As Aventuras do Pequeno Eryk

45 – O Ataque Começa...?


– A gente deveria ir até a casa de show desses funkeiros e botar fogo em tudo também! – Sugeriu Jeová zangado.

– Eu tô com Jeová. – Apóia Junior levantando a mão a favor do amigo.

– Não. Isso é errado. Não adianta devolver na mesma moeda. Não ia resolver nada. Sem falar que ninguém saiu ferido e nada foi prejudicado também. – Protesta Eryk.

– Eu tô com Eryk. – Agora Junior abaixa a mão e levanta a outra, a favor de Eryk.

– Porque a gente não chama a policia? – Sugere Jessy como se fosse a melhor solução no momento.

– Eu tô com a Jessy. – Junior agora abaixa a outra mão e levanta a anterior apoiando Jessy.

– Ah claro, aí a gente conta que um bando de funkeiros tentaram incendiar um circo que nem queimado está. – Ironiza Jeová.

– Eu queria que eles pagassem pelo que fizeram. E se fizermos uma travessura da boa neles, hã? – Sugere Luane indignada com tudo isso.

– Eu tô com a Luane. – Junior já ia repetir o mesmo gesto mais uma vez, quando Jessy se irrita.

– Ai Junior, chega desse negócio! Já tô ficando aborrecida já! – Alertou a morena.

– Gente... eu sei como vocês se sentem. Eu também queria dar o troco, mas eles não cumpriram com o seu objetivo e foram embora. Quem sabe eles não retornem mais? – Dizia Eryk.

– Galera... e o tio mágico? Onde está? – Pergunta Luane reparando que faz tempo que não vê o mágico.

Henriqueél se encontra em uma sala cheia de coisas largadas por todo lado. A principal delas era cinco ou seis pilhas de livros amontoadas em vota da mesa onde se encontrava. Estava pesquisando em seus livros algo que explique ou, pelo menos, chegue perto da resposta sobre os poderes de Eryk. O mágico já suspeita de algo, mas queria confirmar.

– Ahá! Está aqui! – Falou Henrique parando de folhear o livro, achando o que procurava.

Na magia, o Coração Puro é o berço da nobreza, da justiça, da lealdade e da confiança. Ele não existe por si só. É preciso das pessoas ao seu redor serem tão nobres quanto o coração para que ele seja puro. Assim, os sentimentos são espalhados por essas pessoas através de palavras sinceras, boas ações, e fortes emoções.”

“Porém, quando essa pureza é nutrida por um determinado tempo, e depois liberada de repente, o poder interior pode se tornar físico, manifestando suas boas intenções, chamando por milagres divinos, até realizar um.”

“Esses milagres não vem da pessoa em si. E sim de próprio Deus, reconhecendo suas atitudes nobres e hostis, ele concede seus pedidos nobres e puros. Se esse coração puro for tão forte quanto o usuário for bondoso, ele se torna inabalável. Mas isso acontece somente quando seu coração está interligado com mais pessoas com corações fortes também.”

“Nem toda a maldade pode enfraquecê-lo. A não ser que as condições que ligam seu coração estejam desaparecidas nas trevas.”

“Mas se seu coração não perder a fé, a luz irá ilumina-lo, trazendo consigo toda esperança do mundo.”

– Então é isso... Os amigos de Eryk é que devem ter despertado seu coração puro... Eryk já era nobre, mas precisava de alguém para trazer essa nobreza a tona, e Eryk retribuía com a sua bondade. Não é magia que o poder dele se baseia, e sim da sua bondade de ajudar as pessoas e enfrentar as pessoas ruins. De fato... se mais pessoas fossem mais solidarias umas com as outras, o mundo ficaria em paz. Mas...

– Senhor? Está tudo bem? – Pergunta Eryk abrindo a cortina da sala.

– Ah, estou. Estou bem. Ainda está aqui? Já está ficando tarde. Sua carona deve estar te esperando na entrada do parque, não é? – Pergunta Henrique se recostando em sua cadeira para falar com o pequeno.

– E-eu estou preocupado. E se o senhor for atacado de novo? – Admite Eryk inocente agora entrando na sala.

– Não se preocupe. Eu vou colocar uma barreira mágica em volta do circo para você não se preocupar, tá bem? – Henriqueél piscou para Eryk, mas inventou essa de barreira só para não preocupar mais o garoto.

– Barreira mágica?! Que dahora! – Os olhos de Eryk brilhavam admiração. Henriqueél apenas sorri sem graça para o garoto.

– Está certo então. Amanhã é um novo dia. Esteja bem descansado para praticar seus números.

– Está bem!

No dia seguinte...

Os cinco já praticavam no circo. Jessy estava praticando seus números de ilusão com sua capa mágica. Luane estava treinando no trapézio com movimentos únicos de combinação de acrobata e dançarina. Jeová estava testando seus pulos no pula-pula do circo. Enquanto Eryk estava criando mais números com as cartolas e Junior na esfera da morte, mas os dois garotos param com seus truques por um momento para ajudar Henriqueél a carregar algumas coisas que serão bem úteis em seus números.

– Nossa! Saca só quantas coisas legais essas caixas tem! – Dizia Junior animado.

– É-é... tem um monte! – Falou Eryk largando a caixa no chão e sentando assim como seu amigo.

– Wow! Um ioiô mágico? O que ele faz? – Se pergunta Junior achando um ioiô dentro da caixa.

– Não sei. Será que ele viaja entre as dimensões? Ou, ou! Ele tem uma cordinha sem fim? Ah, já sei! Ele deve deslizar pelo chão sozinho, que nem roda de motocicleta, não é? – Imaginava Eryk animado.

– Ou ele some na palma da mão magicamente, ou pode usar como corda, ou pode alimentar uma fera, ou... – Imaginava Junior pensativo.

– E senhor! O que esse ioiô mágico faz? – Pergunta Eryk.

– Ah, ele não faz nada. É só um ioiô de brinquedo mesmo. – Respondeu Heriqueél, acabando com toda a animação dos dois.

– Ah.... – Suspiram Eryk e Junior ao mesmo tempo.

– Haha ei! Que microfone engraçado! – Falou Junior achando um microfone de locutor de brinquedo. Mas diferente de qualquer outro microfone, esse tem olhos, nariz e boca.

– Tem até um rosto. Liga ele para eu ver. – Pede Eryk animado e Junior liga o objeto.

– Oras bolas. Quem você está chamando de “engraçado”, meu caro garoto?

– O TRECO FALA! – Berraram Eryk e Junior, largando o microfone no chão, espantados quando viram a boca do objeto se mexer e sair uma voz dela.

– Oras... é isso que eu ganho por trabalhar com crianças. Quero um aumento! – Resmungava o microfone criando braços e pés finos para ficar de pé.

– Que dahora... – Os olhos de Eryk brilhavam impressionados, enquanto Junior teimava mexer no objeto falante.

– E-ei! Não mexa nos meus botões! Mais que falta de educação! – Briga o microfone cruzando os braços.

– A-ah! Me desculpa. – Se desculpa Junior arrependido.

– Olha... Tô vendo que acharam o Falante. – Diz Henriqueél se juntando aos dois.

– Então o nome dele é Falante? Oi Falante! Eu sou Antônio Eryk! Mas pode me chamar de Eryk! – Se apresenta o garoto.

– E eu me chamo Junior. – Se apresenta também.

– Ora, ora. Que apresentação apropriada para duas crianças. Nesse caso eu devo responder de acordo. Meu nome é Alto Falante. Mas o mestre Henriqueél me chama apenas de Falante. – Se apresentou o microfone com uma voz de locutor habitual. Eryk sorri por ter feito um novo amigo, mas Junior tampa sua própria boca, tentando conter sua risada.

– O que foi, Junior? – Percebe Eryk confuso.

– Nada... é que... o nome dele é engraçado haha! – Respondeu Junior deixando escapar uma risada.

– Oras. Era só o que me faltava! – Reclama Falante emburrado.

– Haha vamos combinar que seu nome não é nem um pouco original. – E Henriqueél começa a rir também.

– Até o senhor, mestre? Estou perdido... – Se lamenta Falante decepcionado.

– Que isso, gente... coitado do microfone. Olha pra ele. Tá magoado, tadinho... – Defendia Eryk com pena.

– N-não preciso que um garotinho me defenda. Eu sei me cuidar. – Falante se recupera empinando o nariz, orgulhoso, mas um pouco rude.

– Menos, Falante. Não fizemos por mal. E o garoto só queria te ajudar. Não precisar ser tão rude com ele. – Bronca Henriqueél.

– Tudo bem. Sinto muito. – Se desculpa o microfone ainda embirrado.

– Desculpa perguntar, mas ele serve para que? – Pergunta Junior curioso.

– Vocês não ouviram uma voz abrindo meu circo na primeira vez que vieram para receber o premio? – Recorda Henrique.

– Lembro sim. E o engraçado é que você trabalhava sozinho aqui no circo. Não vi mais nenhuma pessoa. – Diz Eryk.

– Era eu. – Responde Falante levantando a mão.

– Falante cuida da abertura e das apresentações dos meus números. Digamos que ele faz parte do meu arsenal de objetos mágicos. Como o Leão dominador daquela vez. – Explicou o mágico.

– Show... – Falam Eryk e Junior impressionados.

– Bom, temos muito trabalho a fazer. Vamos nessa? – Lembra Heriqueél batendo a palma da mão na outra chamando a atenção dos dois.

– Sim senhor! – Responderam Eryk e Junior obedientes.

Mais tarde, ao anoitecer...

– Aff... que cansaço... – Desaba Jessy ofegante.

– Pratiquei muito também... – Suspira Luane também cansada.

– Mal posso esperar para a nossa apresentação no final das férias. – Fala Jeová sentando no chão, se recostando na parede.

– Vamos fazer aquele show! – Diz Junior largado no chão e erguendo o braço, animado.

– Sim! Sem falar que a cada dia que passa, os nossos poderes ficam mais fáceis de usar, não é? – Recorda Eryk alegre.

– É mesmo... – Se tocou Luane quase se esquecendo desse fato.

– Tudo isso devido aos seus esforços para dominá-los. Mas estavam tão concentrados praticando suas mágicas que nem se lembravam do objetivo principal. – Reforçava Henriqueél se juntando aos garotos.

– Se é! Tô doido para continuar amanhã! – Fala Eryk animado.

– Acho que não, pivetada!

Uma explosão chama a atenção dos seis. Essa explosão veio do topo do circo, onde uma cortina de fumaça cobria a visão.

Até revelar os três funkeiros no topo do trapézio, enquanto o teto do circo estava rasgado, dando para ver a lua no céu.

– O que vocês vieram fazer aqui?! – Questiona Henriqueél, sério.

– Nós viemos acertar as contas! – Respondeu Gat.

– E os garotos aí estão na nossa lista...! – Advertiu Pal apontando o teclado elétrico na direção de Eryk e seus amigos.

– Deixe os garotos fora disso! É a mim que vocês querem! – Henriqueél correu até ficar na frente dos cinco para protegê-los.

– Sinto muito, amigo. – Falou Zizão aparecendo do nada atrás deles.

– O que?! – Jeová vira para trás, mas é nocauteado por Zizão. Pal e Gat também aparecem tentando cercar os outros cinco, mas eles reagem.

– JEOVÁ! – Gritou Eryk preocupado enquanto todos desviavam dos choques e ataques dos aparelhos dos funkeiros.

– Tá chovendo pivetada nessa espelunca! – Reclama Pal ficando ao lado de Zizão.

– Tudo bem. O chefe falou que só um deles bastava. – Fala Gat enquanto Zizão carregava Jeová em seu ombro.

– Ei tio cheira-mágico! Se quiser o garoto de volta, nos encontre na casa de Shows no outro lado da rua do parque! – Chamou Zizão.

– Como é?! DEVOLVA ELE SEUS MOLEQUES DESPRESIVEIS! – Exige Henriqueél correndo na direção deles.

– Nananão... Fica paradinho aí, que o garoto não se machuca. – Alertou Gat, fazendo o mágico parar de correr bruscamente.

– Não... Larguem o Jeová... – Implora Eryk com medo de perder o amigo.

– Espere pelo menos dez minutinhos antes da gente vazar daqui para buscar esse carinha, se ligou? – Falou Zizão dando largos passos em volta dos cinco para chegar até a saída do circo e vão embora.

– NÃO! JEOVÁ! – Luane já ia correr atrás dele, mas Jessy a impede segurando seu braço.

– Espera Luane. Precisamos de um plano. – Alerta a morena.

– Não haverá plano nenhum. Eu vou lá e resolver isso. – Interrompe Heriqueél autoritário.

– Não! Jeová é nosso amigo! E nós vamos ajudar também! – Falou Eryk decidido.

Enquanto isso...

Assim que os funkeiros chegaram no quarto de seu empresário, Zizão larga Jeová no chão, despertando o garoto.

– O-onde estou?! – Pergunta o garoto se levantando, espantado.

– No covil da cobra. – Responde o próprio empresário se levantando de sua poltrona.

– O que vocês querem comigo? – Pergunta Jeová.

– O que nós queremos? Ah, nada. Só... te usar como chafariz para aquele mágico de araque! – Responde o empresário se aproximando de Jeová ameaçadoramente.

Enquanto isso, no lado de fora...

Quando finalmente bolaram um plano de resgate, Eryk, Jessy, Junior, Luane e Henriqueél param na frente da casa de shows, prontos para salvarem Jeová.

– Então é isso. Lembre-se do combinado. Essa é a hora de usar seus poderes e truques para o bem. Vamos entrar lá e resgatar o Jeová, sem causar confusão. – Discursava Henriqueél.

– Sim! – E todos os quatro assentem.

– Beleza! Então vamos-!

De repente, a casa de shows explode. Destroços desabam um por um, enquanto uma fumaça encobre o perímetro inteiro.

Até uma silueta de alguém aparecer saindo de toda a fumaça, revelando ser Jeová limpando o sujo em sua roupa enquanto saia dali.

– Caramba... Acho que o meu treinamento no circo foi demais pra essa casa. – Comenta Jeová até se deparar com seus amigos com olhos arregalados, surpresos pela força do poder de Jeová.

– JEOVÁ!!!!!!!!!!!!!!!!!!! – Gritaram todos os quatro deixando de lado isso e indo abraçar o garoto.

– Caraca! Cê é o monstrão, hein! – Brincou Junior.

– Vamos embora daqui logo e chamar a policia. – Chamou Henriqueél levando os garotos para dentro do parque.

Continua...