Sokovia, 23 de abril de 2015…

Eles estavam em uma batalha. Uma batalha contra um velho inimigo: Barão von Strucker.

Os Vingadores descobriram uma fortaleza secreta da HIDRA e estavam marchando em direção a ela, como soldados em uma guerra. Não sabiam exatamente o que iriam encontrar, mas sabiam que tinham que parar as operações. Eles estavam prestes a invadir a fortaleza. Thor, Viúva-negra, Gavião Arqueiro e Capitão América atacaram os soldados em terra, enquanto que o Homem de Ferro atacava pelo ar. E o Hulk... bem, ele pulava por aí usando toda sua fúria para pegar cada soldado e veículo e destruí-los.

O Homem de Ferro voou mais alto e mais próximo da fortaleza. Ele se desviou de tiros com manobras no ar que ele já dominava muito bem e tentou entrar pelo telhado da fortaleza. Só tentou. Um escudo o repeliu com facilidade, deixando-o frustrado.

“Droga.” Tony praguejou em sua armadura.

“Olha a língua.” Capitão América o repreendeu pelo comunicador. “JARVIS, como é a vista de cima?”

“A construção central é protegida por um tipo de escudo de energia. A tecnologia do Strucker é maior do que em outras bases da HIDRA que invadimos.” Informou JARVIS.

“O cetro de Loki deve estar aqui.” Disse Thor em meio a luta com vários soldados. “Strucker não conseguiria essa defesa sem ele. Finalmente!”

Viúva Negra mostrou muita habilidade em sua luta corporal. “Esse ‘finalmente’ tá demorando demais, hein, meninos!”

“É, acho que perdemos o elemento surpresa.” O Gavião Arqueiro disse sarcasticamente atirando uma flecha-bomba em um posto distante que explodiu na hora.

“Espera aí! Ninguém vai comentar o fato do Capitão América ter dito: ‘Olha a língua’?” Disse o Homem de Ferro atacando soldados ao redor da fortaleza.

“Foi mal.” O Capitão América saltou pra frente com um mortal segurando firme a moto que pilotava e a jogou em um veículo inimigo com extrema facilidade. “Saiu sem querer.”

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No interior da fortaleza, Barão von Strucker adentrou furioso na base de pesquisas, onde tem computadores e equipamentos importantes. “Quem deu a ordem para atacar?”

“Barão Strucker, são os Vingadores.” Disse um operário nervoso com a situação.

Um soldado foi em direção ao Strucker. “Aterrissaram no final da floresta. A guarda entrou em pânico.” Ele explicou e se retirou.

“Devem estar atrás do cetro.” Strucker disse para seu colega mão-direita, Dr. List. “Podemos contê-los?”

“São os Vingadores.” Respondeu o operário nervoso.

“Enviem o resto dos tanques! Concentrem o ataque nos mais fracos!” Ordenou Strucker com seu sotaque alemão. Em seguida, ele se voltou para o cientista. “Tudo que já realizamos e ainda estamos na eminência da nossa maior descoberta.”

“Vamos mostrar o que realizamos.” Disse Dr. List. “Envie os gêmeos.” Ele apontou para um casal de jovens no canto da sala, aguardando ordens.

“Ainda é cedo.”

“Pra isso se juntaram a nós.”

“Meus homens vão contê-los.” Barão von Strucker estava receoso. Sabia que os gêmeos eram poderosos, mas não sabia se podia confiar neles. Foi muito fácil fazê-los ficar do mesmo lado que ele, contra os Vingadores. Embora os gêmeos estivessem mais preparados, von Strucker desejou que sua principal experiência estivesse pronta, mesmo não tenha a mesma motivação que os gêmeos. Esse ataque dos Vingadores à sua base foi um tremendo contratempo. E se não conseguisse contê-los? E se descobrissem o garoto?

Ele enviou mais soldados.

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Os canhões de Strucker estavam atingindo muito mais que os Vingadores. Estavam atingindo cidades próximas e pessoas.

“JARVIS, envie a Legião de Ferro.” Ordenou Homem de Ferro.

A Inteligência Artificial de Tony Stark enviou armaduras automatizadas para proteger as pessoas.

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“Não cederemos! Os americanos enviaram seu circo de horrores para nos testar! Enviaremos os seus corpos de volta!” Strucker discursou com firmeza. Ele lançou um olhar aos soldados que ainda estavam na base antes de gritar, “Sem rendição!”

“Sem rendição!” Os soldados gritaram de volta.

“Eu já decidi que vou me render.” Strucker confessou ao seu colega. “Quero que apague tudo. Se dermos as armas para os Vingadores, eles podem não perceber o que estamos-”

“Mas e os gêmeos?”, Dr. List o interrompeu.

“Eles ainda não estão prontos-”

“Não, eu quis dizer...”, ele o interrompeu de novo e apontou para um canto da sala, “Os gêmeos.”

Eles não estavam mais lá.

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Clint Barton, conhecido como Gavião Arqueiro, continuou seu plano de destruir os postos de ataques da HIDRA. Ele se protegeu atrás de uma árvore, esperou que os tiros cessassem e preparou uma flecha. Ele atirou e em poucos segundos ouviria um BOOM!

Ele esperou demais. A explosão não aconteceu.

Sua segunda tentativa foi pior. Ele mal mirou quando foi atingido por algo muito, muito rápido e foi jogado no chão.

“Não me viu chegando?” Um rapaz de cabelos muito claros passou por ele tranquilamente. Ele tinha um sotaque sérvio, mas falava muito bem a língua dele.

Barton se levantou, mas o rapaz saiu correndo muito, muito veloz. Não deu tempo nem de mirar. Infelizmente, isso o distraiu e ele se foi atingido por um tiro na lateral.

A Viúva Negra foi resgatá-lo ao vê-lo caindo.

Capitão América não viu o que o atingiu quando, inesperadamente, foi parar no chão. Ele se levantou rápido olhando para os lados. “Temos um aprimorado aqui.” Mais soldados vieram atacando. “Stark, precisamos entrar logo!”

“Tô quase lá.” Respondeu o Homem de Ferro. “JARVIS, dá pra entrar? Há uma fonte de energia para o escudo?”

“Há uma densa onda de partículas abaixo da torre norte.”

“Ótimo. Vou dar uma cutucada.” Stark voou sobre a fortaleza e lançou um míssil para o nível inferior. A explosão interna destruiu o sistema que ligava o escudo. “Ponte levadiça abaixada.”

O Capitão e Thor se uniram contra uns soldados. Thor se voluntariou para levar Clint ferido de volta ao jato.

“É sério que você disse: Olha a língua!?” Stark protestou com humor.

O Capitão suspirou profundamente. “Não vai esquecer essa tão cedo!”

Sem os escudos, o Homem de Ferro finalmente conseguiu se infiltrar na base da HIDRA. Ele ficou bastante satisfeito por ser uma base de pesquisa.

Os soldados presentes atiraram na armadura com todo o fervor.

“Gente, podemos resolver conversando.” Stark disse enquanto mirava um pequeno míssil em cada um deles, não os ferindo mortalmente. Todos eles caíram no chão, sentindo as dores dos tiros. “Foi um bom papo.”

O Homem de Ferro adentrou mais, enquanto um dos soldados caídos resmungou “não, não foi” para ele. Ele entrou na sala seguinte e notou um homem mexendo fervorosamente nos computadores. Deve estar apagando os arquivos, então devem ser importantes. Ele pensou com um meio sorriso.

Tony usou o propulsor para desmaiar o cara distraído. Saindo da armadura, ele tinha o objetivo de recuperar esses arquivos.

“Modo sentinela.” Tony ordenou à sua armadura que ficou no automático de vigia. “Ok, JARVIS, já sabe. Eu quero tudo. Faça uma cópia para Hill no QG.” Ele pôs um dispositivo próximo ao computador enquanto a I.A. fazia o download dos arquivos. Mesmo assim, Tony não estava satisfeito. “Sei que escondem mais do que arquivos. JARVIS, faça uma análise de infravermelho na sala, rápido.”

“A parede à sua esquerda.” JARVIS respondeu rápido. “Estou detectando um reforço de aço e uma corrente de ar.”

Tony foi até à parede mencionada. “Por favor, uma porta secreta, uma porta secreta.” Ele empurrou a parede e ela se abriu como uma porta, para a alegria de Stark. Ele seguiu por um corredor mal iluminado e de paredes de aço.

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Enquanto isso, Capitão América se infiltrou por uma das saídas, derrubando soldados pelo caminho e pegando Strucker a meio caminho da via de escape.

“Barão Strucker.” Disse o Capitão, não surpreso em encontrá-lo. “O capanga número 1 da HIDRA.”

“Tecnicamente, eu sou capanga da SHIELD.” Ele respondeu com firmeza, mas nervoso por dentro.

“Então, tecnicamente, você está desempregado. Onde está o cetro de Loki?”

“Não se preocupe. Sei quando sou derrotado. Você mencionará que eu cooperei, eu espero.”

“Falarei logo depois de ‘experimentação ilegal em humanos’. Quantos existem?” O Capitão foi surpreendido quando uma mulher apareceu ao lado dele e, sem tocá-lo, conseguiu derrubá-lo escada abaixo. Ao se levantar, ela havia saído. “Temos um segundo aprimorado. É uma mulher, não ataquem!” Ele anunciou no comunicador.

“Terá que ser mais rápido que-”

Em um movimento rápido, Steve levantou o escudo com o pé e o chutou, acertando Strucker bem no meio contra a parede, deixando-o paralisado e surpreso no chão.

“Pessoal, peguei o Strucker.”

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“E eu achei uma coisa maior.” Tony respondeu ao Capitão.

Tony ficou extremamente surpreso com toda a tecnologia Chitauri que Barão von Strucker estava estudando. Ele observou bem os restos do temido Leviathan dos Chitauri que ainda lhe davam pesadelos. Estava explicado como os soldados de Strucker tinham armas e trajes tão avançados.

“Encontrou o cetro?” Thor perguntou pelo comunicador.

“Ainda não.” Tony olhou alguns computadores com designs de armas novas e avançadas no laboratório. Ainda bem que impedimos isso, ele pensou.

De repente, Tony ouviu um barulho. Um não! Vários barulhos repetidos contra o aço, como se alguém estivesse batendo para chamar atenção. Tony caminhou em alerta em direção à origem do barulho. Ele entrou por uma porta que dava para um corredor de celas e apenas uma estava ocupada por um... jovem rapaz. Bem jovem mesmo. Ele tinha uma caneca na mão que a usou para fazer barulho.

Os olhos castanhos do garoto brilharam ao vê-lo entrando e se aproximando da cela. Aqueles olhos não eram estranhos para Stark, mas ele nunca tinha visto o garoto antes.

“Pessoal, eu encontrei um garoto em uma das celas.” Tony anunciou no comunicador.

“É um aprimorado?” Perguntou Steve.

“Eu não sei.” Tony olhou para a grade da cela que tinha um escudo, procurando por um ponto fraco para abri-la. O escudo era o mesmo da fortaleza que ele havia derrubado minutos antes de entrar. “Por que está aqui, garoto?”

“Sinceramente, eu não sei.”

Tony olhou o interior e viu vários livros empilhados, além de coisas velhas e um robozinho criado a partir de sucata. Tony sorriu com a criatividade do garoto e sentiu que não devia deixá-lo nessa cela.

“Eu sei quem você é.” A voz do garoto soou com admiração.

Tony sorriu para o garoto. “Muita gente sabe quem eu sou.”

“Não, eu sei quem você é de verdade.”

Tony ergueu uma sobrancelha. “Sério? E quem eu sou?”

“Você é meu pai.”

Tony quase teve um infarto com as palavras do garoto. Sério, isso? Esse garoto quer me matar do coração? Tony pensou.

“O-o quê? Como é que é?”

“Você é meu pai.” O garoto repetiu sem se impressionar com o desespero de Tony. “Você é Tony Stark.”

“E por que você acha isso?”

“Porque eu vi em um arquivo. Foi muito rápido, mas eu vi uma foto sua com seu nome e a palavra ‘biológico’.”

“Isso não quer dizer nada.”

“Eu sei o que significa ‘biológico’. É claro que eles não queriam confirmar, mas me chamavam de ‘garoto Stark’. A propósito, você os derrotou?”

“Está falando de Strucker?”

O garoto acenou. “E os cientistas também. Odeio eles.”

“Depois a gente conversa, garoto. Vamos ver... o que posso usar?” Tony encontrou uma barra de ferro em um canto e a usou para quebrar o painel que continha a energia da grade. O escudo se desfez e a porta se abriu.

O garoto saiu da cela meio tenso, mas relaxou depois ao ver que não tinha perigo. “Posso te abraçar?”

“Ahn, não. Precisamos sair daqui e encontrar um cetro. Não necessariamente nessa ordem.”

“O cetro deve ser aquela coisa que está no laboratório de onde você veio.”

“Ótimo! Fique por perto, tem alguns aprimorados perigosos por aí.”

“Isso eu sei.”

Tony voltou para o laboratório e logo viu o cetro. “Thor, estou vendo seu prêmio.” Ele admirou o cetro estável e não percebeu que o garoto se retraiu e se escondeu atrás de uma mesa ao lado. No instante seguinte, Tony sentiu seu cérebro ser remexido e logo viu o inesperado.

O Leviathan dos Chitauri ganhou vida e voou por cima dele. Tony se abaixou quando o Leviathan passou por sua cabeça e o desespero bateu quando viu seus amigos Vingadores. De repente, ele não estava na Terra e sim, em uma nave no espaço. Suor escorregou por sua testa quando viu o Hulk – forte e incrível – agonizando até a morte. Ele viu Natasha, Clint e Thor mortos, e viu o inquebrável escudo do Capitão partido ao meio. Steve estava logo ao lado do escudo partido.

Tony se ajoelhou ao lado de Steve e levou um susto quando este despertou e segurou seu braço. “Você podia ter nos salvado.” Steve disse em seu último suspiro.

Por que não se esforçou mais?

A voz de Steve ainda soava na cabeça de Tony como uma acusação. Tony olhou para cima e viu o portal – que ele se sacrificou para fechar – aberto de novo. Inúmeros Leviathans passaram por ele em direção à Terra.

Tony se levantou e a visão acabou. Ele se viu no laboratório de novo. Ele olhou para trás e os restos do Leviathan estavam no mesmo lugar. Tudo voltou ao normal, menos sua sanidade.

“Foi ela que fez isso.” O garoto disse saindo de seu esconderijo.

Tony não entendeu o que ele quis dizer, mas continuou com seu objetivo. Ele estendeu o braço direito e aguardou alguns segundos. A parte da luva da armadura se formou na mão de Tony e, com isso, ele pôde pegar o cetro.

“Galera, eu estou levando o cetro e o garoto. Eu não confio muito nele, parece ter umas ideias-” Tony deu uma olhada rápido no garoto que apenas piscou os olhos para ele. “-meio malucas. Mas, vou levá-lo mesmo assim.”

Tony deixou a fortaleza da HIDRA com o cetro na mão e com o garoto ao seu lado.

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“Como é que é, rapaz? Você é o quê?” Bruce Banner perguntou surpreso com a conversa que estavam tendo com o garoto desconhecido.

Tony Stark foi quem o encontrou na base da HIDRA. Até onde eles sabem, esse garoto pode ser um espião deles e pode estar fingindo ser vítima e inventando histórias sobre ser filho de um deles. Realmente, não faz sentido.

Os Vingadores estavam em seu jato particular viajando de volta a Nova York, com Tony Stark pilotando a nave e Barton sendo mantido no soro em uma maca até receber tratamento adequado.

“Ele disse ser filho de Tony Stark. Isso ficou muito claro.” Disse Steve Rogers tomando controle da situação. Ele se inclinou em seu assento para frente encarando o garoto. “Mas por que inventar uma história dessas? A quem está tentando enganar?”

“Ao Tony Stark, com certeza.” Disse Bruce com humor na voz.

“Não estou tentando enganar. É o que eu descobri.” Respondeu o garoto.

“Como se chama? Você tem um nome?” Perguntou Natasha Romanoff, desviando sua atenção de Clint pela primeira vez desde que entraram no jato.

“Peter.”

“Ouviu isso, Stark?” Steve aumentou a voz para o Tony ouvir. “Seu garoto se chama Peter!”

“Ele não é meu garoto. E mil desculpas se eu não perguntei o nome antes, mas eu estava profundamente chocado com a notícia, ao mesmo tempo em que vi tecnologia Chitauri naquele laboratório!” Tony falou exasperado.

“Calma aí!” Disse Steve. “Quando chegarmos, teremos mais respostas através dos arquivos que Stark baixou.”

“Ah, Banner.” A voz de Stark soou novamente. “A Dra. Cho está vindo de Seul. Tudo bem se ela se instalar no seu laboratório?”

“Claro, lá tem o que ela precisa.”

“Valeu! Fala pra ela que Barton vai precisar de tratamento completo.”

“Pode deixar, Senhor.” Respondeu o sempre ativo JARVIS.

“JARVIS, assuma o volante.” Tony deu a ordem enquanto se levantava do seu assento de piloto.

“Sim, Senhor.”

Tony foi até onde Thor estava admirando o cetro de Loki.

“Legal, né? Você queria isso desde que a SHIELD entrou em colapso. Eu gosto das nossas missões em equipe, mas...”

“Mas isso...” Thor olhou para Tony. “Isso encerra tudo.”

Steve se levantou do seu assento e foi de encontro a eles dizendo: “Assim que descobrirmos para que mais isso foi usado.” Ele apontou para o cetro. “Não falo apenas de armas. Desde quando Strucker é capaz de aprimoramento humano?”

“Banner e eu examinaremos antes de ser devolvido para Asgard. Tudo bem para você?” Perguntou Tony ao Thor, que acenou que sim. “Serão só alguns dias antes da festa de despedida. Vai ficar, não vai?”

“É, claro! Vou ficar! Uma vitória deve ser honrada com festas.”

“Quem não adora festas? Capitão?”

“Espero que isso ponha um fim aos Chitauris e à HIDRA, então... Eu irei à festa.” Steve Rogers disse esbanjado um raro sorriso.

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O jato aterrissou na sacada da antiga Torre Stark, que agora é Torre dos Vingadores. Um enorme A na lateral do prédio é a indicação do símbolo da equipe de heróis.

A Dra. Cho estava a postos, aguardando seu paciente Barton ser trazido na maca. Enfermeiros o carregaram assim que o jato pousou e abriu a rampa. Romanoff foi com Barton e Thor saiu em seguida.

Maria Hill foi de encontro ao seu chefe dentro do jato. Apenas Tony, Steve, Bruce e o garoto estavam lá. “Laboratório pronto, chefe.”

O garoto Peter estremeceu ao ouvir a palavra ‘laboratório’ sendo dita por aquela mulher. Não que alguém tivesse percebido.

“Na verdade, ele é o chefe”, Tony apontou para Steve. “Eu só pago por tudo, projeto tudo e faço parecer mais legal.”

Peter sorriu com a declaração de seu suposto pai. Ele tem senso de humor e Peter gostou disso.

“O que houve com Strucker?” Perguntou Steve.

“Está com a OTAN.” Respondeu Hill.

“E os dois aprimorados?”

Maria Hill lançou um olhar para o garoto ainda sentado em seu assento retirando seu cinto de segurança.

“Os arquivos que Stark recuperou da base da HIDRA são bastante interessantes. Consegui informações sobre os aprimorados que os atacou e terei o prazer de falar sobre eles, mas agora preciso falar de outra coisa.”

“Tudo bem, então.” Steve consentiu.

“Dr. Banner, você pode acompanhar Peter até lá dentro e deixá-lo confortável?” Pediu Maria Hill.

“É, claro! Sem problemas.” Bruce mostrou a saída. “Por aqui, Peter.”

Peter estava meio desconfiado, mas ninguém comentou isso, e lançou um olhar para Tony antes de sair. Ele e Bruce saíram do jato e entraram no prédio.

“Nossa, que sutil.” Disse Tony. “Parecia que você queria tirar o garoto da conversa.”

“Eu também achei.” Concordou Steve.

“Essa foi a intenção. A conversa é sobre ele.” Hill falou e deixou os dois interessados. “Encontrei arquivos bem específicos sobre experiência genética em insetos, principalmente, aranhas.”

“Pensei que Strucker fazia experiências em humanos.” Disse o Capitão surpreso.

“Também fazia. Encontrei arquivos de experimentações em humanos e em insetos.”

“Podemos voltar a falar do garoto?” Pediu Tony. “O que isso tem a ver com ele?”

“Fizeram experiências com ele também.” Maria Hill mexeu em seu tablet enquanto falava, passando páginas de arquivos online. “Algo relacionado com as aranhas, mas não sei o quê. Ou conseguiram apagar os arquivos sobre os testes e quando você chegou já era tarde demais, ou eles não quiseram incluir junto aos outros. Talvez só tivessem arquivos físicos.”

“Acho que apagaram.” Disse Tony.

“Mas encontrei arquivos sobre você, Sr. Stark.”

Tony ergueu uma sobrancelha surpreso. Mas o quê?

Maria Hill continuou a falar, “Tinha tudo sobre sua vida. Como se estivessem sempre de olho em você. E o mais interessante é que Peter, o garoto, disse a verdade sobre você ser o pai dele. Na ficha dele tem seu nome como pai biológico, e a mãe foi classificada como ‘Voluntária’, sem muitos detalhes.”

Steve Rogers ficou tão surpreso quanto Tony. Ele percebeu que Tony ficou sem reação e decidiu manter a conversa. “O que quer dizer com ‘voluntária’?”

“Acredito que uma mulher se voluntariou para engravidar de Tony e entregar o bebê ao Strucker para fazer as experiências genéticas envolvendo aranhas. É a única explicação plausível e provavelmente houve muito dinheiro envolvido. Conhecendo o passado de Tony em relação às mulheres...”, Maria Hill deixou que eles tirassem suas próprias conclusões.

Tony estava muito pálido. Era verdade que ele era muito mulherengo e nem se lembrava dos nomes das mulheres com que dormia, mas isso nunca aconteceu antes. Quer dizer, ele sempre se certificava de usar proteção. Não era estúpido!

Tony se recuperou do choque o suficiente para raciocinar. “Quando ele nasceu?”

“Em 10 de outubro de 2001.” Hill respondeu.

“Deus, são 14 anos e... eu não... ele não... Ele não tem ninguém?”

“Só você, aparentemente. E ele ainda tem 13 anos.”

“Faça os testes. Se ele é geneticamente modificado pode ser perigoso. E faça o teste de DNA também. Eu preciso ter certeza se ele... é mesmo...”

Céus, como é difícil dizer a palavra filho.

“Entendi. Farei isso. Terá a resposta em 24 horas.” Respondeu Hill.

“E quanto aos outros dois?” Perguntou Steve.

“As informações sobre eles são mais simples. São gêmeos e se voluntariaram para os experimentos do Strucker, diferente de Peter. Vamos falar sobre o que podem fazer enquanto entramos no prédio.”

“Vamos lá.” Steve concordou e saiu conversando com Maria Hill sobre os gêmeos Maximoff.

Tony ficou para trás, com seus pensamentos e inquietações. Não podia ser pai, porque simplesmente não seria um bom pai. Ele não teve um bom exemplo de figura paternal com Howard Stark.

Tony parou com devaneios e saiu do jato. Hora de se distrair com o cetro.

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A Legião de Ferro voltou para a Torre dos Vingadores. Eles foram escaneados e consertados automaticamente por outras máquinas. Por cima do teto de vidro da fábrica de robôs fica o laboratório de tecnologia.

O cetro já estava instalado na mesa e Bruce esperava pelo Tony. Ele viu Tony saindo da ala médica onde Barton estava sendo tratado.

“Como ele está?” Bruce perguntou.

“Infelizmente, ainda é o Barton.”

“Isso é terrível.” Brincou Bruce entrando na ala médica.

“Ele está bem, com sede.” Tony foi em direção ao cetro. “Acorda, JARVIS. Vamos trabalhar. Só temos dois dias com esse brinquedinho, então vamos aproveitar.”

“O Senhor está bem? Parece um pouco estressado.” Disse JARVIS.

“É só uma dor de cabeça. Preciso me distrair. Me atualiza com a análise estrutural e composicional.”

“Como quiser, Senhor.” JARVIS escaneou o cetro. “O cetro é alienígena. Existem elementos que não consigo quantificar.”

“Mas alguns consegue.” Tony deduziu.

“A gema parece ser uma cápsula protetora para alguma coisa que está lá dentro. Alguma coisa poderosa.”

“Tipo um reator?”

“Tipo um computador. Acredito estar decifrando o código.”

Tony pegou o liquidificador com uma mistura pronta e encheu cinco copos. Ele levou para seus colegas que admiravam a tecnologia nanomolecular da Dra. Cho. Barton vai ficar novo em folha com a reconstrução da lateral de seu abdômen atingido com a nanotecnologia. Uma boa ideia para fazer as armaduras.

Tony chamou Banner para uma conversa em particular. Pela seriedade do Tony, Bruce achou que havia algo errado.

“Qual é o problema?” Bruce perguntou chegando ao local em que o cetro estava.

“É o cetro. Nós chegamos a comentar como o Strucker ficou tão criativo”, Tony pegou uma lâmina retangular. “Então, estive analisando o interior da gema. Talvez você reconheça.” Ele passou a lâmina na tela do computador e capturou as informações nela. Em seguida, ele as lançou no centro do laboratório.

Bruce viu um globo de informações em amarelo, uma imagem em 3D do interior do computador.

“JARVIS.” Bruce reconheceu a interface.

“No início, JARVIS era só uma interface de linguagem natural.” Tony começou a explicar. “Agora comanda a Legião de Ferro. Ele é quem controla os negócios mais do que qualquer um, exceto a Pepper. Top de linha.”

“Sim.”

“Imagino que não por muito tempo.”

“Conheça o concorrente.” Tony fez o mesmo com a interface do cetro. Ele lançou no centro do laboratório para Bruce comparar. A nova interface era maior e azul.

“É lindo.” Bruce observou.

“O que acha ele está fazendo?”

“Está pensando. Quer dizer, isso poderia ser... Não é uma mente humana, mas... Olha isso! Parecem neurônios disparando.”

Tony acenou. “No laboratório de Strucker, vi uns trabalhos de robótica avançados. Eles destruíram dados, mas acho que estava batendo em uma porta bem específica.”

“Inteligência artificial.”

“Pode ser isso, Bruce. Pode ser o que faltava para criarmos o Ultron.”

Bruce deu uma risada leve. “Pensei que o Ultron fosse fantasia.”

“Ontem era. Se pudermos acessar esse poder, aplicá-lo no protocolo da Legião de Ferro?”

“Tem um ‘se’ gigantesco aí.” Bruce ficou com receio.

“Nosso trabalho é um ‘se’. E se pudesse beber margaritas numa praia ensolarada ficando bronzeado em vez de verde? Sem ter que se preocupar com Verônica?”

“Nada de ódio. Eu ajudei a projetar Verônica.”

“Eu quero aplicar isso”, Tony apontou para a interface azul, “ao programa Ultron. Mas JARVIS não consegue baixar uma programação tão densa. E só poderemos fazer isso com o cetro aqui. Só preciso de três dias.”

“Então vai atrás de inteligência artificial e sem avisar a equipe?”

“Isso mesmo. Sabe por quê? Porque não há tempo para debater. Não quero ouvir: ‘o homem não deve se envolver nisso’. Em vejo uma armadura em volta do mundo.”

“Parece um mundo frio demais, Tony.”

“Já vimos pior. Nosso planetinha azul vulnerável precisa do Ultron. Paz para nosso tempo. Imagine isso.”

Bruce Banner ainda estava incerto, mas Tony conseguiu convencê-lo a trabalhar com ele. Eles logo começaram a programar juntos, gastando o dia inteiro no laboratório.

No dia seguinte, o trabalho começou cedo, sem parar. Tony até se esqueceu de que tinha um problema, digamos, familiar. Seu telefone tocou, indicando ser uma chamada que ele planejava ignorar.

“Senhor, Maria Hill está na linha. Deseja falar com ela?” Avisou JARVIS.

Ele realmente queria ignorar, mas Hill não o deixaria em paz por um bom tempo.

“Tá legal, vou falar com ela no viva-voz. Fala, Hill. É melhor ser importante.”

“Ah, com certeza é importante. É sobre o garoto.”

“O teste está pronto?”

“Sim e deu positivo. 99,98% de combinação.” Disse Hill.

Bruce desviou sua atenção do projeto para o Tony, que ficou pasmo.

“Te-tem certeza? Faça de novo, pode ser que seja um erro.”

“Mandei repetir mais 4 vezes e os resultados foram o mesmo.”

“Parabéns! É um menino!” Bruce exclamou para Tony.

Tony suspirou. É isso! Agora ele era pai. “E quanto aos testes genéticos e de habilidade?”

“Não foi possível fazer. Ele tem um grande trauma de laboratórios e pessoas de jaleco branco. Começou a gritar e a chorar com a menção de testes. Vou te falar, foi muito difícil tirar um pouco de sangue dele. Precisei de mais 4 enfermeiros para segurá-lo. De uma coisa eu sei, ele é bem forte.”

“Vamos dar um crédito para ele. Passou a vida inteira naquele laboratório do Strucker.” Disse Tony.

“Já que você é tão compreensível, vou mandá-lo para você.”

Tony achou que não ouviu direito. “Como é?!?”

“Ah, e não dê café pra ele. Descobrimos que se dermos café pra ele, sua língua fica ligada ao máximo. É sério! Ele ficou muito agitado e não parou de falar UM SÓ INSTANTE. Fazia perguntas sem parar e fez a equipe inteira ficar louca!”

“Mas você não pode mandá-lo para cá. Eu e Bruce estamos trabalhando.” Tony protestou.

“O filho é seu, então o problema é seu. Ele vai chegar aí em alguns instantes. Boa sorte.”

Maria Hill desligou a ligação e não deu espaço para ouvir mais protestos vindos de Tony. Ele olhou para Bruce que deu a ele um olhar de humor, mas este voltou ao trabalho logo.

“Nem uma risada, Banner.” Tony avisou sério.

“Não, eu não quero rir de você! Estou concentrado no trabalho, eu juro!”

Tony suspirou novamente. Esse vai ser um longo dia...