A esperança é um alimento da nossa alma, ao qual se mistura sempre o veneno do medo.

Voltaire

– Capítulo Vinte e Um –

Desconfiança

- Peraí Jake! Do que você está falando? – perguntou Draco abismado.

Eles estavam no escritório de Neville, e o que Jacob contara a eles, era impossível de acontecer.

- Querido, por que nunca nos contou antes? – perguntou Agatha calmamente.

- Eu até pensei em contar. – disse Jacob arrependido – Mas Tiago achou melhor não, ele disse que vocês dariam um jeito de tirar isso da gente.

- Nós nunca faríamos isso. – disse Agatha procurando apoio no marido – Não é Draco?

- Claro que não. – disse Draco pensativo – Mas isso não é possível, quero dizer isso não é genético, foi feito por um pacto de sangue, como que passou pra vocês?

- Depois a gente pensa nisso. – disse Gina esperançosa – O importante é que talvez através do Jake e gente possa encontrar os outros.

- É essa a minha dificuldade. – disse Jacob aborrecido – Eu sinto o que ele está sentindo, e sei que ele está muito irritado com a Kendra, mas, eu não consigo me comunicar com ele.

Todos caíram em pensamentos, eles tinham uma forma, mas, não tinham como, e era essa a grande dificuldade no momento.

- Draco. – disse Harry rapidamente – Lembra quando eles eram pequenos e eu consegui entrar na sua mente pra que você viesse nos ver? Eu estava com o Tiago no colo, isso pode ter ajudado.

- Tem razão! – disse Draco batendo na própria testa – Eu também estava com o Jake no colo nesse dia, é por isso que a telepatia deu certo, mesmo estando longe. É só a gente fazer isso de novo.

- Pai o senhor não vai me pegar no colo vai? – perguntou Jacob urgente.

Draco girou os olhos e pegou na mão de Jacob e Harry, eles fizeram uma roda.

- Jake. – disse Harry calmamente – Tenta uma comunicação.

Jacob respirou fundo aborrecido, se perguntando o que diriam se o vissem daquele jeito segurando as mãos de dois caras. Ele se concentrou o máximo que pôde. No inicio ele pensou e desistir, por que a sua cabeça já estava doendo, mas, então ele viu uma cascata de cabelos loiros, a garota olhava irritada pra ele, ao lado, ele viu um garoto ruivo olhando pensativo o teto. Foi então que Jacob se deu conta, ele estava vendo através dos olhos de Tiago.

- Kendra. – foi à única coisa que ele disse antes de cair desmaiado.

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- Eu não aguento mais! – exclamou Lílian – Eu quero saber o que está acontecendo lá dentro!

Lílian, Alvo, Rose, Scorpius e Paola, estavam na sala precisa, eles se reuniram lá, depois que Rose contou a eles que Jacob fora falar com seus pais.

- Todos nós queremos Lílian. – disse Paola, ela estava sentada ao lado de Scorpius no sofá – Eu acho que Jake deve ter tido alguma ideia para achar os outros.

- Idéia que talvez eu o tenha ajudado a ter. – disse Rose pomposa.

- Você já disse isso, obrigado por lembrar. – disse Scorpius indiferente.

Rose bufou irritada e Alvo girou os olhos “O que, que a Rose fez pra ele?” perguntou Alvo pra ele mesmo.

- Eu não consigo mais ficar preso nessa escola, sabendo que os outros estão em perigo. – disse Alvo deprimido – Eu quero sair daqui e ajudar.

- E o que você acha que a gente pode fazer? – perguntou Scorpius irônico – Nós temos catorze anos, vocês acham que os nossos pais vão nos passar algum tipo de informação?

- Nossos pais faziam muito mais quando tinham onze. – argumentou Alvo.

- Você quer usar isso como argumento? – perguntou Scorpius sarcástico – Ok, vamos agora mesmo na sala do diretor e dizer “Papai, mamãe, nós estávamos conversando, e achamos que vocês deveriam nos dizer o que sabem, por que nós temos catorze anos e vocês tinham onze quando se metiam em encrencas” – disse Scorpius com uma voz aguda forçada.

Alvo o encarou com raiva, Paola, tentava segurar o riso e por incrível que pareça Rose também, Lílian apenas olhava apreensiva de um para o outro esperando que os dois se pegassem.

- Se ao menos eu tivesse sido sequestrado no lugar dela... – disse Scorpius baixinho.

- Daria na mesma Scorp. – disse Lílian chateada.

- Não. – disse Scorpius – Por que se ela estivesse aqui, ela já teria um plano para nos tirar de lá.

- Mas o seu pai está aqui Scorp. – disse Paola amigavelmente – Se ele conseguiu se manter frio na época da guerra, alguns comensais foragidos não vão fazer diferença pra ele.

- Ai é que você se engana Paola. – disse Rose superior – Kendra sempre foi à princesinha do meu padrinho, com certeza a cabeça dele está um caos.

- Não exagere Rose. – eles reconheceram a voz como sendo a de Agatha entrando na sala precisa, sua expressão era indecifrável – Vai dar tudo certo meu anjo.

- Por favor, Sra. Malfoy nos conte o que está havendo lá na sala do diretor. – pediu Lílian.

- Nós decidimos que vamos levar vocês pra casa. – disse Agatha cuidadosa – Sabemos que vocês não estão indo muito bem nas aulas.

- Desculpe madrinha. – pediu Rose.

- Nós não culpamos vocês por isso. – disse Agatha docemente – A família nesse momento deve ficar unida.

- E o Jake? – perguntou Alvo – Por que ele queria falar com vocês?

- Eu não vou mentir pra vocês. – disse Agatha respirando fundo – Ele está na ala hospitalar, mas, está bem. – acrescentou Agatha quando viu a cara de assombro dos garotos – Vamos explicar tudo pra vocês quando chegarmos em casa.

- Mas o que houve com ele? – perguntou Rose com urgência.

- Depois querida. – disse Agatha encerrando o assunto – Eu queria perguntar a vocês, se sabem onde está a capa de invisibilidade do Tiago.

- Por que a senhora quer a capa dele madrinha? – perguntou Alvo curioso.

- Explicações depois Al. – disse Agatha pacientemente.

- Eu não sei onde ele guarda mamãe... – começou Scorpius.

- Está comigo. – disse Rose de repente.

- Com você? – disse Lílian indignada – Ele nunca me empresta, e eu sou irmã dele.

- Ele só me emprestou por que a Kendra pediu, pra eu ir ao quarto dela. – disse Rose dando de ombros.

- Perfeito! – disse Agatha satisfeita – Vão fazer as malas e não se esqueça da capa Rose.

- Pode deixar. – disse Rose saindo em disparada para a saída da sala.

- Vamos pegar o Jake e esperar vocês na sala do Neville. – disse Agatha para todos.

- Sra. Malfoy. – chamou Paola quando todos saíram – Me manda notícias, por favor, ela é minha melhor amiga.

- Não se preocupe, eu vou mandar. – disse Agatha – Depois quero que você me explique como acabou o namoro da Kendra e do Pablo.

- Promete não contar para o Sr. Malfoy? – disse Paola temerosa.

- Promete não me contar o que? – perguntou Draco entrando na sala.

- Nada. – disse Paola rapidamente e saindo correndo da sala.

Draco encarou Agatha que parecia meio desconfortável, isso normalmente acontecia de uns tempos pra cá, quando ela ficava sozinha com ele.

- Você parece nervosa. – disse Draco se aproximando dela, ele tinha as mãos no bolso e um sorriso de lado.

- Estou preocupada com o Jake. – disse Agatha de cabeça baixa.

- Só foi um desmaio. – disse ele indiferente, eles já estavam próximos e Agatha encostara na parede.

- Fiquei preocupada com ele, e com os outros. – disse Agatha ainda com a cabeça baixa.

- Olha pra mim. – disse Draco colocando as duas mãos na parede, deixando Agatha se sentir presa – Eu sei quando você mente.

- Do que você ta falando Draco? – perguntou Agatha olhando em seus olhos.

- O que está acontecendo com você? – perguntou ele gélido.

- Minhas crianças foram sequestradas. – disse Agatha ofendida.

Draco a encarou a avaliando por um momento, e Agatha sabia o que ele estava tentando fazer, entrar em sua mente, mas, ela foi muito bem treinada por ele mesmo pra permitir que isso acontecesse.

- Eu quero conhecer o seu paciente. – disse Draco, Agatha se assustou com a súbita mudança de assunto.

- Eu tenho vários pacientes Draco. – disse Agatha calmamente.

- Você sabe de quem estou falando. – disse Draco sério. – Estou falando da pessoa que tem tomado o seu tempo nos últimos quinze anos.

- Você sabe que no momento não é possível. – disse Agatha tentando não demonstrar nervosismo – Além, de eu estar afastada por causa das crianças, o meu paciente está no nível zero, ninguém pode ir lá, além do Doutor Hastings e de mim, tinha uma enfermeira também, mas, infelizmente ela morreu, tomando uma poção errada. – disse Agatha o mais calma possível – Decidimos não recrutar mais ninguém.

Ele respirou fundo.

- Vou pegar o Jake na ala hospitalar. – disse Draco ainda sério – A gente conversa em casa.

Draco saiu da sala e Agatha respirou aliviada, em seguida ela abriu a sua bolsa a procura de algo, ela tirou de lá um pequeno espelho de maquiagem. Agatha mirou o espelho e disse angustiada:

- Eu preciso de você.

O rosto de Agatha suavizou quando ela viu a imagem de Lúcio Malfoy refletida.