As Aventuras do Pequeno Eryk

50 – Mais Aventuras Virão


Um estilingue feito de luz. Era o que Eryk carregava em sua mão. A baladeira também era feita de luz. E Sal estava na mira do Eryk. Mas isso não ia impedi-lo de continuar lutando. Nem Sal, nem Eryk.

– MUITO BEM, GAROTO! SE VOCÊ QUER TANTO PERDER, ENTÃO VOCÊ VAI TER O QUE TANTO QUER!

Sal aperta o botão de seu braço e todos os instrumentos retornam a se fundir, recriando a super-arma.

– VEREMOS SE A SUA MAGIA PODE COM A CARGA MÁXIMA DO MEU RAIO!

Berrava Sal, já apontando a arma para Eryk, enquanto nesse exato momento carregava o poder de tiro.

Eryk continuava a mirar em Sal. Os funkeiros assistindo a tudo aquilo estavam mais do que surpresos. Sal não tinha contado essa “parte” dos instrumentos. E estavam confusos também por seu empresário ter opinado a usar a arma contra o Eryk para acabar com ele ao invés de usar seus amigos para isso.

Quando a super-arma de Sal carregou ao máximo, os dois disparam.

Eryk dispara com seu estilingue uma espécie de bola feita de luz, amenizada todos os seus sentimentos bons e puros, não só pelos seus amigos, como também pela humanidade.

A diferença de poder foi imensa.

O disparo de Eryk simplesmente venceu o de Sal.

Quando o empresário recebeu o golpe, não foi só ele, mas todos os funkeiros sentiram a luz do disparo do Eryk lhe atingirem também.

Só os amigos de Eryk que foram poupados da enorme luz ofuscante que acertou cada um dos funkeiros, principalmente no empresário, como um fogo que queimava toda a sujeira contida em seus corações.

O local foi tomado por uma forte explosão de luz. Luz essa que jogou cada um dos quatro no chão. Eryk não faz a mínima idéia de como conseguiu produzir uma forte luz, mas de alguma forma sabia que aquilo seria o bastante para fazer Sal compreender. Mas não sabia se os funkeiros também compreenderiam.

Quando a luz passou, os funkeiros se arrastavam no chão como se tivessem sido atropelados por algo. Enquanto Sal... o empresário apenas continuava a sentir o calor da bondade. Um calor que não sentia há tempos.

Um calor... como de um amor que sentia pelo seu pai.

– Garoto... Eryk, não é? – Sal pergunta, deitado no chão, não se importando para mais nada. Apenas mirando Eryk se aproximar bastante até ficar frente a frente. – Devo meus parabéns. Conseguiu o que queria. Jamais imaginei que alguém como você realizaria esse feito.

– Não... Ainda não conseguir o que eu realmente quero. – Reponde Eryk, surpreendendo Sal um pouco. – Eu cresci em um lugar onde eu tinha amigos. Eram poucos... mas eram os melhores. Só que... meus pais não poderiam continuar vivendo lá, então tivemos que nos mudar. Foi aí que tudo começou. Eu sentia falta dos meus amigos, mas eu precisava fazer novos. Só que ninguém me dava bola. Me maltratavam, me desprezavam, faziam coisas comigo que me fizeram odiá-los. Só que eu não queria ficar de mal com eles. Eles se divertiam tanto que... eu queria ser seu amigo. Mas não importava o que eu fizesse, não adiantava nada. Até que... um dia... eu conheci esses caras...

Eryk agora olha para seus amigos, que se levantavam do chão.

– Esses caras... me aceitaram do jeito que sou. E mesmo eles tendo alguns defeitos, eles são legais. São como eu... E... foi aí que percebi. O mundo não vai melhorar se ainda houver pessoas como aquelas que me excluíram. Então... eu decidi que vou entregar todas as chances necessárias até mostrar para todos a verdadeira amizade. Só que também existem pessoas como vocês.

Agora Eryk se referia a Sal, os funkeiros, e também se referia a Ana, a Tia da Cantina, Austin, Zero...

Isa...

– São pessoas como vocês que pioram tudo. Praticam tanto o mal que se esquecem do bem. Então... até eu conseguir mostrar para todos o quanto a bondade faz bem para as pessoas, mesmo para aquelas que eram más... Eu não vou parar até eu conseguir o que quero. – Termina Eryk, revelando seus sonhos com determinação e convicção.

– O mundo é enorme. Existem pessoas muito piores do que eu. Você nasceu em uma parte de luz do mundo, mas há aqueles que nasceram no lado escuro. São essas pessoas que você tem que temer, porque a maioria delas não conhece a bondade, e não faz a menor questão de conhecer. – Alerta Sal, agora compreendendo os desejos de Eryk. De certa forma, dizendo tudo isso era um sinal de que estava apoiando o garoto.

– Você quer dizer que são essas as pessoas que eu tenho que enfrentar. Mas não se preocupe. Não farei isso sozinho. Não daria conta. Mesmo que eu seja enganado várias e várias vezes... vou continuar dando chances para as pessoas que merecem. Sem falar que... Eu ainda tenho muito pela frente, não é? – Eryk sorriu quando completou essa ultima parte. Isso fez com que Sal também sorrisse, se recordando de que Eryk ainda é apenas um garoto.

– É... Tem razão.

Algum tempo depois...

– Pode levar. – Falou um policial fechando a porta do carro da policia onde se encontrava Sal e Zizão, enquanto outra viatura levava Pal e Gat.

Henriqueél (recuperado) terminava seu depoimento para o policial que investigava Eryk e seus amigos, o mesmo que tinha abordado Eryk e ameaçá-lo a prende-lo no mesmo dia que o garoto enfrentou um carro vivo e tinha conhecido o mago.

– Deixa eu ver se entendi: Você, sozinho, deu um jeito neles? Porque, de acordo com as minhas investigações, você deu de dar aulinha para um certo grupo de arruaceiros. Como eu vou saber que eles não estão envolvidos? – Questiona o oficial.

– Se as suas investigações estiverem certas, deveria saber que os meus alunos já se foram há tempos. Se eu fosse você, examinaria os destroços do bar deles. Vai encontrar uma mina de ouros em formatos de provas lá. Ou os instrumentos não são o suficientes? – Retruca o Henrique.

– Escuta aqui-!

– Chefe. Achamos vários contra-bandos no meio dos destroços. Fomos convocados a examiná-los pra ontem. – Seu parceiro interrompe o investigador, fazendo o homem quase explodir de raiva.

– Tá bem! Já vou. Você deu sorte oh da mágica. Mas se uma situação dessas se repetir, eu vou ficar de olho, estamos entendidos?

– Como quiser seu oficial. – Concorda Heriqueél levantando os braços em rendição como se fosse um cidadão honesto.

– Está certo então. OH COWBOY! ESSAS ROSQUINHAS SÃO MINHAS! ENTRA NESSE CARRO QUE É PARA AVERIGUAR TUDO! – O investigador deixa o local brigando com seu parceiro que quase engasga por ter sido pego no flagra. Ambos entram na ultima viatura do local e se dirigem a delegacia.

– Tudo bem, já podem sair.

Chamou Henrique para os cinco garotos escondidos atrás de um dos caixotes. A cabeça de cada um aparece aliviados pela policia terem ido embora.

– Ufa, finalmente. – Falou Junior enquanto ele e seus amigos saiam do esconderijo.

– Já podemos comemorar? – Pergunta Luane.

– Já! É HORA DE COMEMORAR GALERA!!!!! CONSEGUIMOOOOS!!! – Anunciou Eryk gritando de alegria e os cinco correm para um abraço coletivo e giravam enquanto faziam uma roda e gritavam altos em comemoração.

– Já chega gente. Já está mais do que tarde. E não se esqueçam dos ensaios para a grande apresentação. – Lembrou Henrique após conseguir conter a animação agitada dos garotos.

Alguns dias depois...

– RESPEITÁVEL PUBLICO! COM VOCÊS... O GRANDE MAGO HENRIQUE...!

Era o ultimo dia de férias. E para fechar com chave de ouro, o circo irá se despedir da cidade com sua ultima apresentação.

A ultima e também a mais especial apresentação.

Falante anunciava a chegada de Henriqueél com uma explosão de fumaça mágica, onde revela o mago trajando sua roupa de circo com um jaleco, capa e cartola da cor de vinho e uma gravata borboleta no pescoço azul, sapatos, calças e a camisa por dentro tudo branca.

– Povo de Belém, é uma honra encerrar minha estadia na cidade com essa apresentação. Hoje... contarei com a ajuda de cinco jovens talentosos para trazer para vocês uma programação mágica! Então... VAMOS COMEÇAR!

Com isso, o circo dá inicio as suas apresentações. Após a abertura de Henriqueél, Jessy foi a primeira a fazer sua apresentação.

Reunido todo seu conhecimento sobre magia, e graças a capa mágica que usava, ela retirava coelhos da cartola, laços de várias cores amarrados um no outro, mini-fogos de artifício e sumia com os objetos que deixava sobre a mesa.

Logo após foi a vez de Junior que, iniciou com sua apresentação na Esfera da Morte, mas depois uma pequena pista de corrida tomou conta do palco e o garoto subiu na bicicleta de uma roda e trouxe a tona toda a sua velocidade.

A seguir foi Jeová que, graças a sua força, conseguiu ser disparado de não um, mas sim dois canhões e sem perder a consciência. Isso tinha paralisado a platéia de medo, mas depois que viram que tudo ocorreu bem, a euforia foi certa. E prosseguiu com a sua apresentação se vestindo como um cowboy ao montar no touro mecânico e dominar o aparelho.

E como se não pudesse ficar melhor, Luane encantou a platéia com a sua performance no trapézio. Ela não só atravessava a corda com precisão e controle total, como também caia na cama elástica, retornava para o topo, se jogava para lá e para cá usando todo o circo chegando bem perto da platéia, e finalizava usando suas fitas para subir e descer com charme e elegância, e terminava com uma explosão de fitas de encantar o palco.

A cada apresentação, a platéia ficava impressionada. Era tão lindo e mágico que agradava os corações de cada um.

E quando eles acharam que já tinha terminado, mal sabiam o que estaria por vir...

– E para terminar... Conheçam Eryk! O DOMADOR DE LEÕES!!!!!!!!!!!!!!

A platéia ficou aflita quando viu um garoto de 8 anos dentro de uma gaiola sozinho. Eryk carregava um banquinho em uma mão e uma corda na outra.

E quando a estatua do leão ganhou vida ao sair de um caixote, o circo inteiro ficou mudo.

Eryk encarava o Leão em sua frente enquanto dava passos largos para o lado, tomando uma distancia segura. O leão o seguia andando devagar. E quanto mais a fera se aproximava, mas Eryk o espantava com o seu banquinho.

– Xô bichano, xô! – Dizia Eryk enquanto fazia isso. O leão estava conseguindo abrir uma brecha aos poucos. Mas Eryk continuava focado a todo momento. Até que o leão resolve atacar o garoto e Eryk se protege desviado para o lado.

Os dois meio que se enfrentam. O leão tentava arranhar Eryk com suas unhas afiadas enquanto o garoto anda tentava afastá-lo com seu banquinho.

Até que o garoto finalmente consegue dominar a fera usando sua corda para amarrar o seu pescoço e montar nele, como se estivesse montado em um cavalo. Até o leão tenta cambalear imitando um. Mas Eryk permanecia nele se agarrando em sua juba.

– YAHOO SILVER!!!!! – Dizia Eryk até fazer o leão cansar e o transformá-lo de novo em uma estatua imóvel.

A platéia foi à loucura. Estavam praticamente com o coração na mão. Mas quando o garoto finalizou sua apresentação, todos aplaudiram de pé, enquanto o garoto aceitava as palmas com uma reverencia, mesmo estando respirando um pouco ofegante.

Assim que a programação terminou, todos os artistas de circo se reúnem em uma linha, dão as mãos, e abaixam a cabeça, aceitando as palmas e assovios histéricos da platéia. Os garotos se entreolham orgulhosos pelo grande dia e, para a surpresa de todos, os cinco garotos abraçam Henrqueél, que também foi pego de surpresa, fazendo as palmas aumentar ainda mais.

Mais tarde...

Eryk, Junior, Jeová, Luane e Jessy já estavam arrumados para ir embora. O céu tomado pelo belo pôr-do-sol trazia um clima agradável para o momento. Graças ao dia grandioso que foi hoje, cada um deles se sentia realizado. Não só por terem conseguido dominar seu poderes por completo, como também por terem trazido alegria para crianças e adultos que compareceram no local.

– É isso aí garotos. É a despedida. – Falou Henriqueél após deixar o ultimo caixote no chão.

– Senhor. Muito obrigado por tudo o que o senhor nos ensinou. – Agradecia Eryk enquanto seus amigos ficavam ao lado dele.

– Eu só fiz a minha parte. Para não deixar a magia morrer. Mas o credito do seu sucesso vai para todos vocês. – Responde Henrque humildemente.

– É... Eu não teria feito nada sem a ajuda de vocês. – Eryk envolve seus braços no pescoço de Junior e Luane e todos se juntam fazendo o mesmo.

Henriqueél não parava de olhar para aqueles cinco. Mesmo sendo tão jovens e tão inexperientes, já realizaram vários feitos e várias conquistas.

– Vocês... Um futuro grandioso aguarda por vocês. Mas isso só será possível se continuaram fazendo o que fizeram até agora. Acreditem na magia e em Deus, que várias conquistas serão realizadas por cada um de vocês, se permanecerem unidos como sempre foram. E apesar de conseguirem controlar seus poderes, ainda falta dominá-los e descobrir o que podem fazer com eles. Se fizerem isso, serão invencíveis. – Discursava Henriqueél como uma ultima lição para seus alunos.

– Pode deixar. – Garantiu Eryk com um sorriso.

– Não se preocupe. – Falou Jessy.

– Se depender da gente, a magia vai estar no ar sempre. – Afirma Luane.

– Vamos sempre nos divertir enquanto ajudarmos os outros. – Pronunciou Junior.

– Isto é. – Concorda Jeová.

– E quando o senhor vai voltar pra Belém, senhor? – Pergunta Eryk.

– Não se preocupem. Pretendo retornar ainda esse ano. Quem sabe nas próximas férias? – Responde o mago.

– Promete? – Pergunta Luane um tanto insegura. Henriqueél percebe e solta um riso.

– Prometo. – Responde o homem e todos o abraçam começando a sentir saudades.

– Muito obrigado por tudo mesmo, senhor mágico. – Agradece Eryk segurando o choro, assim como Luane e Junior.

– Eu tinha prometido para mim mesmo que não ia chorar. – Murmura o moreno de camisa azul.

A buzina da combe do pai de Jessy toca no outro lado da rua, anunciando a sua chegada para buscá-los. Os garotos escutam e se separam do mágico.

– Lembre-se: quanto mais vocês acreditarem na magia, mas ela se tornará real. Acreditem em vocês mesmos e a Deus também. Se fizerem isso, todos os seus sonhos irão se realizar. – Termina Henrique se despedindo de seus alunos.

– Sim... Bom... Até mais! – Se despede Eryk após limpar seus olhos lagrimejados.

– Tchau senhooor! – Acena Luane.

– Até mais, tio! – Falou Junior.

– Se cuida! – Agora era Jessy.

– Nos vemos por aí! – Se despedia Jeová também.

– Fiquem com Deus! – Se despede Henriqueél, Falante e alguns coelhos que tinham saído de sua cartola acenando para os garotos andando até a combe.

– Bom... o que faremos agora? – Pergunta Jeová.

– Não sei. Eu tô pensando em fazer algum serviço comunitário. Algo que envolva o pessoal da nossa rua e do resto do bairro. Mas não sei por onde começar. – Informou Eryk.

– Seria legal, mas acho que não vamos ter muito tempo devido a volta as aulas. – Lembra Jessy e todos os quatro gemem só de lembrar.

– Ah Jessy... – Suspira Junior entristecido.

– Eu sei que é o final das férias, mas precisa lembrar também? – Questiona Luane.

– Desculpa gente. Mas é que eu adoro estudar. Eu não tenho culpa se vocês não são apaixonados pelo conhecimento. – Responde a menina.

– Vamos aproveitar o ultimo dia de féria na casa da árvore? – Sugere Jeová.

– Vamos! O ULTIMO A CHEGAR É A MULHER DO PADRE HAHA! – Brinca Eryk correndo para a combe.

– EI VOLTA AQUI! – Chama Junior e todos correm atrás do garoto.

Apesar de serem crianças, possuem corações enormes. Não se preocupam só com eles mesmos. Eles pensam no próximo e se preocupam de fazer o certo e não fazer o errado.

Só que, infelizmente, ainda existe gente que só faz coisa errada.

Como o misterioso homem encapuzado, que assistia a despedia dos garotos do circo, assim como também assistiu toda a treta dos garotos contra o empresário e seus funkeiros, em cima de um prédio próximo do circo, onde se encontrava nesse exato momento.

– Pode crer que ainda vão continuar ajudando as pessoas. Porque se depender de mim, mais aventuras virão. – Dizia o Encapuzado para ele mesmo.

Continua...