mas, eu ouvi a sua voz e a de Draco pedindo a minha ajuda. Eu chamei o Dr. Hastings e pedi que chamasse o Lúcio, eu sabia que tinha que vir.

- Esse idiota não queria me deixar trazê-lo. – continuou Lúcio – Então eu o ameacei... sinto muito Agatha, mas, eu não podia deixar você continuar com isso.

- Mas da onde veio essa luz? – perguntou Gina curiosa.

- Do apagueiro. – respondeu Draco entrando na sala, ele tinha as feições frias e um copo de firewhisk na mão. – Não é que aquilo funciona mesmo? – disse ele sarcástico – Agora só nos resta saber, por que, a bolinha da esperança foi procurar justamente pelo nosso professor morto, desculpe. Professor oculto, eu acho que fica melhor assim.

Agatha o olhou indignada, mas, ela não ia fazer uma cena agora, não na frente dos seus filhos.

- Me digam o que sabem. – pediu Snape quase que num sussuro.

Hermione tomou a frente e relatou detalhadamente tudo o que havia acontecido até aquele momento, Snape a ouvia pacientemente.

- Recentemente nós soubemos, que Jake e Tiago também podem se comunicar mentalmente, e ele tem tentando fazer isso, mas, provavelmente Tiago está muito longe. Jake só consegue ver, o Hugo e a Kendra. – terminou Hermione.

- E uma janela. – disse Jacob (neto) – Ele não para de olhar pra essa janela, isso é meio irritante.

- Como é o lugar? – perguntou Snape para Jacob.

- Imundo, tem uns móveis antigos e empoeirados, parecem bem caros. – disse Jacob dando de ombros – Só isso que eu sei, e a janela têm uma borda esverdeada e gasta.

- Você consegue ver o que tem depois da janela? – perguntou Snape sério.

Jacob fechou os olhos, pensativo, depois encarou Snape e respirou fundo.

- Só árvores. Sinto muito. – disse Jacob se desculpando.

- Você sabe que árvores são? Pode descrevê-las?

- Ok. – disse Jacob achando o pedido estranho. – O senhor conhece os *álamos ou choupos? – Snape assentiu – Então são elas.

Snape refletiu por um momento e a luz veio em sua mente.

- Draco. – chamou Snape, Draco nessa hora estava no terceiro copo de firewhisk. – Eu já sei onde eles estão.

- Aonde? – adiantou-se Rony alterado.

- Lembram que Voldemort tinha uma casa em uma floresta? – disse Snape sussurrando, Agatha, Draco e Lúcio assentiram – Só alguns comensais e os conselheiros conheciam.

- É verdade. – comentou Agatha pensativa – Ás vezes quando Voldemort sumia, é por que estava lá.

- E te levava junto não é? – disse Draco com um sorriso cínico.

- Você acha que eles estão lá? – perguntou Agatha ignorando Draco.

- Só pela descrição da borda da janela e essa espécie de árvores – disse Snape, ele estava com a aparência cansada e a voz muito fraca – Eu só estive lá uma vez, mas sei que estão lá.

- Ótimo! Então vamos buscá-los. – disse Gina imediatamente.

- Não é tão fácil assim ruiva. – disse Draco enchendo outro copo de bebida – Aquele lugar pode estar repleto de comensais, a gente não pode simplesmente chegar batendo na porta e pedindo para entrar.

- O que a gente faz então? – perguntou Hermione impaciente.

- É simples. – disse Harry decidido – Como agora Draco, Agatha e Lúcio sabem onde eles estão nós vamos informar aos comensais que já conseguimos todas as relíquias, eu levo as relíquias e vocês armam uma emboscada.

- É arriscado Harry. – disse Agatha temerosa – Eles podem te matar.

- Não antes de ressuscitar Voldemort. – disse Harry – Com certeza ele mesmo vai querer fazer isso.

- Não posso deixar que você faça isso. – disse Agatha indignada – Eu vou junto.

- Sem chance.

- Harry, eu enrolei esses comensais por anos. – explicou Agatha – Posso fazer isso de novo.

- Você não vai! – disse Draco com a voz alterada, Agatha abriu a boca para questionar, mas, foi interrompida pelo mesmo – Você ainda é minha esposa e eu não vou te deixar ir, eu vou no seu lugar.

- Você não tem o direito de me dizer o que fazer. – rebateu Agatha entre os dentes – Não mais.

- Hei! – exclamou Scorpius aborrecido – Vocês nunca brigaram assim, pelo menos na nossa frente.

- Desculpe. – disseram Agatha e Draco ao mesmo tempo.

- Aconteceu alguma coisa no escritório que devíamos saber? – perguntou Molly.

- Apenas. – disse Agatha encarando Draco – Tudo foi acertado – Então ela se virou para o Dr. Hastings – Por favor, John, pode levar o Severo para um dos quartos? Ele precisa descansar, mamãe a senhora pode ajudá-lo?

- Clarro querrida. – disse Angeline se levantando e guiando o Medibruxo que levitava a cadeira de Snape, escada acima.

- Vou fazer um plano de ataque. – disse Draco tomando o resto de firewhisk.

- Vou com você. – disseram, Rony, Jacob (avô), Arthur.

Kingsley e Lúcio se entreolharam e foram junto para o escritório.

- Vou preparar algo na cozinha. Se importa Agatha? – perguntou Molly.

- Fique a vontade Molly. – disse Agatha respirando fundo.

- Eu te ajudo Molly. – disse Hermione imediatamente – Vamos Gina?

- Ahn... claro. – disse Gina seguindo a amiga para a cozinha.

- Com licença. – disse Narcisa se levantando – Vou ver como Severo está.

Ouve um silêncio constrangedor na sala, até que Harry resolveu falar.

- Podemos conversar Agatha? – perguntou Harry.

- Acho que essa é a fala pra gente sair também. – disse Alvo irritado, ele, Jacob, Scorpius, Lílian e Rose saíram para o jardim.

- Eu sei que você também vai me recriminar pelo o que eu fiz. – disse Agatha – Então acaba logo com isso.

- Eu nunca faria isso. – disse Harry indignado. – Na verdade, eu queria te agradecer por salvar o Snape, ele sempre me protegeu e eu nunca pude dizer a ele o quanto sou grato por isso.

- Não tem por que agradecer. – disse Agatha – Ele salvou a minha vida, sempre me ajudava, me dava conselhos na época da guerra, eu devia isso a ele, e eu aprendi a amá-lo.

- E mais uma coisa. – disse Harry pegando nas mãos de Agatha – Quero te pedir desculpas, se duvidei de você, se fui grosseiro, eu não sabia o estresse que você estava passando levando esse fardo.

- E eu que pensei que você seria o primeiro a me atirar uma pedra. – disse Agatha com um sorriso tímido.

- Draco e você, não estão bem, pelo que pude notar. – disse Harry.

- Ele me pediu o divórcio Harry. – disse Agatha naturalmente.

Harry ficou pasmo.

- Divórcio?

- Exatamente. – respondeu Agatha – Ele acha que eu não confio nele, e eu acho que ele perdeu a confiança em mim.

- Draco é muito inteligente, mas, sabe ser um completo idiota quando quer. – disse Harry irritado – Você se sacrificou desde o começo da guerra, mas quis estar ao lado dele, sofreu pressão o tempo todo, passou anos aguentando Voldemort no seu pé, e depois faz essa proeza e consegue salvar o Snape, e Draco ainda acha que você não é de confiança?

- Acho que feri o ego e o orgulho dele. – disse Agatha dando de ombros.

- Você é boa demais pra ele. – disse Harry enraivecido.

- Não diz isso. – disse Agatha triste – A culpa foi minha.

- Draco é vaidoso demais, alguém precisa dizer isso a ele. – disse Harry. – Você estava cuidando do Snape não do Voldemort.

- Mesmo se eu quisesse cuidar de Voldemort, não poderia. – disse Agatha – O corpo de Voldemort não pode ser encontrado, vocês o enterraram em um lugar escondido e eu mesma pedi que eu não soubesse onde seria.

- Vou falar com ele.

- Esquece isso. – pediu Agatha respirando fundo – Por que a gente não tenta abrir o pomo de ouro? Talvez tenha alguma pista de onde está a pedra da ressurreição.

Harry pegou o pomo no bolso e encostou a boca no mesmo, as mesmas palavras de antes apareceram. Eu abro ao fechar.

- Eu acho que sei o quer dizer. – disse Harry tristemente – Agatha se o plano que Draco fizer falhar e Voldemort ressuscitar, eu sei que estarei pronto para morrer pelas crianças.

- Do que você ta falando Harry? – perguntou Agatha urgente.

Harry encostou o pomo nos lábios outra vez e disse:

- Estou pronto para morrer.

O fecho do pomo de ouro se abriu e eles puderam ver que a pedra da ressurreição descansava em seu interior.

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*O choupo ou álamo (género Populus) é uma árvore da família Salicaceae (à qual também pertence o salgueiro), característica das florestas boreais, mas que se encontra em regiões mais temperadas.