Os quatro homens chegam de volta ao casebre, e, o que está com Rey inconsciente em suas costas, joga a jovem com força no chão daquele quarto escuro, para, em seguida, voltar a trancar a porta e, se encontrar com seus três companheiros.

― O que faremos agora? – ele pergunta.

― A garotinha é mais forte do que imaginávamos. – responde um deles – Vou falar com ele, explicar a situação e ver quais serão as ordens daqui para a frente, pois, tenho certeza de que quando ele descobrir o que aconteceu, irá querer agilizar os seus planos.

Os outros três concordam e balançam a cabeça, de afirmativa, ao mesmo tempo em que observam o que parece ser o líder se retirar em seguida.

*****

No Centro das Dimensões do Tempo e Espaço, Shiro está em sua sala, andado em círculos, a preocupação estampada em seu olhar.

O relatório trazido por Saori e pelas outras Detetives Dimensionais só veio para confirmar as suas suspeitas e, para ele, isso não é bom. Muito pelo contrário, é simplesmente terrível e, não deveria ter acontecido de jeito nenhum.

Está tão distraído em seus pensamentos que, não nota um portal dimensional se abrindo e, Saori chegando ali.

― Senhor Shiro, será que nós podemos conversar?

Ao ouvir as palavras da jovem, Shiro olha para trás e, a encontra o encarando de forma séria.

― É claro, minha jovem criança da água. – ele responde, de forma cordial – O que você quer conversar comigo?

― É sobre a missão para a qual nos enviou. – Saori responde, sem rodeios – Sei que você não nos enviou para aquela missão por acaso, e, depois do que ouvi, eu não consegui ficar tranquila, senhor Shiro. Sei que eles estavam falando dela, mas, como isso é possível? Estou com muitas dúvidas, e, eu preciso saber o que está acontecendo!

Ao ouvir as palavras de Saori, Shiro a encara com atenção, e, vê nos olhos da jovem toda a confusão que ela sente, por saber de quem as criaturas demoníacas estavam falando, mas, ao mesmo tempo, não saber ao certo o que está acontecendo. Decide que deve contar a ela o pouco que sabe, a fim de tranquiliza-la.

― Vou dizer o que eu sei, mas terá de me prometer uma coisa.

― O que eu terei de me prometer?

― Deverá guardar segredo de tudo o que eu disser a você aqui. Nunca, em hipótese alguma, deverá contar as suas companheiras sobre esta conversa.

― Assim eu farei. Pode confiar em mim, senhor Shiro.

E, sem perder mais tempo, Shiro começa a contar o que ele sabe para Saori.

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Na Mansão Tachikawa, Kurama ainda está com o telefone em mãos, seu rosto branco como o rosto de um fantasma, enquanto ele tanta assimilar tudo o que acaba de acontecer.

Por um momento, ele achou que este pesadelo chegaria ao fim e que, em breve, teria a filha de volta em seus braços. Mas então, tudo desmoronou, como um castelo de cartas que se desfaz com uma simples brisa do vento. E, mais uma vez, ele não faz ideia de onde pode estar a sua filha, e, mais importante, do que ele pode fazer para ajudá-la, tirá-la das mãos desses malditos marginais que a estão machucando.

Após vários minutos de inanição, finalmente consegue colocar o telefone no gancho e, seu olhar se volta para Kaoru, que o encara completamente ansiosa, esperando pelo que ele tem a dizer.

― Kurama....! – Kaoru consegue dizer, sem conseguir esconder o tom de ansiedade em sua voz – O que aconteceu...? Você falou com ela...? Falou com a nossa filha...?

― Falei, Kaoru. – Kurama finalmente consegue dizer – Mas, infelizmente, aconteceu algo. Parece que ela havia tentado fugir, mas, infelizmente, conseguiram encontrá-la.

Ante as palavras de seu marido, Kaoru começa a chorar, e, instintivamente, Kurama se aproxima de sua esposa, abraçando-a, a fim de lhe dar algum conforto. Por vários minutos, os dois permanecem ali, abraçados, se consolando mutualmente, enquanto o delegado e a equipe de polícia trabalham incansavelmente em vários notebooks, a fim de que consigam a localização exata de onde a ligação foi feita e, com isso, eles possam chegar mais perto de encontrar Rey.

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Pouco a pouco, seus olhos vão se abrindo e, ela vai recobrando a consciência, e, novamente, percebe que os seus pulsos e os seus tornozelos amarrados e, no mesmo instante, lágrimas inundam os seus olhos e começam a banhar a sua face.

Por que?

Por que isso tem de acontecer com ela?

O que fez de errado para ter de passar por um sofrimento destes?

De repente, começa a sentir algo estranho, como se todo este lugar tivesse tomado por uma sensação ruim. No mesmo instante, seus olhos são tomados por um grande pavor pois, começa a sentir algo se aproximando, só que ela simplesmente não sabe o que é. A única coisa que sabe é que é algo perverso.

Muito perverso!

Sente, como se uma mão negra estivesse se aproximando, chegando cada vez mais perto de si, e, ante esta terrível sensação, começa a sentir medo.

Quer gritar!

Pedir por socorro!

Mas algo a impede e, as palavras simplesmente não chegam a sua boca!

Completamente apavorada, sente como se essa mão negra a tivesse tocando, procurando em seu interior por algo, e, a sensação que sente é frio, medo e algo que simplesmente não sabe colocar em palavras, mas que é muito ruim.

Pouco a pouco, começa a escutar palavras em sua mente, que vão fazendo com que, pouco a pouco, ela perca a consciência e tenha sua mente levada para o vazio das trevas.

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No Centro das Dimensões do Tempo e Espaço, Shiro está olhando para o quadro de sua senhora quando sente uma energia sombria em seu mundo. Imediatamente, ele assume uma postura mais ´seria.

― Minha senhora...! – sua voz soa muito preocupada – O poder das trevas está cada vez mais forte, e, quanto mais sinto o poder das trevas aumentando, mais o poder das chamas se esvai...! Se continuar assim, temo que o poder das chamas possa vir a se apagar para sempre...!