As Cullens
Capítulo 2
Assim que saíram da sala em que se encontravam os Vulturi, humanos passavam por eles numa costumeira excursão para conhecer o local. A humana de Edward se contorceu quando a porta se fechou atrás deles, abafando os gritos que vinham de lá.
Quando estavam a uma distância segura, Alice virou-se para as trigêmeas e sorriu.
— Como eu estava com saudades! Pena que nos reencontramos nestas circunstâncias…
— Sentimos o mesmo Alice - disse Emily, aproximando-se e abraçando-a.
Elizabeth manteve-se onde estava, sem mover um dedo, mas sorria para Alice (apesar de não demonstrar tanto, a amava muito).
— Bom, viemos porque Lizzie sentiu que precisavam de nós. Acho que teriam se virado bem lá dentro, mas sabe como ela é.
— Não pude me conter - disse Elizabeth por fim, olhando para sua velha amiga.
O silêncio se fez presente, mas era como se falassem por telepatia.
“O que você fez, Lizie…”, dizia o pensamento de Edward, com pesar.
“Não se culpe”, respondia ela para ele, ainda em pensamento, sabendo que ele os leria.
— Bom, é isso, estamos indo - cortou Ellie, de maneira abrupta.
As irmãs concordaram e começaram a se despedir.
— Venham conosco - pediu Alice. - Os outros também estão com saudades.
Elizabeth lançou-lhe um sorriso triste.
— Faremos uma visita um dia desses.
Edward porém deu um passo a frente e lhe pediu:
— Vá. Ainda tem espaço para vocês. A casa não deixou de lhes pertencer.
O sorriso triste perdurou, mas dessa vez a vampira assentiu com a cabeça. Olhou de relance para a humana, que parecia curiosa com a cena que presenciava. Mais curioso ainda era não saber o que se passava em sua cabeça.
***
— Não vai ter problemas, elas irem a Forks?
Isabella estava apenas curiosa. Não sabia o que mais Edward ainda não teria compartilhado com ela sobre sua vida, e a aparição de três mulheres (vampiras, diga-se de passagem) esbeltas, ruivas e de corpos curvilíneos lhe intimidava. Principalmente pela chamada Elizabeth - era igual as outras, mas algo nela a tornava mais bonita de alguma forma.
No momento sua curiosidade de devia a apenas um fato: lobos. Sabia do tratado dos Cullens com os lobos, mas trazer mais deles não os intimidaria?
— Na verdade não Bella. Elas são amigas de longa data, moraram conosco há um bom tempo em Forks, mas precisaram se retirar. Elas sumiram… - e a voz de Alice ia sumindo aos poucos.
Bella se sentia desconfortável por algo a mais, mas não acreditava ser capaz de dizer ou mesmo distinguir do que exatamente se tratava.
O caminho de volta a Forks parecia mais curto, talvez a impressão devesse ao fato de finalmente Edward estar a seu lado, de poder vê-lo e tocá-lo, de saber que ele não morreria, não iria embora para sempre…
Por outro lado, havia uma questão a ser resolvida: os Volturi deram uma condição para que eles fossem embora, e essa condição era que Bella se tornasse uma deles, que se tornasse vampira.
Edward não dissera uma palavra durante o percurso de volta, apenas a abraçava forte.
***
— Bem vindos de volta!
Carlisle os recepcionava com um sorriso caloroso, contente por tê-los em casa novamente.
Bella acenou com a cabeça, e varrendo o local com o olhar notou as três vampiras ruivas. Olhou para Alice, como se esperasse que ela as apresentasse devidamente.
— Olá! Eu me chamo Emily, é um prazer finalmente te conhecer. Ouvi muito a seu respeito, só coisas boas claro.
A voz vinha da irmã que tinha feições doces e meigas. Ela tinha olhos caramelo, como os demais Cullen. Usava um vestido esmeralda muito elegante que chegava a seus pés e o tecido se assemelhava a seda, e um salto alto de mesma cor. Bella lhe sorriu e se apresentou, um pouco acanhada mas ao mesmo tempo contente por esta lhe lembrar muito Alice no modo de falar.
— Ai, tanto faz. Me chamo Ellie.
Disse a segunda, com seriedade mas ao mesmo tempo com tom de voz zombeteiro. Esta usava um vestido do mesmo modelo, porém na cor preta, e calçava sapatos brancos, e seu vestido tinha uma enorme fenda na perna direita.
— Me chamo Elizabeth. É um prazer senhorita Swan.
A última, embora idêntica em tudo às suas irmãs, parecia ser mais bonita. O vestido no mesmo modelo que as irmãs, sem fenda e sem detalhes, na cor azul royal sem brilho, salto alto de mesma cor. E à distância ela fez um aceno com a cabeça.
Já se passava das nove, e pelas amplas janelas da casa era possível ver a escuridão engolir a vegetação lá fora. Bella achou ser a hora perfeita, virou-se para Edward, que não parecia contente, e então voltou-se às pessoas da sala.
— Eu quero fazer uma votação. Preciso que sejam sinceros.
As irmãs estavam encostadas na estante da sala, uma ao lado da outra, a princípio sem entender do que se tratava. Na verdade, Elizabeth já havia lido os pensamentos de Edward e sabia exatamente o que estava acontecendo.
Um a um os membros da família davam seu voto, se eram a favor ou contra Bella se tornar uma vampira. Alguns pareciam aceitar numa boa, Rosalie era a única que parecia ter e estar em seu perfeito estado e votara não, porque sabia do que a humana estaria abrindo mão.
Quando todos deram seus votos, encararam as trigêmeas, esperando algo delas. Ellie nem mesmo sabia se deveria votar, por não conhecer a humana de estimação de Edward. Sabia que votar sim seria dizer adeus àquele cheiro agradável que sentia - e que não teria resistido não fosse por seu excelente autocontrole.
Ellie votou um “tanto faz”, Emily votou um sim, desde que significasse a felicidade de Edward. Mas Elizabeth… Sem dizer uma palavra, apenas sai da sala.
— Não liga não, ela só não se sente confortável com esta situação - dizia Emily, tentando apaziguar o clima pesado em que o ambiente se afundara. - Não tivemos opção, e Lizzie não sabe o que é “viver” há séculos. Temos vivido como nossos antepassados, isoladas em ruínas antigas, em grutas, tentando não causar problemas e não interferir na vida de ninguém.
— Querida, que bom que decidiram retornar. Ainda podemos encontrar um meio de viver e sermos felizes.
Esme sabia escolher bem as palavras, e do lado de fora da casa Lizzie sabia que suas intenções eram puras, mas não poderia suportar votar entre viver e sobreviver.
“Não precisava ter saído”, pensou Edward, sabendo que seu pensamento seria lido.
“Não posso compactuar com isso. Por que você aceita isso, se não concorda?”, devolveu a Edward, que sorriu por se lembrar dos velhos tempos.
Elizabeth não estava cara a cara com ele, mas sabia que sorria um sorriso triste como o seu. Entendeu que ele não queria, mas a amava como jamais amou alguém.
“Entendi”.
Voltou para a sala depois de um bom tempo, e o local já parecia outro, com música ambiente e conversas em voz baixa (até porque poderiam ouvir perfeitamente uma gota d’água caindo de folhas de árvores a distância dali).
Quando Elizabeth voltou-se para a humana, esta a encarou com espanto. Edward também notara, e de forma protetora entrou na frente de Bella, colocando-a para trás de si de forma a protegê-la. Um a um, e então todos estavam estrategicamente posicionados de forma a proteger Bella de um ataque iminente.
— Seus olhos - disse Alice. - Lizzie seus olhos estão pretos. Você…
— Não tenho caçado há um bom tempo - respondeu ela, ao dar conta que a lente que usava já havia sido dizimada por completo a esta altura.
— Há quanto tempo? - Perguntou Edward.
Todos sabiam a regra da cor dos olhos de um vampiro. Cor vermelha significava alimentação por sangue humano, caramelo alimentação por sangue animal. Mas preto… significava fome.
— Desde quando fui embora.
Apesar de tentar não demonstrar espanto, Edward não conseguiu conter o terror em seus olhos. Temia que a qualquer momento ela atacasse Bella.
— Mas isso faz um século.
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