As Aventuras do Pequeno Eryk

33 – A Quadrilha Junina – Jeová e Luane


Jeová

Eu estava andando no corredor quando escuto a professora falar com outro professor sobre um novo esquema para “unir casais e aproximar mais os meninos das meninas” ou algo assim. Eu não entendi muito bem. Só o que eu entendi foi que um casal vai ganhar um ponto extra se eles forem dançar na pista. Seja alguém da escola ou não. Aff...

– Ei, vocês ficaram sabendo que vamos ter que dançar com par na quadrilha? – Eu já cheguei até Eryk e Junior e perguntei para eles.

– Temos que dançar com par?! – O Junior perguntou bem surpreso.

– Como assim par? – Eryk também perguntou, mais confuso do que surpreso como o Junior. Eu não tinha entendido muito o que ele quis dizer, então perguntei:

– Como assim o que?

– Como assim par? Tipo; vamos ter números pares ou o que?

Cara... Sabe quando você tem vontade de dar aquele cascudo na pessoa? Então. Foi essa vontade que eu tive na hora. Só que eu fiquei tão besta com o que eu acabei de ouvir que capotei. E o Junior me acompanhou.

– É que tipo... – Começou Junior se levantando.

– Vamos ter que dançar com uma menina. – Completei fazendo o mesmo.

– Hã? Pra que? – Eryk perguntou meio a contra gosto. Acho que ele não gostou da idéia de ter que dançar com uma garota, já sabendo que ia ser rejeitado por todas.

– Na verdade é para ganhar um ponto extra. Basta dar um show na pista e pronto. – Expliquei.

– Ah ótimo. E ainda vale ponto. Essa escola não sabe que não tem garota nenhuma que quer dançar comigo? – Eryk levantava as mãos para o alto se perguntando um tanto indignado.

– Esperaí! Como você ficou sabendo disso Jeová? – Agora foi Junior que perguntou para mim, confuso.

– Acabei escutando a professora falar no corredor. Daqui a pouco ela vai falar na sala. – Esclareci e ele captou.

– Aff vou ver se tenho alguma sorte. – Falou Eryk se levantando da cadeira e indo provavelmente procurar seu par.

– Boa sorte! – Junior falou para Eryk que já estava longe. Pareceu que ele achava que o Eryk não ia conseguir achar alguém. Então, para dá um jeito nesse cabeça-oca, bati nele com uma cotovelada. – Aaai que foi? – Ele me perguntou enquanto passava a mão onde eu o tinha batido.

– Não piora bestão! – O repreendi e ele entortou a cara, parecendo confuso.

– Como assim fera? Eu só estava tentando animá-lo. – Ele falou e eu resolvi ignorar.

Bom... de certo modo, eu entendo o Eryk. Se só de ele estar perto de uma garota ela o já encara torto, imagina chamar ela para dançar com ele. A Jessy é a única que toparia. Mas duvido que ele vai convidar a própria prima para ir com ele. Pelo o que conheço do Eryk até hoje, ele preferia ir com uma garota legal e, de preferência, sem ser da família dele para que ele tenha algo a mais, ou não... Vai saber!?

– E você paspalhão? Vai fazer par na quadrilha com quem? – Perguntei para o cabeção do Junior ao meu lado. Agora nós estávamos indo de volta para nossas casas. Só o Eryk que não estava com nós dois. Parece que ele saiu cedo... ou algo parecido.

– Eu? Hm... Sabe que eu não sei? Me sugere alguém? – Ele perguntou olhando para mim. Cara... como pode o cara não pensar em ninguém? Ele conhece um monte de pessoas. Esse Junior...

Ah... Já sei quem pode ser o par perfeito para o Junior. Quem sabe ela não o passe um pouco de inteligência para ele.

– Que tal a Jessy? – Sugeri.

– A Jessy? Porque ela? – Ele perguntou sem entender, pelo visto.

– Bem... acho que ela é uma boa opção para você. Além do mais, ela pode te ajudar a pensar melhor nas coisas.

– O que?! – Ele berrou e eu rir. Ele serrava os dentes enquanto eu parava de rir aos poucos.

– Tá, agora falando sério. Tenta convidar a Jessy. Eu não acho que vai ter algum problema. – Insistir.

– Bem... vou ver. – Ele falou pensando no assunto enquanto chegávamos na casa dele.

Nossa... depois de todo esse falatório todo eu acabei esquecendo de mim. Cara... Quem eu vou chamar para ser meu par?

– Opa! Ah, oi Jeová. Não tinha te visto aí. – Me encontrei com a Luane quase se esbarrando em mim. Ela se desculpou e eu sorri para mim mesmo.

Hora perfeita.

– Esquece isso, Luane. Ei? Vai ter uma dança de quadrilha para casais na minha escola. E como dá para convidar pessoas de outras escolas, você gostaria de ser o meu par?

Assim que eu a convidei ela ficou vermelha. De repente ela começou a suar frio e gaguejar alguma coisa.

– H-h-ah-ã-hã? – Tudo para sair um simples “Hã”.

– Você não quis dizer “sim”? – Tentei convencê-la indiretamente. Ela somente balançou a cabeça dizendo que sim e eu já ia embora. Mas antes de me despedir dela ela me parou falando:

– E-espera! É sério? – Ela perguntou só para ter certeza. Eu voltei até ficar de frente para ela e comecei a falar.

– Sim. Eu gostaria muito de ir com você. Então? Cê topa?

Eu falei sério. E ela apenas sorriu. Acho que foi... um sorriso satisfeito. Não sei dizer.

– Claro. Mais tarde nos falamos, sim? – Ela falou e eu aceitei.

– Claro. Até. – Falei sorrindo de canto e fui me embora.

Bom... agora tudo o que posso fazer é esperar o dia da quadrilha chegar. Ah, e também torcer para o Eryk encontrar uma garota para fazer par com ele e também torcer para a Jessy ter pena do Junior e aceitar sair com aquele idiota moribundo.

Luane

Ai, eu estou tão feliz! O Jeová me convidou para dançar quadrilha com ele. Nossa, quadrilha é a minha dança favorita. Adoro balançar a saia pra lá e pra cá hehe. É divertido!

Quando eu fui para a casa da árvore, eu me encontro com a Jessy lá. Ela começa a falar sobre o Eryk, dizendo que ele ia precisar de um par para a mesma quadrilha que o Jeová tinha me convidado para ir com ele. Até ela me perguntar se eu poderia fazer par para o Eryk.

– Então Luane. Você topa? – Ela pergunta para mim assim que acaba de falar.

– Ah Jessy... sinto muito, mas não vai rolar. – Respondi. Mas quando eu já ia explicar o porquê ela faz um bico chateada.

– Hã...? Porque não...? – Ela perguntou manhosa e eu a respondo:

– É que o Jeova... me convidou. – Falei sem jeito. Acho que minhas bochechas ficaram vermelhas na hora. Jessy dá um sorrizão, alegre por mim.

– Sério?! O Jeová te convidou? – Ela perguntou surpresa e alegre ao mesmo tempo. Bem, se tratando do Jeová, já deve ser o esperado reagir assim hehe.

– Sim...! – Eu sorri como uma boba alegre e a Jessy ainda mais.

– Ah que bom... só falta o Eryk. – Quando ela falou do Eryk, a Jessy ficou cabisbaixa. Eu queria poder ajudar ela, ou o Eryk, ou... sei lá!

Ah, espera!

– Você quer tanto que ele vá? – Perguntei para a Jessy, séria.

– Muito... seria bom para a auto-estima dele. E também ele ia ficar muito feliz. – Nossa... como ela gosta do primo. E eu achando que era o Eryk que faria tudo por ela. A Jessy também retribui o mesmo carinho que ele.

Bem... Depois dessa, só me resta uma coisa a fazer!

– Beleza então! Jessy! Não se preocupe! Deixe que eu me encarrego de achar um par para o Eryk! E se depender de mim, vai ser a garota mais linda que tiver! Aham! – Eu me levantei, decidida para a Jessy.

– Sério?! Ah mais não vai ser aquelas metidas que se acham não, está bem?

– Hehe esta bem, esta bem. Deixe comigo! – Não pude não deixar de rir. Tentei continuar convencê-la de que ia achar alguém tão bacana para o Eryk, até o Junior chegar na casa da árvore.

– Olá, meninas! – Falou o Junior colocou a cabeça para dentro da casinha, nos cumprimentando.

– Olá Junior. – Cumprimentei.

– Bem... eu posso ficar a sós com a Jessy?

– Claro! Já acabamos por aqui mesmo. Bom, tenho que ir. Estarei muito ocupada a partir de agora, não é Jessy? – Falei divertida enquanto piscava para a Jessy. Eu saí dali e comecei o meu trabalho.

Achei que seria fácil, mas foi justamente o contrario. Ai ai mãezinha. Eu perguntei para todas as garotas legais, bonitas e educadas, mas nenhuma delas queria dançar. A maioria foi por ter vergonha de dançar, e as outras por realmente não quererem dançar com um gordinho.

Ah droga! Porque o Jeová me convidou? Quer dizer, eu gostei, mas se eu soubesse que o Eryk não acharia ninguém, eu mesma teria ido com ele.

Depois de passar vários dias buscando as meninas, eu sento em um banco na praça do bairro, chateada por não ter encontrado ninguém interessada.

– Ah, olha o que temos aqui...! – Rebeca apareceu ao lado de Isa se referindo a mim.

– Está com algum problema, loirinha? – Isa perguntou em um tom de deboche e as duas começaram a dar risinhos. Eu apenas bufei, ignorando a provocação delas.

– Eu estava procurando alguém para fazer par com o Eryk na quadrilha que vai ter na escola dele. Eu não posso porque vou com o Jeová e não conseguir encontra ninguém... – Falei pra elas suspirando cansada novamente só de imaginar o que eu passei até agora.

– Não vai querer que uma de nós duas vá com ele, não é? – Rebeca falou pensando que eu ia convidar uma delas.

– Vocês duas seriam as ultimas, não, nunca pensaria em chamar vocês. Se vocês não caçoassem do Eryk ou da pobreza dele, aí sim eu chamava. – Falei não gostando da idéia. Sendo elas que são...

– Há, me poupe. Também olha para aquele menino. Gordo daquele jeito não é de me admirar que ele não vá com ninguém, não é Isa? – Dizia Rebeca e Isa não respondeu. Antes de alguém falar qualquer coisa eu falei brava com elas.

– Ah, que saco vocês também, hein. É com esse pensamento que o Eryk não encontra ninguém para sair com ele. Droga, como alguém tão legal como ele é obrigado a passar por isso, hein? – Desabafei levantando do banco, quase chorando. E elas se calaram, espantadas.

– Ora... Essa conversa já me encheu. Beijinho no ombro pra você, Luane. – Falou Rebeca ríspida indo embora e Isa foi junto. Eu suspirei cansada voltando a sentar no banco.

Quando o dia da quadrilha chegou, eu fui procurar pelo Eryk para saber se ele tinha encontrado alguém. Aproveitei também para procurar o Jeová, mas não encontrava. Até que eu avistei o Eryk e... Ele estava sozinho.

– Oi Eryk. – Cumprimentei sorrindo para ele.

– Oi Luane! Que irado! Você veio aqui para dançar quadrilha com o Jeová, não é? E nossa, como você está linda! – Ele dizia isso sorrindo também enquanto me elogiava animado e eu balancei a cabeça dizendo que sim.

– Aham. Essa roupa ficou boa em você também. E você? Vai dançar com quem? – Perguntei rezando na minha mente “Por favor, que ele dance com alguém!”

– Ah... Na verdade... Com ninguém. Só vim aqui para dançar a coreografia. Depois disso só vou esperar a Jessy e ir embora.

Meu coração de despedaçou na hora. E o pior de tudo foi o Eryk dizer tudo isso com um sorriso no rosto. Tadinho...

– Ah Eryk, me desculpa. – Eu falei mal por ele.

– Hã? Pelo que? – Ele perguntou confuso.

– Eu fiz de tudo para encontrar alguém para vir dançar com você, mas não encontrei ninguém... Queria tanto você ir dançar com alguém... - Falei começando a ficar chateada já.

– Você... Você fez isso mesmo? – Ele perguntou e eu balancei a cabeça.

– Sim. A Jessy me falou que você estava tendo dificuldades de encontrar alguém para fazer par, então eu resolvi procurar alguém pra você mas... eu não encontrei... Eryk, me desculpa...! – Quando acabei de falar tudo para ele eu o abracei, tentando reconfortá-lo.

– Nossa... eu sou tão sortudo. Tenho uma amiga tão maravilhosa como você. Luane, você não existe.

Ele falou comovido. Ele retribuiu meu abraço e depois me olhou nos olhos com um pequeno sorriso pra mim. E mesmo ele tendo sido rejeitado pelas garotas mais de uma vez, ele não dá importância. Ele continua sorrindo, tentando espantar a tristeza.

– Ah, olha quem chegou! – Eryk sorriu quando viu alguém de longe atrás de mim. Quando eu fui ver quem era, era o Jeová.

– Ah, ele chegou... – Eu falei, em duvida se eu ainda fazia companhia para o Eryk ou se ia falar com o Jeová.

– Vai logo. – O Eryk me empurrou para eu ir falar com ele. Quando eu olhei para o Eryk ele sorria divertido. Querendo que eu vá me divertir com o Jeová.

Eryk... você é tão legal. Mesmo você não indo dançar com ninguém, você ainda quer que os outros dancem por você...

– Não se preocupe, Eryk. Eu sei que você vai encontrar alguém para dançar quadrilha com você para sempre! – Eu falei sorrindo.

–Aham! E... Perai, que? – Ele falou confuso e eu ri, indo embora para falar com o Jeová.

– Uou, você veio. – Jeová falou um pouco surpreso assim que eu cheguei nele.

– Sim. Nossa Jeová, sua mãe caprichou na sua roupa, não é? – Falei entre risos. Jeová não é do tipo que capricha no visu, por isso que eu achei graça.

– Ah sim. Então? Como fiquei? – Ele perguntou sem demonstrar emoção.

– Ficou perfeito. A sua cara. – Falei alegre.

– Então? Vamos? – Jeová me estendeu sua mão para nós dançarmos. Eu aceitei pegando nela.

– Vamos. – Falei indo até a pista para praticar um pouco, mas depois o Jeová para de andar de repente olhando para outra direção.

Ele estava... Surpreso? Mas o que-

– Não acredito que o Eryk chamou ela para fazer par com ele. – Ele falou pasmo. Quando eu fui ver quem era... não... não acredito que é ela? Ela toparia dançar com ele?

A garota era...

Continua...