As Aventuras do Pequeno Eryk

55 – Bosque Carnívoro


Na praça, todos os amigos de Eryk aguardavam o garoto. No chão tinha vários entulhos no local, todos prontos para serem reciclados e bem aproveitados.

– Aaaai...! Cadê ele...? – Se pergunta Jessy batendo o pé impaciente.

– Será que ele foi pego pelo caminho? – Junior também se pergunta apostando nessa hipótese.

– Ai Junior! Não diga uma coisa dessas...! – Falou Luane querendo não pensar no pior.

– Há! Olha ele aí! – Falou Jeová avistando Eryk correndo com um monte de coisas ao longe.

– EEEEEEEEEEIIII! Pessoaaaaal!!!! – Eryk berra ao longe até tropeçar e capotar em cima das coisas, passando pelos quatro rolando, até bater em um poste e escorrega até cair de costas ralado no chão.

– Carambola, você tá bem?! – Junior corre para ajudar o garoto.

– Ai... vou ficar. – Responde Eryk ficando de pé.

– Porque demorou tanto? Até a Jessy que mora longe foi a primeira a chegar. – Reclama Jeová.

– Foi mal é que... Tinha muita coisa pra trazer aí eu vivia tropeçando. Mas mudando de assunto! Cadê a Ângela?

– Oi garotada...! Me desculpem o atraso. Eu tinha que ajudar minha mãe numa coisa antes de vir. – Dizia Ângela chegando no local, até avistar o monte de coisas que os pequenos trouxeram. – Nooossa! Quanta coisa! Ai, vamos ficar bem atarefados hoje. – Os olhos de Ângela brilham de tanta emoção com tanta coisa reciclável.

– Ai não... – Suspira Jeová com o peso da preguiça se sobrepondo em cima dele.

– Ah siiiim!!! – Se anima Eryk com o peso da alegria levantando o astral do garoto.

– Muito bem...! – Ângela levanta a caixa mais pesada do local. – Vamos até a Vam da minha mãe. Ela está esperando pela gente bem ali.

– Simbora! – Grita Eryk erguendo o punho animado.

Cada um pega suas coisas e apostam uma corrida até a Vam estacionada próximo a praça. Lá eles encontram uma bela mulher parecida com Ângela com a diferença de sua aparência ser mais madura que a garota. Cabelos igualmente ruivos, diferente de sua filha seus olhos são azuis, pele clara e vestia um belo vestido com uma saia longa.

– Olá garotos e garotas. Meu nome é Ágata. Sou a mãe de Ângela. – Se apresentou a mulher sorridente para os pequenos.

– Mãe? Não é irmã não? – Junior perguntou espantado. Jessy o acerta com uma leve cotovelada para chamar a atenção do garoto – Que foie...? – Resmunga manhoso enquanto massageia o local. “Jessy é muito forte” pensou Junior.

Dona Ágata apenas rir da situação.

– Sempre me confundem como a irmã da Gel, embora ela seja filha única. Mas enfim, vamos?

Após chamar pela filha usando seu apelido, todos guardam suas coisas na Vam e sobem no veiculo para partir.

A viagem se torna agradável. Todos aproveitam o passeio com uma cantoria animada, todos sem exceção. Até Jessy e Jeová estavam cantando. Isto é, até Jessy puxar assunto.

– Ei Ângela? Seus pais trabalham em quê?

– Ah minha mãe é bióloga e meu pai é advogado. Papai deve estar no trabalho agora. E minha mãe vivia viajando para Amazônia, até que ela resolveu criar um grupo ambiental aqui, o mesmo que estamos indo encontrar agora. Ah, e falando nisso, mãe! Onde vai ser dessa vez? – Termina Ângela se virando para o banco do motorista onde sua mãe se encontrava dirigindo.

– Estamos indo no Bosque Rodrigues Alves. Têm um monte de coisa para fazermos lá. – Respondeu Ágata levantando o animo de todos.

– NÓS VAMOS NO BOSQUE?! QUE DAHORA! – Berra Junior histérico. Eryk e os outros agitam a Vam gritando um “oba” bem alto também. Ágata rir de tudo isso. Não estava acostumada com tamanha animação, mas era bom ver o veiculo tão cheio de vida.

– Ah, eu já ia me esquecendo. – Lembrou a Dona Ágata – Filha, isso é pra você.

– O que é isso? – Pergunta Ângela após sua mãe lhe entregar um cordão com uma jóia na cor verde, semelhante a uma esmeralda, só que com bordas amarelas ao redor.

– Sua avó me pediu para lhe entregar isso. Ela achou que você ia gostar.

– Oba! É tão linda... – Admirava Ângela ao segurar sua joia.

– Noooossa...! É lindo mesmo. – Comentou Luane com os olhos brilhando de admiração também. Ângela tenta colocar, mas se encontra com dificuldades.

– Deixa que eu ajudo. – Se ofereceu Jessy e a garota a coloca no pescoço da ruivinha.

– Muito obrigada Géssica. – Agradece Ângela.

– Me chame de Jessy que eu agradeço, tá amiga? – Piscou a morena, fazendo a garota rir.

– Está bem.

Eryk passa a reparar em Ângela. A jóia ressaltava mais ainda a beleza dela. E quando o garoto percebeu que estava a fitando demais, ele balança a cabeça e tudo aquilo some na hora.

– Chegamos. – Anunciou Ágata estacionando no local.

O famoso Jardim Botânico da Amazônia Bosque Rodrigues Alves. É um dos milhares dos pontos turísticos de Belém. Com muros de concreto e grades cercando o local, o interior está cheio de algumas das faunas e floras da cidade e da Amazônia. Animais exóticos também habitam lá como Araras, Tartarugas, Jacarés, até Preguiça tinha no local (Preguiça bicho, não gente preguiçosa. Quer dizer, sempre tem um funcionário roncando em qualquer lugar, né?).

Se os pequenos estavam animados na Vam, agora que entram no local seus olhos estavam mais maravilhados ainda enquanto andavam pelo caminho de terra.

– Que lugar lindo...! Eu nunca estive aqui antes... – Comentou Luane.

– Nem eu. – Falou Jessy.

– Eu tinha 4 anos quando a minha escola fez um passeio pra cá. Eu não me lembro de muita coisa, só sei que foi quando eu e a Jessy ainda morávamos na Sacramenta. – Comentou Eryk.

– Eu vim com a minha mãe ano passado. Foi legal. – Contou Jeova.

– Olha esse lago! – Correu Junior animado até o lago. Todos fizeram o mesmo. Tinha um monte de peixinhos nadando. Uma canoa transportando quatro ou cinco pessoas, sem contar o remo, estavam passando ali tirando a atenção dos garotos.

– Venham meninos. Vamos andando. – Chamou Dona Ágata sorridente e todos assentiram.

Enquanto isso, do outro lado do laguinho, o homem encapuzado discutia com um dos funcionários do local.

– É sério. Não tem nenhum outro tipo de planta do que essa. Vai por mim, vão render adoidado nesse lugar. – Dizia o de capuz tentando convencer o funcionário a ficar com uma caixa com alguma planta dentro.

– O senhor está me tirando a paciência – Dizia o funcionário cansado dessa conversa – Primeiro: o procedimento não é esse. Segundo: ninguém fecha um acordo para um mendigo. Terceiro: Eu não faço a minha idéia de como deixaram você entrar. Sugiro que o senhor deva me acompanhar até a saída.

– Sei, sei, estou por dentro...

Só que o que o funcionário não sabia era que tudo aquilo não passava de uma enrolação furada do encapuzado só para se manter ali até a chegada dos Pequenos. O de capuz procura os garotos pelo olhar, até avistá-los.

– Blá, tudo bem. Eu não queria mesmo. Só vim deixar essa planta carnívora para espalhar o caos mesmo.

Dizia o encapuzado sem emoção para o funcionário enquanto abria a caixa, revelando a imensa planta carnívora que mal foi libertada e ataca a primeira coisa que via pela frente. No caso o funcionário, só que num susto ele desvia, fazendo a planta morder uma lata de lixo que estava atrás do homem e a arranca do chão. Quando viu que não era carne a Planta cospe e ruge com um barulho medonho que chegou nos ouvidos de todos os cinco garotos.

– O que foi isso? – Pergunta Junior quase pausadamente.

– Está vindo dali! – Aponta Luane.

– Vamos! – Avisou Eryk e todos os cinco foram, menos Ângela e Dona Ágata.

Os Pequenos dão o balão pelo lago até alcançar a Planta Carnívora.

– De onde veio essa planta carnívora? – Se pergunta Jessy freando.

– Duvido você perguntar pra ela. – Desafiou Jeová.

– Não, obrigada. – Responde Jessy.

– Cuidado! – Grita Junior salvando Jessy da mordida da planta.

Luane se concentra e usa suas fitas para subir na planta e consegue amarrar sua boca. Mas a planta era muito forte para a garota. Ela tenta expulsar Luane de cima dela balançando sua cabeça para lá e para cá, enquanto a loirinha fazia o máximo para se manter firme em cima.

– Uia! Luane virou cowboy. Ou seria cowgirl? – Se pergunta Junior.

– Que exploda cowboy! – Se irritou Jeová e usa sua aura verde para desferir um soco para nocautear a criatura.

Só que isso só a deixou com mais raiva ainda.

Ela enfim consegue se livrar de Luane, arremessando a garota para o lago.

Mas foi salva por Jeová bem a tempo.

– AI JEOVÁ! OBRIGADA! – Agradece a garota abraçando Jeová apertado até demais.

– E-ei! Não é hora para isso! – Disse o garoto se separando dela.

– Socooorrooo!!! – Gritou Eryk sendo perseguido pela Planta Carnívora que pulava quase se arrastando para alcançar ele.

Quando o pequeno se vê sem saída, ele resolve usar seu estilingue de luz e atira na Planta, cegando ela. Com isso ele aproveita e corre para sair de perto.

E foi graças a isso que Jessy percebeu algo.

O tiro de luz de Eryk afetou consideravelmente a planta, analisando a maneira que contorcia sua cabeça de dor.

E com isso em mente, Jessy teve uma idéia.

– Eryk! Será que você não pode dá um tiro mais forte?

– Hã? Eu não sei. Nunca testei isso. Mas deixa eu tenta.

– Espera! – Interrompe sua prima – Fique dez passos longe da planta. Depois você atira.

– Tá.

Enquanto tomava distancia, Eryk já prepara seu estilingue de luz. E assim que ficou no local posicionado ele atira em cheio nela.

– Isso! – Comemora a prima vendo que fez o mesmo efeito que anteriormente.

Mas a criatura, embora sua cabeça estivesse cambaleante, ela ainda estava viva.

– Não foi forte o bastante. Espere... Já sei! Eryk, atire de novo, mas dessa vez espere eu mandar! – Dizia a morena.

– Tá! – Assentiu Eryk mais uma vez já preparando seu estilingue de luz e mira na criatura.

– Tente colocar mais energia. – Sugeriu Jessy e Eryk faz. – Junior, distraia a criatura para nós.

– Beleza! Ei sua besta! Você é uma planta, não é? Se você comer um vegetal você é vegetariana ou uma canibal? – Dizia Junior enquanto corria em volta da criatura até deixá-la tonta.

– Eita. Boa pergunta. – Comentou Jessy, se distraindo por um segundo com essa pergunta.

Eryk estava concentrando tanta energia em seu estilingue que não estava mais conseguindo mantê-la por muito tempo.

– Jessy, já? – Pergunta Eryk tentando ao máximo segurar a energia para não escapulir do seu estilingue.

– Agora!

Com o anuncio de sua prima, Eryk finalmente dispara.

A energia canalizada era tão forte para a criatura que acabou a consumindo por inteiro, como uma forte queimadura, até desaparecer.

– Nossa... – Suspirou Eryk aliviado.

Assim que tudo se amenizou, os funcionários do Bosque retiram os restos deixados pela Planta e a caixa que ela veio.

– Nossa meninos. Vocês foram... uau. – Falou Ângela impressionada com cada um, deixando todos sem graça.

– Não foi nada. Mas e aí? Vamos voltar com o que a gente ia fazer? – Pergunta Eryk.

– Vamos, claro. – Disse Dona Ágata e todos iniciam suas atividades ambientais.

E no topo de algumas árvores do bosque, lá estava o encapuzado novamente como um telespectador.

– Interessante... De alguma forma, a criatura desapareceu por causa da luz do tiro do Pequeno Eryk. Mesmo não sendo a intenção do garoto, isso favoreceu como se estivesse eliminando o mal da planta, levando ela junto. Hm... Preciso testar mais esse novo poder dele. Se eu quiser que meu plano funcione, terei que descobrir como os poderes de Eryk funcionam primeiro.

Analisava o encapuzado cuidadosamente, antes de usar sua capa para desaparecer do local.

Por fim, o dia seguiu normalmente. Conforme foi passando, cada um dos pequenos aprendiam mais e mais sobre reciclagem, as conseqüências da poluição, para onde tudo ia e voltava, tudo no mesmo dia.

Claro, eles se divertiam muito com isso. Junior até criou uns caminhões de brinquedo usando restos usados de garrafas plásticas e tudo mais. O dia foi tão agitado que foi exaustivo, e cada um retornou mortos de cansaços para suas casas.

Quer dizer... Menos Eryk, que repôs suas forças do dia para...

Sair escondido.

O pequeno teve que ter muito cuidado para não acordar ninguém. Principalmente Jessy que dormia no mesmo quarto que ele, numa rede de embalo. Mas era só esse obstáculo que preocupava o garoto. Depois disso estaria seguro.

O garoto tia que se encontrar com alguém exatamente a meia-noite em ponto. Depois de percorrer pelo bairro, ele sobe até o topo de um prédio, mais precisamente num terraço de um e se encontra com alguém.

– Tá, eu estou aqui. E agora?

Pergunta Eryk para a pessoa a sua frente.

A Garota Borboleta

Continua...