Sem conseguir disfarçar, Elizabeth olha na direção oposta de Bella, e Edward percebe, mas não diz nada. Não é que ele não estivesse pensando também, mas Elizabeth consegue bloquear sua mente de ouvir outras vozes e se fazer ser ouvida - quando guiada por um sentimento muito forte, como alegria, raiva e até mesmo tristeza.

O que se seguiu dali ela também não conseguiu prestar muita atenção, e suas irmãs percebendo que Lizzie estava estranha a acobertaram.

— Então está decidido. Estaremos juntos haja o que houver - decretou Carlisle.

Encerrada a reunião, Alice virou-se para Elizabeth.

— Lizzie! Tenho um guarda-roupa inteirinho esperando por você e suas irmãs. Não precisa ficar com as mesmas roupas sempre - e deu um risinho, enquanto as puxava para seu quarto.

“Obrigada”, Elizabeth agradeceu mentalmente a Alice, por tirá-la da sala.

“De nada! Conte comigo sempre que precisar”, respondeu Alice. Diferentemente de Edward, Elizabeth não só lia mentes como se comunicava com outra pessoa desta forma. Ah, as coisas que ela conseguia fazer com o poder de sua mente eram extraordinárias, e os Volturi sabiam disso e por isso queriam a todo custo que ela fizesse parte de seu pessoal.

As quatro entraram no quarto de Alice, e Elizabeth fecha a porta sem encostar nela.

— Não sei nem como agradecer - disse, sentando na poltrona do quarto.

Era um quarto grande, com poucas decorações e móveis. O quarto era impecavelmente organizado e clean, além de muito claro e bem iluminado, não só pelos janelões de vidro que eram presentes na casa toda como uso de cores claras.

— Não preciso ser telepata pra notar que você estava gritando por socorro.

Ellie deu uma risadinha enquanto olhava Elizabeth de canto.

— O que te assustou?

Elizabeth suspirou fundo. Não queria ter que admitir, mas era tão óbvio que não precisava nem ser dito.

— Eu ainda o amo. Eu disse pra mim mesma que não era essa a questão, mas é, e ele praticamente disse em voz alta que pretende se casar com Bella, acho que não estava preparada para isso. O pior é que ela parece não saber, ou não se importar: ela é só uma menina. Duvido que entenda a profundidade dos sentimentos dele…

— Mas você só sabe com clareza porque consegue lê-los, irmã. - Emily disse com delicadeza, mas era uma verdade que Elizabeth apenas queria ignorar.

Dando de ombros, Ellie bufou:

— Vampiros, vai entender. É superior ao ser humano em muitos aspectos, menos na área amorosa.

Elizabeth franziu o cenho, mas acabou dando uma risadinha, que foi seguida pelas demais vampiras.

***

A formatura de Isabella e dos Cullens estava próxima, e Alice parecia bem empolgada com a festa que daria em sua residência - e os amigos de Bella pareciam bem empolgados também, em conhecer a casa dos famosos Cullens e Hale.

Alice não precisava de ajuda, mas Lizzie precisava de um pouco de distração, então foi ajudando como podia, e se divertindo junto também. A festa seria naquele final de semana, e a decoração, comida e bebida estava tudo organizado.

— Agora, vamos às compras! - chamou-as Alice.

Perambular por entre as cidades à procura de roupas parecia tão fútil tendo em vista os acontecimentos recentes. Elizabeth quase recusou, não fosse por sua irmã Ellie insistir que saíssem um pouco de sua bolha.

Horas mais tarde e como a maioria das adolescentes depois de uma boa saída com as amigas, Elizabeth se sentia um pouco melhor. Entendia que precisava seguir em frente, como Edward fizera, afinal foi ela quem o abandonou, talvez por este motivo as coisas tivessem sido menos dolorosas para ele, ou apenas mais fáceis de aceitar com o passar do tempo.

E quando menos esperavam a tal formatura chegou, e as trigêmeas viram passar diante de seus olhos algo como um filme do que viveram até agora. Estudaram em escolas para tentar levar uma vida normal - afinal tinham aparência de adolescentes, então conseguiam se manter na mesma cidade por longos anos até começarem a levantar suspeitas - mas estavam longe de estarem vivas, muito menos ter uma vida comum.

Estarem perto de humanos as lembrava de um passado muito distante. De alguma forma, gostavam da sensação que trazia, então convenceram-se a si mesmas de que aquela noite deveria ser aproveitada da melhor forma.

Ao passo em que a colação de grau na escola acabou, os formandos iam surgindo na residência dos Cullens, que estava mais que pronta para recebê-los.

— É engraçado como se divertem - disse Emily no ouvido de Elizabeth.

Todas com copos nas mãos, mas o conteúdo dos copos não lhes fazia nada de mais. Já aos humanos… Ficavam alegres rapidinho.

Um dos adolescentes ali presente as viu de canto de olho e caminhou em sua direção, com um copo na mão.

— Olha, acho que eu tô bem animado, é impressão minha ou tem mesmo duas de vocês?

— Tem três - disse Ellie, surgindo ao lado das irmãs.

O garoto nem parecia tão alterado assim, na verdade parecia uma tática quase infalível que ele tinha, que quase sempre dava certo. Ele sorriu e Ellie retribuiu, pegou sua mão e enquanto o conduzia a outro lugar lançou um olhar zombeteiro às suas irmãs.

Estava tudo indo bem, até que…

Alice parou de sorrir, ficou séria, então de repente todos os Cullens entenderam que ela estava tendo alguma visão. Elizabeth teve acesso ao que ela via, mas não entendeu muito bem, sabia que tinha a ver com os recém-criados e uma vampira ruiva.

Ellie logo despistou o rapaz, e então todos se reuniram no escritório de Carlisle. Antes mesmo que alguém dissesse algo, a porta reabriu e Jacob também entrou na sala, conduzido por Esme.

— Eu vi quem está por trás disso tudo - começou Alice, tentando transparecer uma calma que Edward e Elizabeth sabiam que não existia. - Victória.

Elizabeth viu de canto de olho que Bella se encolheu. Medo?

Mas então Lizzie entendeu.

— Quem é essa Victória? - foi a vez do lobo perguntar.

Então de forma rápida e objetiva, Carlisle explicou para ele e para as irmãs de Elizabeth com o que estariam lidando:

— Victória é uma vampira que tinha um parceiro que era caçador. Nós o matamos e agora ela quer vingança.

— Eu a matei - corrigiu Edward, e instintivamente colocou os braços ao redor de Bella, de forma protetora.

— Espera, agora ela quer vir atrás de vocês? - perguntou novamente Jacob.

Elizabeth foi quem respondeu dessa vez:

— Ela vem atrás de Bella. Quer que Edward sofra a dor que ela mesma sentiu quando ficou sem seu amor.

Isso pareceu mudar as coisas, desta vez Jacob não pareceu confuso e nem hesitou:

— Os lobos lutarão também. Eles estão vindo em grandes quantidades, só vocês não conseguem dar conta.

Bella soltou-se dos braços de Edward delicadamente, mas Elizabeth notou o desconforto do vampiro. Ela estendeu a mão como um pedido de súplica em direção ao lobo.

— Não faça isso, vocês vão se machucar…

Mas ele riu.

— Não somos frágeis Bella, crescemos lutando para defender os nossos. Não faço isso pelos vampiros, faço pela matilha, que a cada vez que aumenta o número de vampiros nesta cidade e ao redor daqui, aumenta também a quantidade de lobos e diminui a idade mínima de transformação.

— Mas vocês não podem…

— Nós ensinamos - cortou Elizabeth - se conseguir falar com os lobos, ensinamos como os vampiros lutam. Vocês são uma vantagem, ninguém esperaria uma união dessas.

— Não que já não tenha acontecido - disse Emily, educadamente. - Já lutamos lado a lado em outras épocas. Veja com seu clã, mas entenderemos se não preferirem não estar do nosso lado.

Jacob sorriu desdenhoso, como quem diz que não perderia isso por nada mesmo que os lobos não se aliassem aos seus inimigos mortais. A única pessoa que parecia desconfortável com toda essa ideia era Bella.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.