‘’Faz... Alguns dias que ela me deixou... Eu penso que...

Que estou sozinha... Nesse grande e extenso... Mundo.

Mas porque ela... Tinha que me deixar?’’

*

Tic Tac Tic Tac Tic Tac... Só eu e um relógio em um quarto cheio de solidão, ninguém para conversar, nada para ser dito a mim mesma. Um quarto onde já fora animado, alegre... Infelizmente não é mais tão divertido, como era no passado... O motivo? Vários. Com um ar de cansaço como todas as manhãs, olho para o relógio... Seis horas marca o aparelho que eu odeio tanto, por fazer um barulho irritante. Tenho que sair dessa cama e me arrumar, por quê? Simples... Escola a coisa que eu mais odeio no mundo, mas preciso dela para me tornar alguém importante, que é o meu futuro... Vou fazer com que seja!

-Preguiça de levantar... –Falei a mim mesma, ainda sonolenta.

Sim muita preguiça, não queria fazer nada... Ficar dormindo o dia inteiro era a minha melhor opção...

Não durma o dia inteiro, coisas felizes podem acontecer...

Fui levantando devagar, até estar de pé do lado de fora da cama... Aquele frio que bate, que da uma vontade de voltar para a cama. Abri a porta do meu quarto, um silêncio... Fui em direção ao banheiro, tomei um ótimo banho com alguns minutos de relaxamento, com uma musiquinha kawaii (fofo em japonês). Estava passando a escova nos meus cabelos molhados, fitando meus próprios olhos castanhos escuros... Vesti-me com o uniforme da escola... É época de inverno, então o uniforme é um blusão e uma calça simples, os sapatos de minha preferencia.

*

Meu café da manhã era uma barra de cereal de chocolate e morango, que comia pelo caminho, um frio infernal... Mas bom ao mesmo tempo, o vento batia nos meus cabelos mal secados, tornando agradável a situação! Eu costumo andar olhando as pessoas, analisando a vida delas... Eu definitivamente amo fazer isso.

Porque você gosta tanto de olhar as pessoas? Isso é tão curioso...

-Curioso? Isso seria normal? – Sussurrei a mim mesma.

Enquanto andava, vi uma coisa... Que não gostaria de ter visto... A cena foi muito triste, mas eu me lembro dela direitinho... Um mendigo humilde, na rua comendo um pedaço de pão... Sendo empurrado por uma nobre, do bairro Chicupwisq (O Bairro onde só pessoas de grande porte vivem...). Eu me pergunto, por quê? Algumas pessoas são tão ridículas...

Porque não matamos essas pessoas? Porque, porque porque...

Comecei a me sentir mal e sai correndo do local... Eu não aguento esse tipo de coisa, ainda mais sendo uma pessoa especial como eu...

*

Começou a chover bem forte, sobre a janela escorriam vários pingos... Geladas e tristes gotas...

-A primeira Aula é de Física não é?... –Perguntou minha melhor amiga ao meu lado.

Estava tão distraída olhando para aquele temporal sinistro, que não entendi direito oque ela me falou... Na verdade acho que nem ouvi.

-Chéria? Você está aqui, ou no planeta marte? – Falou ela balançando a mão em frente ao meu rosto...

-Desculpa, estou cansada... Mas sim é física! – Respondi contra a minha vontade...

-Ficou vendo anime até tarde ou ficou lendo mangás? – Perguntou ela, fazendo um biquinho, como se já soubesse da minha resposta.

-Você me conhece mesmo, fiquei vendo um novo anime até tarde... – Respondi me dando por vencida facilmente.

-Sabia... Você tem que parar com isso... – Disse ela, mas como ela já sabia que eu não iria fazer isso desistiu de tentar...

Honey é a minha melhor amiga há quase nove anos, ela é uma ótima pessoa... Adora caridade e ajudar os idosos, mas tem o seu lado de menina rebelde. Está sempre conversando com todos e dando ótimos conselhos, apesar de ser muito maliciosa e tarar muito aqueles que ama, ela é muito carinhosa com todos. Oque mais amo nela é seu lado malicioso, quando fica bêbada... E ela é otaku (Melhores amigas otakus).

Eu gosto muito dela!!!

*

Infelizmente na escola não teve nada de interessante... Os professores não estavam ensinando matéria nova, então eu finge que estava doente e fui embora! Há essa hora a rua está tranquila, ninguém passa... Ninguém vem é quase chato. Minha casa fica um pouco afastada da civilização por motivos pessoais, mais importantes... Pela segurança de todos e a minha também...

Segurança? Entendi foi ela que disse isso...

Entrei no meu quarto e joguei a minha bonça no canto, fiz o mesmo com o meu corpo, mas é claro na cama... Eu não fui embora, porque a aula estava chata ou alguém que eu não gosto estava lá... Eu fui por um motivo, que pessoas normais não têm...

Que motivo?... Seria por mim... Que patético! Você sabe que você sou eu e eu sou você...

-Sim... Eu não sou normal, como as pessoas que andam na rua, meus colegas da escola ou meus professores. É claro que eu não sou Esquizofrênica, louca, retardada etc. Eu não tenho nenhuma doença, mas não sou normal... Eu tenho um segredo que poucas pessoas, acreditariam se eu contasse. – Falei a mim mesma, como sempre faço... As únicas pessoas que posso falar sobre isso é a mim e a eles... Então para facilitar as coisas, eu revejo toda a minha historia até hoje... Mas sim eu sou uma... Nibbim.

*

Poucas pessoas acreditam nisso e acham que é um conto de fadas, ‘’Nibbins não existem’’ essa é a frase de todos os pais, para seus filhos...

Nibbim um conto de fada! Oque são nibbins? De acordo com a historia, somos como fadas com vários poderes fictícios, que ajudam nas estações do ano e fazem de tudo para proteger os animais, somos pequenos e temos várias formas. Esse conto de fada é bonitinho, mas é errado... Nós existimos, mas não ajudamos nas estações, não somos como fadas e também não ajudamos os animais desconhecidos. Somos seres superiores aos humanos, sim temos poderes, mas não como em filmes ou historias para crianças. Somos um povo, temos nossas regras e nossas manias, mas o ser humano é ignorante demais, para vivermos com eles sem nenhuma traição...

Meus pais... É ai que começa Nibbins não são seres humanos assim como seres humano não são Nibbins, mas mestiços existem. Minha mãe é uma Nibbim, ela vivia com os da sua espécie e tinha medo de sair, mas um dia ela tomou coragem e foi ver a vida normal, então ela conheceu meu pai um humano... Eles se apaixonaram e no final ela teve que contar oque ela era, mas... Ele não fugiu e continuo do lado dela... Assim uma criança nasceu... Eu! Eu só vi meus pais até dois anos de idade, eles partiram para um lugar aonde precisavam ir, fazem anos que eu não vejo eles, mas recebo cartas de vez em quando! Eu vivo com a minha tia, o meu primo e minha prima, ambos são mestiços minha tia é uma Nibbim... Eles são a minha família, eles sabem oque eu passo, mais eles não podem ajudar muito.

A minha Tia foi encarregada de treinar nós, eu comecei o treinamento com três anos. Aprendemos como nos conter e ser Nibbins e humanos, mas as regras mais importantes eram as Quatro Regras Mestiças... Nunca vou esquecer-me da minha tia falando elas para mim pela primeira vez...

-Ousa Chéria as regras que eu vou falar agora, são muito importantes, nunca esqueça e sempre obedeça elas:

1° Sempre respeite seu lado Nibbim.

2° Quando se transformar nunca deixe nenhum ser humano ver.

3° Nunca conte seu outro lado, para um ser humano comum.

4° Aceite quem você é...

Pessoas como eu que somos mestiços, temos nosso lado Nibbim e somos bem diferentes de quando estamos em forma humana... Por isso minha casa fica longe da civilização, por isso ouso a voz do meu outro lado sempre! Temos transformações loucas e nenhum ser humano pode ver, temos que manter os Nibbins em contos de fadas... É perturbante o meu outro lado, às vezes eu desejo ser uma humana normal, mas não sou...

Eu vivi a minha vida inteira em treinamento, fugindo de transformações... Mentindo para várias pessoas, ouvindo vozes, tentando encontrar o meu caminho e finalmente percebo... Que ainda faço isso, todos os dias é uma luta contra quem? Contra eu mesma.

*

É isso... Sempre me sinto aliviada quando eu penso em tudo que já fiz e já senti! Nesse momento meu primo está na casa dos amigos, minha prima com a minha Tia fazendo compras em outra cidade, tenho a casa só para mim até amanhã bem cedo... Minha tia nunca vai saber que eu matei aula... Pelo menos eu espero! Levantei em direção ao meu espelho e fiquei me encarando...

-Eu ainda sou uma adolescente normal! – Falei a mim mesma com um sorriso no rosto.

Talvez...

Ignorei o comentário da minha outra eu, e fiquei animada de repente... Desci e decidi fazer um lanche gosto, para me fortalecer depois de pensar sobre tantas coisas problemáticas! Enquanto o meu pão com muitas fatias de vários frios e tomate fritava, a campainha tocou... Quem poderia ser, espero que não seja minha tia, estarei ferrada se for ela... Fui em direção à porta com muito medo e a abri.

-Oi – Falou uma menina... Eu a conhecia pelo menos de longe, ela era estranha...

-Oi, você gostaria de alguma coisa? – Respondi sendo mais educada possível, não me dou muito bem com estranhos...

-Eu entrego o jornal, para a sua tia toda a manhã eu soube que ela saiu... Eu vi que alguém estava em casa, então eu quero entregar o jornal! – Respondeu ela, com um desanimo.

-Entendo obrigado. Ela ama ler esses jornais... – Falei tentando puxar assunto, mas sem sucesso, ela me entregou e foi embora sem disser nada. Fechei a porta logo em seguida e larguei o jornal na mesa.

Ela é uma garota estranha, tinha a mesma idade que a minha, andava de capa de chuva com orelhas de coelho (eu amo tenho vários), ela sempre estava de galochas e nunca fala com ninguém. Eu não sei o nome dela, acho que ninguém sabe... Eu soube que ela estuda na mesma escola que eu e na mesma sala, mas ela sempre falta às aulas, algumas pessoas fazem comentários maldosos sobre isso...

*

Comi meu lanche que eu deixei queimar um pouco, infelizmente! Tudo era quieto só o Tic-Tac do relógio da cozinha, me acompanhava no momento... Uma lágrima desceu pelo meu rosto, junto com gotas da chuva... Aqueles não eram meus sentimentos, mas sim da minha outra metade... Nesse momento eu sabia oque ia acontecer. Levantei com muita pressa e escrevi um bilhete às pressas, para se alguém chegasse pudesse entrar tranquei a porta e corri como se não houvesse amanhã, mas não haveria se alguém me visse mudando de forma. Estava chovendo muito e eu estava ficando toda molhada, mas aquilo não me importava no momento eu precisava ir para um local, aonde não tivesse nenhum ser humano. Finalmente cheguei até um bosque eu ficava lá todo o dia, me isolava na campina que era escondida depois de muitas matas fechadas, mas minha tia me ensinou a chegar lá! Mudei a minha forma rapidamente, minha forma de pensar foi mudando lentamente, meus olhos que eram castanhos ficaram azuis bem claros, meus cabelos pretos foram ficando brancos como neve... Essa era a forma de um Nibbim, mas avia muitas outras...

*Forma Nibbim...

-Eu poderia estar matando alguém agora, mas eu não sei como sair dessa campina! – Disse a mim mesma chateada.

Eu penso se alguém gosta de mim? Será que alguém me ama? Talvez eu seja odiada por todos... Meus pais me amavam? Essas perguntas não saem da minha cabeça... Eu queria algumas bonecas talvez um monte...

*

Eu fiquei naquela forma durante três horas, já era bem tarde quando eu voltei ao normal! Normalmente quando eu viro Nibbim eu continuo com a consciência normal, mas às vezes eu sou completamente possuída... A Chuva ainda estava intensa, como já estava completamente encharcada não me importei muito, mas sabia que se continuasse molhada daquele jeito ia acabar pegando um resfriado... Minha casa não era muito longe da campina, entrei pingando o bilhete ainda estava na porta, então ninguém apareceu... Ainda estava sozinha.

Você nunca está sozinha...

Realmente com a minha outra metade me perturbando, nunca estou sozinha de verdade, mas queria pensar que estava. Sem espera tirei a minha roupa e me joguei na banheira, estava muito cansada, como fui possuída por inteiro pela minha outra metade, não faço a menor ideia do fiz... Acabei adormecendo dentro da banheira, torci para que ninguém chegasse...

Eu te amo...

Acordei com alguém fazendo cócegas no meu nariz, quando abri os olhos... Foi muita surpresa, mas era a idiota da Honey! Eu não sei como ela entrou, mas estava com uma cara de preocupação, eu também não sabia quanto tempo fiquei naquela banheira, mas estava com muito frio. Quando acabei de pensar, tomei iniciativa para começar uma conversa...

-Honey... Como você entrou? - Perguntei a ela, esfregando os olhos.

-Você não tem direito nenhum, de me perguntar nada! Eu vou ao banheiro e quando eu volto, o professor diz que você foi embora... Eu fiquei pensando a aula inteira oque tinha acontecido... Quando chego você está dormindo na banheira... Oque houve? – Disse ela... O olhar dela era severo, sua respiração estava acelerada... Eu podia ver que Honey estava borbulhando de raiva.

-Não aconteceu nada, eu me senti mal e fui embora... Estava muito cansada e acabei adormecendo na banheira, mas como você entrou? – Respondi, tentando acalma-la...

-Isso não é desculpa... ‘’Me senti mal’’ tenho certeza que isso só foi uma das suas desculpas para matar aula, sorte que a sua tia não está aqui... E se eu não viesse aqui, talvez você fosse pegar um resfriado ficando nessa banheira e com a janela aberta ainda! – Falou ela, ainda não respondendo a minha pergunta.

-Eu entendi me desculpa. – Disse na esperança que ela ficasse quieta.

*

Eu sai da banheira e já estava trocada, Honey não sai da minha cola... Estava dando sermões loucamente... Peguei o meu celular no quarto tinha trinta mensagens, só da minha amiga enlouquecida! Eu queria loucamente saber como a minha amiga entrou na minha casa, quando desci as escadas eu soube... Minha porta estava completamente quebrada no chão, ela deu uma voadora na minha porta e a quebrou completamente! Meu olhar era pasmo estava boquiaberta, até que tomei coragem para falar alguma coisa...

-Minha porta!!! –Gritei me ajoelhando, perto dos pedaços que sobraram da pobre porta.

-Desculpa, mas foi preciso... Você não atendia! Eu pensei em um monte de possibilidades, como você estar sendo estuprada... Eu não deixaria ninguém tirar sua virgindade ainda... – Respondeu ela, com um pouco de vergonha e culpa de ter destruído minha porta.

-Estuprada... Tudo bem amiga, você quer ficar e comer alguma coisa? – Perguntei, deixando tudo de lado.

-Não posso, eu tenho que ir para casa cuidar do meu irmão idiota... Ele está doente! Isso é um saco, mas eu fui obrigada! – Respondeu, ela fazendo uma cara de nojo... Ela sempre faz essa cara, quando se refere ao seu irmão casula.

-Você não precisava vir aqui, sabendo que tinha que chegar em casa cedo! – Respondi frustrada... Como ela podia ser tão idiota, de vir aqui.

-É claro que não... Você saiu sem dar satisfação, eu fiquei preocupada... Nunca mais faça isso ok? – Respondeu ela, saindo pela abertura onde tinha uma porta.

-Baka... – Sussurrei para mim mesma... Eu realmente a amava!

Ela é uma ótima pessoa...

Peguei uma vassoura e varri os pedaços da porta joguei tudo fora... Eu precisava comprar uma porta nova, antes que a minha tia chegasse, mas ainda dava tempo? Rumei em direção a cozinha, aonde tinha o relógio mais perto, ele marcava sete horas em ponto.

-Ainda da tempo... –Falei a mim mesma, correndo para pegar a minha bonça.

Sai correndo de casa deixando o buraco aonde tinha a porta sem nada para tapar, fiz uma coisa irresponsável, mas como minha casa ficava isolada da civilização, não tinha muito com oque se preocupar... Só precisava ser rápida!

*

Comprei a porta em uma loja qualquer, por sorte era igual a que eu tinha em casa... Eu espero que a minha tia não perceba!

Ela vai perceber... Você sabe como ela é!

Arrumei toda a porta e fiquei com alguns dedos machucados. Quando terminei tudo estava bem escuro, já estava na hora do jantar... Eu não estava muito com fome, então eu preparei alguma coisa bem leve. Enquanto comia pensei em tudo que fiz no dia, não foram muitas coisas, mas foram divertidas, principalmente... A Honey dar uma voadora na minha porta! Meu lado Nibbim... Eu amo ou odeio ele? Eu nunca entendi isso... Eu adoro me sentir poderosa, e me acho mais bonita na minha outra forma, mas eu me sinto muito diferente dos outros... É perturbante, frustrante... Isso faz a minha cabeça ficar confusa... Quando a minha tia me pergunta se eu gosto da minha outra metade, eu não sei oque responder, mas porque eu não sei?

Você gosta de mim ou não?... É claro que gosta, porque você sou eu e eu sou você... Ninguém pode fugir da sua verdadeira natureza...

-Que saco! – Falei... Estava frutada! Eu decido oque tenho que fazer e principalmente oque gostar.

Fiquei tão irritada que coloquei um pijama e decidi dormir, me joguei em um monte de urso de pelúcia... Queria dormir, mas não conseguiu! Honey deveria estar com a macaca cuidando do irmão dela, então não queria irritar... Eu só gostaria de alguém para conversar agora... Olhei para o meu teto aonde foi pintado estrelas... De repente meu celular começou a vibrar, chutei um pouco as cobertas até acha-lo, quando consegui encontrar... Vi que tinha recebido uma mensagem fui ver de quem era... Blood... Era dele?

‘’Eu vou finalmente voltar... Não é legal? Amanhã às três da tarde! Beijos’’

-Ele vai voltar? – Falei... Eu fiquei feliz e boquiaberta... Afinal o meu gostoso finalmente ia voltar... Finalmente ia ter alguém para conversa e abraçar sempre que me sentir sozinha... Eu realmente amo esse garoto idiota...

Ama ele...Até demais!

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.