As Asas Negras de Uma Flor Branca

Ele Se Foi... Levando Um Pedaço de Seu Coração


Lizzie Saltzman estava triste. Tinha estado triste desde todo o incidente com seu tio Kai e o mundo prisão. O incidente em que ela... Perdeu Sebastian. Para sempre.

Ela sentiu seu coração apertar e se revirou na própria cama. Josie já estava dormindo havia horas e a luz da lua era a única fonte de iluminação que entrava no quarto das gêmeas. A noite era o único momento em que Lizzie tinha para lamentar a perda de seu amado, pois, durante o dia, tudo o que se falava na escola era “Malivore” e “magia negra”. Era como se nenhum deles tinha tempo para ficar em luto.

Luto. Amado. Lizzie nem sabia se podia usar essas palavras. Ela não tinha tido tanto tempo para entender tudo o que tinha sentido naquele mundo prisão. Tudo o que tinha sentido por Sebastian enquanto estavam lá. Uma vida inteira parecia ter passado em apenas um dia. A relação deles tinha avançado e declinado no mesmo dia, com um intervalo de apenas algumas horas.

Lizzie sentiu uma lágrima escorrer de seus olhos. Por que estava chorando? Sebastian tinha tentado transformá-la em uma vampira sem seu consentimento. Isso quase tinha acontecido se não fosse por seu pai, Josie e aquela vampira nova, Jade. Ele tinha se provado um monstro que, no final, só estava com ela por lembrá-lo de seu antigo amor.

Mesmo assim, seu adeus ainda passava em sua mente repetidas vezes. Sentados no chão da mansão Salvatore enquanto o mundo, literalmente, desabava sobre os dois, ela sentiu o apelo sincero do coração de Sebastian. Eles poderiam ter dado certo. Lizzie sentia isso. Ou, simplesmente, queria acreditar nisso.

A história deles dois se passava em seu cérebro. O momento em que se conheceram e como ela havia ficado encantada com seu tom misterioso, havia ficado imediatamente atraída por aquele garoto novo de olhos brilhantes e sorriso sedutor. Então seu primeiro beijo, lembrando-se como ela, literalmente, não conseguia respirar com toda a adrenalida que o toque de Sebastian lhe causava.

Então descobrir que ele não era real e depois que era real. O medo por sua saúde mental estar sendo deteriorada porque ela simplesmente havia criado um príncipe encantado em sua mente. Então o medo de embarcar em um relacionamento com tal príncipe, por ver o verdadeiro rosto do vampiro Sebastian. E ter gostado.

E, por fim, o sexo. Lizzie nunca tinha sentido nada como quando tinha transado com Sebastian. Ele parecia saber exatamente onde tocá-la sem que ela precisasse dizer nada e ela havia adorado explorar o corpo escultural daquele garoto enquanto sentia seus lábios contra os dela. Parecia certo, ela sentia que aquilo era certo. Parecia que o universo estava lhe dando o melhor presente que ela podia pedir.

“O mundo é cruel com aqueles que considera quebrados”, as palavras dele voltaram como um oceano de melancolia. Lizzie precisava segurar suas lágrimas. Não podia começar a chorar tanto agora e arriscar a acordar Josie. Já tinham problemas demais para adcionar seus sentimentos nisso tudo.

Sebastian...

Ele havia lhe dado seu dia de princesa naquele mundo prisão. Somente eles dois. Um conto de fadas maravilhoso e que ela desejava, de verdade, que tivesse permanecido assim. Mas o príncipe se provou uma fera no final. E foi como se Lizzie estivesse assistindo o vitral perfeito que havia montado se rachar e despedaçar bem diante de seus olhos.

Ela se lembrava da aflição de tentar correr por sua vida o mais longe daquela casa, o desespero quando ele apareceu em sua frente e a decepção devastadora quando ele a chamou de “Cassandra”. Foi quando ela percebeu: ele nunca a amaria de verdade.

Mas ela amaria. Ela amou. Ela havia entregado seu coração a Sebastian. Ele que não soube o que fazer com ele.

“Elizabeth”. O jeito como ele falava o nome dela ainda a causava arrepios.

Ela devia odia-lo. Lizzie devia detestar lembrar de sua presença. Ela ainda podia sentir o frio em sua pele de quando havia batido com o carro, quase causando sua morte. O gosto de sangue ainda era nítido em sua boca.

Mas não conseguia odia-lo. Talvez nunca fosse conseguir e nunca tivesse sido capaz de tal. Nem mesmo quando o beijou para dessecá-lo, nem mesmo quando ele revelou que a havia forçado a beber sangue de vampiro. Seu coração ainda batia por ele. Seu coração ainda era dele.

E agora ele tinha ido embora. Para sempre. E doía.

Doía muito.

Lizzie fechou os olhos novamente. Precisava engolir o choro e dormir. Amanhã seria um novo dia e precisava estar melhor composta para ajudar com qualquer perigo que pudesse aparecer.

Precisava seguir em frente.

+ + +

Ele estava caindo.

Caindo para onde?

Não sabia.

Ele não sabia muita coisa. Estava perdido em um mar de escuridão. Um infinito de nada.

Seria esse seu coração?

Ele tinha um coração?

Quem era ele? Não se lembrava seu nome. Mas lembrava do gosto de um líquido escarlate.

Sangue.

Estava desejando? Por que desejava sangue?

Seria ele um vampiro?

Então ele se lembrou. Lembrou de tudo o que tinha acontecido. Até do que queria verdadeiramente esquecer.

Seu nome era Sebastian. Ele era um vampiro. Estava apaixonado por Elizabeth Saltzman, a menina mais bela que já havia conhecido em todos os seus 500 anos de vida. E tinha estragado tudo para eles. Tinha destruído seu relacionamento com a pessoa que mais tinha amado nesse Terra.

E agora estava morto.

Sebastian sentiu um leve sorriso se formar com a ironia da situação, partindo para a escuridão eterna.

Só esperava que Elizabeth estivesse bem...

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.