— Ansioso? - Diz Sandra.

— Pra que, mãe? - Diz Thomas

— Ahn, bom, estamos mudando de cidade, de vida, construindo uma família nova! - Diz ela.

— A gente tá a 4 horas no carro pra você casar com aquele cara, que... - Diz ele até ser interrompido com sua mãe dizendo" cuidado com o que fala".

— Tenho certeza que sua irmã tá ansiosa! - Diz ela.

— Sou filho único, esqueceu? - Diz ele.

— Vai continuar com isso por quanto tempo? - Diz ela meio chateada.

Depois de uma hora eles chegam em uma casa grande de dois andares.

— Casa daora! - Diz ele saindo do carro com um fone de ouvido no pescoço, cabelo comprido preso, uma calça meio larga e um moleton preto.

Assim que chegam um cara de terno, Emanuel sai pra fora junto a uma garota de 14 anos, Raquel.

— Que bom que chegaram, estávamos ansiosos! - Diz o homem abraçando Sandra.

Depois que descarregam tudo do carro, Emanuel diz:

— Filha, mostre ao seu irmão o quarto dele.

— Tá... vem logo! - Diz ela subindo as escadas.

Quando chegam no quarto ele solta a mochila no chão, tira uma caixinha prata de ferro do bolso e coloca na gaveta de uma mesa que tinha no quarto.

— Valeu! - Diz ele pra ela.

Algumas horas estava tudo arrumado e então Emanuel e Sandra fizeram uma janta para comemorar a nova família. Quando estava tudo pronto eles chamam as crianças pra mesa, Raquel chega primeiro, quando Thomas desce está com uma camisa velha é uma calça de moletom rasgada com meias.

— Thomas, podia estar arrumado, é uma comemoração! - Diz Sandra.

— Não, que bom que ele se sente em casa! - Diz Emanuel.

— Não me sinto! - Diz Thomas olhando pra ele sem expressar sentimento.

— Idiota... - Diz Raquel em voz baixa.

— Disse alguma coisa... Maninha? - Diz Thomas de um jeito sarcástico.

— Não me chama assim por favor! - Diz ela.

— Raquel! - Diz Emanuel chamando a atenção dela.

— O que eu fiz, pai? - Diz ela.

— Ela não fez nada, Emanuel, o Thomas que provoca mesmo! - Diz ela olhando brava para Thomas.

Ele ri e ignora a situação.

Depois do jantar Emanuel diz:

— Querem ir tomar sorvete?

— Ótima ideia! - Diz Sandra.

" Não, podem ir!" dizem Thomas e Raquel ao mesmo tempo. Eles se olham e Thomas diz:

— Vai mãe, já se mudou pra cá mesmo, agora aproveita!

— Se cuidam sozinhos? - Diz Emanuel.

— Como se eu não ficasse sozinha! - Diz Raquel.

— Bom, vamos então. - Diz Sandra.

Quando os dois saem, Thomas vai para o quarto, pega um isqueiro em sua gaveta e a caixinha. Ele sai pelos fundos da casa, encosta no muro e se senta no gramado de frente pra casa. Ele abre a caixinha e pega um baseado que estava junto com maconha em um plástico. Enquanto ele fica fumando, Raquel pega um maço de cigarro debaixo do seu travesseiro e vai para os fundos também. Quando ela sai pra fora, os dois se vêem e fazem cara de surpresa. Ela esconde o maço atrás dela e ele diz:

— Ahn... merda... olha, você sabe o que tá vendo, não vou mentir nem nada, só não fala prós dois, beleza? - Diz ele.

— Tá, mas, você é maconheiro? - Diz ela insegura ainda.

— Esse nome é uma merda, mas sim! - Diz ele rindo. - Quer?

— Não... eu vou ficar aqui, fumando! - Diz ela se sentando e acendendo um cigarro.

Os dois ficam frente a frente, sem dar a mínima um pro outro.

Thomas se levanta, pega suas coisas e vai pra dentro.

— Boca fechada! - Diz ele entrando.

Quando Sandra e Emanuel chegam, ficam juntos na sala assistindo filme, depois disso vão dormir. Thomas se deita na cama e fica conversando com um amigo virtual que era daquela cidade. Já Raquel estava em uma chamada com uma amiga.

— Como ele é? - Diz a amiga.

— Idiota! - Diz Raquel.

— Bonito? - Diz ela.

— Tire suas conclusões amanhã!- Diz Raquel.

— Ele vai pra nossa escola? - Diz a amiga.

— É, vamos viver juntos agora, que merda! - Diz Raquel.

— Não vai ser ruim, vão se amar, você vai ver! - Diz ela.

— Alice, ele é um idiota marrento!- Diz Raquel.

— É, vocês são irmãos de sangue então! - Diz a garota rindo.

— Aff, vou dormir, boa noite! - Diz Raquel.

— Falou! - Diz a amiga.

Quando todos dormem, Raquel vai no quarto de Thomas e pega um pouco da maconha que estava em sua caixa.

No outro dia de manhã, Thomas coloca a caixa na mochila da escola e nem sente falta de nada. Quando deixam eles na escola, Thomas vai de encontro a um garoto.

— Mano, pessoalmente você é escroto! - Diz o garoto.

— É... você no Skype era mais bonitinho também! - Diz Thomas.

Quando a aula começa, Thomas se apresenta e a aula segue normal. No intervalo, Thomas e seu amigo que era virtual, Lipe, pulam o muro pra fumar já que o intervalo durava 30 minutos. Assim que pulam, vêem Raquel ficando com uma garota de sua sala. Ela larga a garota, vai até ele e diz:

— Não vai fumar maconha agora! - Diz ela.

— Você não é a mais velha! - Diz ele ignorando e tentando andar.

Ela o segura pelo braço e diz:

— Você quer me fuder, garoto, todos professores daqui são rígidos, vão perceber, e aí o meu pai vai ficar falando que eu não te avisei!

— Cala boca vai! - Diz ele continuando.

— Se você ir, eu conto! - Diz ela.

— Será que apoiam relacionamentos homossexuais nessa escola, ou melhor, em casa? - Diz ele.

— Filho da puta! - Diz ela brava.

— Belo irmão que te arranjaram! - Diz a garota.

— Fica na sua, Rapunzel! - Diz Thomas para a garota que tinha cabelo curto.

— Ae mano, vamo puxar um hoje a noite, ela tá certa, a gente se fode aqui! - Diz Lipe.

— Ahn... beleza então! - Diz Thomas. - Feliz? - Diz ele para Raquel.

— Não até você sair da minha vida! - Diz ela.

— Então se prepara, que eu vou fazer de tudo, pra ficar juntinho de você, Maninha! - Diz ele subindo no muro.

Quando os dois voltam pra escola, ela soca a parede e diz:

— Que... muleque filho da puta, ele vai fuder com a minha vida!

— Ei, relaxa, alguém linda que nem você não merece ficar estressada. - Diz a garota.

— Eu tô na mão dele! - Diz Raquel muito brava.

— Não, ele só cutucou, mas ele obedeceu, percebeu? - Diz ela.

— Ahn, odeio ele! - Diz ela mais calma.

Quando Thomas e Lipe estavam na sala durante o intervalo, se sentaram nas mesas e ficaram conversando.

— Cara, pega leve com a sua irmã, ela já sofre por outras mãos, não tem que sofrer pelas da família também! - Diz Lipe.

— É amigo dela? - Diz Thomas.

— Não, nunca nem trocamos olhares, mas já vi ela enfrentando os caras do terceiro e apanhando! - Diz Lipe.

— Por que? - Diz Thomas sério.

— Mano, esse colégio é um saco, mas não só por conta do colégio em si, mas os alunos são ridículos também, cheios de tabu e preconceito e ela é lésbica, então... - Diz Lipe.

— Ahn, idiotas, mas ela que se vire. - Diz Thomas.

Quando a aula reinicia, Thomas e Lipe conversam a aula inteira.

Na saída da escola, Sandra vai os buscar.

— Eae, como foi o primeiro dia de aula dos dois irmãos juntos hoje? - Diz Sandra com os dois já no carro.

— Sou filho único. - Diz Thomas colocando fone de ouvido.

— Não liga não, Raquel! - Diz Sandra decepcionada.

— Ele tá certo, sem querer te ofender! - Diz Raquel.

Chegando lá, Sandra chama Emanuel pra conversar e diz:

— Eles estão se dando super mal!

— Será que não é fase? - Diz ele.

— Não sei, já era pro Thomas estar gostando dela... - Diz Sandra.

— Dê mais um tempo a eles! - Diz Emanuel.

Quando Thomas estava no quarto dele, Raquel aparece e diz:

— Ae, uma garota vai vir aqui mais tarde, o que você quer pra ficar quieto?

— Por que acha que eu quero alguma coisa de você? - Diz ele se sentando.

Ela entra mais, fecha a porta e diz:

— Nós dois temos coisas um contra o outro, você deve ter um preço pra calar a boca! - Diz ela.

— Não, não quero nada, sai daqui! - Diz ele se deitando novamente.

— Eu quero então! - Diz ela mostrando a maconha que pegou dele.

— Filha da puta! - Diz ele levantando.

— Ah, pode ficar sentadinho aí, eu dito as regras agora! - Diz ela.

— Devolve isso logo! - Diz ele tentando pegar.

— Há, não, nem tenta! - Diz ela colocando no bolso de trás da calça.

— O que você quer? - Diz ele.

— Ah, deixe-me pensar... Vai fazer o que eu pedir, vai obedecer sua irmãzinha! - Diz ela.

— Tá, fodase, agora me dá! - Diz ele.

— Não, vai ficar comigo, sabe como é né, garantia! - Diz ela saindo do quarto.

— Vaca... - Diz ele.

Durante o almoço, eles se encaravam constantemente.

— Crianças, está acontecendo alguma coisa? - Diz Sandra.

— Não! - Diz Thomas se levantando, colocando o prato dele na pia e subindo.

Sandra não diz mais nada e Raquel acaba subindo também.

— Nervosinho? - Diz ela entrando no quarto e sentando na cama.

— Você não cansa, garota! - Diz Thomas.

— Você vai cansar! - Diz ela.

— É, verdade, já cansei, sai daqui!- Diz ele colocando ela pra fora do quarto.

— Pensei que ia fazer de tudo pra ficar juntinho da sua irmã... - Diz ela.

— Você não perde por esperar! - Diz ele.

Mais pra tarde, Thomas e Lipe vão ah um parque andar de skate, quando estavam só andando pelo parque vêem Raquel e a mina que ela estava pegando, que Thomas nomeou de Rapunzel, juntas.

— Caralho mano, parece que eu sigo essa mina! - Diz Thomas.

— Mano, o parque é bonito, tem a melhor pista de skate do estado, não vai ser difícil se encontrarem aqui... aliás, olha aqueles caras indo em direção a elas, fica vendo. - Diz Lipe.

Os dois se sentam em uma mureta e ficam vendo.

— Eae Raquel, como você está? - Diz um dos dois caras.

— Você não tem nada melhor pra fazer cara, esquece que eu existo! - Diz ela sentada no gramado.

— Não seja grossa, seja como sua namoradinha, só respeite. - Diz o cara.

— Não tenho respeito nenhum por você. - Diz Rapunzel.

— Cara, não sai nada disso aí! - Diz Thomas olhando com Lipe.

— Espera... sua irmã não tem paciência e ele é um idiota. - Diz Lipe.

— Vem Raquel, vamos conversar, sozinhos! - Diz o cara.

— Ela não vai em nenhum lugar com você. - Diz Rapunzel.

— Cala a boca... - Diz ele pisando na canela dela.

Raquel se levanta, o empurra e diz:

— Para de ser escroto!

Ele começa a apertar o rosto dela e diz:

— Não me toca... seja educadinha!

— Qual é a desse cara? - Diz Thomas.

— Pelo que falam, ele drogou ela, e transou com ela filmando, aí faz essas chantagens! - Diz Lipe.

— E ninguém faz nada? - Diz Thomas.

— Você que é o irmão tá aqui sentado assistindo, quem faria alguma coisa? - Diz Lipe.

— Porra... - Diz Thomas se levantando.

O cara empurra Raquel forte no chão, quando ela levanta pra bater nele, ele a chuta e começa a levar para trás de um banheiro.

Thomas vai atrás e diz pra Rapunzel:

— Você tá bem?

— Mais ou menos... - Diz ela.

Thomas vai atrás dos dois e vê ele beijando ela a força, até que ela morde sua língua pra tentar sair correndo e leva um murro na garganta e cai no chão. Nisso Thomas vai rápido em direção ao cara e lhe dá um soco, o cara tenta responder mas em seguida Thomas chuta seu saco e da dois socos em sua boca.

— Tá bem? - Diz Thomas estendendo a mão para Raquel.

— Pareço bem? - Diz ela ignorando a ajuda e se levantando.

— Como tá a garganta? - Diz ele.

— Doendo... - Diz ela.

Durante a conversa dos dois o cara agarra Thomas em um mata leão e os dois vão pro chão. Ele segura Thomas até que ele morde seu braço e arranca sangue, o cara solta ele e da um chute em suas costas.

— Levanta garoto idiota. - Diz o cara.

— Da pra parar com isso, vão me matar se ele chegar machucado em casa! - Diz Raquel.

— Ae Thomas, tá começando a escure... a merda... - Diz Lipe chegando atrás do banheiro também.

— Lipe... toma! - Diz Thomas jogando um celular pra ele.

— Que isso? - Diz Lipe.

— Meu celular! - Diz o cara indo pra cima de Lipe.

Lipe sai correndo com o celular e quando o cara estava longe de Thomas ele joga de volta.

Thomas pega e diz:

— Toma!

— Pra que isso? - Diz Raquel.

— Tem coisa que pertencem a você aqui, não tem? - Diz Thomas.

— Ahn... valeu... sério... - Diz ela colocando no bolso.

— Vamos embora? - Diz ele.

— Vamos. - Diz ela.

Quando o cara volta pra trás, Thomas, Raquel e Rapunzel já estavam longe e Lipe já nem mais se via.

Chegando em casa os dois vão pro quarto de Thomas.

— Como eu vou desbloquear isso? - Diz ela.

— Da aqui! - Diz ele conectando o celular em seu Notebook. - Esse programa vai destravar o celular, mas você sabe o que eu quero em troca.

— Tá... toma. - Diz ela devolvendo a maconha pra ele.

— Obrigado, vai demorar algumas horas, mas quando destravar eu te dou.

— Não vai ver nada! - Diz ela.

— Não tem nada que me interessa. - Diz Ele.

Mais de noite o celular destrava e Thomas fica mexendo, ele vê todos os vídeos e fotos referentes a Raquel e fica irritado, ele apaga o histórico de navegação e da o celular pra ela. Ela vai para o próprio quarto e vai apagando tudo enquanto chorava, ela para de chorar e vai até o quarto dele.

— Toma, obrigada. - Diz ela.

— O que eu vou fazer com isso? - Diz ele.

— Devolver pra ele! - Diz ela.

— Há há há, e apanhar de novo?Pode fazer isso sozinha. - Diz ele.

— Você acabou com ele! - Diz ela.

— Mas fui eu que acabei no chão, e de novo, eu não me importo com você, por mim você estaria apanhando dele até agora, fiz isso pra você me devolver o que já era meu, agora se vira com essa merda e para de me encher o saco. - Diz ele.

— Você... é igual ele, é um idiota, eu pensei por um momento, que a gente ia poder se dar bem, mas você... é nojento! - Diz ela nervosa.

— Cala a boca... criança irritante, vai se fuder, acha que eu ia ligar pra sua depressão por um abuso, qual é, eu não tava aqui, não tenho culpa, não é da minha conta! - Diz ele sem pensar, sabendo que estava errado.

— Você... é um ... nojo... um nojo! - Diz ela lacrimejando.

— Vai chorar bebê? - Diz ele.

— Seu... lixo! - Diz ela jogando o celular nele, assim que ela vira as costas pra sair do quarto, ele joga o celular com tudo nas costas dela. O celular trinca no instante em que bate nela, ela grita e fecha a porta do quarto com tudo. Ela vai pra cima dele e da um soco no seu rosto.

— Sai daqui, não quero... matar você! - Diz ele segurando ela.

Ela fica se debatendo e dá uma joelhada em seu peito, nisso Thomas fica nervoso e dá uma cabeçada na cabeça dela que a deixa meio tonta.

Ele a empurra pro chão e diz:

— Vaza!

— Eu te odeio! - Diz ela chutando o saco dele.

Nervoso ele pega ela pela garganta, coloca no chão, pega em seus cabelos longos e negros e bate a cabeça dela no chão umas três vezes, depois levanta, pisa na barriga dela e diz preocupado:

— Sai logo daqui!

Ela se levanta e vai para seu quarto, chegando lá ela tranca a porta, se deita, fica com a mão na cabeça e chora. Thomas se senta e lacrimeja por saber que tudo o que tinha dito era errado.

" Merda... o que eu fiz, ela precisa de ajuda... não, o que eu disse, o que eu fiz..." pensava ele, ele vai até o quarto dela mas não consegue abrir a porta. Então ele sai pra fora da casa, escala e entra pela janela.

— Ei... olha, eu tô errado, desculpa, eu te ajudo com isso tá... - Diz ele se aproximando dela.

— Me ajuda, como me ajudar, VOCÊ NÃO SABE O QUE ESTA ACONTECENDO PRA PODER ME AJUDAR, MINHA VIDA FOI DESTRUÍDA POR AQUELE CARA, DAI VEIO VOCÊ, A SOLUÇÃO E ME DESTRÓI DE NOVO, VOCÊ NÃO PRESTA, EU ODEIO VOCÊ, SOME DA MINHA VIDA E DEIXA AQUELE CARA ME MATAR! - Grita ela.

— Ninguém vai encostar mais em você... - Diz ele.

— E VOCÊ VAI IMPEDIR, DISSE QUE NÃO LIGAVA PRA MIM, DISSE COISAS HORRÍVEIS, VOCÊ É UM DEMÔNIO! - Diz ela.

— Eu sei que eu errei mas... - Dizia ele.

— Sai daqui... agora! - Diz ela.

— Raquel... calma... - Diz ele se aproximando.

— Não chega perto, sai... - Diz ela nervosa e lacrimejando.

Ele a abraça e ela o da um soco, ele ignora e continua a abraçando. Ela começa a chorar mais, sem retribuir o abraço.

— Me desculpa. - Diz ele.

— Socorro! - Diz ela encostando a cabeça no peito dele.

Ele fica sério, a larga e diz:

— Olha só, não somos irmãos, não nos gostamos, mas temos semelhanças, fora que eu tô com muita raiva daquele cara, então vou te ajudar com ele, aí depois é cada um pra um lado, beleza?

— Ok, obrigada. - Diz ela.

Thomas vai para seu quarto e fica conversando com Lipe.

No outro dia, os dois vão pra escola e se separam lá.

— Ae cara... como vai devolver o celular pra ele? - Diz Lipe no meio da aula.

— Não vou devolver! - Diz Thomas.

— Como assim? - Diz Lipe.

— Você vai ver! - Diz Thomas.

— Mano, você é doente... cara, porque seu canto da boca tá meio roxo, foi o cara? - Diz Lipe.

— Não, Raquel! - Diz Thomas.

— Nossa... - Diz Lipe.

— É... - Diz Thomas.

No intervalo, mal sairam da sala e já viram o cara muito bravo indo em direção a Raquel.

— Cadê meu celular, vadia? - Diz o cara empurrando ela e fazendo ela cair no chão no meio da escola.

— Tá comigo seu merda! - Grita Thomas mostrando o celular pra ele.

Thomas vai em direção a eles e fica do lado de Raquel ajoelhado.

— Por que jogou ela no chão mano? - Diz Thomas.

— Porque eu quis seu merda! - Diz o cara tentando chutar Thomas mas ele sai do caminho e se levanta rápido.

— Sendo assim...- Diz Thomas.-Vem pegar, bebezão!

O cara vai pra cima de Thomas e quando ele chega perto, Thomas joga o celular pra Raquel. " Opa" diz Thomas antes de dar um soco no rosto do cara.

Raquel pega o celular e joga no chão com tudo, dava pra ver os pedaços da tela voando pra todo lado. O cara fica muito bravo, e quando ele vai bater em Raquel, Thomas o derruba e fica o segurando imobilizado.

Logo em seguida o diretor chega e diz " Os três, na minha sala, agora!". Eles vão pra lá e alguns minutos depois Sandra e Emanuel chegam na escola.

O diretor os suspende e diz que vão ter que pagar o celular. No carro Emanuel começa a gritar com os dois:

— VOCÊS TEM NOÇÃO DE QUANTO CUSTA UM CELULAR DAQUELE?

— 3,700, se procurar bem! - Diz Thomas.

— Foi uma pergunta retórica! - Diz Emanuel.

— Agora vocês resolvem se dar bem como irmãos não é, pois bem, estão de castigo, os dois, por dois meses! - Diz Sandra.

— Que? Mãe, cê tá tirando né? - Diz Thomas.

— Não, não estou! - Diz ela.

— Pai... é sério isso? - Diz Raquel.

— Muito sério! - Diz ele.

Emanuel para em frente a casa e diz:

— Saiam, vamos voltar pro trabalho, de noite vamos ter uma conversa!

Os dois descem do carro e entram na casa.

— Culpa sua, idiota! - Diz Thomas.

— Culpa minha? por que? - Diz ela.

— Quebrou o celular do cara, animal, não tinha como ser mais burra? - Diz Thomas

— Parecendo com você, talvez! - Diz ela.

— Garota... - Diz Thomas.

— Muleque... - Diz Raquel.

Os dois ficam se encarando até que ele da as costas pra ela e ela o xinga.

Ele vira e vai em direção a ela.

— Você consegue estranhamente me tirar do sério! - Diz ele.

— Você só estraga as coisas, merece! - Diz ela.

— Não fui eu que... Deixa quieto.- Diz ele.

— Fala! - Diz ela ficando nervosa o empurrando.

Ele a empurra e quando ela vai bater nele, ele segura ela e joga ela com tudo em uma cadeira, fazendo ela cair com a cadeira no chão.

Ela joga um copo nele que pega em sua testa e quebra o cortando.

— Nossa, desculpa! - Diz ela indo em direção a ele.

— Sai! - Grita ele dando um soco na cara dela a fazendo sangrar e cuspir sangue.

— Tava te ajudando! - Grita ela com a bochecha esquerda inchada com sangue escorrendo de sua boca.

— Depois de quase me cegar, vai se fuder! - Diz ele indo para o segundo andar.

Ele vai lavar seu rosto e fica com um corte fundo atravessando sua sobrancelha na vertical e ela com um corte feio por dentro da boca na horizontal. Os dois tentam estancar seu sangue até que conseguem. Os dois ficar sem se falar e quando seus pais chegam vêem os machucados e o sangue no chão.

— Thomas, o que você fez? - Diz Sandra.

— Foi essa idiota que começou, tacou um copo na minha cara! - Diz ele.

— Por que, Raquel? - Diz Emanuel.

— Porque... ele foi um idiota, me jogou com tudo na cadeira e eu cai no chão! - Diz Raquel.

— Ela ia me bater! - Diz Thomas.

— Vão pro carro, vocês precisam de pontos, achei que já tava enjoada de cicatrizes, Raquel. - Diz Emanuel.

— Pensei o mesmo de você Thomas, decepcionante! - Diz Sandra.

No caminho pro hospital Thomas e Raquel trocam um olhar e em seguida voltam a olhar a chuva pela janela do carro.

— Como estão? - Diz Sandra.

— Bem... eu acho! - Diz Raquel de um jeito engraçado porque estava com um pano na boca.

— Tá... podia ser pior! - Diz Thomas. - Só vai ser mais uma cicatriz pra coleção.

— Como assim? - Diz Emanuel.

— Cicatrizes, coleção, várias cicatrizes, difícil? - Diz Thomas.

— De propósito? - Diz Emanuel.

— Tá achando que eu sou idiota? - Diz Thomas.

— Olha como fala, só perguntei! - Diz Emanuel.

Chegando no hospital os dois vão pra salas diferentes e levam pontos.

— Doendo? - Pergunta a médica a Thomas.

— É... um pouco! - Diz ele.

— Acho que deviam parar de levar briga de irmãos tão a sério assim! - Diz ela.

— Sou filho único! - Diz Thomas.

— Aiai... Crianças... bom, pronto, pode ir! - Diz ela liberando Thomas.

Quando Thomas se encontra com Sandra diz:

— Ela ainda não voltou?

— Não, você sabe como dói fechar uma ferida dentro da boca! - Diz Sandra. - Mas mesmo sabendo, fez isso com ela, como pode, Thomas?

— Qual é... ela... sei lá... ela é teimosa... - Diz ele.

— Você é mais ainda, tem que cuidar dela, ela é mais nova! - Diz Sandra.

— Que... garota teimosa... além de idiota! - Diz Thomas.

— Mas você já se apegou! - Diz Sandra.

Nesse momento Raquel sai pra fora e todos vão embora.

Chegando em casa, eles vão cada um pra cada quarto, Thomas se deita e fica pensando na vida. Uma meia hora depois o jantar fica pronto e dessa vez Thomas chega primeiro.

— Vai chamar sua irmã! - Diz Sandra.

— Mãe, qual é! - Diz ele se sentando.

— Isso não foi um pedido, Thomas, vai! - Diz ela.

— Tá, tô indo, Hitler! - Diz ele se levantando e indo pras escadas.

Quando ele chega no quarto dela ele entra sem bater, Raquel estava dormindo, seu machucado era mais interno mas saia um pouco em seu lábio inferior. Ele olha pra ela e diz:

— Raquel!

— Saaai! - Diz ela dormindo ainda.

— Acorda logo! - Diz ele.

— Não quero, idio... - Diz ela sem acordar.

— Merda. - Diz Thomas saindo do quarto.

Chegando na sala de jantar ele diz:

— Ela não quer acordar!

— Você não come sem ela! - Diz Sandra.

— Que? Por que? Não tô grudado nela! - Diz ele.

— Então é bom ir lá, grudar nela e descer pra jantar! - Diz ela.

Ele sobe de novo, abre a porta e acende a luz.

— Apaga luz... - Diz ela.

— Ae acorda! – Diz ele balançando ela devagar.

Ela vai virar e raspa o machucado no travesseiro e faz fara de dor dormindo ainda, Thomas olha para boca dela e meio que se arrepende. Ele dá um peteleco forte na testa dela e ela acorda.

Ela levanta rápido e vê Thomas agachado do seu lado.

— Parabéns, acordou, agora, vamos comer! – Diz Thomas levantando.

— Ta... – Diz ela dando um peteleco nele também.

Ele sorri e desce as escadas.

— Estamos indo, comam direito! – Diz Sandra.

— Que, acordei ela a toa? – Diz Thomas.

— Vão aonde? – Diz Raquel, ainda de um jeito desengonçado.

— Cinema! – Diz Emanuel.

— Mas... – Diz ela.

— Castigo, lembra? – Diz Emanuel.

— É... – Diz Raquel se sentando na mesa.

— Tranquem a casa e vão dormir meia noite, disso não passem! – Diz Sandra

— Filminho longo em! – Diz Thomas tirando sarro de Sandra.

— Tchau crianças! – Diz Sandra “rindo” da graça de Thomas e fechando a porta.

— Vocês se dão bem né? – Diz Raquel.

— As vezes! – Diz ele se sentando na mesa de frente pra ela.

— E... seu pai, onde ele ta? – Diz ela.

— No inferno! – Diz Thomas colocando comida no prato.

— Ahn, desculpa! – Diz ela.

— Tudo bem, é onde ele tem que estar, sofrendo! – Diz

— O que ele fez pra você? – Diz ela.

— Ahn... batia na Sandra e me deu isso também! – Diz Thomas puxando suas mangas mostrando uma cicatriz grande, que ia desde entre seu dedo indicador e o dedão, até a palma da mão onde ficava mais fina e depois continuava toda torta até passar da marca do pulso.

— Nossa... que idiota... – Diz ela.

— É, e sua mãe? – Diz Thomas.

— Morreu no meu parto, papai acha que eu não sei, mas achei um atestado de óbito uma vez mexendo nas coisas dele, ela devia ser legal! – Diz Raquel.

— É, de fato, e essa ai, como ganhou? – Diz ela apontado uma cicatriz que aparecia um pouco perto do pescoço.

— Ahn, essa aqui foi uma briga... com uns idiotas, estavam abusando de uma garota, eu devia ter ficado na minha! – Diz ela puxando a blusa mostrando a cicatriz que ia do pescoço até o ombro e pegava bem pouco nas costas.

— E a garota? – Diz Thomas.

— Me odeia hoje... – Diz Raquel.

— É, devia ter ficado quieta, ia poupar a ingratidão dessa idiota! – Diz ele.

— É, as vezes penso isso, você se mete em brigas fácil né? – Diz ela.

— Deu pra perceber? – Diz ele sarcasticamente.

— Falaaa! – Diz ela.

— Ta... tem a da briga com meu pai, uma nas costas, porque uns idiotas estavam colocando fogo em cachorro, quase fui pro conselho de menores... – Diz ele sendo interrompido.

— Por que??? – Diz ela.

— Quase matei dois e fui processado, CONTINUADO, uma no peito que foi uma briga por causa de uma amiga que estava sofrendo de abuso pra um cara, ele era enorme... por fim, a na sobrancelha que uma idiota tacou um copo na minha cara! – Diz ele.

— Haha, você merece e... bateu no cara enorme? – Diz ela.

— Foi a vez que eu mais apanhei na vida! – Diz ele.

— E a amiga? – Diz ela.

— Enfiou uma faca nas costas dele... o cara saiu andando, era um monstro! – Diz ele.

— Nossa... Que bad. – Diz ela.

— Você também tem mais que uma! – Diz ele.

— É, tem a que você já sabe, tem uma que foi na perna, eu fui atropelada por um bêbado, uma na barriga que foi o cara que brigou com você aqui que fez em uma festa e uma no meio das costas que foi quando umas garotas da minha antiga escola se juntaram pra me bater! – Diz ela.

— Ahn... é, temos algumas coisas em comum... – Diz ele.

— Sim, demais! – Diz ela.

— A gente podia tentar fazer isso acontecer! – Diz ele.

— Ta falando em... – Diz ela.

— Sim... no mínimo, nos darmos bem, não só por nós, mas a Sandra... passou por muita coisa, não quero que seja em vão! – Diz ele.

— É, você ta certo! – Diz ela.

Mais tarde da noite, as 23, ele vai ao quarto dela e diz:

— Quer assistir um filme?

— Terro? – Diz ela.

— É! – Diz ele.

— Mas e se eles chegarem? – Diz ela.

— Tem motel aqui perto? – Diz ele.

— Não, tem um saindo da cidade, uma hora e meia daqui! – Diz ela rindo.

— Então relaxa, eles estão lá! – Diz os dois descendo as escadas.

Na sala eles colocam o filme e Thomas se senta no chão encostado no sofá, Raquel se senta do lado dele com um balde de pipoca.

— Pega! – Diz ela.

— Odeio pipoca! – Diz ele.

— Que, como assim? – Diz ela.

— Épocas de aparelho! – Diz ele.

No meio do filme, Thomas pega uma coberta pois estava muito frio, os dois usam a mesma coberta. Depois daquele começam a assistir outro filme e 1:34 Thomas dorme, Raquel continua assistindo e depois de um tempo dorme.

Quando Sandra e Emanuel chegam, os dois estavam sentados, encostados no sofá, ainda dormindo, Raquel estava com a cabeça no ombro dele e ele estava normal.

— Acho que eles não obedeceram! – Diz Emanuel.

— Pelo menos estão se dando bem! – Diz Sandra.

— Acordamos eles? – Diz Emanuel.

— Não, Thomas vai acordar lá pras 4:00, tem tido insônia ultimamente, deixa eles ai até lá, estão tão fofos! – Diz ela abraçando Emanuel.

Os dois sobem e vão dormir, as 3:40 Thomas acorda, da uma jogada de corpo pro lado que acorda Raquel.

— Ai... Que horas são? – Diz ela.

— 3:41... ! – Diz Thomas levantando.

Os dois vão pros quartos, Thomas fecha a porta e assim que se deita na cama dorme, Raquel entra no quarto dele dizendo:

— Ae, esqueceu seu celular, toma! – Diz ela jogando na cabeça dele.

— Ahn... eu te mato! – Diz ele de olho fechado colocando o celular no criado mudo do lado da cama.

— Aham, ta bom, boa noite bebe adormecido! – Diz ela.

— Quem tem 14 anos é você! – Diz ele. – Boa noite.

Raquel vai para o seu quarto, coloca seu celular carregar, fecha a porta, se deita e fica olhando pro teto, até que ela passa a mão em seu lábio para sentir seu machucado, sorri, vira de lado e dorme.