As Quatro Casas De Hogwarts - Ano 2

Capítulo 11 - Planos entre Dúvidas


Daniel não pôde acreditar que Mattew, mais uma vez, tornou a procurá-lo no dormitório da Grifinória, naquela mesma noite. Depois dos dois se despedirem, Daniel havia se encontrado com Ryan, Ellen e Alice, na beira do lago, e os quatro haviam passado o restinho da tarde conversando animadamente, quase se esquecendo do horário do jantar. Fazia tempos que os quatro não usufruíam algumas horas juntos, apenas gastas para conversar despreocupadamente, sem que debatessem algum problema. Até mesmo o que Ryan soubera de Daniel, através do menininho tagarela da Lufa-Lufa, ficara de fora naquele dia.

No entanto, naquela noite os problemas tornaram a aparecer, ao menos para Daniel.

- Potter, eu preciso falar com você. – Mattew pediu.

Pela sua fisionomia séria, Daniel logo notou que o assunto provavelmente era urgente, e sem mais delongas deixou sua poltrona em frente à lareira e foi se juntar ao irmão de Ryan num lugar mais afastado.

- É sobre Ryan, mais uma vez.

Os protestos de Daniel, prestes a virem numa enxurrada para cima de Mattew, foram cessados por um gesto calmante da parte dele, e sua rápida reação verbal:

- Eu sei, eu sei, você me avisou no início do ano que não vai servir de intermédio entre mim e ele, e eu não estaria perturbando sua paz se não fosse urgente.

Daniel assentiu, em sinal para ele continuar.

- Então, eu vou lhe contar tudo, confio em você para passar a mensagem adiante para Ryan, e me ajudar numa decisão difícil.

Daniel franziu o cenho ao ouvir as palavras “me ajudar” vindas de Mattew, no entanto se manteve calado, a espera de mais.

- Eu recebi a resposta de nossos pais. Porém, eles mandaram a carta para mim, não para eu e Ryan.

- Como assim? – Daniel perguntou confuso.

Mattew suspirou. Claramente não estava satisfeito com a carta que recebera aquela tarde.

- Eles pediram na carta especificamente para eu não mostrá-la a Ryan. Brevemente lamentaram a nossa situação, e pediram para eu encontrá-los em Hogsmeade na primeira visita.

- Mas nem Ryan nem nenhum de nós podem ir, somo do segundo ano...

- Eu sei. – Mattew respondeu, e explicou – Esta é a razão que eles pediram para eu manter sigilo. Mas eu estava me sentindo como se estivesse passando Ryan para trás... Ele ajudou nessa carta, foi ideia dele. Então eu estava achando melhor falar com ele...

- Então porque não ir direto encontrá-lo? – Daniel perguntou, já se impacientando para voltar ao seu lugar e terminar seus deveres.

- Porque eu não sei se seria recomendado fazer isso... Eu soube o quanto ele estava ansioso por poder ir para Hogsmeade através de Rachel, e o idiota é capaz de sair por aí fazendo besteira se souber da carta...

- Acha então que eu vou saber te responder isso? – Daniel perguntou, realmente pensando naquilo. Lembrava-se do quanto Ryan falara do que aconteceria em Hogsmeade na primeira visita, naquela tarde, e acrescentando o quanto gostaria de ir.

- Não. Mas o amigo é seu, só estava tentando saber o que achava... Bem, faça o que quiser. Conte ou não a Ryan, e me procure se ele quiser a carta. Boa noite, Potter.

Mattew terminou de falar friamente, e logo em seguida se retirou, não prolongando ainda mais sua estadia na sala Comunal. Rumou direto para o seu dormitório.

Daniel, ainda sentado no mesmo lugar, deu um longo suspiro, apoiando o queixo em sua mão fechada. Entrara em profunda reflexão, sentindo um pouco de raiva de Mattew por ter lhe deixado aquele fardo grande de ter de decidir se contaria ou não. Não pôde deixar de ter aquele sentimento, uma vez que o irmão de Ryan realmente fora egoísta em tirar as responsabilidades de cima de seu próprio ombro. O jovem Potter tomou a rápida decisão de que contaria aos amigos primeira coisa pela manhã, omitindo, é claro, Ryan. Talvez Nathan, dado que os garotos quase sempre estavam juntos.

Espreguiçando-se pelo longo dia, Daniel se levantou da poltrona, e retornou ao lugar que estava antes de Mattew ter chegado. Por sorte não haviam roubado-lhe o lugar, mas ele não via sinal de seus deveres por ali. Quem sabe algum de seus colegas houvesse “pegado emprestado”...

- Vocês não digam ao Ryan que eu falei isso, mas que pais que ele tem! – comentou Alice, após saber das novidades contadas às pressas por Daniel, no café da manhã do dia seguinte.

Ryan poderia chegar a qualquer momento, e por isso a urgência de Dan ao partilhar com as garotas a novidade. Nesse dia, sentavam-se à mesa da Grifinória, pois o primeiro a chegar ali fora Daniel, de tanta ansiedade que tivera.

- Ah, eu concordo, Alice, mas não ousem dizer que eu disse isso. – Ellen falou

- Acho que todos concordam, mesmo porque é um fato, e ninguém vai abrir a boca para ninguém, não é? – sugeriu Daniel, mesmo sem gostar do que dizia dos pais do amigo.

- Não vamos... – Alice garantiu. – Mas precisamos pensar se vamos contar a ele ou não... Não foi essa a dúvida que Mattew deixou para você, Dan?

- Foi. – o garoto confirmou.

- Que movimento mais covarde, esse. – Ellen comentou, indignada. Justo quando já estava começando a formular uma visão cem por cento positiva de Mattew, o garoto faz esse movimento, destruindo parte do quadro de bondade que Ellen, assim com o resto do grupo, construíra para ele. Todos foram baseados na crença que Ryan tanto depositara nele, depois de se reconciliarem.

Agora, encaravam uma dúvida que poderia ser crucial para os fatos que se sucederiam.

Alice trocou alguns olhares com Ellen, e soube que a amiga estava pensando a mesma coisa que ela. Depois que Daniel chegara a borda do lago para juntar os amigos, na tarde passada, os três já presentes lá evitaram tocar no assunto referente à ideia um tanto quanto insana de Ryan, de ir a Hogsmeade debaixo da capa. Daniel só soubera das vontades de Ryan, mas nada do plano. Agora, porém, esse fator em questão tornava a decisão de contar ou não ainda mais delicada e crucial.

- Dan, precisamos te contar uma coisa. – Alice falou, recebendo uma confirmação silenciosa e discreta de Ellen.

- O que? – ele perguntou, alternando olhares entre as duas.

- Bem, Ryan omitiu uma coisinha ontem à tarde quando a gente conversou, ao falar de Hogsmeade...

- É o seguinte: - continuou Alice – Ryan teve essa ideia maluca de pegar emprestada a capa da invisibilidade de Albus para fazer uma visitinha ao povoado clandestinamente. – ela revelou, notavelmente baixando seu tom de voz a sussurros, para ninguém ao redor ouvir nada do que dizia.

Daniel encarava-as boquiaberto.

- Isso mesmo, Dan, - falou Alice, ao ver a reação dele – é a ideia mais...

- ...Maneira que ele já teve! – o garoto a interrompeu, transformando a sua careta de surpresa em um sorriso travesso. – É genial!

Foi a vez de Ellen ficar atônita diante da reação do amigo.

- Dan, já não basta nós quase termos sido pegos o ano passado por... – ela também baixou o tom de voz antes de continuar – eu ter entrado no dormitório da Grifinória junto de você. Não precisamos de mais problemas...

- Mas El, poderia dar certo... – o garoto tentou argumentar.

- Daniel Potter, prometa que você não vai colocar um dedo perto daquela capa da Invisibilidade! – Ellen contra-atacou convicta em sua opinião, sem estar disposta nem a ponderar sobre o ponto de vista do outro.

- Ellen... – Daniel ficou um pouco indignado pela ousadia da amiga de interferir desse modo na decisão dele, especialmente com esse tom de ordem que ela usava. No entanto, Alice interviu antes que outra briga estourasse:

- Daniel, não fique bravo com Ellen: ela, assim como eu, que concordo com cada palavra que ela falou, está preocupada com você e Ryan. Não queremos deixar vocês dois inconsequentes saírem por aí fazendo qualquer coisa que pensarem só porque é legal, sem nem ao menos refletir!

Daniel parou para pensar um pouco no assunto. De fato, era algo um tanto inconsequente... Mas por outro lado, na visão de Daniel, as meninas não estavam enxergando que o plano poderia dar certo. Não eram elas quem havia ouvido histórias sobre o Harry Potter da boca do próprio Albus. Histórias que, com efeito, Harry usava a capa para entrar e sair de Hogsmeade sem poder, e por pouco saía completamente ileso. Se Daniel omitisse a parte do “quase” poderia convencer as duas...

Todavia, Daniel soltou um longo suspiro, antes de responder qualquer coisa. Sabia que no fundo as duas estavam certas, e por isso acabou dizendo:

- Okay, meninas, eu farei o que vocês pedem. Vou refletir. No entanto, - ele enfatizou a expressão – Vou perguntar a Albus da capa, eu não desisti completamente disso...

Ellen suspirou, penalizada, e olhou com pesar para o amigo. Queria tudo menos vê-lo tomar mais detenções, ou quem sabe ser expulso da escola de magia. Estava consternada ao extremo com a escolha dele, mas parecia que Daniel não notava. Os sentimentos de Ellen acabaram terminando num suspiro e num balançar de cabeça numa negativa, encarando Dan. Era tão típico de seu melhor amigo deixar as emoções dos outros passarem completamente despercebidas, mesmo que estivesse se agitando em frente aos olhos dele. Ellen se perguntou se algum dia isto iria mudar.

- Está certo, Dan. – falou Alice, num tom de quem conclui um assunto. – Mas se vocês quiserem fazer alguma loucura, eu e Ellen vamos interferir, esteja ciente disso.

Daniel assentiu, e retornou ao assunto que os trouxera àquela discussão, em primeiro lugar:

- Mas nós ainda não decidimos o mais importante. Vamos ou não contar a Ryan?

- Eu voto positivo, mesmo que isso venha fazer vocês dois saírem escondidos sob a capa... – falou Ellen. – Eu acho que ele merece saber.

- Eu também não gosto de esconder coisas de Ryan. – Alice admitiu. – De ninguém, na verdade. Então eu acho melhor falar para ele...

Alice interrompeu a si mesma, ao ver quem caminhava na direção do grupo. A própria pessoa de quem estavam falando, com seus cachos loiros agitando-se a cada passo ligeiro que dava em direção aos seus amigos. Quando chegou perto, foi logo se sentando, com um sorriso no rosto.

- Ai, nossa, não gosto de ser o último a chegar. – ele comentou, já olhando com gula para os pratos que o aguardavam. – Mas o que eu vou fazer se vocês não prezam uma boa noite de sono...

Ao notar que os sorrisos lançados em resposta para ele escondiam algo por trás, Ryan se preocupou, a ponto de perguntar:

- O que houve, gente?

Os três se entreolharam brevemente antes de prosseguir com a narrativa da carta dos pais de Ryan, do pedido de Mattew, e da dúvida em que estavam. Falaram de tudo mesmo para Ryan, sem deixar de mencionar nada, até mesmo a sua ideia de ir para Hogsmeade debaixo da capa.

Assim como as garotas previram, Ryan, depois de passada a sua preocupação com os pais e sua surpresa por eles terem feito isso, só se prendeu mais ainda a ideia de ir ao povoado bruxo. Na sua cabeça, agora havia arrumado um motivo que realmente importasse para que ele tivesse o trabalho de traçar todo um trajeto até Hogsmeade debaixo de uma capa da Invisibilidade, sem contar os outros cuidados que teria de tomar enquanto estivesse debaixo dela. Ele queria saber o que os pais diriam, mesmo que ele só pudesse ouvir, e não comentar nada. Sentia-se deixado de lado pelos próprios pais, pelo fato de ele não terem considerado sua presença também fundamental.

Os antigos sentimentos de inferioridade referentes ao seu irmão e sua família retornaram numa enxurrada, deixando Ryan tão abalado que chegara a perder o apetite. Outra coisa que não saía de sua cabeça era Mattew ter deixado a escolha toda nas mãos de seus amigos, ao invés de tomá-la ele mesmo, como seria correto. Tendo de volta todos aqueles sentimentos, retornava também a desconfiança a respeito da figura fraterna de seu irmão. Poderia, de verdade, depositar toda a sua confiança nele?

Ryan, ao contrário do que fizera a maior parte de sua infância, resolveu se abrir com os amigos. Estavam ali para ele, e ele tinha plena consciência disso. Então porque não pedir ajuda?

Enquanto Ryan desabafava, Ellen, Alice e Daniel ouviam atentamente. Os três haviam pensado em todas as reações físicas possíveis que Ryan tomaria, assim como seguir para Hogsmeade, mas não levaram em conta quais reações sentimentais causariam. Não se lamentavam, porém, de tê-lo falado a Ryan. Achavam que era melhor que ele soubesse da verdade e lidasse com ela do que se ficasse no escuro.

Findo o café da manhã, os amigos seguiram cada qual seu rumo. Alongaram ao máximo sua estadia no Salão Principal, para discutir até os pormenores do assunto. Decidiram que, por hora, esperariam. O final de semana da visita para Hogwarts estava um tanto longe, no início de Novembro.

O outono chegou. Os seus sinais se manifestavam por toda a extensão dos terrenos do castelo, desde as plantinhas envelhecendo nos canteiros das estufas até as copas das árvores se colorindo em tons avermelhados na Floresta Proibida. Era uma das mais belas estações, na opinião de Ellen. Todavia, ela achava a estação contraditória, também. Do mesmo modo em que pintava a vegetação em belos tons amarelos, vermelhos, ou alaranjados, também representava a morta dessas mesmas plantas que se coloriam. Eram quando trocavam as folhas, a época em que as deixavam cair... Em outras palavras, mudavam. Não que Ellen não gostasse de mudanças, mas essa em questão a deixava transtornada. A fazia lembrar-se das mudanças que estava vivenciando.

Para começar, algo de suma importância houvera acontecido na semana anterior. Os testes da Sonserina haviam sido os últimos a serem realizados, e isso dava ao time uma desvantagem de ter menos tempo para treinar. Em compensação, ao menos para Ellen, de uma certeza ela tinha: saíra-se bem em seu teste, e logo receberia o veredicto da capitã do time. Sarah York era uma quartanista, e imediatamente simpatizara com Ellen. No momento em que vira seu teste para apanhadora, sorrira tanto que era quase como se estivesse dizendo “sim” como resposta a dúvida de Ellen.

A mudança em questão, que seria o veredicto de Sarah, coisa determinante para o futuro de Ellen, estava para acontecer naquele mesmo dia.

A garota respirara fundo diversas vezes, dando voltas em seu dormitório enquanto o fazia.

- Ellen, por Merlin, pare com isso antes que eu fique tonta. – avisou Holy, ainda deitado em sua cama. Acordara com a movimentação de Ellen, a segunda de todo o dormitório. Por conta de seu nervosismo, Ellen mal conseguira dormir nas últimas horas da madrugada, e acordara extremamente cedo.

- Me desculpe, Holy... – a garota falou, mas mal mudou as nervosas voltas que dava pelo pequeno espaço.

Num rápido movimento, Holy se esticou até o pé de sua cama, e estendeu a mão até agarrar o pulso de Ellen. Quando a garota que antes se agitava encarou a amiga, achou em seus olhos uma sensação de tranquilidade, uma serenidade que estava precisando. Holy repetiu, dessa vez com uma risada no canto dos lábios:

- Ellen, se acalme de uma vez... Onde é que estava a garota confiante, com a certeza de que tinha ido bem no teste de ontem à noite?

Derrotado o nervosismo de Ellen, ela sentou-se na beirada da cama de Holy, dizendo:

- É, você está certa... Agora Sarah já estava com o resultado na cabeça, não adianta mais fazer nada...

Soltando o pulso de Ellen, Holy apoiou o rosto nas mãos, e não conseguiu esconder um bocejo. Em tom de brincadeira, comentou:

- Ótimo, agora estou acordado e não vou conseguir dormir mais...

- Uma ótima desculpa pra me acompanhar ao Salão! – falou Ellen, em parte brincando, em parte falando sério.

Holy olhou para ela com cara feia, mas fingida. Num pulo, se levantou e se vestiu, ficando pronta pouco depois.

Sarah York, a capitã do time quase sempre sorridente, tinha cabelos castanhos claros, cortados curtos, e espetados. Era artilheira do time, assim como Albus era da Grifinória. Ellen logo a avistou de longe, e foi direto em sua direção, mesmo sabendo que a estaria perturbando logo assim tão cedo.

Porém, mesmo que estivesse de fato perguntando a Sarah algo que não era pertinente ao momento, a capitã do time não deixou transpassar por seu rosto. Logo que viu Ellen, sabia o motivo que ela estava vindo conversar. Suas primeiras palavras ao ver a aluna do segundo ano se aproximar foram:

- Ellen, olha, me desculpe...

Ellen se engasgou com as palavras, esperando pelo pior. Holy estava logo atrás dela, pronta para consolá-la se algo desse errado.

- Mas é que tinham tantos apanhadores na hora... – Sarah baixava os olhos, numa expressão de desapontamento. Ellen cada vez mais se sentia pior, porém não queria admitir a derrota até o momento que a capitã lhe desse o veredicto em claras palavras. – Tinham tantos, sabe, que minha decisão foi tão fácil que me espantei.

Ellen olhou confusa para Sarah, sem saber o que a garota queria dizer:

- Ande logo, pode comemorar que a vaga de apanhadora é sua! – Sarah sentenciou.

- O que? Sarah, você nunca mais faça isso comigo... – os sentimentos de Ellen eram um misto de alívio com pura alegria, sem contar na ânsia que sentia de partilhar a novidade com os amigos.

A nova apanhadora da Sonserina se virou para Holy e deu um abraço apertado, sem que a amiga o esperasse. As sua costas, Sarah e as amigas de seu mesmo ano riam de Ellen, porém sem maldade. Conheciam bem a capitã do time e suas incessantes brincadeiras. Logo depois, Ellen pôde assistir a Sarah fazendo o mesmo com os dois batedores, e os outros dois artilheiros. Foi a vez de ela cair na gargalhada.

Sob o pretexto de conversar a respeito de Quadribol com Albus, Daniel fora lhe procurar não muito tempo depois de saber da ideia de Ryan de ir para Hogsmeade.

Nos primeiros momentos, conversara com o amigo meio incerto, causando no outro dúvidas do que exatamente o interlocutor estava procurando com toda aquela conversa de dúvidas sobre a tática do time, sendo que haviam discutido o mesmo na noite passada...

Por fim já tendo quase certeza de que Daniel queria algo dele, Albus falou:

- Ok, Dan, pode parar de enrolar. – o Potter mais novo parou de falar, ciente de que houvera sido descoberto. – O que você quer comigo, de verdade?

Albus não estava zangado com Daniel, mas meramente chateado por o garoto não ter sido franco com ele. Na concepção de Daniel, porém, ele estava de fato, e por isso o garoto hesitou, acuado.

- Ah, Albus, era uma ideia... – Daniel começou – Mas, bem, deixe pra lá.

Antes que Daniel pudesse dar meia volta e sair de perto do outro, este o interrompeu:

- Dan, espere aí. Pode falar, não tem problema... Mas eu acho que é algo muito ridículo ou muito louco para você estar hesitante desse jeito. – Albus falou, às risadas. Vendo que o outro não estava tão zangado quanto ele imaginava, Daniel falou tudo de uma vez:

- Aposte no segundo, é uma ideia louca. Queríamos ir para Hogsmeade... E para isso iríamos precisar de sua Capa de Invisibilidade. Claro, se você estiver disposto a cedê-la.

Albus caiu na gargalhada, ali mesmo no corredor, atraindo atenção em demasia.

- Porque você está rindo? Achou ridículo e louco? – perguntou Daniel preocupado.

- Nem um, nem outro. – ele falou se recuperando do riso espontâneo. – Estou rindo desse seu medo em me sugerir isso, como se fosse a coisa mais absurda possível. – falando baixinho, e abaixando-se para ficar do tamanho de Dan, segredou: - Não conte a ninguém, amiguinho, mas meu pai não foi o único a dar uma escapada de noite com a Capa, nem para o povoado bruxo...

Daniel surpreendeu-se com a revelação de seu amigo mais velho. Albus só poderia estar falando dele próprio, pois era o único que tinha a posse da Capa, e o único que poderia saber de suas “escapadas” da escola, contando que ainda estava ali falando com Daniel, isento de qualquer punição.

- Me corrigindo, nem eu nem meu pai fomos os únicos a usá-la. Acredite, James foi muito mesquinho ao ficar com a capa só para ele durante anos meus aqui em Hogwarts... – Daniel sabia que Albus estava se referindo ao filho mais velho de Harry Potter, o James. Dan já o entrevira nos corredores de Hogwarts, ou ao lado de Albus, não nunca parara para falar com ele. Deveria imaginar que os filho não seriam muito diferentes do pai. – Bem, só há um probleminha. Na verdade, dois. Não, devem ser mais...

- Digo logo se vou poder usá-la ou não! – Daniel o pressionou, ansioso.

- Baixinho, acalme-se. Temos que planejar a sua fuga do castelo nos mínimos detalhes para nada dar errado. Além do mais, a Capa atualmente não está comigo, dei a bobeira de ter deixado Lily roubá-la de mim mês passado... Ah, você não acredita como essa capa é disputada entre nós três.

Mais uma vez, Daniel sabia a quem Albus estava se referindo. Lily Potter, a filha mais nova do casal Potter, já estava no seu terceiro ano em Hogwarts, um ano acima de Daniel. Ele apenas a conhecia de vista, num caso parecido com o de James.

- Mas, - continuou Albus - podemos resolver isso facilmente. A peste da Lily vai me devolver essa Capa quer queira ou não...

Daniel se espantou com os termos que Albus usava para tratar a irmã. Porém, sabia que ele não os queria dizer de verdade, pois mantinha uma boa relação com ela.

- Bem, voltemos ao que importa por agora. Quem é que você vai querer levar?

Daniel rapidamente circundou o castelo acompanhado de Albus, a procura de cada um de seus amigos. Fora um grande trabalho achar cada um deles, que ou estavam dentro das suas respectivas Salas Comunais (nesse caso, Daniel pedia para alguém que passava na hora entrar e chamá-los) ou estavam nos jardins, ou na biblioteca. Por fim, Daniel agrupou todos, incluindo Nathan, Erick, Mattew, e Holy também, pois esta estava com Ellen, na biblioteca.

Mais uma vez, escolheram a mesa mais afastada da bibliotecária e de todos, para não serem ouvidos.

O estranho grupo formado por três grifinórios, duas sonserinas, dois alunos da Lufa-Lufa e dois da Corvinal passou horas na biblioteca, discutindo o plano que estava sendo formado.

Com efeito, não foram todos que concordaram, e houveram algumas pequenas discussões aqui e ali. Daniel tentava ser sensato, e não discutir com mais ninguém, mas não eram todos que o seguiam, e alguns já estavam ficando irritadiços.

- Vocês não podem...

- Podemos sim, Alice!

- Mas Ryan, seja lógico... – argumentava Ellen.

- Irmão, não vá fazer a besteira de ser pego por nossos pais.

- É uma Capa da Invisibilidade, caso não tenham notado. – ele retrucou.

- Ryan. – disse Albus, chamando a atenção de todos. – Não dou garantias de que vá funcionar, meramente confio em vocês e ajo como cúmplice ao fornecer a Capa. Por isso quero que tracemos um plano antes...

Por fim, atingiram um consenso. Nos menores detalhes, discutiram os movimentos a serem realizados na tarde do primeiro fim de semana de Novembro.