– Tentador, mas não. – A velha recusa a oferta, deixando o encapuzado com um rosto espantado de surpreso.

– Oi? M-mas você pod-

– To nem aí! Eu tenho cara de macumbeira por acaso? E outra! Eu não aceito nada de mendigo! Sai fora! – Falou a cozinheira se retirando daquele local.

O Homem Encapuzado fica um tempo lá, chocado. Não esperava por isso, mas depois ele suspira cansado e se ver obrigado a tentar outra coisa.

– Plano B, aqui vou eu.

Sábado de manhã.

– Hehehehehe hoje eu vou comer feijão! Hehehehehehe – Eryk andava na rua alegremente. Toda vez que sabia que seu almoço seria feijão, sempre sorria de orelha a orelha.

– E-Eryk! – Ana o chama de longe, enquanto se decidia mentalmente se ia até ele ou não.

– Haha é a Ana! – Eryk fica alegre de rever sua mais nova amiga. Ele decide ir até ela para cumprimenta-la. – Como vai?

– B-bem... – A garotinha o responde timidamente. Eryk fica confuso. Ela não o olhava nos olhos, mesmo que agora eles estejam andando juntos pelo mesmo caminho na rua.

– Escuta. Não quero te ofender nem nada, mas... – Eryk não sabia como perguntar isso de uma maneira que não parece-se intrometido ou mal-educada, mas ele sempre se agoniava quando queria saber de algo e todo mundo o entende errado.

– S-se quiser falar, eu... Eu vou te ouvir. – Ana falou, deixando Eryk mais aliviado agora que poderia perguntar sem nenhum problema.

– Porque você não fica mais à vontade?

Ana abaixa a cabeça, envergonhada e sem jeito. Ela se encolhe sem ter o que dizer, enquanto Eryk não sabia no que tinha dado nela para ter tanta timidez.

– Olha, não precisa ficar tão fechada, tá bem? Pode se abrir pra gente, tá?

Ana tenta olha Eryk pelo canto do olho, ainda encolhida. Quando ela ver um sorriso amigo do gordinho, ela finalmente resolve levantar a cabeça lentamente.

– Não... Tem problema? – Ana pergunta.

– É claro que não! Seja mais alegre, sorridente, animada, tudo isso! E se você tiver com algum problema, fale comigo ou com qualquer um dos nossos amigo, certo? – Dizia Eryk animadamente.

– Eu... Não tenho amigos. – Ana falou cabisbaixa, deixando Eryk confuso.

– Hã? Como não tem? E eu? E a Jessy, o Junior, a Luane e o Jeová? Nós somos seus amigos agora! Eu fique ofendido... – Dizia Eryk se fazendo de triste. Ana sorrir, finalmente, depois de tanto conversarem.

– Obrigada Eryk.

– Hehe de nada!

Quando os dois voltam a andar, um cachorro raivoso aparece na frente dos dois. Eryk no inicio congela, surpreso, mas depois ele volta a ficar normal. Porém, Ana fica com muito medo, ela até se esconde atrás do garoto para que ele a proteja.

– Eryk... Eu to com medo... – Admitiu a menina.

– Eu vou fazer o seguinte: eu vou correr para um lado e você para o outro, está bem?

– Hã? Mas-

– Agora! – Eryk chuta uma pedra na cara do cachorro, logo em seguida ele corre para um lado, enquanto Ana resolve correr para o outro. O cachorro resolve correr atrás de Eryk. O plano funcionou, mas agora quem estava com medo agora era Eryk.

– Essa não. – Ana para de correr, quanto via para qual direção o cachorro avia escolhido. Em um impulso, ela agora volta a correr, mas na direção oposta.

– MAMÃE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! – Grita Eryk enquanto colocava toda sua força nas pernas para correr o máximo possível, mas devido ao seu peso, não parecia que ia adiantar.

O cachorro começa a dar latidos, fazendo Eryk correr mais ainda. Quando o garoto resolve entrar em um beco, ele toma o maior erro de sua vida.

– CADÊ A SAÍDA?! – Berra Eryk desesperado de medo. Quando ele olha para trás, o cão raivoso estava lá, andando lentamente até ele.

Eryk suava frio, estava uma pilha de nervos. Suas pernas tremiam, e seus dentes batiam um no outro.

O cão mostra seus dentes, cheios de raiva. A espuma estava visível, fazendo Eryk amarelar mais ainda.

Eu estou perdido... – Pensa Eryk antes de fecha os olhos. Quando o cachorro para de andar, logo percebe a situação de Eryk. E quando ele pula no garoto...

– Ahá! – Ana usa um sacolão cheio de lixo, um pouco pesado, e joga no cão raivoso. O bicho se espata e vai embora do local.

– Ahh. Obrigado Ana. – Eryk agradece, se encostando na parece e deslizando até se sentar no chão. Se sentia como se toda aquela tensão de antes tivesse ido embora de todo o seu ser.

– Você esta bem? – Pergunta Ana preocupada, se abaixando para ficar com Eryk.

– Heheh eu tinha muito medo de cachorros. Eu achei que já tinha superado isso. Mas agora... – Dizia Eryk se lembrando.

– Não! V-você foi muito corajoso. Eu que não teria coragem de fazer o que você fez. – Dizia a garotinha um tanto corada.

– Hã? Do que você tá falando? E agora pouco com aquela sacolada que você deu nele? Isso sim foi corajoso! – Afirmou Eryk.

– V-você acha?

– Eu não acho não. – Falou, deixando a garota um pouco triste. – Eu tenho certeza! Você mandou muito bem!

Ana sorrir novamente. Os dois se olham, bem próximos. Eryk não tinha reparado, mas quando Ana percebe, logo se levanta assustada.

– É-é-é-é-é melhor irmos. – Falou Ana, se retirando do local.

– Ei! Me espera! – Eryk a chama, tentando acompanha-la.

Mas tarde...

– Tá falando sério? – Pergunta Zero, acompanhando José.

– Quantas vezes eu tenho que dizer? “Eu não tenho nenhum esquema”, falou? – Dizia Josá, começando a se aborrecer.

No outro lado do caminho...

– Nossa! A Ana fez isso mesmo? – Pergunta Junior surpreso.

– Vocês tinham que ter visto! Mesmo com medo, ela foi até lá e TACOU a sacola nele! – Falou Eryk descrevendo o momento com os braços.

– Ela não tem cada disso. – Falou Jeová.

Enquanto Eryk e seus dois amigos vinham de um lado, Zero e José vinham do outro.

Até se encontrarem.

– Ah, maravilha. – Falou Zero sarcástico. Ao contrário dele, Eryk, Junior e Jeová ficam alegres de ver o rapaz. E o homem fica do mesmo jeito também.

– José!!! – Os três vão até o homem para abraça-lo em grupo.

– Oi meninos. Que abraço gostoso!!! – Falou José como sempre levando jeito com crianças.

Depois que se reencontram, eles decidem caminharem juntos.

– Bando de chatos! – Zero pensou alto, aborrecido. Gostava de ficar com José, mas os três “super amigos”, como Zero pensou, agora estragavam o momento.

– Fazendo compras? – Pergunta Eryk para o adulto, após o garoto ver que José carregava em sua mão, sacolas cheias de produtos culinários.

– Sim. De acordo com a chefia, não pode faltar nada em casa. E se faltar, é o fim do mundo. – Falou o José, se lembrando do jeito “doce” de sua mãe.

– Nossa. E ela ainda te trata mal? – Pergunta Junior.

– Do mesmo jeito de quando eu era criança.

– Rapaz... Como você consegue ficar com alguém tão... Braba! – Terminou Jeová tentando achar uma forma não tão mal-educada de falar.

– Heh. Apesar de tudo, ela é minha mãe, e eu a amo, mesmo que ela tenha uma pilha de defeitos. – Dizia José sincero, deixando os três admirados. Mesmo com as maldade que ela tem por ele, ele ainda a ama como um bom filho.

– Nossa... Você a ama mesmo, não é? – Pergunta Eryk, ainda admirado. Quando José ia dizer alguma coisa, Zero interrompe.

– Bhá! Eu vou embora! – Falou como se estivesse com ânsia de vomito por causa da conversa, e foi embora.

– Já vai tarde. – Falou Jeová.

– Eí? O que é aquilo? – Pergunta Junior ao ver uma casa pegando fogo.

– Essa não! É um incêndio! – José começa a se desesperar, indo em direção da casa em chamas. Eryk, Junior e Jeová fazem o mesmo.

Enquanto isso...

– Há! Bando de melosos. Fala sério! Só mesmo eles para estragarem o momento. E o pior é que não tem nada animado pra fazer. – Dizia Zero com as mãos nos bolsos da calça, andando sozinho e chutando algumas pedras no chão.

– Talvez eu possa lhe ajudar...

Zero se espanta ao ouvir uma voz vindo do escuro. Quando ele ver, o Homem Encapuzado aparece.

– Quem é você? – Pergunta Zero.

– Eu sou alguém que conhece uma brincadeira de arrasar.

– É mesmo, é?

– Sim... Veja isso.

O encapuzado mostra para Zero o mesmo frasco que tinha oferecido para a velha antes.

– Eu sei que você esta com saudades de aprontar, mas se você derramar uma gota do que tem dentro daqui, você e o poderoso vão voltar a ativa.

– Oba... – Falou Zero interessado. – E como isso será possível?

– Faça o seguinte: No intervalo do colégio, coloque isso na panela da velha da cantina. Se você fizer isso, algo muito divertido vai... “Começar”.

– Mas porque na da velha?

– Confie em mim, assim que ela experimentar isso, ela vai querer entrar na onda. Então? Você topa? – Pergunta o encapuzado, oferecendo o frasco como em um aperto de mão.

– Se eu topo? É o mesmo que perguntar se o macaco quer banana. – Falou Zero, pegando o frasco apertando a mão do adulto, aceitando o trato.

Continua...