Um farol surge por entre os contêineres. Paolo observa atento já com a mão na arma que estava embaixo de sua coxa. Acendo um cigarro e trago a fumaça.

—Parece que são eles. – Falo e expiro a fumaça pelo nariz.

Paolo observa atentamente quando o carro para na frente do nosso e desliga o farol. Um homem sai pela porta do motorista. Ele era branco, tinha cabelos negros, vestia uma camisa com um blazer por cima. Eu conseguia ver o coldre no lado esquerdo de seu corpo. Ele não se incomodava por está na chuva.

—Senhor Vivale? – O homem chama por mim tentando me ver dentro do carro.

Paolo sai e coloca a arma na cintura, deixando visível para o homem. Recosto-me no banco e fico observando. Trago mais uma vez e expiro pelo nariz. Paolo caminha pela chuva e para na frente do homem.

—Cadê a carga? – Paolo fala olhando atentamente o homem.

—Não tem carga meu querido. – O homem sorria.

Ouço pessoas correndo por todos os lados, deviam estar a mais de vinte metros. O coração deles bate acelerado com o nervosismo. São dez pessoas.

—Que idiota! – Apago o cigarro e saio do carro. A chuva começa a me molhar. – Terei que estragar mais um terno.

O homem me observava e aponta a arma para mim. Paolo saca a sua e coloca apontando para a cabeça dele.

—Qual seu nome filho? – Falo para o homem, mas ainda continuo encarando o chão, recostado na lateral do carro.

—Não interessa Vicent. Você será destituído. – Ele sorria. – Mande seu homem aqui abaixar a arma, vocês estão cercados.

Suspiro e presto atenção nos arredores. Os homens já estavam apontando para mim, podia ouvir suas respirações ofegantes, os corações batendo em diferentes ritmos.

—Paolo! – Falo sem tirar os olhos do chão. – Entra no carro.

— Nada de entrar no carro. – O homem fala bruscamente. – Nada de porra de carro. Quero ele aqui, irei matar esse seu cachorrinho também.

—Certo senhor Vivale. – Paolo guarda a arma na cintura e volta para o carro dando as costas ao homem.

—Não ouse dar as costas. – O homem desvia a arma de mim em direção a Paolo.

Uma das habilidades dos Caimitas é a velocidade. Antes dele terminar o curso da arma eu corro e fico entre o cano de sua arma e Paolo. Quando utilizo essa velocidade, a única coisa que conseguem ver é um borrão que surge no trajeto. Ele atira e a bala atinge minha cabeça.

—Filho de uma puta. – O homem se assusta ao me ver ali de pé quando a bala entra em minha testa.

—Sabe... – Começa a andar em sua direção. Paolo já estava dentro do carro. Com as unhas da mão direita começo a mexer no ferimento na testa. – Por mais que isso não me mate, ainda dói pra caralho. – Retiro a bala com as unhas e deixo cair no chão, o ferimento em minha testa se fecha e deixa apenas uma mancha de sangue.

—Que demônio é você? – Ele tremia, mas ainda apontava a arma para mim.

—Não sou um demônio. – Sorrio mostrando os dentes e os olhos amarelos para ele, a língua bifurcada sai entre meus lábios e volta. – Sou algo pior.

—HOMENS! ATIREM! – Ele grita em desespero.

Ouço o som das armas engatilhando. Mexo na lapela do terno e corro na direção dos sons. Um vulto surge onde eu estava e desaparece. Os soldados não me viam chegando. Alcanço o primeiro. Ele vestia uma roupa comum e segurava uma AK-47. Atravesso sua garganta com minhas garras e arranco um pedaço de carne grande o suficiente para encher minha mão. Sigo velozmente até o segundo. Ele estava ajoelhado me procurando. Usando o impulso da velocidade cravo as garras em sei queixo e puxo para cima, sua cabeça é arrancada do pescoço, um jato de sangue sobe e suja meu rosto.

O terceiro me olhava em desespero, ele estava encolhido encostado em um contêiner e segurando seu crucifixo orando a Deus.

—Ele não te responderá. – Falo sorrindo e caminho até ele. Pelo som não tinha outros ali perto mirando em mim, estavam em desespero me procurando.

Chego perto e levanto o pé esquerdo. Piso em seu rosto com extrema força, meus Oxford começam a sujar de sangue. Eu o ouvia ele choramingando sem força quando o nariz e os dentes quebraram. Ele tenta segurar na minha calça, mas falha. Piso mais algumas vezes até que seu crânio se rompe e miolos se espalham pelo chão sendo levados pela chuva e alguns pedaços grudados em minha sola. Caminho lentamente em direção ao que comandava tudo isso. Ele estava perto do carro ainda.

—O PRÓXIMO QUE ATIRAR EM MIM TERÁ UMA MORTE PIOR QUE AQUELE. – Aponto para o corpo com a cabeça despedaçada no chão.

O homem deixa a arma cair no chão e se ajoelha. Ele chorava e tremia. Caminho lentamente até ele, o som dos meus passos sendo espalhados pelo ambiente, meu pé esquerdo deixando pegadas sangrentas pelo caminho.

—Me desculpa! Não me mate! – Ele chorava me implorando pela vida. Paro a um braço de distancia dele.

—Não irei matar você! Tenho planos melhores. – Ajeito a gola de sua roupa. – Chame todos os homens. Quero eles aqui.

—HO...HOMENS. AQUI. A...AGORA. – Ele gritava entre soluços e lágrimas.

Não sei se começaram a vir por obediência ou apenas por medo de eu ir até eles, mas começaram a caminhar até mim. Sete homens armados com fuzis surgem e param ao meu redor.

—Muito bem! Façam uma fila um ao lado do outro bem ali! Podem deixar as armas ai no chão mesmo, já viram que são inúteis. – Aponto para minha frente.

Os homens começam a andar lentamente deixando as armas ali mesmo, pela batida do coração era possível notar o pânico.

—Darei uma explicação rápida! – Começo a falar quando vejo que todos estão em fila, incluindo o mandante. – Eu esperava uma carga de prisioneiros do corredor da morte, mas me trouxeram vocês apenas. – Caminho de um lado para o outro, eles evitavam olhar em meus olhos. – Agora veremos qual de vocês será compatível. O que acham de ter um poder como o meu? Trabalhar para mim? Ofereço dinheiro, mulheres, ou homens caso prefiram. – Paro e olho seriamente eles. – E ofereço o maior dom de todos. A imortalidade. – Minha língua sai por entre os lábios e volta.

Os homens começam a cochichar entre si. Após quase dois minutos, cinco deles dão um passo a frente. O líder deles demora mais uns dez segundos e caminha à frente também.

—E vocês dois? – Olho para eles. – Sem interesse?

—Não serviremos ao diabo! – Um deles cospe no chão e o outro me olhava, decidido disso também.

—Certo... – Sigo na direção deles usando toda minha velocidade.

Quebro o pescoço do que cuspiu, o som do osso estalando preenche o ar. Largo seu corpo, antes de cair no chão eu arranco o coração do segundo pelo peito. O órgão bombeando em minha mão.

Ele me olhava apavorado e abaixa as vistas para o coração em minha mão. Ele tenta falar algo, mas sua voz não sai. Seu corpo tomba para frente e atinge o chão dois segundos depois do primeiro homem. Largo o coração no chão e sigo andando até os outros homens.

—É esse poder que ofereço a vocês. – Falo seriamente e paro na frente deles. – Mas apenas se vocês ajoelharem perante aos meus pés.

Um a um eles começam a se ajoelhar encarando o chão. Sorrio e caminho para o da extrema esquerda. Faço um corte no meu pulso e coloco em sua boca, ele bebe o sangue e em seguida mordo seu pescoço injetando o veneno na sua corrente sanguínea. Passo de um em um fazendo o mesmo procedimento até ter mordido todos.

—Agora será a fase de provação. – Paro na frente deles e limpo a boca. Vejo-os mexendo no local dolorido. – Aqueles que sobreviverem podem me procurar no Vivale's Hotel. Sabem onde é.

Sigo até o carro e ouço-os apavorados com a notícia de que poderiam morrer. Abro a porta traseira.

—Fiquem longe do sol caso sobrevivam a esta noite. – Sorrio e entro no carro.

Fecho a porta e me acomodo no banco. Acendo um cigarro. Paolo olhava sem reação aquilo tudo.

—Nunca consigo te surpreender não é? – Falo rindo e trago a fumaça.

—Vi muitas coisas nas operações no oriente médio senhor Vivale. – Ele falava seriamente. – Nada sobrenatural assim, mas igualmente sangrento.

—Entendo. – Expiro a fumaça pelo nariz. – Já lutei em duas guerras também.

—Quais senhor? – Ele me olhava pelo retrovisor.

—A primeira e a segunda guerra mundial. – Sorrio deixando as presas à mostra. – Vamos voltar para casa, no caminho continuarei contando a história de onde paramos.

—Sim senhor Vivale. – Ele dá partida no motor e começa a seguir para fora do cais.

Dou mais uma olhada para as pessoas ali onde deixei, eles caminhavam de um lado para o outro sem saber o que fazer. Trago novamente o cigarro e olho para Paolo.

—Parei na morte de Joseph não foi? Prosseguimos daí então..