As Aventuras do Pequeno Eryk

64 – O Espinhoso e o Favor


Alguns momentos antes...

— Então era para isso que você me pediu para prender os membros da Gangue da Bicicleta! Você estava culminado com esse tráfico de crianças! – A Garota Borboleta invade o laboratório de Mauricio irada da vida após ouvir a noticia pela TV há poucos segundos. O cientista gira a cadeira tocando os dedos nos outros próximo ao rosto, sorrindo.

— Ah minha cara... Cedo ou tarde eu faria isso. Só estava procurando uma maneira eficiente para jogá-los naquele orfanato. Sorte a minha que você caiu no meu colo. E como eu usava uma identidade falsa, duvido que a polícia consiga chegar até mim. – O homem faz questão de revelar seu esquema, ainda mantendo seu sorriso maléfico.

— Eu nunca concordei com isso! Pretendo ajudar as pessoas, não piorar o estado delas! – Retruca a menor.

— Bom ouvir isso. Justamente por causa disso que pretendo te passar mais um caso.

Mauricio ativa o monitor, mostrando todos os dados e informações sobre Denis.

— O cabeça da Gangue da Bicicleta fugiu do reformatório. Provavelmente por causa dele as crianças do orfanato conseguiram fugir. Mas ele teve ajuda.

Agora Mauricio acessa o monitor, aparecendo as informações de Jessy, Junior, Jeová, Luane e Eryk.

— Imagino que você conheça eles. – Provoca Mauricio.

— Quer que eu os prenda? – Presumiu a heroína a contragosto.

— Não. Esses cinco não. Ainda não. – Enfatizou o cientista. – Só o Denis. Ele com certeza recebeu ajuda desses cinco. A informação vazada anonimamente dos crimes no orfanato é a cara deles de agir. Só estou te dando uma idéia para começar.

— Aquele garoto fez o bem. Porque eu tenho que prende-lo de novo? – Questiona a Borboleta num tom de voz deixando claro que é contra a idéia.

— Hmm deixa eu ver... Deve ser porque ele ainda é um criminoso? Porque isso não muda o fato de que ele roubava coisas para a sua Gangue? Você é uma heroína, não é? Então poupe o trabalho da policia. – Ironizou Mauricio com um tom de voz assustadoramente sereno. Sem ter mais nada a opinar, a Garota Borboleta da às costas para o local, iniciando seu serviço.

Agora...

Graças a dica de Mauricio, a Garota Borboleta sabia exatamente para onde ir. Se Eryk estava envolvido na fuga dos órfãos, então Denis estaria com ele, mas não por muito tempo.

Como se tivesse tirado a sorte grande, a garota topa com os dois. Mas para o seu azar, Denis esperta uma ira descomunal ao partir para o ataque assim que a encontra bem em sua frente.

— DENIS, NÃO! – Eryk correu atrás, enquanto a Garota Borboleta também corre na direção de Denis como resposta a sua ira.

— Você já era, borboletinha de araque!! – Gritou Denis, mas seu soco é contido. A Garota Borboleta segura o braço do rapaz com seus dois e usando um movimento rápido ela contem o outro braço livre de Denis.

— Você vem comigo. – Falou a Borboleta olhando bem nos olhos dele.

— Eu não vou para LUGAR NENHUM! – Denis consegue se livrar da garota e os dois se separam tomando uma distancia segura.

— Não! Esperem! – Eryk fica entre eles, estendendo seus braços na frente dos dois.

— Não se envolva garoto! Por causa DELA meus irmãos sofreram! Agora vai ser a vez DELA! – Denis parte para a agressão novamente, atropelando Eryk no chão.

A Garota Borboleta desvia de seu ataque lhe acertando com uma rasteira por baixo. Mas o adolescente mal caiu no chão e logo se recompõem de pé. Os dois se encaram friamente, esperando o movimento do outro.

— Você não me venceu naquele dia. Porque acha que pode agora? – Questiona a Borboleta se recordando da primeira vez que deteve Denis, e a Gangue da Bicicleta, sozinha.

— Naquela vez você nos pegou de surpresa, e eu estava me segurando. Mas agora... EU NÃO VOU ME CONTER MAIS!

Denis tira um pequeno bastão que mantinha consigo para atacar, enquanto a Garota Borboleta saca um aparelho de choque para usá-lo contra Denis.

Mas quando já iam desferir seus golpes, Eryk bloqueia os dois. O bastão de Denis é contido com o seu estilingue, e o aparelho de choque da Borboleta é contido com seus poderes, usando um estilingue rodeado com uma luz avermelhada clara.

— Não briguei! – Pede Eryk para ambos. – Denis, a Garota Borboleta não sabia que aquele orfanato era do mal! E Borboleta, porque você quer o Denis?

— Sabendo ou não, POR CAUSA DELA ELES PASSARAM POR AQUILO!!!!

Denis arremessa Eryk na direção de um poste. O garoto dá de cara nele e desmaia com estrelinhas rodeando sua cabeça.

Agora era só entre Denis e a Borboleta.

— Você cometeu muitos delitos. E ainda é um garoto perigoso. Se você realmente se importa com a sua gangue, te dou uma ultima chance para se render. – Advertiu a Garota Borboleta.

— Eu tenho uma idéia melhor: vou te levar amarrada até a minha gangue, te pendurar bem no centro do esconderijo e eles vão jogar um monte de coisas pesadas em você! – Ameaçou Denis.

E a briga começa. Avançando um no outro, uma troca de golpes é sequencialmente distribuída entre os dois.

— Tortura! Maus-tratos! Medo! Foi isso que eles sentiram depois que VOCÊ apareceu! – Dizia Denis enquanto lutava, quando é derrubado contra a parede, após a Garota Borboleta ter chutado nele. Mas isso não o impediu de levantar.

Denis queria ouvir alguma resposta ou reação da Garota Borboleta. Mas o olhar da heroína estava tão concentrado no dever que dava a impressão como se não quisesse ouvi-lo, com medo de se distrair.

E aquilo irritava Denis ainda mais.

— PORQUE NÃO FALA NADA!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?!?

Denis consegue golpear a Garota Borboleta. Porém, o golpe foi tão arrasador que a garota voou para o outro lado da rua, até bater em uma parede.

Por sorte ela não apagou. Ainda estava disposta a lutar. Mas quando ela observa o seu oponente, a Garota Borboleta fica pasma.

Os cabelos roxo escuro de Denis a primeira vista pareciam que eram da cor negra durante o dia, e mais escuros ainda de noite. Mas dessa vez eles cresciam, aumentando ainda mais a tonalidade da cor roxa, até cobrir sua cabeça com fios grossos e espinhosos demais para os humanos. Os olhos do garoto estavam completamente brancos, mas cheios de ódio. Ele arranca sua camisa até então danificada, devido ao recente crescimento de seus músculos. Sem falar em seus dentes, que estavam serrados, prontos para morder alguma coisa.

— Agora eu entendi porque ele queria ficar de olho no Denis... – Sussurrou a Garota Borboleta com ela mesma.

Como uma fera selvagem, O Espinhoso correu para sua direção, como um animal de quatro patas.

A Garota Borboleta não esperou ele chegar e desvia da sua mão reta, atingindo a parede com tanta força que chegou até mesmo a enterrar, assustando a garota.

O Espinhoso estava com dificuldades, mas consegue arrancar sua mão de volta da parede e parte novamente para o ataque.

Dessa vez a Garota Borboleta estava preparada. Ela conseguiu reformular um plano em sua mente. E já estava na hora de pôr em prática.

Efetuando um enorme salto para trás, ela libera várias armas pontiagudas de seu arsenal, mas não para acertar o Denis Espinhoso, e sim para limitar seus movimentos, atraindo para outras direções, como uma forma de distraí-lo.

Em seguida ela arremessa vários fios de ângulos diferentes na direção do Espinhoso, mas ele desvia de todos. Como retribuição, Denis atira espinhos de seu cabelo na direção da garota. Ela ativa um escudo de luz rosa em seu braço para não ser atingida. Ela joga mais alguns fios para atraí-lo no centro de todos os fios que ela jogou até agora.

Quando o adolescente percebeu, o chão já estava coberto por fios. E ele estava no meio deles.

A Garota Borboleta só fez sacar seu aparelho de choque e eletrifica o fio condutor, que percorreu com velocidade o bastante para atingir Denis.

O Espinhoso é eletrificado. Dava até para ver seus ossos com tanto choque que recebia enquanto seus cabelos espinhosos estavam literalmente em pé. Quando achou que já estava bom, a Borboleta desliga o aparelho, fazendo Denis cair no chão, voltando para a sua forma humana aos poucos.

Aproveitando o garoto Imóvel no chão, a Garota Borboleta foi até ele para levá-lo consigo. Mas quando estendeu sua mão para levá-lo, Denis acorda e segura seu braço bem a tempo.

— Agora você não tem escapatória. – Falou Denis se levantando do chão, empurrando a Garota Borboleta para trás. – Eu disse que te pegava. – Denis avista o aparelho de choque que a Borboleta deixou cair quando foi empurrada e o recolhe para si. – Se prepare para sentir o pior castigo de todos. – Ameaçou dando passos largos e demorados na sua direção.

Embora toda essa intimidação, a Garota Borboleta não parecia assustada. Muito pelo contrario, parecia estar mais alerta do que nunca para o próximo movimento de Denis.

Enquanto isso, Eryk finalmente desperta da pancada anterior, embora esteja um pouco zonzo.

— Aaaaai minha cabeçaaa...! Alguém anotou a placa daquele ônibuuus...? Porque eu vou denunciaaar...! – O interior da cabeça de Eryk girava fazendo o garoto não falar nada com nada. Mas se recompõe assim que avista Denis caminhando devagar na direção da Garota Borboleta dando passos para trás, arregalando os olhos. – DENIS!

Eryk partiu com todas as suas forças até alcançar os dois. Quando Denis já ia eletrocuta-lá, e a Garota Borboleta prestes a jogar uma bomba, Eryk atira com o seu estilingue de luz, derrubando o aparelho de choque da mão de Denis, e fazendo a garota guardar de volta sua bomba.

— Para com isso, Denis! – Implorou Eryk ficando entre os dois, de frente para ele.

— Se ela não tivesse metido o nariz onde não devia, meus irmãos nunca teriam passado por tudo aquilo! – Falou aos berros Denis, lutando internamente contra si mesmo para não enfrentar o Eryk.

— Descontar na Garota Borboleta também não vai livrar seus irmãos de tudo que eles passaram no orfanato! – Eryk tentou lhe lembrar, mas sem sucesso.

— Não importa! Eryk, eu não quero machucar você. Mas se continuar ficando na minha frente... – Avisava Denis.

Eryk não queria ver nenhum dos dois brigar, muito menos se juntar a briga. Nada do que dizia convencia Denis do contrario. O pequeno já estava ficando preocupado com essa situação.

Até que o garoto se recorda de algo, como se uma luz iluminasse sua mente. Ele não sabia se isso daria certo, mas era a ultima coisa que restou fazer.

— Você se lembra do que me disse mais cedo? Você me deve um favor. E agora vou cobrá-lo: Pare com essa coisa de vingança de uma vez! – Pediu Eryk encarando no fundo dos olhos de Denis, sério.

— Não... NÃO! Não foi isso que eu quis dizer! – Se agita Denis pego de surpresa. Assim como a Garota Borboleta. Nem ela e nem Denis esperavam por essa.

— Não sou do tipo que cobra favores para mim mesmo. Só se for para ajudar alguém. E essa luta... Essa Briga não tem sentido. Garota Borboleta, você é uma heroína, eu não sei se você conhece a história do Denis, mas eu te garanto que ele já foi castigado o bastante na vida, e agora ele quer se redimir. E você Denis, precisa entender o lado da Garota Borboleta. Ela não está fazendo isso por maldade, e sim porque ela acredita estar fazendo o certo. Ela não sabe o motivo de você ter criado a Gangue da Bicicleta. Então eu peço, para os dois, em nome do que passamos antes: Parem de brigar!

Graças as palavras de Eryk, o pequeno conseguiu tirar a vontade de lutar dos dois. Até agora, quando o Eryk chegou, ambos ainda estavam em posição em guarda. Mas depois de ouvir tudo isso, ambos abaixam os punhos ao mesmo tempo.

— Vá se encontrar com a gangue... Quer dizer, com os seus irmãos, Denis. – Pediu Eryk e Denis fica de costas. – Eu me entendo com a Garota Borboleta. – E depois de ouvir isso, Denis vai embora, deixando Eryk e a Garota Borboleta a sós. – Borboleta, você deve saber o motivo de eu ter defendido o Denis. – Falou o gordinho.

— Não. Não precisa me contar. – Recusa a informação a Garota Borboleta também ficando de costas.

— Hã?! – Exclama Eryk confuso.

— Se logo você poupou o líder da Gangue da Bicicleta, então tanto os seus motivos quanto os dele devem ser nobres. – A Garota Borboleta explica sua atitude, antes de correr pra longe.

— E-ei! Espera! – Eryk a chamou gritando, fazendo a Garota Borboleta parar de correr. – O que foi aquilo naquele dia? Porque me beijou? – O garoto falava em voz alta, mas após saber o motivo, a garota voltar a correr dele. – Não, espera!

Eryk tentou segui-la, mas a perdeu de vista quando entraram em um beco com vários caminhos.

— Poxa... – Suspira Eryk deprimido de curiosidade.

Enquanto isso, no esconderijo secreto de Mauricio, o homem assistia a tudo do inicio ao fim.

— Então eu não o terei no meu time... Ah, não importa. Vou fazer com que ela fique no lugar dele. Quem manda deixá-lo ir.

Mauricio resolve desligar a transmissão e foca sua atenção nos dados de outras pessoas.

— Hora de chamar a galera. – Falou Mauricio de olho nas informações de quatro pessoas, adultos. E entre eles estava o codinome de “Poderoso”, o apelido de Jose, assim como a foto dele.

Continua...