Claro que a partir deste dia as confusões foram mais que muitas, o segurança foi obrigado a intervir imensas vezes, tudo por causa dos dois irmãos, estava a começar a ficar farta, se não era no trabalho era em casa, o que me fazia muitas vezes, passar o dia na biblioteca, passear tinha-se tornado na melhor coisa a fazer, distraia-me de tudo e das lagrimas que tortuosamente me escorriam pelo meu rosto.

Ele tinha razão, a vida era um inferno autêntico e eu tinha que arcar, com isto. Já estava conformada que nunca haveria salvação para o Diogo, não ia haver nada que o fizesse mudar, ele destruíra completamente todo o sentimento que tinha por ele.

Todos os dias ia ao parque, sentava-me a comer um gelado de chocolate, estes últimos dias tinha sido o meu melhor companheiro, a custa dele tinha engordado uns 2 kilos. Enfim, que provavelmente não importava porque eu estava magríssima. Foi o que me disseram quando fui passar dois dias com a Clara e o Tiago, ver se via livre deste inferno, mas mesmo assim, ele encontrou-me, como previa, mas em frente a eles portou-se como se fosse o verdadeiro Diogo ao contrario do que sozinho comigo, o humor mudava, era uma pessoa fria.

Nesses dois dias, pode-se dizer que mudou muita coisa, principalmente pra mim, ele prometera, que iria deixar os meus amigos fora desta luta inútil, desde que eu fizesse algumas coisas para ele. Ainda estava a espera do que ele me iria pedir. Consegui convencer, mais uma vez o Tiago e a clara a ficarem lá mais uns dias, eles adoravam o sitio, por isso era até fácil fazer tudo para que la ficassem, o que era mais complicado era a noite, o quarto, tinha apenas uma cama, logo ai instaurou-se a confusão.

- O que é que estas a fazer? – Perguntou-me o Azazel, enquanto eu me deitava na cama.

- A deitar-me! Debaixo da cama está um colchão, tens ali cobertores e almofadas no armário! Boa noite!

- Ah…nem penses! Eu vou dormir ai!

- Não! Não vais! Já estou a fazer um esforço para aguentar contigo no mesmo quarto.

- Vou sim! – Disse tirando a roupa, estava a entrar em o pânico, ele ia dormir apenas de boxers, e estava a despir-se a minha frente, virei a cara.

- Importas-te de ires mudar de roupa para outro lado? – Ele riu-se.

- Estas nervosinha por estar assim? – Ele veio andando até a cama – Chega para lá!

- Não – Levantei-me, desisti, preferi dormir no chão do que dormir ali com ele. Puxei o colchão debaixo da cama e empurrei-o ate ao canto do quarto.

- Vais ter frio ai! Não sejas burra e vem dormir aqui!

- Já disse que não! Não durmo contigo! – Respondi-lhe fria, mas afinal que e que ele queria? Não podia deixar-me em paz, nem por uns minutos?

- Já chega! - Ele levantou-se da cama – Vens dormir aqui e acabou-se, virei-me para ele e continuei a fazer a minha cama. – Queres ver os teus amigos a sofrer margarida?

- Tu prometeste-me! – Olhei o desesperada, ele não ia fazer aquilo ou ia? Ele tinha prometido!

- Sempre te disseram a não confiar no mal não foi!?

- Tu… - Fiquei sem palavras

- Vem para a cama e se uma menina boazinha e deixo os teus amigos em paz, digamos que, este é uma das trocas que fizemos!

Larguei emburrada as coisas e fui para a cama, deitei-me a ponta de costas para ele, senti o seu corpo pesado a deitar-se ao meu lado, uma lagrima correu e muitas outras logo de seguida.

- Porque que choras?

Não lhe respondi, só queria que ele me deixasse em paz.

- Margarida? – aquela voz, a voz que sendo igual não se igualava ao tom do Diogo.

- Que foi? Eu odeio-te, para com merdas e deixa-me dormir!

Senti o seu corpo chegar-se cada vez mais perto do meu, num impulso levantei-me, sequei as lagrimas e fui preparar o colchão.

- Não vais fazer isso, temos um combinado! – Ele levantou-se e agarrou o meu braço, um choque imenso percorreu o meu corpo, e pelo olhar dele também o dele, fiquei estática, ele passou a sua mão na minha cara, choque de novo. – Margarida… - Foi a ultima palavra que ouvi da boca dele antes dos seus lábios tocarem os meus e um choque enorme, nos fazer afastar.

- Nunca mais voltes a fazer isso! Nunca mais! – fui em direcção a cama e deitei-me. Ele ficou uns segundos no mesmo sitio e logo depois se deitou, não forçou nenhuma aproximação, ficou afastado de mim e eu suspirei para manter a calma. A partir daquele acontecimento, é que tudo desabou, ele tornou-se o meu pior pesadelo, ele não atingia os meus chegados, ele sentia prazer em castigar-me.

Era insuportável viver assim, por isso ali estava eu, momentos antes de ir trabalhar, a comer o meu gelado, sentada no meu banquinho a observar a pouca natureza que ali se encontrava.

- Margarida? – Levantei a cara a ver quem me chamara, aquela cara já tinha visto em algum lado, mas não me lembrava de onde, era pouco mais velho, uns três, quatro anos no máximo, o seu sorriso transmitia paz e muita segurança.

- Desculpe, já não o conheço de algum lado? – Perguntei.

- Sou Miguel!

- O arcanjo? Veio me buscar? Chegou a minha hora não foi? – Enchi-o de perguntas, estava tão bem junto a ele que sentia que poderia morrer agora. Rezava interiormente para que fosse essa a razão dele estar aqui. Ele sorriu.

- Não Margarida, não está na tua hora! – O sorriso que se tinha formado na minha boca desapareceu. – Eu vim explicar a razão da tua existência. Julgo que teras duvidas em relação a isso.

- Eu tenho duvidas em relação a tudo, Miguel Desculpa lá mas não fui criada para isto. – Olhei-o, já o estava a tratar por tu. – a quem vocês me foram tirar? Como controlo as coisas? Qual a minha finalidade?

- Tirando aquilo que já sabes, tens que saber controlar muito bem o teu lado negro, tu não nasceste para o mal, tu nasceste para a redenção de todos os anjos negros, o teu dom, é tão glorioso que tivemos que te proteger desde bebe, porque a tua energia atraia tudo e todos.

- E não sou capaz, de certeza que haverá alguém que possa fazer isso por mim, porque não poderei ser uma rapariga normal, que terminou os estudos, vai estagiar numa biblioteca e trabalha a noite num bar com a sua melhor amiga! – Baixei os olhos, ele tocou me no braço aquela calma que transmitia, percorreu todo o meu corpo.

- Eu posso te ajudar! Mas o teu destino está marcado, mesmo não querendo, tens um papel importante nesta vida. – Sorriu.

- Primeiro quero saber tudo desde inicio…

- Bem é um pouco complicado, mas o certo é que ninguém consegue controlar os sentimentos, a mulher que te deu à luz, era um demónio. Nunca se previu que um anjo negro nutrisse sentimentos por um arcanjo, visto esta estar destinada a vaguear como um anjo caído para todo o sempre. Mas Raziel, um dos nossos arcanjos, protector do amor e da tolerância, deixou o seu amor por aquele demónio crescer e superar tudo e todos. – Ele voltou a sorrir. – Tal e qual Azazel, que o seu amor por ti, ultrapassa, qualquer barreira.

- Azazel está perdido, não há nada a fazer! – Uma lágrima rolou, e Miguel limpou-a. – Então os meus pais verdadeiros eram um demónio e um arcanjo…

- Confuso, eu sei. Raziel e Maziah decidiram que a sua vida eterna seria junto um do outro, cada um renunciou a seu cargo. Belzebu ao saber deste ultraje, mandou eliminar os dois. Nada podemos fazer a não ser salvar a criança que nasceu deste amor, neste caso tu! Nasceste de um amor impossível e com poderes de ambas as partes. Daí por vezes não conseguires controlar a parte demoníaca e a Angelical.

- Não sei… Não sei o que fazer! Eu estou feliz por saber a verdade, mas em termos digamos técnicos, não sei como os meus poderes se jogam.

- No fundo basta apenas querer muito, basta desejares, ter fé. E tudo se desenrola. – Olhou para mim e voltou a sorrir daquela forma protectora – Nós iremos te proteger, enquanto não é nomeado um anjo que saiba lidar com a tua situação. Não tens que ter receio.

- Mas, e Diogo?- Queria saber se havia oportunidade de o salvar.

- Diogo, Azazel… - Suspirou – Embora ele agora esteja confuso, entre o amor e ódio que sente por ti, ele irá proteger-te, daí eu confiar que tendo ele por perto, nada te atingirá, mesmo ele estando na situação que está.

- Desculpa, Miguel… Mas ele está impossível, então quando se junta com Beliel, a minha vida torna-se num inferno, se eles decidem dificultar-me a vida a todos os modos…

- Beliel, é outro. Tu tens o poder de lhes por confusos e a pensar se é realmente necessário, pertencerem ao mal. Mas tudo tem um equilíbrio, e é para isso que és necessária, para manter o equilíbrio, porque em alguns momentos, é mais fácil praticar o mal do que o bem. Eles estão em vantagem. Só terás que controlar o teu poder, e no final verás que os dois juntos tem mais força que um poder contra o outro. – Ele levantou-se, pigarreou. – Terei que ir agora, espero que tenha sido um bom posto de orientação! – Sorriu e eu sorri de volta.

- Sim, muito! Espera… - Ele deve ter lido os meus pensamentos, porque respondeu logo de seguida.

- Estamos sempre a teu lado, basta chamares que aparecerei.

- Obrigado, Miguel. Por tudo! – Sorri e ele assentiu, desapareceu a minha frente. Pensei em toda aquela conversa, do início ao fim, sabia que o crucial é controlar-me, mesmo sendo complicado.